Espaços públicos, caminhadas e urbanidade.

Para melhorar a qualidade e o tempo de permanência nas calçadas, a cidade precisa de muito mais lugares para sentar.


Por Mauro Calliari
 Foto: Estadão

Quem anda pela cidade sabe: tão importante quanto boas calçadas é ter bons lugares para sentar.

William Whyte, o estudioso americano que filmava as pessoas nas ruas de Nova York já constatou há décadas: sentar é a experiência mais fundamental de experimentar um espaço público. Lugares que oferecem bancos confortáveis fazem com que as pessoas fiquem mais tempo no espaço público.

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No Teatro Municipal, por exemplo, as escadas servem de assento improvisado e permitem o descanso tranquilo.

 Foto: Estadão

Afinal, quem anda, precisa dar uma parada para descansar. Ou para ver mensagens no celular. Para esperar pelo ônibus ou alguém que você combinou de encontrar. Para comer o hotdog com batata e molho extra que comprou no carrinho. Ou mesmo por nenhuma razão, só para olhar a vida passar à sombra das árvores de uma praça. Mas nós ainda não levamos isso a sério: São Paulo tem poucos lugares para sentar.

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Na avenida Paulista, o lugar que reúne gente de todos os tipos, a todas as horas, não só há poucos bancos, comohá grades que impedem até que as pessoas encostem.

 Foto: Estadão
No vão do Masp, não há nenhum banco. Mas vários degraus de uma arquibancada improvisada servem de assento para o pessoal na hora do almoço. Foto: Estadão
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Nas praças, temos bancos, mas a maioria deles é desconfortável e não tem nem encosto. Existe até um grupo de voluntários que saem por aí com pregos e martelos para construir encostos em bancos desconfortáveis. Tem até uma comunidade na internet, onde as pessoas trocam inspirações sobre o ato de sentar no espaço público -  Bancos com encosto para Sampa.

Um exemplo de como as pessoas aproveitam a cidade é a Praça ao lado do Teatro Municipal. Aquelas fontes que estavam sujas e fechadas há anos foram limpas e já na semana seguinte à limpeza, era possível encontrar pessoas sentando nas muretas e aproveitando um pouco do brilho que a praça já teve no passado da cidade.

 Foto: Estadão
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Estações são pontos de encontro naturais. Reconhecer isso e oferecer um mínimo de conforto poderia ser uma maneira do Metrô, CPTM e Secretaria de transportes prestarem um serviço melhor.

O metrô é um caso especial.Por um lado, temos estações limpas e multidões que se locomovem em alguma ordem. Por outro,  o dogma da eficiência não permite que as estações possam ter um mínimo de conforto, mesmo em lugares onde não há filas nem movimentos.

O Metrô ainda desestimula, numa campanha infeliz, que as pessoas sentem no chão. É possível entender a lógica dos engenheiros que pensam em fluxos de pessoas, mas é um fato que as estações de metrô funcionam como um porto seguro para aguardar um encontro. Nos saguões de qualquer estação, é possível ver gente que está à espera de amigos, de pé. Quer queira quer não, o metrô criou milhares de metros quadrados de espaços públicos na cidade e não seria tão difícil pensar em como melhorar esses espaços.

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 Foto: Estadão

Os pontos de ônibus foram claramente feitos por pessoas que nunca tiveram que sentar ali e esperar.

 Foto: Estadão
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Os bancos são desconfortáveis e acomodam poucas pessoas, apesar de ocuparem uma área razoável. O vidro em cima esquentava tanto que foi colocada uma placa para atenuar a luz do sol, e mesmo assim, o vidro atrás também causa desconforto e esquenta. Para piorar, o painel de publicidade muitas vezes chega a tapar a visão de quem espera o ônibus.

