SALTO - Ao menos 40 toneladas de peixes foram mortas pela manta de poluição que escureceu as águas do Rio Tietê, na quinta-feira, em Salto, no interior de São Paulo. A mortandade é a maior já registrada no município, segundo o secretário de Meio Ambiente de Salto, João De Conti Neto. Cardumes que subiam o Rio Tietê para desovar nesta época de piracema entraram no Córrego do Ajudante, numa tentativa de fugir da manta poluidora. Mas o córrego, que é raso, não tinha oxigênio suficiente e os peixes morreram asfixiados. O desastre ambiental causou revolta nos moradores, que protestaram com lenços, rostos pintados e cartazes na beira do rio, enquanto equipes da prefeitura trabalhavam, das 7h de sábado, 29, às 16h deste domingo, 30, para retirar os peixes, que já atraíam urubus. Foi preciso usar uma retroescavadeira para retirar o material da água. Os peixes eram colocados em caminhões e, depois de pesados, eram enterrados. Mesmo assim, centenas de quilos não puderam ser retiradas e espera-se que sejam levadas pela correnteza com as próximas chuvas. "Fizemos 11 viagens de caminhão. É o maior desastre dessa natureza no nosso município", disse o secretário.
Para Conti Neto, "o mais revoltante" é que o município nem sequer foi avisado da existência da manta poluidora e não pôde fazer quase nada. "Fomos pegos de surpresa na madrugada de quinta-feira."
Relatório.
Segundo Conti Neto, o município está fazendo um relatório para enviar ao Ministério Público Estadual. "Precisamos encontrar os responsáveis por esse crime ambiental", disse o secretário, acrescentando que "ainda são necessários estudos para confirmar a versão da Cetesb". A agência ambiental divulgou nota, na quinta, afirmando que a manta foi causada pelo revolvimento de materiais sólidos que estavam no fundo do Tietê e de afluentes e foram levados pela chuva.
A manta poluidora, segundo a SOS Mata Atlântica, atingiu 70 km e passou por diversos municípios, no sentido do reservatório de Barra Bonita.