Espaços públicos, caminhadas e urbanidade.

Segura, bonita e sem carros, Paquetá é imperdível para quem gosta de andar a pé


Por Mauro Calliari
 

 

Paquetá é um bairro do Rio. Como tantos outros, tem ruas, gente, casas, coreto, correio, bancos, serviço de lixo.

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Só que Paquetá tem duas características muito especiais. A primeira é que fica numa ilha, no meio da baia da Guanabara. A segunda é que não é permitida a circulação de carros e motos.

 

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Ruas sem carros

 

O prazer de andar numa cidade sem carros mostra o quanto nosso dia a dia é condicionado por eles. Vivemos em meio ao trânsito, imersos no barulho de motores e de buzinas. E temos que olhar para todos os lados para ter certeza de não sermos atropelados, às vezes até na calçada. Em Paquetá, as pessoas andam com calma na rua, sem medo e sem pressa.

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Para chegar lá, são 50 minutos de barca a partir da Praça XV. O ar condicionado gelado da barca é um ritual de passagem entre o barulho e a energia do centro do Rio para outra realidade.

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Na chegada, a simpática praça anuncia o mundo sem carros. No Rio, taxis, carros e VLTs. Em Paquetá, bicitaxis, bicicletas e carrinhos elétricos. Nada de trânsito. Pedestres e bicicletas apenas. Paquetá é assim mesmo.

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Ando mais um pouquinho e constato que as ruas são iguaizinhas às de uma cidade 'normal', só que sem os carros. Tem até calçadas, o que é estranho, pois as pessoas andam, pedalam, conversam mesmo é na rua. Não há prédios e a maioria das casas ainda preserva o muro baixinho. Tenho o impulso quase incontrolável de cumprimentar todo mundo que encontro.

 

A ilha não é grande, menos de 3 km de ponta a ponta. Pode-se ir do Parque Darke de Matos ao Preventório, duas atrações em lados opostos, em meia hora. Mas o bom mesmo é ir com calma, aproveitando o silêncio, as casas de outra época, a solidez de árvores antigas.

 

 

Se andar de dia é bom, de noite, é melhor ainda. Aproveito a noite fresca para caminhar horas pelo  contorno da ilha com um tio que resolveu tomar coragem e morar por lá para experimentar a vida fora do Rio de Janeiro.

 

Bicicletas que raspam o saibro das ruas, o sussurrar das ondas fracas, algum movimento ao redor dos poucos bares abertos, um ou outro passarinho. No mais, só silêncio. E uma rara sensação de tranquilidade e segurança. Afinal, segundo um morador, um eventual ladrão iria ser pego na fila da barca no dia seguinte.

 

 

 

Famosos e anônimos na ilha

 

O chão da ilha já foi percorrido por gente de todos os tipos, desde os tempos coloniais.

 

Dom João VI chegou a Paquetá para fugir de uma tempestade e gostou tanto que passou a frequentar a ilha regulamente. José Bonifácio de Andrada e Silva cumpriu prisão domiciliar em sua linda casa de frente para o mar, depois de ser acusado de tramar para trazer D.Pedro I de volta ao Brasil.  O diretor da Globo Jorge Fernandes, que faleceu recentemente, teve uma casa na ilha.

 

Mas foi uma pessoa que não  existiu quem mais ajudou a moldar a toponínima local.

 

É a Moreninha, a protagonista do romance de 1844 de Joaquim Manuel de Macedo, que fez sucesso desde o lançamento. O livro não cita Paquetá nenhuma vez, mas alguém sugeriu que a ilha da história só poderia ser ela. E assim, criou-se a lenda e surgiu a maior atração do local, a pedra da Moreninha, na atual praia da Moreninha. A simpaticíssima pracinha em frente tem o nome do escritor. A novela da Globo, de mesmo nome, de 1970 trouxe ainda notoriedade extra para uma casinha do outro lado da ilha que serviu de cenário. Rosa e linda, a casa está lá hoje, olhando para a baía.

