Tombamento provisório de vila no Tatuapé é aprovado após demolição irregular


Vila João Migliari teve 55 dos 60 sobrados derrubados desde fevereiro; última demolição ignorou embargo de subprefeitura

Por Priscila Mengue

SÃO PAULO - Um conjunto de cinco sobrados é o último testemunho do que já foi a Vila João Migliari, no Tatuapé, distrito da zona leste da cidade de São Paulo. Dos 60 originais, 20 foram abaixo em fevereiro, situação que se repetiu para outros 35 sobrados no domingo, 1º, em uma demolição irregular, que infringiu embargo da subprefeitura da Mooca. 

Maior parte da Vila João Migliari foi demolida no fim de semana, no Tatuapé Foto: JF Diorio/Estadão

O pedido de estudo tombamento da vila estava em tramitação na Prefeitura desde maio, mas aguardava parecer técnico e encaminhamento para avaliação no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Após a demolição, foi incluído na pauta da reunião desta segunda-feira, 2, "com urgência", e aprovado pelos conselheiros. Um abaixo-assinado online reúne mais de 360 assinaturas pelo tombamento da vila. 

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Com a decisão, os sobrados restantes deverão ser preservados até a realização de um estudo pelo Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), da Prefeitura, e a avaliação final do Conpresp, o que não costuma levar menos de um ano. Chamado de "Conjunto de Vilas Operárias Migliari", o processo inclui ainda duas vilas "irmãs", com estilo semelhante e ligadas à mesma família, localizadas no Pari (centro expandido) e Belém (zona leste).

"Considerando seu valor no ambiente urbano do bairro, sua representatividade enquanto conjunto arquitetônico na região, seu valor afetivo e as ameaças de demolição", diz o parecer do DPH que embasou a decisão. 

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No domingo, o DPH chegou a publicar uma nota em que lamenta a demolição. "Como foi doloroso ver mais um pouco da história do Tatuapé sucumbir à especulação imobiliária", começa o texto, que foi compartilhado pelo secretário municipal de Cultura, Alê Youssef.

"A população da região pode ter a certeza de nosso compromisso com a memória paulistana e, que continuaremos empreendendo todos os esforços para preservar as áreas não afetadas e cobrar a responsabilização dos autores da demolição irregular", diz a nota.

Os sobrados datam da década de 1950 e estavam conservados e em uso até fevereiro, quando o proprietário começou a requerer a saída de todos os inquilinos. Hoje, o único conjunto restante se deve a um processo aberto por Ivan Vasconcelos, locatário que mantém uma barbearia no local. 

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"Não sei como vai ser amanhã, se os clientes vão vir. Mas a gente vai abrir", garante Vasconcelos. No sábado, 31, o empresário percebeu a movimentação de operários na vila e chamou a polícia, mas, na manhã seguinte, soube da demolição dos vizinhos. 

A urbanização do Tatuapé começou no fim do século 19, na Vila Gomes Cardim, bairro em que os sobrados estão inseridos. "Documento de um modo de viver da classe trabalhadora na época, em sobrados geminados sem recuo frontal, com pequeno quintal nos fundos, num momento em que a moradia coletiva vertical nessa região da cidade ainda era pouco comum", explica o parecer do DPH.

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Em nota, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) solicitou que a "Prefeitura de São Paulo, Ministério Público e os órgãos competentes realizem a devida apuração dos fatos ocorridos e tomem as medidas cabíveis" sobre a demolição irregular.

Vinte dos 60 sobrados foram demolidos em fevereiro para a construção de um empreendimento da construtora Porte. Em nota, a empresa nega ter relação com a derrubada dos demais imóveis da vila. "As casas da rua Itapura não pertencem à Porte Engenharia e Urbanismo e não fazem parte do empreendimento Almagah 227 (futuro lançamento). Não temos informações sobre o que será feito no local."

Conpresp abre estudo de tombamento da Chácara das Jaboticabeiras

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Em abril, um movimento de moradores conseguiu impedir a demolição de um conjunto de sobrados na Vila Mariana, zona sul, que teve o estudo de tombamento aprovado no Conpresp no mesmo mês. Nesta segunda, o mesmo grupo obteve decisão semelhante para a Chácara das Jaboticabeiras, área residencial que abrange as ruas Fabrício Vampré, Benito Juarez e Artur Godoi, além das praças Arquimedes Silva e Damásio Paulo. A decisão é provisória, enquanto o estudo é desenvolvido, e se refere ao traçado urbano (desenho das ruas e praças) e tamanho dos lotes, além de criar um limite de gabarito para uma altura equivalente a quatro pavimentos. 

