No Parque Santa Inês, em Caieiras, município da grande São Paulo, o fornecimento de água representa um risco a população. A região, por sofrer com as constantes invasões, não é abastecida pela Sabesp. A única maneira de garantir acesso à água, sem qualquer tratamento, é pagando para atravessadores.
O abastecimento só é possível devido à existência de dois reservatórios comunitários. Os tanques, localizados no meio da mata, são abastecidospor fontes naturais da região. A distribuição ocorre com a utilização de grandes extensões de mangueiras enterradas, que seguem para um ponto do qual são direcionadas às residências. Muitas vezes o asfalto chega a ser cortado para que as pequenas tubulações possam ser utilizadas.
Um dos comerciantes, que por questões de segurança prefere não ser identificado, garante que a única forma de ter acesso à agua é pagando. Segundo ele, a cobrança ocorre de forma aleatória. "A gente tem estes dois tanques comunitários, mas existe um pessoal que cobra o quanto quer", afirma.
O vereador pelo PSB, Dr. Panelli é apontado por moradores como um dos responsáveis pelo esquema. O parlamentar, no entanto, nega qualquer tipo de participação neste sentido e pede que a denúncia seja apurada. "Não existe qualquer tipo de cobrança da água. Eu ajudo a comunidade como posso, nunca cobrei um centavo. E se isso estiver sendo feito é caso de polícia, e deve ser investigado", diz.
A prefeitura de Caieiras também informa que desconhece o esquema de pagamento apontado por moradores. O diretor de comunicação do órgão afirma que a fiscalização na área será intensificada. "Nós não temos nenhuma informação a respeito, mas certamente nossos departamentos irão fiscalizar", diz Alessandro Veloso.
Em nota, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou que o bairro citado na reportagem está ilegalmente em área de proteção ambiental. A companhia destaca que a infraestrutura de saneamento básico só pode ser implantada após a legalização da região pela atual administração municipal.
Abaixo segue a integra da nota emitida pela Sabesp:
"A Sabesp informa que o endereço está em área de proteção de mananciais e, para a companhia implantar infraestrutura de saneamento, a legislação determina que antes sejam concluídos os processos de regularização e urbanização, que cabem à administração municipal".