 Foto: Estadão

Mesas de bares, restaurantes e padarias.  As mesas nas calçadas são muito bem vindas; elas ajudam a criar um motivo para estar no espaço público e funcionam como um enorme indutor da presença em áreas abertas. É claro que há alguns lugares onde a calçada é estreita demais e há sempre alguns espertinhos que não deixam o 1,20 m para os pedestres. Além disso, infelizmente, mesas na calçada costumam vir acompanhadas de música alta, telas de TV e muitos decibéis, que atrapalham os moradores do entorno.É de se esperar que a fiscalização cuide desses casos e deixeos estabelecimentos comerciais responsáveis oferecerem mesas para que vejamos mais pessoas nas ruas.

Parklets. Os parklets são uma invenção relativamente nova e foram regulamentados há pouco mais de dois anos. Há desvios na conduta de alguns bares que servem clientes sentados ali, o que é proibido. Esse é um espaço público e serve como um respiro bem-vindo para quem está cansado.

Lojas. Algumas lojas começaram a colocar bancos em frente de suas vitrines. Em calçadas largas, essa é uma gentileza muito bem vinda.

 

Qualquer banquinho é bem vindo e estimula a permanência nas ruas.

Por fim, uma palavra sobre a arquitetura "anti-mendigo". Sim, a cidade tem pessoas que vivem nas ruas. Muitas dessas pessoas vão sentar nos bancos também. Mas nós temos tanto medo disso que criamos uma criativa e prolífica arquitetura "anti-mendigo".

Mas, vamos pensar juntos. Será que isso faz algum sentido?

Por causa do medo de que 17 mil pessoas ocupem os bancos, a cidade impede que 11 milhões tenham a possibilidade de sentar durante suas viagens, suas compras, num intervalo do trabalho?

Não faz sentido. Até do ponto de vista de segurança, parece óbvio que pessoas sentadas ficam mais tempo na rua e isso é o que torna as ruas não só mais seguras como também mais agradáveis: gente na rua, experimentando a cidade.

 

Fotos: Mauro Calliari

 Foto: Estadão

Quem anda pela cidade sabe: tão importante quanto boas calçadas é ter bons lugares para sentar.

William Whyte, o estudioso americano que filmava as pessoas nas ruas de Nova York já constatou há décadas: sentar é a experiência mais fundamental de experimentar um espaço público. Lugares que oferecem bancos confortáveis fazem com que as pessoas fiquem mais tempo no espaço público.

No Teatro Municipal, por exemplo, as escadas servem de assento improvisado e permitem o descanso tranquilo.

 Foto: Estadão

Afinal, quem anda, precisa dar uma parada para descansar. Ou para ver mensagens no celular. Para esperar pelo ônibus ou alguém que você combinou de encontrar. Para comer o hotdog com batata e molho extra que comprou no carrinho. Ou mesmo por nenhuma razão, só para olhar a vida passar à sombra das árvores de uma praça. Mas nós ainda não levamos isso a sério: São Paulo tem poucos lugares para sentar.

Na avenida Paulista, o lugar que reúne gente de todos os tipos, a todas as horas, não só há poucos bancos, comohá grades que impedem até que as pessoas encostem.

 Foto: Estadão
No vão do Masp, não há nenhum banco. Mas vários degraus de uma arquibancada improvisada servem de assento para o pessoal na hora do almoço. Foto: Estadão

Nas praças, temos bancos, mas a maioria deles é desconfortável e não tem nem encosto. Existe até um grupo de voluntários que saem por aí com pregos e martelos para construir encostos em bancos desconfortáveis. Tem até uma comunidade na internet, onde as pessoas trocam inspirações sobre o ato de sentar no espaço público -  Bancos com encosto para Sampa.

Um exemplo de como as pessoas aproveitam a cidade é a Praça ao lado do Teatro Municipal. Aquelas fontes que estavam sujas e fechadas há anos foram limpas e já na semana seguinte à limpeza, era possível encontrar pessoas sentando nas muretas e aproveitando um pouco do brilho que a praça já teve no passado da cidade.

 Foto: Estadão

Estações são pontos de encontro naturais. Reconhecer isso e oferecer um mínimo de conforto poderia ser uma maneira do Metrô, CPTM e Secretaria de transportes prestarem um serviço melhor.

