Bloco no centro de São Paulo tem até casamento


Cortejo do Tarado ni Você reuniu milhares de foliões ao som de músicas de Caetano Veloso; houve espaço também para protesto político

Por Priscila Mengue

SÃO PAULO - Mari e Monique se conheceram no caminho de um bloco há dois carnavais e celebraram neste sábado, 22, o casamento em cima do trio elétrico do Tarado Ni Você, no centro de São Paulo. Emocionadas, as noivas fizeram juras enquanto eram aplaudidas por milhares de foliões.

Casal se conheceu no Carnaval de 2018 Foto: FELIPE RAU

A cerimônia teve a participação das famílias das noivas. Ana, avó de Mari, disse sentir uma “emoção além da conta”. “Que o amor fique entre vocês sempre. É a única coisa que vale a pena.” Na hora dos votos, Mari contou ter escrito 74 versões. “A única coisa que prometo é aprender com você todos os dias. Te amo demais.” Já Monique, emocionada, disse: “Não imagino um segundo na minha vida sem você.” Zé Ed, principal vocalista do bloco perguntou: “É de livre e espontânea vontade?". Elas trocaram alianças e o vocalista cantou Nosso estranho amor, de Caetano Veloso, que inspira o bloco. O casal se conheceu por meio de amigos a caminho do desfile de outro bloco em São Paulo, em 2018. Monique Lemos, de 26 anos, é antropóloga, e Mariana Santos, de 38, é estrategista criativa e cofundadora do Tarado Você, em que também é vocalista e percussionista.  Entre o carnaval e o pós-carnaval, Monique sugeriu que deveriam se casar na folia. “Começou essa brincadeira, vamos casar – e no carnaval.” Monique conta que a organização do casamento foi uma “maluquice”, pela logística e o planejamento de como encaixar a cerimônia como parte do desfile. Cerca de 60 convidados foram inscritos para ficar dentro da corda, mais pertinho da noiva, mas o convite se estendeu a umas 200 pessoas, segundo o casal. 

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Chuva não desanimou foliões, que lotaram as ruas do centro de São Paulo. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

Também houve dúvidas sobre decoração e roupas. “Mudei de ideia umas 20 vezes”, diz Monique, que usou um body com estampa de tigre. Já Mari foi de body brilhante, com uma capa neon verde, que seguia o tema do bloco deste ano, Terra em Transe, cuja arte é de tigres verdes. Elas também utilizaram um colar comprado na primeira viagem das duas juntas, na África do Sul. "É um traje vestido, ancestral, todo bordado de miçangas. Significa mais para e gente do que um véu", descreve Monique.

“A gente está chamando de ‘carnamento’. Acho que vai ser a primeira vez em um bloco que a uma integrante da banda vai tocar no próprio casamento”, diz Mari. 

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Bloco Tarado Ni Você no centro da cidade de São Paulo Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

Cortejo traz tom crítico, sem citar Bolsonaro diretamente

O bloco teve críticas ao poder público mas sem mencionar diretamente o presidente Jair Bolsonaro. “Daqui a pouco vai acontecer o golden shower”, disse um músico convidado. O termo remete a postagens de Bolsonaro nas redes sociais durante o carnaval de 2019, em que citou o termo, uma prática sexual, e também publicou um vídeo obsceno. No cortejo, também foi lembrada a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio em 2018.

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Em frente ao Theatro Municipal, o bloco parou e uma grande bandeira de dois tons de azul foi estendida sobre o público, em referência ao Rio Bexiga. O trio então lembrou que a Câmara Municipal aprovou a criação do Parque Bexiga e chamou o público a cobrar a sanção do prefeito Bruno Covas (PSDB). "Todos os rios que foram soterrados nessa cidade. É pra lembrar que nessa terra tem rio."

