O casarão em estilo normando que foi da família Buarque de Holanda no Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, tem agora um centro de memória da rede municipal de ensino. Localizado em uma rara área silenciosa e cercada por árvores bem ao lado da Avenida Paulista, o imóvel de 600 metros quadrados construído em 1929, que permaneceu lacrado por quase uma década, foi todo restaurado. Por seus cômodos é possível conhecer um pouco do ambiente das escolas públicas paulistanas nas décadas de 1940 e 1950. O acervo inclui cadeiras escolares de madeira, uniformes bordados, mapas, compassos, laboratórios e livros usados ao longo dos 75 anos da rede municipal, concebida em 1937 pelo escritor Mário de Andrade (1893-1945). O minimuseu tem também fitas cassetes e um acervo de documentos à disposição de pesquisadores e estudantes. Até boletins de alunos da década de 1940 e um apontador sueco de 1938 podem ser observados entre os materiais guardados no casarão.As diretoras da rede municipal Valquíria Martins e Débora Leão tomam conta do minimuseu. "Muita gente que vem aqui quer saber a história do Chico Buarque na casa, onde ele dormia. Mas também existe procura por parte de pedagogos e pesquisadores que estão fazendo doutorado", conta Valquíria. No quintal da casa, há um trepa-trepa da década de 1960 e um abacateiro quase centenário. História. O imóvel da Rua Buri serviu de residência ao historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982). Ele comprou o imóvel em 1957, quando era docente na Universidade de São Paulo. Lá, produziu boa parte de sua obra e viveu com a mulher Memélia e os sete filhos, entre eles o compositor Chico Buarque e a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda. Desapropriado pelo Município e declarado de utilidade pública em 2002, o casarão foi alvo de uma disputa judicial que se estendeu até fevereiro de 2010, quando Emérita Aparecida Carbone, ex-babá de um dos filhos do historiador, perdeu o processo por usucapião e foi obrigada a sair. Até maio deste ano, porém, o casarão permaneceu fechado.