O metrô é um caso especial.Por um lado, temos estações limpas e multidões que se locomovem em alguma ordem. Por outro,  o dogma da eficiência não permite que as estações possam ter um mínimo de conforto, mesmo em lugares onde não há filas nem movimentos.

O Metrô ainda desestimula, numa campanha infeliz, que as pessoas sentem no chão. É possível entender a lógica dos engenheiros que pensam em fluxos de pessoas, mas é um fato que as estações de metrô funcionam como um porto seguro para aguardar um encontro. Nos saguões de qualquer estação, é possível ver gente que está à espera de amigos, de pé. Quer queira quer não, o metrô criou milhares de metros quadrados de espaços públicos na cidade e não seria tão difícil pensar em como melhorar esses espaços.

 Foto: Estadão

Os pontos de ônibus foram claramente feitos por pessoas que nunca tiveram que sentar ali e esperar.

 Foto: Estadão

Os bancos são desconfortáveis e acomodam poucas pessoas, apesar de ocuparem uma área razoável. O vidro em cima esquentava tanto que foi colocada uma placa para atenuar a luz do sol, e mesmo assim, o vidro atrás também causa desconforto e esquenta. Para piorar, o painel de publicidade muitas vezes chega a tapar a visão de quem espera o ônibus.

 Foto: Estadão

Mesas de bares, restaurantes e padarias.  As mesas nas calçadas são muito bem vindas; elas ajudam a criar um motivo para estar no espaço público e funcionam como um enorme indutor da presença em áreas abertas. É claro que há alguns lugares onde a calçada é estreita demais e há sempre alguns espertinhos que não deixam o 1,20 m para os pedestres. Além disso, infelizmente, mesas na calçada costumam vir acompanhadas de música alta, telas de TV e muitos decibéis, que atrapalham os moradores do entorno.É de se esperar que a fiscalização cuide desses casos e deixeos estabelecimentos comerciais responsáveis oferecerem mesas para que vejamos mais pessoas nas ruas.

Parklets. Os parklets são uma invenção relativamente nova e foram regulamentados há pouco mais de dois anos. Há desvios na conduta de alguns bares que servem clientes sentados ali, o que é proibido. Esse é um espaço público e serve como um respiro bem-vindo para quem está cansado.

Lojas. Algumas lojas começaram a colocar bancos em frente de suas vitrines. Em calçadas largas, essa é uma gentileza muito bem vinda.

 

Qualquer banquinho é bem vindo e estimula a permanência nas ruas.

Por fim, uma palavra sobre a arquitetura "anti-mendigo". Sim, a cidade tem pessoas que vivem nas ruas. Muitas dessas pessoas vão sentar nos bancos também. Mas nós temos tanto medo disso que criamos uma criativa e prolífica arquitetura "anti-mendigo".

Mas, vamos pensar juntos. Será que isso faz algum sentido?

Por causa do medo de que 17 mil pessoas ocupem os bancos, a cidade impede que 11 milhões tenham a possibilidade de sentar durante suas viagens, suas compras, num intervalo do trabalho?

Não faz sentido. Até do ponto de vista de segurança, parece óbvio que pessoas sentadas ficam mais tempo na rua e isso é o que torna as ruas não só mais seguras como também mais agradáveis: gente na rua, experimentando a cidade.

 

Fotos: Mauro Calliari

 Foto: Estadão

Quem anda pela cidade sabe: tão importante quanto boas calçadas é ter bons lugares para sentar.

William Whyte, o estudioso americano que filmava as pessoas nas ruas de Nova York já constatou há décadas: sentar é a experiência mais fundamental de experimentar um espaço público. Lugares que oferecem bancos confortáveis fazem com que as pessoas fiquem mais tempo no espaço público.

No Teatro Municipal, por exemplo, as escadas servem de assento improvisado e permitem o descanso tranquilo.