O bloco parou e uma grande bandeira de dois tons de azul foi estendida sobre o público, em referência ao Rio Bexiga Foto:

Em outro momento, a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) e a líder Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), Carmen Silva Ferreira, lembraram do desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, há quase dois anos, que deixou sete mortos. 

SÃO PAULO - Mari e Monique se conheceram no caminho de um bloco há dois carnavais e celebraram neste sábado, 22, o casamento em cima do trio elétrico do Tarado Ni Você, no centro de São Paulo. Emocionadas, as noivas fizeram juras enquanto eram aplaudidas por milhares de foliões.

Casal se conheceu no Carnaval de 2018 Foto: FELIPE RAU

A cerimônia teve a participação das famílias das noivas. Ana, avó de Mari, disse sentir uma “emoção além da conta”. “Que o amor fique entre vocês sempre. É a única coisa que vale a pena.” Na hora dos votos, Mari contou ter escrito 74 versões. “A única coisa que prometo é aprender com você todos os dias. Te amo demais.” Já Monique, emocionada, disse: “Não imagino um segundo na minha vida sem você.” Zé Ed, principal vocalista do bloco perguntou: “É de livre e espontânea vontade?". Elas trocaram alianças e o vocalista cantou Nosso estranho amor, de Caetano Veloso, que inspira o bloco. O casal se conheceu por meio de amigos a caminho do desfile de outro bloco em São Paulo, em 2018. Monique Lemos, de 26 anos, é antropóloga, e Mariana Santos, de 38, é estrategista criativa e cofundadora do Tarado Você, em que também é vocalista e percussionista.  Entre o carnaval e o pós-carnaval, Monique sugeriu que deveriam se casar na folia. “Começou essa brincadeira, vamos casar – e no carnaval.” Monique conta que a organização do casamento foi uma “maluquice”, pela logística e o planejamento de como encaixar a cerimônia como parte do desfile. Cerca de 60 convidados foram inscritos para ficar dentro da corda, mais pertinho da noiva, mas o convite se estendeu a umas 200 pessoas, segundo o casal. 

Chuva não desanimou foliões, que lotaram as ruas do centro de São Paulo. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

Também houve dúvidas sobre decoração e roupas. “Mudei de ideia umas 20 vezes”, diz Monique, que usou um body com estampa de tigre. Já Mari foi de body brilhante, com uma capa neon verde, que seguia o tema do bloco deste ano, Terra em Transe, cuja arte é de tigres verdes. Elas também utilizaram um colar comprado na primeira viagem das duas juntas, na África do Sul. "É um traje vestido, ancestral, todo bordado de miçangas. Significa mais para e gente do que um véu", descreve Monique.

“A gente está chamando de ‘carnamento’. Acho que vai ser a primeira vez em um bloco que a uma integrante da banda vai tocar no próprio casamento”, diz Mari. 

Bloco Tarado Ni Você no centro da cidade de São Paulo Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

Cortejo traz tom crítico, sem citar Bolsonaro diretamente

O bloco teve críticas ao poder público mas sem mencionar diretamente o presidente Jair Bolsonaro. “Daqui a pouco vai acontecer o golden shower”, disse um músico convidado. O termo remete a postagens de Bolsonaro nas redes sociais durante o carnaval de 2019, em que citou o termo, uma prática sexual, e também publicou um vídeo obsceno. No cortejo, também foi lembrada a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio em 2018.

Em frente ao Theatro Municipal, o bloco parou e uma grande bandeira de dois tons de azul foi estendida sobre o público, em referência ao Rio Bexiga. O trio então lembrou que a Câmara Municipal aprovou a criação do Parque Bexiga e chamou o público a cobrar a sanção do prefeito Bruno Covas (PSDB). "Todos os rios que foram soterrados nessa cidade. É pra lembrar que nessa terra tem rio."

O bloco parou e uma grande bandeira de dois tons de azul foi estendida sobre o público, em referência ao Rio Bexiga Foto:

Em outro momento, a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) e a líder Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), Carmen Silva Ferreira, lembraram do desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, há quase dois anos, que deixou sete mortos. 

