Campinas investiga surtos de covid-19 em idosos de cinco asilos


Hospitalizações entre vacinados reforça debate sobre aplicação de 3ª dose; casos não demonstram ineficácia dos imunizantes, mas necessidade de controlar transmissão diante dos riscos para os mais vulneráveis

Por José Maria Tomazela

A prefeitura de Campinas, no interior paulista, investiga surtos de covid-19 em cinco lares de longa permanência para idosos. Mesmo com todo seu público vacinado, esses espaços estão voltando a registrar casos e mortes pelo coronavírus no interior do Estado. O registro de infecções e mortes entre imunizados, como foi o caso do ator Tarcísio Meira, tem reforçado o debate sobre a aplicação da 3ª dose em grupo mais vulneráveis, como os mais velhos. Nesta quarta-feira, 18, o Ministério da Saúde afirmou avaliar aplicar uma injeção extra e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já recomendou que se avalie a medida. 

Segundo especialistas, as vacinas disponíveis contra a covid-19 reduzem significativamente, mas não zeram a possibilidade de casos graves e de mortes pela doença. Isso também mostra a necessidade de manter as medidas sanitárias - como uso de máscara e distanciamento social - para conter a transmissão.

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Desde abril, foram ao menos 277 infecções e 33 óbitos em 13 unidades de oito cidades paulistas, conforme apurou a reportagem. Os surtos mais recentes e com maior número de pessoas infectadas aconteceram em Campinas. O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), da Secretaria Municipal de Saúde, investiga ocorrências em cinco unidades que abrigam pessoas idosas, três delas de uma mesma instituição. No total, 113 pessoas se infectaram (88 residentes e 25 funcionários) e 14 idosos morreram. Eles estavam vacinados. 

Idosos recebem a vacina contra a covid-19 na Igreja de Sao Judas Tadeu Foto: Taba Benedicto/Estadão

Os casos começaram a aparecer em junho, mas as mortes aconteceram entre julho e agosto. