Bela Vista: uma ‘broadway’ em forma de bairro


O Teatro Brasileiro de Comédia semeou a vocação cultural e boêmia da região. Veja essa e outras curiosidades culturais

Por Redação

Nas veias da Bela Vista (ou seria melhor dizer do Bexiga?), o sangue que corre é dramático, cultural e boêmio. Ele começou a circular com mais força em 1948, quando o italiano Franco Zampari fundou na Rua Major Diogo o Teatro Brasileiro de Comédia. Mas já dava sinais de vitalidade antes disso. Foi em parte inspirado na vida ítalo-paulistana do bairro que o escritor Antônio de Alcântara Machado, por exemplo, redigiu parte de sua coletânea de contos “Brás, Bexiga e Barra Funda”, publicada em 1925. Veja a seguir algumas curiosidades que ajudam compreender a faceta cultural da região. Saiba também o que se conta a respeito do nome (Bexiga ou Bixiga?).

  1.Bexiga ou Bixiga?

O Estadão explica, nessa reportagem de 2010, que o Bexiga tem esse nome porque no século XVIII aquelas terras pertenciam a Antônio Bexiga - um senhor que ganhou o apelido depois de ser acometido pela varíola. A grafia Bixiga, defendida por alguns memorialistas e moradores das redondezas, seria uma adaptação do termo ao jeito coloquial de falar, trocando o "e" pelo "i". O Bexiga é a região compreendida entre a Rua Rui Barbosa, Avenida 9 de Julho e Rua dos Franceses. Pertence atualmente ao bairro e distrito chamado oficialmente de Bela Vista (esse último nome, por sua vez, passou a valer depois de um decreto municipal de 1910).

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  2.Brás, Bexiga e Barra Funda

Esse é o nome da coletânea de contos modernistas (e realistas) publicada pelo paulistano António de Alcântara Machado (1901-1935) em 1927 e que retratava o cotidiano desses três bairros de concentração italiana na cidade. O subtítulo do livro era “Notícias de São Paulo” e não eram poucos ali os retratos fiéis ao clima e à vida nos lugares ítalo-paulistanos daquele tempo. “O armazém do Natale era célebre em todo o Bexiga por causa deste anúncio”, conta o autor em um dos episódios. E prossegue, descrevendo o reclame: “’Aviso às Excelentíssimas Mães de Família!  Armazém Progresso de São Paulo, de Natale Pienotto, tem artigos de todas as qualidades. Dáse um conto de réis a quem provar o contrário. NB – Jogo de bocce com serviço de restaurante nos fundos’”

Em São Paulo, no Bixiga, a Festa de Nossa Senhora Achiropita - Maior festa Italiana do Brasil Foto: Eduardo Andreassi/FotoRepórter/AE
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  3.Monteiro Lobato

O segundo endereço do escritor Monteiro Lobato em São Paulo foi a Rua Genebra, número 9, onde o Bexiga se encontra com o centro. O taubateano, cujo nome completo é José Bento Monteiro Lobato (1882-1948), tinha 35 anos quando se mudou para a cidade com mulher e filhos. Morou primeiro na Rua Formosa. Depois foi para a Genebra. Na época, ele não tinha publicano nenhum livro, mas o Estado de S. Paulo publicava artigos seus desde 1914.

Bela Vista antiga; veja fotos

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Foto: LUCRÉCIO JR./ESTADÃO CONTEÚDO/AE/
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Foto: OSWALDO LUIZ PALERMO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/
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Foto: CESAR DINIZ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/
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Foto: ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/
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Foto: JACQUES LEPINE/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/
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Foto: MARCOS FERNANDES/ESTADÃO
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Foto: CLAUDINE PETROLI/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/
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Foto: ANTONIO LÚCIO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/
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Foto: Marco Barbosa/Agência Estado
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  4.Broadway

O Bexiga é uma espécie de Broadway desde que, em 1948, o engenheiro italiano Franco Zampari (1898-1966) escolheu um sobrado na Rua Major Diogo para montar a companhia TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia, quem em dezesseis anos de existência exibiu mais de 140 peças e atraiu um público de quase dois milhões de pessoas. Entre os grandes atores que passaram por suas fileiras destaca-se, por exemplo, o de Paulo Autran (1922-2007). Outras casas de espetáculo surgiram depois e o bairro tem uma concentração enorme de palcos. Para citar alguns desses lugares, é fácil lembrar de Oficina, Vertigem, Gazeta, Maria Della Costa, Sérgio Cardoso, Renault, Bibi Ferreira, Sesi, Raul Cortez, Eva Herz e Renault (antigo Teatro Abril e Cineteatro Paramount, onde Elis Regina apresentou o espetáculo “Falso Brilhante”, em cartaz por mais de um ano).

  5.O paraíso da macarronada

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A cantina Capuano, fundada em 1907, é a mais antiga em funcionamento da cidade. Mas há na região inúmeros desses restaurantes à moda antiga, em que predominam massas fartas em molhos abundantes. Muitos ficam na rua 13 de maio, endereço da Paróquia Nossa Senhora da Achiropita – na festa da padroeira, que ocorre em agosto, todo ano são consumidas quantidades absurdas de macarrão.

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Também chamado de Bixiga, o bairro surgiu com a chegada de imigrantes - a maioria italianos - a São Paulo. Além das boas cantinas, a região abriga antiquários, museu e o recém inaugurado mirante da 9 de Julho.

Nas veias da Bela Vista (ou seria melhor dizer do Bexiga?), o sangue que corre é dramático, cultural e boêmio. Ele começou a circular com mais força em 1948, quando o italiano Franco Zampari fundou na Rua Major Diogo o Teatro Brasileiro de Comédia. Mas já dava sinais de vitalidade antes disso. Foi em parte inspirado na vida ítalo-paulistana do bairro que o escritor Antônio de Alcântara Machado, por exemplo, redigiu parte de sua coletânea de contos “Brás, Bexiga e Barra Funda”, publicada em 1925. Veja a seguir algumas curiosidades que ajudam compreender a faceta cultural da região. Saiba também o que se conta a respeito do nome (Bexiga ou Bixiga?).

  1.Bexiga ou Bixiga?

O Estadão explica, nessa reportagem de 2010, que o Bexiga tem esse nome porque no século XVIII aquelas terras pertenciam a Antônio Bexiga - um senhor que ganhou o apelido depois de ser acometido pela varíola. A grafia Bixiga, defendida por alguns memorialistas e moradores das redondezas, seria uma adaptação do termo ao jeito coloquial de falar, trocando o "e" pelo "i". O Bexiga é a região compreendida entre a Rua Rui Barbosa, Avenida 9 de Julho e Rua dos Franceses. Pertence atualmente ao bairro e distrito chamado oficialmente de Bela Vista (esse último nome, por sua vez, passou a valer depois de um decreto municipal de 1910).

  2.Brás, Bexiga e Barra Funda

Esse é o nome da coletânea de contos modernistas (e realistas) publicada pelo paulistano António de Alcântara Machado (1901-1935) em 1927 e que retratava o cotidiano desses três bairros de concentração italiana na cidade. O subtítulo do livro era “Notícias de São Paulo” e não eram poucos ali os retratos fiéis ao clima e à vida nos lugares ítalo-paulistanos daquele tempo. “O armazém do Natale era célebre em todo o Bexiga por causa deste anúncio”, conta o autor em um dos episódios. E prossegue, descrevendo o reclame: “’Aviso às Excelentíssimas Mães de Família!  Armazém Progresso de São Paulo, de Natale Pienotto, tem artigos de todas as qualidades. Dáse um conto de réis a quem provar o contrário. NB – Jogo de bocce com serviço de restaurante nos fundos’”

Em São Paulo, no Bixiga, a Festa de Nossa Senhora Achiropita - Maior festa Italiana do Brasil Foto: Eduardo Andreassi/FotoRepórter/AE

  3.Monteiro Lobato

O segundo endereço do escritor Monteiro Lobato em São Paulo foi a Rua Genebra, número 9, onde o Bexiga se encontra com o centro. O taubateano, cujo nome completo é José Bento Monteiro Lobato (1882-1948), tinha 35 anos quando se mudou para a cidade com mulher e filhos. Morou primeiro na Rua Formosa. Depois foi para a Genebra. Na época, ele não tinha publicano nenhum livro, mas o Estado de S. Paulo publicava artigos seus desde 1914.

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  4.Broadway

O Bexiga é uma espécie de Broadway desde que, em 1948, o engenheiro italiano Franco Zampari (1898-1966) escolheu um sobrado na Rua Major Diogo para montar a companhia TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia, quem em dezesseis anos de existência exibiu mais de 140 peças e atraiu um público de quase dois milhões de pessoas. Entre os grandes atores que passaram por suas fileiras destaca-se, por exemplo, o de Paulo Autran (1922-2007). Outras casas de espetáculo surgiram depois e o bairro tem uma concentração enorme de palcos. Para citar alguns desses lugares, é fácil lembrar de Oficina, Vertigem, Gazeta, Maria Della Costa, Sérgio Cardoso, Renault, Bibi Ferreira, Sesi, Raul Cortez, Eva Herz e Renault (antigo Teatro Abril e Cineteatro Paramount, onde Elis Regina apresentou o espetáculo “Falso Brilhante”, em cartaz por mais de um ano).

  5.O paraíso da macarronada

A cantina Capuano, fundada em 1907, é a mais antiga em funcionamento da cidade. Mas há na região inúmeros desses restaurantes à moda antiga, em que predominam massas fartas em molhos abundantes. Muitos ficam na rua 13 de maio, endereço da Paróquia Nossa Senhora da Achiropita – na festa da padroeira, que ocorre em agosto, todo ano são consumidas quantidades absurdas de macarrão.

