O clima seco na cidade de São Paulo e as variações de temperatura desta época - a capital teve o julho mais quente desde 1943 e o mês (julho) mais seco desde 2017 -, segundo dados da Climatempo, são amostras da confusão na qual o mundo se meteu com o chamado impacto global do descontrole ambiental, fato histórico por demais alertado internacionalmente por comunidades científicas ao logo dos últimos anos. Ciência avisou, avisou, mas lideranças mundiais deram de ombros, ignoraram planos e propostas de mitigação do efeito estufa e agora correm atrás das alterações e suas consequências.
No caso de São Paulo, especialistas alegam que essa mudança no clima passa por alterações no sistema de deslocamento de unidade, que era trazida para a região por gigantescos corredores aéreos formados pelos ventos do Atlântico que "encanavam" sobre a Amazônia, seguiam até encontrar a barreira da cordilheira andina e, daí, mudavam de rota fazendo chover no centro-oeste brasileiro e descendo até São Paulo. Esses ventos, "umedecidos" pela evaporação da imensa área florestal, formavam uma figura como um 7 invertido.
Pois o desmate acentuado das florestas, localizadas na linha reta horizontal da figura, bagunçou o fluxo da linha que vinha para baixo, na direção do Sudeste. E os efeitos hoje são sentidos pelas pessoas na metrópole paulistana, conforme mostram os dados citados nos estudos da Climatempo, por exemplo. Em julho de 2021 choveu 39,4 mm; em 2020, 12,6 mm; neste julho encerrado domingo, 9 mm. A média das temperaturas máximas por aqui, até o dia 28, foi de 25,9 graus.
Na rua, dava para ver isso claramente na vegetação esturricada do canteiro central da Avenida 23 de Maio e nos gramados dos parques da cidade. Além, é claro, de o paulistano poder ver o ar que respirava ao observar um bocadinho adiante de onde se encontrava. E de, como dizem os motoristas de táxi da cidade, "ter de passar todo dia o pano no carro para tirar o acúmulo de poeira".