 

Ameaças

 

Há ameaças sobre esse paraíso.

 

Lugares maravilhosos atraem todo tipo de gente. No carnaval, blocos com milhares de pessoas tomam a barca em direção à ilha, quebrando o ritmo do silêncio e da familiaridade e trazendo os conflitos característicos quando a multidão invade qualquer lugar.

 

Os caminhões de entrega de mercadorias, de gás e do lixo quebram o silêncio, trazendo a cerveja dos turistas, o sofá dos moradores, o tijolo das novas residências. São poucos mas evocam o barulho e a insegurança que a ilha pode vir a experimentar se crescer muito além dos atuais 5 mil habitantes.

 

Outro risco parece ser a velocidade dos carrinhos elétricos, que substituíram as charretes em 2016, muito mais rápidos do que o que o ritmo de Paquetá sugeriria.

 

E ainda tem a poluição da baía, que foi até objeto de promessa de limpeza para os jogos Olímpicos do Rio, mas que ficou para trás. Dá para nadar? Sim, mas apenas em alguns dias e apenas em algumas praias.

De acordo com um aplicativo, no dia em que estive lá havia duas praias liberadas.  Experimentamos entrar na praia da Moreninha. A água estava boa, parece que há correntes que trazem água mais limpa do fundo da baía para a ilha. Espero que sim.

 

 

 

 

Fotos: Mauro Calliari

 

 

 

 

Paquetá é um bairro do Rio. Como tantos outros, tem ruas, gente, casas, coreto, correio, bancos, serviço de lixo.

 

Só que Paquetá tem duas características muito especiais. A primeira é que fica numa ilha, no meio da baia da Guanabara. A segunda é que não é permitida a circulação de carros e motos.

 

Ruas sem carros

 

O prazer de andar numa cidade sem carros mostra o quanto nosso dia a dia é condicionado por eles. Vivemos em meio ao trânsito, imersos no barulho de motores e de buzinas. E temos que olhar para todos os lados para ter certeza de não sermos atropelados, às vezes até na calçada. Em Paquetá, as pessoas andam com calma na rua, sem medo e sem pressa.

 

 

Para chegar lá, são 50 minutos de barca a partir da Praça XV. O ar condicionado gelado da barca é um ritual de passagem entre o barulho e a energia do centro do Rio para outra realidade.

 

 

Na chegada, a simpática praça anuncia o mundo sem carros. No Rio, taxis, carros e VLTs. Em Paquetá, bicitaxis, bicicletas e carrinhos elétricos. Nada de trânsito. Pedestres e bicicletas apenas. Paquetá é assim mesmo.

 

 

 

Ando mais um pouquinho e constato que as ruas são iguaizinhas às de uma cidade 'normal', só que sem os carros. Tem até calçadas, o que é estranho, pois as pessoas andam, pedalam, conversam mesmo é na rua. Não há prédios e a maioria das casas ainda preserva o muro baixinho. Tenho o impulso quase incontrolável de cumprimentar todo mundo que encontro.

 

A ilha não é grande, menos de 3 km de ponta a ponta. Pode-se ir do Parque Darke de Matos ao Preventório, duas atrações em lados opostos, em meia hora. Mas o bom mesmo é ir com calma, aproveitando o silêncio, as casas de outra época, a solidez de árvores antigas.

 

 

Se andar de dia é bom, de noite, é melhor ainda. Aproveito a noite fresca para caminhar horas pelo  contorno da ilha com um tio que resolveu tomar coragem e morar por lá para experimentar a vida fora do Rio de Janeiro.

 

Bicicletas que raspam o saibro das ruas, o sussurrar das ondas fracas, algum movimento ao redor dos poucos bares abertos, um ou outro passarinho. No mais, só silêncio. E uma rara sensação de tranquilidade e segurança. Afinal, segundo um morador, um eventual ladrão iria ser pego na fila da barca no dia seguinte.