SÃO PAULO - Mari e Monique se conheceram no caminho de um bloco há dois carnavais e celebraram neste sábado, 22, o casamento em cima do trio elétrico do Tarado Ni Você, no centro de São Paulo. Emocionadas, as noivas fizeram juras enquanto eram aplaudidas por milhares de foliões.

Casal se conheceu no Carnaval de 2018 Foto: FELIPE RAU

A cerimônia teve a participação das famílias das noivas. Ana, avó de Mari, disse sentir uma “emoção além da conta”. “Que o amor fique entre vocês sempre. É a única coisa que vale a pena.” Na hora dos votos, Mari contou ter escrito 74 versões. “A única coisa que prometo é aprender com você todos os dias. Te amo demais.” Já Monique, emocionada, disse: “Não imagino um segundo na minha vida sem você.” Zé Ed, principal vocalista do bloco perguntou: “É de livre e espontânea vontade?". Elas trocaram alianças e o vocalista cantou Nosso estranho amor, de Caetano Veloso, que inspira o bloco. O casal se conheceu por meio de amigos a caminho do desfile de outro bloco em São Paulo, em 2018. Monique Lemos, de 26 anos, é antropóloga, e Mariana Santos, de 38, é estrategista criativa e cofundadora do Tarado Você, em que também é vocalista e percussionista.  Entre o carnaval e o pós-carnaval, Monique sugeriu que deveriam se casar na folia. “Começou essa brincadeira, vamos casar – e no carnaval.” Monique conta que a organização do casamento foi uma “maluquice”, pela logística e o planejamento de como encaixar a cerimônia como parte do desfile. Cerca de 60 convidados foram inscritos para ficar dentro da corda, mais pertinho da noiva, mas o convite se estendeu a umas 200 pessoas, segundo o casal. 

Chuva não desanimou foliões, que lotaram as ruas do centro de São Paulo. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

Também houve dúvidas sobre decoração e roupas. “Mudei de ideia umas 20 vezes”, diz Monique, que usou um body com estampa de tigre. Já Mari foi de body brilhante, com uma capa neon verde, que seguia o tema do bloco deste ano, Terra em Transe, cuja arte é de tigres verdes. Elas também utilizaram um colar comprado na primeira viagem das duas juntas, na África do Sul. "É um traje vestido, ancestral, todo bordado de miçangas. Significa mais para e gente do que um véu", descreve Monique.

“A gente está chamando de ‘carnamento’. Acho que vai ser a primeira vez em um bloco que a uma integrante da banda vai tocar no próprio casamento”, diz Mari. 

Bloco Tarado Ni Você no centro da cidade de São Paulo Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

Cortejo traz tom crítico, sem citar Bolsonaro diretamente

O bloco teve críticas ao poder público mas sem mencionar diretamente o presidente Jair Bolsonaro. “Daqui a pouco vai acontecer o golden shower”, disse um músico convidado. O termo remete a postagens de Bolsonaro nas redes sociais durante o carnaval de 2019, em que citou o termo, uma prática sexual, e também publicou um vídeo obsceno. No cortejo, também foi lembrada a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio em 2018.

Em frente ao Theatro Municipal, o bloco parou e uma grande bandeira de dois tons de azul foi estendida sobre o público, em referência ao Rio Bexiga. O trio então lembrou que a Câmara Municipal aprovou a criação do Parque Bexiga e chamou o público a cobrar a sanção do prefeito Bruno Covas (PSDB). "Todos os rios que foram soterrados nessa cidade. É pra lembrar que nessa terra tem rio."

O bloco parou e uma grande bandeira de dois tons de azul foi estendida sobre o público, em referência ao Rio Bexiga Foto:

Em outro momento, a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) e a líder Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), Carmen Silva Ferreira, lembraram do desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, há quase dois anos, que deixou sete mortos. 

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