 Foto: Estadão

Afinal, quem anda, precisa dar uma parada para descansar. Ou para ver mensagens no celular. Para esperar pelo ônibus ou alguém que você combinou de encontrar. Para comer o hotdog com batata e molho extra que comprou no carrinho. Ou mesmo por nenhuma razão, só para olhar a vida passar à sombra das árvores de uma praça. Mas nós ainda não levamos isso a sério: São Paulo tem poucos lugares para sentar.

Na avenida Paulista, o lugar que reúne gente de todos os tipos, a todas as horas, não só há poucos bancos, comohá grades que impedem até que as pessoas encostem.

 Foto: Estadão
No vão do Masp, não há nenhum banco. Mas vários degraus de uma arquibancada improvisada servem de assento para o pessoal na hora do almoço. Foto: Estadão

Nas praças, temos bancos, mas a maioria deles é desconfortável e não tem nem encosto. Existe até um grupo de voluntários que saem por aí com pregos e martelos para construir encostos em bancos desconfortáveis. Tem até uma comunidade na internet, onde as pessoas trocam inspirações sobre o ato de sentar no espaço público -  Bancos com encosto para Sampa.

Um exemplo de como as pessoas aproveitam a cidade é a Praça ao lado do Teatro Municipal. Aquelas fontes que estavam sujas e fechadas há anos foram limpas e já na semana seguinte à limpeza, era possível encontrar pessoas sentando nas muretas e aproveitando um pouco do brilho que a praça já teve no passado da cidade.

 Foto: Estadão

Estações são pontos de encontro naturais. Reconhecer isso e oferecer um mínimo de conforto poderia ser uma maneira do Metrô, CPTM e Secretaria de transportes prestarem um serviço melhor.

O metrô é um caso especial.Por um lado, temos estações limpas e multidões que se locomovem em alguma ordem. Por outro,  o dogma da eficiência não permite que as estações possam ter um mínimo de conforto, mesmo em lugares onde não há filas nem movimentos.

O Metrô ainda desestimula, numa campanha infeliz, que as pessoas sentem no chão. É possível entender a lógica dos engenheiros que pensam em fluxos de pessoas, mas é um fato que as estações de metrô funcionam como um porto seguro para aguardar um encontro. Nos saguões de qualquer estação, é possível ver gente que está à espera de amigos, de pé. Quer queira quer não, o metrô criou milhares de metros quadrados de espaços públicos na cidade e não seria tão difícil pensar em como melhorar esses espaços.

 Foto: Estadão

Os pontos de ônibus foram claramente feitos por pessoas que nunca tiveram que sentar ali e esperar.

 Foto: Estadão

Os bancos são desconfortáveis e acomodam poucas pessoas, apesar de ocuparem uma área razoável. O vidro em cima esquentava tanto que foi colocada uma placa para atenuar a luz do sol, e mesmo assim, o vidro atrás também causa desconforto e esquenta. Para piorar, o painel de publicidade muitas vezes chega a tapar a visão de quem espera o ônibus.

 Foto: Estadão

Mesas de bares, restaurantes e padarias.  As mesas nas calçadas são muito bem vindas; elas ajudam a criar um motivo para estar no espaço público e funcionam como um enorme indutor da presença em áreas abertas. É claro que há alguns lugares onde a calçada é estreita demais e há sempre alguns espertinhos que não deixam o 1,20 m para os pedestres. Além disso, infelizmente, mesas na calçada costumam vir acompanhadas de música alta, telas de TV e muitos decibéis, que atrapalham os moradores do entorno.É de se esperar que a fiscalização cuide desses casos e deixeos estabelecimentos comerciais responsáveis oferecerem mesas para que vejamos mais pessoas nas ruas.

Parklets. Os parklets são uma invenção relativamente nova e foram regulamentados há pouco mais de dois anos. Há desvios na conduta de alguns bares que servem clientes sentados ali, o que é proibido. Esse é um espaço público e serve como um respiro bem-vindo para quem está cansado.

Lojas. Algumas lojas começaram a colocar bancos em frente de suas vitrines. Em calçadas largas, essa é uma gentileza muito bem vinda.