SÃO PAULO - Um conjunto de cinco sobrados é o último testemunho do que já foi a Vila João Migliari, no Tatuapé, distrito da zona leste da cidade de São Paulo. Dos 60 originais, 20 foram abaixo em fevereiro, situação que se repetiu para outros 35 sobrados no domingo, 1º, em uma demolição irregular, que infringiu embargo da subprefeitura da Mooca. 

Maior parte da Vila João Migliari foi demolida no fim de semana, no Tatuapé Foto: JF Diorio/Estadão

O pedido de estudo tombamento da vila estava em tramitação na Prefeitura desde maio, mas aguardava parecer técnico e encaminhamento para avaliação no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Após a demolição, foi incluído na pauta da reunião desta segunda-feira, 2, "com urgência", e aprovado pelos conselheiros. Um abaixo-assinado online reúne mais de 360 assinaturas pelo tombamento da vila. 

Com a decisão, os sobrados restantes deverão ser preservados até a realização de um estudo pelo Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), da Prefeitura, e a avaliação final do Conpresp, o que não costuma levar menos de um ano. Chamado de "Conjunto de Vilas Operárias Migliari", o processo inclui ainda duas vilas "irmãs", com estilo semelhante e ligadas à mesma família, localizadas no Pari (centro expandido) e Belém (zona leste).

"Considerando seu valor no ambiente urbano do bairro, sua representatividade enquanto conjunto arquitetônico na região, seu valor afetivo e as ameaças de demolição", diz o parecer do DPH que embasou a decisão. 

No domingo, o DPH chegou a publicar uma nota em que lamenta a demolição. "Como foi doloroso ver mais um pouco da história do Tatuapé sucumbir à especulação imobiliária", começa o texto, que foi compartilhado pelo secretário municipal de Cultura, Alê Youssef.

"A população da região pode ter a certeza de nosso compromisso com a memória paulistana e, que continuaremos empreendendo todos os esforços para preservar as áreas não afetadas e cobrar a responsabilização dos autores da demolição irregular", diz a nota.

Os sobrados datam da década de 1950 e estavam conservados e em uso até fevereiro, quando o proprietário começou a requerer a saída de todos os inquilinos. Hoje, o único conjunto restante se deve a um processo aberto por Ivan Vasconcelos, locatário que mantém uma barbearia no local. 

"Não sei como vai ser amanhã, se os clientes vão vir. Mas a gente vai abrir", garante Vasconcelos. No sábado, 31, o empresário percebeu a movimentação de operários na vila e chamou a polícia, mas, na manhã seguinte, soube da demolição dos vizinhos. 

A urbanização do Tatuapé começou no fim do século 19, na Vila Gomes Cardim, bairro em que os sobrados estão inseridos. "Documento de um modo de viver da classe trabalhadora na época, em sobrados geminados sem recuo frontal, com pequeno quintal nos fundos, num momento em que a moradia coletiva vertical nessa região da cidade ainda era pouco comum", explica o parecer do DPH.

Em nota, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) solicitou que a "Prefeitura de São Paulo, Ministério Público e os órgãos competentes realizem a devida apuração dos fatos ocorridos e tomem as medidas cabíveis" sobre a demolição irregular.

Vinte dos 60 sobrados foram demolidos em fevereiro para a construção de um empreendimento da construtora Porte. Em nota, a empresa nega ter relação com a derrubada dos demais imóveis da vila. "As casas da rua Itapura não pertencem à Porte Engenharia e Urbanismo e não fazem parte do empreendimento Almagah 227 (futuro lançamento). Não temos informações sobre o que será feito no local."

Conpresp abre estudo de tombamento da Chácara das Jaboticabeiras

Em abril, um movimento de moradores conseguiu impedir a demolição de um conjunto de sobrados na Vila Mariana, zona sul, que teve o estudo de tombamento aprovado no Conpresp no mesmo mês. Nesta segunda, o mesmo grupo obteve decisão semelhante para a Chácara das Jaboticabeiras, área residencial que abrange as ruas Fabrício Vampré, Benito Juarez e Artur Godoi, além das praças Arquimedes Silva e Damásio Paulo. A decisão é provisória, enquanto o estudo é desenvolvido, e se refere ao traçado urbano (desenho das ruas e praças) e tamanho dos lotes, além de criar um limite de gabarito para uma altura equivalente a quatro pavimentos. 