 

 

 

Famosos e anônimos na ilha

 

O chão da ilha já foi percorrido por gente de todos os tipos, desde os tempos coloniais.

 

Dom João VI chegou a Paquetá para fugir de uma tempestade e gostou tanto que passou a frequentar a ilha regulamente. José Bonifácio de Andrada e Silva cumpriu prisão domiciliar em sua linda casa de frente para o mar, depois de ser acusado de tramar para trazer D.Pedro I de volta ao Brasil.  O diretor da Globo Jorge Fernandes, que faleceu recentemente, teve uma casa na ilha.

 

Mas foi uma pessoa que não  existiu quem mais ajudou a moldar a toponínima local.

 

É a Moreninha, a protagonista do romance de 1844 de Joaquim Manuel de Macedo, que fez sucesso desde o lançamento. O livro não cita Paquetá nenhuma vez, mas alguém sugeriu que a ilha da história só poderia ser ela. E assim, criou-se a lenda e surgiu a maior atração do local, a pedra da Moreninha, na atual praia da Moreninha. A simpaticíssima pracinha em frente tem o nome do escritor. A novela da Globo, de mesmo nome, de 1970 trouxe ainda notoriedade extra para uma casinha do outro lado da ilha que serviu de cenário. Rosa e linda, a casa está lá hoje, olhando para a baía.

 

Ameaças

 

Há ameaças sobre esse paraíso.

 

Lugares maravilhosos atraem todo tipo de gente. No carnaval, blocos com milhares de pessoas tomam a barca em direção à ilha, quebrando o ritmo do silêncio e da familiaridade e trazendo os conflitos característicos quando a multidão invade qualquer lugar.

 

Os caminhões de entrega de mercadorias, de gás e do lixo quebram o silêncio, trazendo a cerveja dos turistas, o sofá dos moradores, o tijolo das novas residências. São poucos mas evocam o barulho e a insegurança que a ilha pode vir a experimentar se crescer muito além dos atuais 5 mil habitantes.

 

Outro risco parece ser a velocidade dos carrinhos elétricos, que substituíram as charretes em 2016, muito mais rápidos do que o que o ritmo de Paquetá sugeriria.

 

E ainda tem a poluição da baía, que foi até objeto de promessa de limpeza para os jogos Olímpicos do Rio, mas que ficou para trás. Dá para nadar? Sim, mas apenas em alguns dias e apenas em algumas praias.

De acordo com um aplicativo, no dia em que estive lá havia duas praias liberadas.  Experimentamos entrar na praia da Moreninha. A água estava boa, parece que há correntes que trazem água mais limpa do fundo da baía para a ilha. Espero que sim.

 

 

 

 

Fotos: Mauro Calliari

 

 

 

 

Paquetá é um bairro do Rio. Como tantos outros, tem ruas, gente, casas, coreto, correio, bancos, serviço de lixo.

 

Só que Paquetá tem duas características muito especiais. A primeira é que fica numa ilha, no meio da baia da Guanabara. A segunda é que não é permitida a circulação de carros e motos.

 

Ruas sem carros

 

O prazer de andar numa cidade sem carros mostra o quanto nosso dia a dia é condicionado por eles. Vivemos em meio ao trânsito, imersos no barulho de motores e de buzinas. E temos que olhar para todos os lados para ter certeza de não sermos atropelados, às vezes até na calçada. Em Paquetá, as pessoas andam com calma na rua, sem medo e sem pressa.

 

 

Para chegar lá, são 50 minutos de barca a partir da Praça XV. O ar condicionado gelado da barca é um ritual de passagem entre o barulho e a energia do centro do Rio para outra realidade.

 

 

Na chegada, a simpática praça anuncia o mundo sem carros. No Rio, taxis, carros e VLTs. Em Paquetá, bicitaxis, bicicletas e carrinhos elétricos. Nada de trânsito. Pedestres e bicicletas apenas. Paquetá é assim mesmo.

