Considerada um dos cartões postais da cidade de São Paulo, a Ponte Octávio Frias de Oliveira, conhecida também como Ponte Estaiada, localizada junto ao Rio Pinheiros, na zona sul de São Paulo, ganhou uma ação de limpeza, em iniciativa realizada entre a Associação dos Moradores e Empresas do Brooklin (AME Brooklin) e a green4T, empresa brasileira de tecnologia. A Prefeitura de São Paulo também disponibilizou equipes.
A conversa para a realização do serviço foi iniciada no fim do ano passado. “A green4T ficou responsável por pagar a limpeza, e nós, pela associação, ficamos encarregados de ir atrás dos alpinistas”, disse Marco Braga, presidente da ONG AME Brooklin.
A ação, que teve início no sábado, 13, com a montagem da estrutura e início dos serviços, deve ser concluída nesta semana. Durante a operação, duas faixas da ponte também foram interditadas, por isso, a necessidade de autorização da administração pública para a continuidade do trabalho.
“Devido ao mau tempo no domingo, 14, precisaremos de mais um dia para concluir o serviço. Estamos aguardando a autorização da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para retomar a limpeza das pichações”, afirmou Roberta Cipoloni Tiso, diretora de Sustentabilidade e Comunicação da green4T.
Para a realização da limpeza, não houve necessidade de licitação da Prefeitura de São Paulo, apenas um pedido de autorização que foi cedido pelo município. Em média, os custos arcados pela empresa de tecnologia, que envolveram materiais e mão de obra, ficaram em torno de R$ 50 mil.
“Entramos em contato com a Prefeitura que aprovou e iniciamos a parceria público-privada, via a entidade de terceiro setor que é a associação de moradores. A Prefeitura até iria fazer a limpeza por conta deles, mas a licitação demoraria muito e não iam apenas fazer somente a limpeza, mas também toda a lubrificação e troca de alguns dos cabos, algo que ainda será feito no futuro. Mas é uma licitação que iria demorar muito e, para adiantar, o prefeito decidiu fazer esta parte com a gente”, disse Braga.
Roberta acrescenta que a Prefeitura de São Paulo está apoiando a operação ao disponibilizar agentes da CET e da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Além disso, a SP Obras está acompanhando o trabalho de limpeza.
“A Ponte Estaiada é um ícone arquitetônico e uma estrutura significativa para São Paulo. Manter sua aparência em bom estado é essencial para preservar seu valor histórico e cultural. A remoção de pichações restaura a beleza arquitetônica da ponte, um dos principais cartões postais da cidade, contribuindo para uma imagem mais positiva de São Paulo, tanto para os moradores quanto para os visitantes”, acrescenta Roberta.
A estrutura da ponte tem 130 metros de altura, cerca de 500 toneladas, 144 estaias (feixes de cabos de aço flexíveis) e pistas de 1,4 quilômetro de extensão. Por isso, alpinistas são contratados para a retirada das pichações.
Inicialmente, dois alpinistas foram convocados, mas depois outros dois também se envolveram na atividade no domingo. Em média, 30 pessoas participaram da ação no fim de semana.
Braga cita ainda os desafios da limpeza. “Dois alpinistas ficaram de um lado e outros dois do outro lado da ponte. A gente encontrou muita dificuldade, porque não conseguimos levar água na parte de cima da estrutura. Além disso, a tinta que os pichadores usaram é muito potente, não saindo facilmente com os produtos que estávamos usando”, explicou ele.
Inaugurada em 2008, a ponte, que costuma ser palco de intervenções artísticas e eventos, como o balé aéreo realizado na Virada Esportiva de 2021 e um desfile de moda em 2012, também é alvo de pichadores.
Há mais de cinco anos, um grupo de empresários realizou a limpeza da ponte, onde também foram contratados alpinistas. Mas, no início do ano passado, a estrutura voltou a ser vandalizada.
Em meados de julho de 2023, também foi registrado roubo de luminárias e fios de cobre. “Também queremos colaborar para melhorar o monitoramento na região da Ponte Estaiada. Surgiu uma nova proposta da gente melhorar isso, por meio da green4T e da AME Brooklin. Tudo isso está em andamento. Se a gente não fizer nada, os pichadores vão retornar”, adianta Braga.
Segundo o presidente da ONG AME Brooklin, com relação a iluminação da ponte, os cabeamentos também estão vulneráveis para roubos e furtos. “Eles vão roubar porque vendem o cobre dos cabos. Percisamos ver uma forma de proteger todo o ambiente”, disse ele.
Câmeras para monitorar atos de vandalismo
Por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo disse que a SPObras vai abrir licitação para obras de recuperação, que inclui limpeza e pintura da Ponte Estaiada. “O local também receberá na próxima semana as câmeras de monitoramento de vias do Programa Smart Sampa para auxiliar no combate aos atos de vandalismo”, disse o município. Atualmente, a cidade conta com 9.116 câmeras em operação.
Com relação à ação do fim de semana, a SP Obras esclarece que os serviços de limpeza das pichações foram organizados pela AME Brooklin e pela empresa green4T, sem ônus para a Prefeitura de São Paulo ou concessões para as instituições.
“A proposta foi avaliada pela SPObras que, após parecer positivo, liberou o serviço e forneceu diretrizes para conformidade com as normas ABNT 35, de trabalho em altura e uso de materiais não abrasivos”, disse a prefeitura.
A SPObras acompanhou a execução dos serviços, que contou com o apoio da GCM, conforme reforçou o município.