 

Qualquer banquinho é bem vindo e estimula a permanência nas ruas.

Por fim, uma palavra sobre a arquitetura "anti-mendigo". Sim, a cidade tem pessoas que vivem nas ruas. Muitas dessas pessoas vão sentar nos bancos também. Mas nós temos tanto medo disso que criamos uma criativa e prolífica arquitetura "anti-mendigo".

Mas, vamos pensar juntos. Será que isso faz algum sentido?

Por causa do medo de que 17 mil pessoas ocupem os bancos, a cidade impede que 11 milhões tenham a possibilidade de sentar durante suas viagens, suas compras, num intervalo do trabalho?

Não faz sentido. Até do ponto de vista de segurança, parece óbvio que pessoas sentadas ficam mais tempo na rua e isso é o que torna as ruas não só mais seguras como também mais agradáveis: gente na rua, experimentando a cidade.

 

Fotos: Mauro Calliari

 Foto: Estadão

Quem anda pela cidade sabe: tão importante quanto boas calçadas é ter bons lugares para sentar.

William Whyte, o estudioso americano que filmava as pessoas nas ruas de Nova York já constatou há décadas: sentar é a experiência mais fundamental de experimentar um espaço público. Lugares que oferecem bancos confortáveis fazem com que as pessoas fiquem mais tempo no espaço público.

No Teatro Municipal, por exemplo, as escadas servem de assento improvisado e permitem o descanso tranquilo.

 Foto: Estadão

Afinal, quem anda, precisa dar uma parada para descansar. Ou para ver mensagens no celular. Para esperar pelo ônibus ou alguém que você combinou de encontrar. Para comer o hotdog com batata e molho extra que comprou no carrinho. Ou mesmo por nenhuma razão, só para olhar a vida passar à sombra das árvores de uma praça. Mas nós ainda não levamos isso a sério: São Paulo tem poucos lugares para sentar.

Na avenida Paulista, o lugar que reúne gente de todos os tipos, a todas as horas, não só há poucos bancos, comohá grades que impedem até que as pessoas encostem.

 Foto: Estadão
No vão do Masp, não há nenhum banco. Mas vários degraus de uma arquibancada improvisada servem de assento para o pessoal na hora do almoço. Foto: Estadão

Nas praças, temos bancos, mas a maioria deles é desconfortável e não tem nem encosto. Existe até um grupo de voluntários que saem por aí com pregos e martelos para construir encostos em bancos desconfortáveis. Tem até uma comunidade na internet, onde as pessoas trocam inspirações sobre o ato de sentar no espaço público -  Bancos com encosto para Sampa.

Um exemplo de como as pessoas aproveitam a cidade é a Praça ao lado do Teatro Municipal. Aquelas fontes que estavam sujas e fechadas há anos foram limpas e já na semana seguinte à limpeza, era possível encontrar pessoas sentando nas muretas e aproveitando um pouco do brilho que a praça já teve no passado da cidade.

 Foto: Estadão

Estações são pontos de encontro naturais. Reconhecer isso e oferecer um mínimo de conforto poderia ser uma maneira do Metrô, CPTM e Secretaria de transportes prestarem um serviço melhor.

O metrô é um caso especial.Por um lado, temos estações limpas e multidões que se locomovem em alguma ordem. Por outro,  o dogma da eficiência não permite que as estações possam ter um mínimo de conforto, mesmo em lugares onde não há filas nem movimentos.

O Metrô ainda desestimula, numa campanha infeliz, que as pessoas sentem no chão. É possível entender a lógica dos engenheiros que pensam em fluxos de pessoas, mas é um fato que as estações de metrô funcionam como um porto seguro para aguardar um encontro. Nos saguões de qualquer estação, é possível ver gente que está à espera de amigos, de pé. Quer queira quer não, o metrô criou milhares de metros quadrados de espaços públicos na cidade e não seria tão difícil pensar em como melhorar esses espaços.

 Foto: Estadão

Os pontos de ônibus foram claramente feitos por pessoas que nunca tiveram que sentar ali e esperar.