 

 

 

Ando mais um pouquinho e constato que as ruas são iguaizinhas às de uma cidade 'normal', só que sem os carros. Tem até calçadas, o que é estranho, pois as pessoas andam, pedalam, conversam mesmo é na rua. Não há prédios e a maioria das casas ainda preserva o muro baixinho. Tenho o impulso quase incontrolável de cumprimentar todo mundo que encontro.

 

A ilha não é grande, menos de 3 km de ponta a ponta. Pode-se ir do Parque Darke de Matos ao Preventório, duas atrações em lados opostos, em meia hora. Mas o bom mesmo é ir com calma, aproveitando o silêncio, as casas de outra época, a solidez de árvores antigas.

 

 

Se andar de dia é bom, de noite, é melhor ainda. Aproveito a noite fresca para caminhar horas pelo  contorno da ilha com um tio que resolveu tomar coragem e morar por lá para experimentar a vida fora do Rio de Janeiro.

 

Bicicletas que raspam o saibro das ruas, o sussurrar das ondas fracas, algum movimento ao redor dos poucos bares abertos, um ou outro passarinho. No mais, só silêncio. E uma rara sensação de tranquilidade e segurança. Afinal, segundo um morador, um eventual ladrão iria ser pego na fila da barca no dia seguinte.

 

 

 

Famosos e anônimos na ilha

 

O chão da ilha já foi percorrido por gente de todos os tipos, desde os tempos coloniais.

 

Dom João VI chegou a Paquetá para fugir de uma tempestade e gostou tanto que passou a frequentar a ilha regulamente. José Bonifácio de Andrada e Silva cumpriu prisão domiciliar em sua linda casa de frente para o mar, depois de ser acusado de tramar para trazer D.Pedro I de volta ao Brasil.  O diretor da Globo Jorge Fernandes, que faleceu recentemente, teve uma casa na ilha.

 

Mas foi uma pessoa que não  existiu quem mais ajudou a moldar a toponínima local.

 

É a Moreninha, a protagonista do romance de 1844 de Joaquim Manuel de Macedo, que fez sucesso desde o lançamento. O livro não cita Paquetá nenhuma vez, mas alguém sugeriu que a ilha da história só poderia ser ela. E assim, criou-se a lenda e surgiu a maior atração do local, a pedra da Moreninha, na atual praia da Moreninha. A simpaticíssima pracinha em frente tem o nome do escritor. A novela da Globo, de mesmo nome, de 1970 trouxe ainda notoriedade extra para uma casinha do outro lado da ilha que serviu de cenário. Rosa e linda, a casa está lá hoje, olhando para a baía.

 

Ameaças

 

Há ameaças sobre esse paraíso.

 

Lugares maravilhosos atraem todo tipo de gente. No carnaval, blocos com milhares de pessoas tomam a barca em direção à ilha, quebrando o ritmo do silêncio e da familiaridade e trazendo os conflitos característicos quando a multidão invade qualquer lugar.

 

Os caminhões de entrega de mercadorias, de gás e do lixo quebram o silêncio, trazendo a cerveja dos turistas, o sofá dos moradores, o tijolo das novas residências. São poucos mas evocam o barulho e a insegurança que a ilha pode vir a experimentar se crescer muito além dos atuais 5 mil habitantes.

 

Outro risco parece ser a velocidade dos carrinhos elétricos, que substituíram as charretes em 2016, muito mais rápidos do que o que o ritmo de Paquetá sugeriria.

 

E ainda tem a poluição da baía, que foi até objeto de promessa de limpeza para os jogos Olímpicos do Rio, mas que ficou para trás. Dá para nadar? Sim, mas apenas em alguns dias e apenas em algumas praias.

De acordo com um aplicativo, no dia em que estive lá havia duas praias liberadas.  Experimentamos entrar na praia da Moreninha. A água estava boa, parece que há correntes que trazem água mais limpa do fundo da baía para a ilha. Espero que sim.

 

 

 

 

Fotos: Mauro Calliari

 

 

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