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Também chamado de Bixiga, o bairro surgiu com a chegada de imigrantes - a maioria italianos - a São Paulo. Além das boas cantinas, a região abriga antiquários, museu e o recém inaugurado mirante da 9 de Julho.

Nas veias da Bela Vista (ou seria melhor dizer do Bexiga?), o sangue que corre é dramático, cultural e boêmio. Ele começou a circular com mais força em 1948, quando o italiano Franco Zampari fundou na Rua Major Diogo o Teatro Brasileiro de Comédia. Mas já dava sinais de vitalidade antes disso. Foi em parte inspirado na vida ítalo-paulistana do bairro que o escritor Antônio de Alcântara Machado, por exemplo, redigiu parte de sua coletânea de contos “Brás, Bexiga e Barra Funda”, publicada em 1925. Veja a seguir algumas curiosidades que ajudam compreender a faceta cultural da região. Saiba também o que se conta a respeito do nome (Bexiga ou Bixiga?).

  1.Bexiga ou Bixiga?

O Estadão explica, nessa reportagem de 2010, que o Bexiga tem esse nome porque no século XVIII aquelas terras pertenciam a Antônio Bexiga - um senhor que ganhou o apelido depois de ser acometido pela varíola. A grafia Bixiga, defendida por alguns memorialistas e moradores das redondezas, seria uma adaptação do termo ao jeito coloquial de falar, trocando o "e" pelo "i". O Bexiga é a região compreendida entre a Rua Rui Barbosa, Avenida 9 de Julho e Rua dos Franceses. Pertence atualmente ao bairro e distrito chamado oficialmente de Bela Vista (esse último nome, por sua vez, passou a valer depois de um decreto municipal de 1910).

  2.Brás, Bexiga e Barra Funda

Esse é o nome da coletânea de contos modernistas (e realistas) publicada pelo paulistano António de Alcântara Machado (1901-1935) em 1927 e que retratava o cotidiano desses três bairros de concentração italiana na cidade. O subtítulo do livro era “Notícias de São Paulo” e não eram poucos ali os retratos fiéis ao clima e à vida nos lugares ítalo-paulistanos daquele tempo. “O armazém do Natale era célebre em todo o Bexiga por causa deste anúncio”, conta o autor em um dos episódios. E prossegue, descrevendo o reclame: “’Aviso às Excelentíssimas Mães de Família!  Armazém Progresso de São Paulo, de Natale Pienotto, tem artigos de todas as qualidades. Dáse um conto de réis a quem provar o contrário. NB – Jogo de bocce com serviço de restaurante nos fundos’”

Em São Paulo, no Bixiga, a Festa de Nossa Senhora Achiropita - Maior festa Italiana do Brasil Foto: Eduardo Andreassi/FotoRepórter/AE

  3.Monteiro Lobato

O segundo endereço do escritor Monteiro Lobato em São Paulo foi a Rua Genebra, número 9, onde o Bexiga se encontra com o centro. O taubateano, cujo nome completo é José Bento Monteiro Lobato (1882-1948), tinha 35 anos quando se mudou para a cidade com mulher e filhos. Morou primeiro na Rua Formosa. Depois foi para a Genebra. Na época, ele não tinha publicano nenhum livro, mas o Estado de S. Paulo publicava artigos seus desde 1914.

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  4.Broadway

O Bexiga é uma espécie de Broadway desde que, em 1948, o engenheiro italiano Franco Zampari (1898-1966) escolheu um sobrado na Rua Major Diogo para montar a companhia TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia, quem em dezesseis anos de existência exibiu mais de 140 peças e atraiu um público de quase dois milhões de pessoas. Entre os grandes atores que passaram por suas fileiras destaca-se, por exemplo, o de Paulo Autran (1922-2007). Outras casas de espetáculo surgiram depois e o bairro tem uma concentração enorme de palcos. Para citar alguns desses lugares, é fácil lembrar de Oficina, Vertigem, Gazeta, Maria Della Costa, Sérgio Cardoso, Renault, Bibi Ferreira, Sesi, Raul Cortez, Eva Herz e Renault (antigo Teatro Abril e Cineteatro Paramount, onde Elis Regina apresentou o espetáculo “Falso Brilhante”, em cartaz por mais de um ano).

  5.O paraíso da macarronada

A cantina Capuano, fundada em 1907, é a mais antiga em funcionamento da cidade. Mas há na região inúmeros desses restaurantes à moda antiga, em que predominam massas fartas em molhos abundantes. Muitos ficam na rua 13 de maio, endereço da Paróquia Nossa Senhora da Achiropita – na festa da padroeira, que ocorre em agosto, todo ano são consumidas quantidades absurdas de macarrão.

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Também chamado de Bixiga, o bairro surgiu com a chegada de imigrantes - a maioria italianos - a São Paulo. Além das boas cantinas, a região abriga antiquários, museu e o recém inaugurado mirante da 9 de Julho.

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