SÃO PAULO - Uma briga em um posto de combustíveis na Avenida Rebouças, em Pinheiros, na zona oeste paulistana, terminou com dois mortos e dois feridos na noite de sábado, 3. As vítimas, que saíam de um bloco de pré-carnaval, foram baleadas por um homem com jaleco do posto, segundo testemunhas. Neste domingo, 4, um jovem de 22 anos morreu eletrocutado ao encostar em um poste durante a passagem do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, no centro.
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No tumulto registrado no Posto Rebouças morreram João Batista Moura da Silva, de 30 anos, e Bruno Gomes de Souza, de 31 anos, empresário do ramo de academia. Ficaram feridos o administrador de banco Rodrigo Beralde, de 34 anos, e o operador de máquinas Fernando Avelino, de 28 anos. Beralde permanecia internado nesta segunda-feira, 5.
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A polícia investiga as causas do tumulto. Segundo testemunhas que prestaram depoimento no 14.° DP (Pinheiros), o crime ocorreu por volta de 19h30. Amigos das vítimas relataram à polícia que estavam em um grupo de 12 pessoas saindo do bloco Maluco Beleza, no Parque do Ibirapuera, na zona sul, e iam em dois carros para o Largo da Batata, na zona oeste, para acompanhar outros blocos.
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Eles disseram que pararam no posto de gasolina para abastecer os veículos, quando as meninas desceram e pediram aos frentistas para usar o banheiro. Funcionários do posto apontaram para a lateral, indicando que poderiam urinar perto de sacos de lixo. Em seguida, Souza e Beralde seguiram para urinar, segundo os relatos. Amigos disseram que Souza estava “bêbado e alterado”. Além de urinar, ele também teria vomitado no local.
Avelino e a mulher dele, Talita Juliana Moreira, contam que um frentista tentou fechar o portão gradeado com Souza e Beralde do lado de dentro, afirmando que eles não poderiam usar aquele local.
“Fomos eu e um amigo pedir para não trancar porque tinham dois rapazes lá. Estavam fazendo xixi. O frentista disse que ia fechar porque não podiam ficar ali. Aí chegou um outro rapaz dizendo que era subgerente do posto, falando (de forma) ignorante que não era para usar ali”, relata Avelino.
“Eu vi, cheguei e empurrei, falando: ‘A gente só queria usar o banheiro, não há necessidade disso’. Nisso, chegou um (homem) que provavelmente era um frentista, porque estava com a jaqueta do posto, com uma barra de ferro e me atingiu na altura da minha cabeça”, conta Avelino.
“(A barra) pegou no meu braço. Nessa hora, dei alguns passos para trás por causa da pancada. E ele, o agressor, deu alguns passos para trás e sacou a arma. Aí foi um salve-se quem puder”, conta Avelino.
Talita Juliana Moreira, testemunha
Imagens de câmera de segurança foram entregues à polícia. Vídeo divulgado nesta segunda pelo portal G1 mostra parte do grupo discutindo com um homem de mochila nas costas. Em seguida, um rapaz de boné empurra o homem de mochila. Outro homem com jaleco parte para cima, mas cai no chão após receber socos e pontapés do grupo. Ele, então, se levanta, saca a arma e dispara.
O advogado do Posto Rebouças, Erikson Eloi Salomoni, negou que a arma de fogo pertencesse ao estabelecimento. “O posto não tem segurança e a arma não veio do posto”, disse Salomoni. Ele afirmou ainda que o subgerente envolvido na briga teria sido agredido por um dos integrantes do grupo. O advogado disse desconhecer a quem pertencia a barra de ferro.
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Eletrocutado
Neste domingo, o estudante Lucas Antônio Lacerda da Silva, de 22 anos, morreu eletrocutado após encostar em um poste com câmeras para monitoramento de público instaladas na esquina da Rua da Consolação com a Rua Matias Aires, no centro de São Paulo, durante a passagem do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta. Após o contato com o equipamento, Silva sofreu uma descarga elétrica e desmaiou. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Responsável pela infraestrutura do carnaval de rua de São Paulo, a empresa Dream Factory disse que somente a perícia poderá informar se a causa da morte está ou não associada à instalação das câmeras. No poste em que o jovem foi eletrocutado, foram instaladas duas câmeras para monitoramento de público pela empresa GWA System, a pedido da Dream Factory. Procurada nesta segunda por telefone, a GWA System não foi localizada até as 21 horas.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), da Prefeitura de São Paulo, disse, em nota, que as câmeras instaladas no poste não pertencem à empresa. “A CET e o Ilume (Departamento de Iluminação Pública) ressaltam que não foram consultados nem autorizaram a instalação dessas câmaras”, informou a Prefeitura.