SÃO PAULO - Um conjunto de cinco sobrados é o último testemunho do que já foi a Vila João Migliari, no Tatuapé, distrito da zona leste da cidade de São Paulo. Dos 60 originais, 20 foram abaixo em fevereiro, situação que se repetiu para outros 35 sobrados no domingo, 1º, em uma demolição irregular, que infringiu embargo da subprefeitura da Mooca. 

Maior parte da Vila João Migliari foi demolida no fim de semana, no Tatuapé Foto: JF Diorio/Estadão

O pedido de estudo tombamento da vila estava em tramitação na Prefeitura desde maio, mas aguardava parecer técnico e encaminhamento para avaliação no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Após a demolição, foi incluído na pauta da reunião desta segunda-feira, 2, "com urgência", e aprovado pelos conselheiros. Um abaixo-assinado online reúne mais de 360 assinaturas pelo tombamento da vila. 

Com a decisão, os sobrados restantes deverão ser preservados até a realização de um estudo pelo Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), da Prefeitura, e a avaliação final do Conpresp, o que não costuma levar menos de um ano. Chamado de "Conjunto de Vilas Operárias Migliari", o processo inclui ainda duas vilas "irmãs", com estilo semelhante e ligadas à mesma família, localizadas no Pari (centro expandido) e Belém (zona leste).

"Considerando seu valor no ambiente urbano do bairro, sua representatividade enquanto conjunto arquitetônico na região, seu valor afetivo e as ameaças de demolição", diz o parecer do DPH que embasou a decisão. 

No domingo, o DPH chegou a publicar uma nota em que lamenta a demolição. "Como foi doloroso ver mais um pouco da história do Tatuapé sucumbir à especulação imobiliária", começa o texto, que foi compartilhado pelo secretário municipal de Cultura, Alê Youssef.

"A população da região pode ter a certeza de nosso compromisso com a memória paulistana e, que continuaremos empreendendo todos os esforços para preservar as áreas não afetadas e cobrar a responsabilização dos autores da demolição irregular", diz a nota.

Os sobrados datam da década de 1950 e estavam conservados e em uso até fevereiro, quando o proprietário começou a requerer a saída de todos os inquilinos. Hoje, o único conjunto restante se deve a um processo aberto por Ivan Vasconcelos, locatário que mantém uma barbearia no local. 

"Não sei como vai ser amanhã, se os clientes vão vir. Mas a gente vai abrir", garante Vasconcelos. No sábado, 31, o empresário percebeu a movimentação de operários na vila e chamou a polícia, mas, na manhã seguinte, soube da demolição dos vizinhos. 

A urbanização do Tatuapé começou no fim do século 19, na Vila Gomes Cardim, bairro em que os sobrados estão inseridos. "Documento de um modo de viver da classe trabalhadora na época, em sobrados geminados sem recuo frontal, com pequeno quintal nos fundos, num momento em que a moradia coletiva vertical nessa região da cidade ainda era pouco comum", explica o parecer do DPH.

Em nota, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) solicitou que a "Prefeitura de São Paulo, Ministério Público e os órgãos competentes realizem a devida apuração dos fatos ocorridos e tomem as medidas cabíveis" sobre a demolição irregular.

Vinte dos 60 sobrados foram demolidos em fevereiro para a construção de um empreendimento da construtora Porte. Em nota, a empresa nega ter relação com a derrubada dos demais imóveis da vila. "As casas da rua Itapura não pertencem à Porte Engenharia e Urbanismo e não fazem parte do empreendimento Almagah 227 (futuro lançamento). Não temos informações sobre o que será feito no local."

Conpresp abre estudo de tombamento da Chácara das Jaboticabeiras

Em abril, um movimento de moradores conseguiu impedir a demolição de um conjunto de sobrados na Vila Mariana, zona sul, que teve o estudo de tombamento aprovado no Conpresp no mesmo mês. Nesta segunda, o mesmo grupo obteve decisão semelhante para a Chácara das Jaboticabeiras, área residencial que abrange as ruas Fabrício Vampré, Benito Juarez e Artur Godoi, além das praças Arquimedes Silva e Damásio Paulo. A decisão é provisória, enquanto o estudo é desenvolvido, e se refere ao traçado urbano (desenho das ruas e praças) e tamanho dos lotes, além de criar um limite de gabarito para uma altura equivalente a quatro pavimentos. 

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