 Foto: Estadão

Os bancos são desconfortáveis e acomodam poucas pessoas, apesar de ocuparem uma área razoável. O vidro em cima esquentava tanto que foi colocada uma placa para atenuar a luz do sol, e mesmo assim, o vidro atrás também causa desconforto e esquenta. Para piorar, o painel de publicidade muitas vezes chega a tapar a visão de quem espera o ônibus.

 Foto: Estadão

Mesas de bares, restaurantes e padarias.  As mesas nas calçadas são muito bem vindas; elas ajudam a criar um motivo para estar no espaço público e funcionam como um enorme indutor da presença em áreas abertas. É claro que há alguns lugares onde a calçada é estreita demais e há sempre alguns espertinhos que não deixam o 1,20 m para os pedestres. Além disso, infelizmente, mesas na calçada costumam vir acompanhadas de música alta, telas de TV e muitos decibéis, que atrapalham os moradores do entorno.É de se esperar que a fiscalização cuide desses casos e deixeos estabelecimentos comerciais responsáveis oferecerem mesas para que vejamos mais pessoas nas ruas.

Parklets. Os parklets são uma invenção relativamente nova e foram regulamentados há pouco mais de dois anos. Há desvios na conduta de alguns bares que servem clientes sentados ali, o que é proibido. Esse é um espaço público e serve como um respiro bem-vindo para quem está cansado.

Lojas. Algumas lojas começaram a colocar bancos em frente de suas vitrines. Em calçadas largas, essa é uma gentileza muito bem vinda.

 

Qualquer banquinho é bem vindo e estimula a permanência nas ruas.

Por fim, uma palavra sobre a arquitetura "anti-mendigo". Sim, a cidade tem pessoas que vivem nas ruas. Muitas dessas pessoas vão sentar nos bancos também. Mas nós temos tanto medo disso que criamos uma criativa e prolífica arquitetura "anti-mendigo".

Mas, vamos pensar juntos. Será que isso faz algum sentido?

Por causa do medo de que 17 mil pessoas ocupem os bancos, a cidade impede que 11 milhões tenham a possibilidade de sentar durante suas viagens, suas compras, num intervalo do trabalho?

Não faz sentido. Até do ponto de vista de segurança, parece óbvio que pessoas sentadas ficam mais tempo na rua e isso é o que torna as ruas não só mais seguras como também mais agradáveis: gente na rua, experimentando a cidade.

 

Fotos: Mauro Calliari

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Quem anda pela cidade sabe: tão importante quanto boas calçadas é ter bons lugares para sentar.

William Whyte, o estudioso americano que filmava as pessoas nas ruas de Nova York já constatou há décadas: sentar é a experiência mais fundamental de experimentar um espaço público. Lugares que oferecem bancos confortáveis fazem com que as pessoas fiquem mais tempo no espaço público.

No Teatro Municipal, por exemplo, as escadas servem de assento improvisado e permitem o descanso tranquilo.

 Foto: Estadão

Afinal, quem anda, precisa dar uma parada para descansar. Ou para ver mensagens no celular. Para esperar pelo ônibus ou alguém que você combinou de encontrar. Para comer o hotdog com batata e molho extra que comprou no carrinho. Ou mesmo por nenhuma razão, só para olhar a vida passar à sombra das árvores de uma praça. Mas nós ainda não levamos isso a sério: São Paulo tem poucos lugares para sentar.

Na avenida Paulista, o lugar que reúne gente de todos os tipos, a todas as horas, não só há poucos bancos, comohá grades que impedem até que as pessoas encostem.

 Foto: Estadão
No vão do Masp, não há nenhum banco. Mas vários degraus de uma arquibancada improvisada servem de assento para o pessoal na hora do almoço. Foto: Estadão

Nas praças, temos bancos, mas a maioria deles é desconfortável e não tem nem encosto. Existe até um grupo de voluntários que saem por aí com pregos e martelos para construir encostos em bancos desconfortáveis. Tem até uma comunidade na internet, onde as pessoas trocam inspirações sobre o ato de sentar no espaço público -  Bancos com encosto para Sampa.

Um exemplo de como as pessoas aproveitam a cidade é a Praça ao lado do Teatro Municipal. Aquelas fontes que estavam sujas e fechadas há anos foram limpas e já na semana seguinte à limpeza, era possível encontrar pessoas sentando nas muretas e aproveitando um pouco do brilho que a praça já teve no passado da cidade.

 Foto: Estadão

Estações são pontos de encontro naturais. Reconhecer isso e oferecer um mínimo de conforto poderia ser uma maneira do Metrô, CPTM e Secretaria de transportes prestarem um serviço melhor.

O metrô é um caso especial.Por um lado, temos estações limpas e multidões que se locomovem em alguma ordem. Por outro,  o dogma da eficiência não permite que as estações possam ter um mínimo de conforto, mesmo em lugares onde não há filas nem movimentos.

O Metrô ainda desestimula, numa campanha infeliz, que as pessoas sentem no chão. É possível entender a lógica dos engenheiros que pensam em fluxos de pessoas, mas é um fato que as estações de metrô funcionam como um porto seguro para aguardar um encontro. Nos saguões de qualquer estação, é possível ver gente que está à espera de amigos, de pé. Quer queira quer não, o metrô criou milhares de metros quadrados de espaços públicos na cidade e não seria tão difícil pensar em como melhorar esses espaços.

 Foto: Estadão

Os pontos de ônibus foram claramente feitos por pessoas que nunca tiveram que sentar ali e esperar.

 Foto: Estadão

Os bancos são desconfortáveis e acomodam poucas pessoas, apesar de ocuparem uma área razoável. O vidro em cima esquentava tanto que foi colocada uma placa para atenuar a luz do sol, e mesmo assim, o vidro atrás também causa desconforto e esquenta. Para piorar, o painel de publicidade muitas vezes chega a tapar a visão de quem espera o ônibus.

 Foto: Estadão

Mesas de bares, restaurantes e padarias.  As mesas nas calçadas são muito bem vindas; elas ajudam a criar um motivo para estar no espaço público e funcionam como um enorme indutor da presença em áreas abertas. É claro que há alguns lugares onde a calçada é estreita demais e há sempre alguns espertinhos que não deixam o 1,20 m para os pedestres. Além disso, infelizmente, mesas na calçada costumam vir acompanhadas de música alta, telas de TV e muitos decibéis, que atrapalham os moradores do entorno.É de se esperar que a fiscalização cuide desses casos e deixeos estabelecimentos comerciais responsáveis oferecerem mesas para que vejamos mais pessoas nas ruas.

Parklets. Os parklets são uma invenção relativamente nova e foram regulamentados há pouco mais de dois anos. Há desvios na conduta de alguns bares que servem clientes sentados ali, o que é proibido. Esse é um espaço público e serve como um respiro bem-vindo para quem está cansado.

Lojas. Algumas lojas começaram a colocar bancos em frente de suas vitrines. Em calçadas largas, essa é uma gentileza muito bem vinda.

 

Qualquer banquinho é bem vindo e estimula a permanência nas ruas.

Por fim, uma palavra sobre a arquitetura "anti-mendigo". Sim, a cidade tem pessoas que vivem nas ruas. Muitas dessas pessoas vão sentar nos bancos também. Mas nós temos tanto medo disso que criamos uma criativa e prolífica arquitetura "anti-mendigo".

Mas, vamos pensar juntos. Será que isso faz algum sentido?

Por causa do medo de que 17 mil pessoas ocupem os bancos, a cidade impede que 11 milhões tenham a possibilidade de sentar durante suas viagens, suas compras, num intervalo do trabalho?

Não faz sentido. Até do ponto de vista de segurança, parece óbvio que pessoas sentadas ficam mais tempo na rua e isso é o que torna as ruas não só mais seguras como também mais agradáveis: gente na rua, experimentando a cidade.

 

Fotos: Mauro Calliari

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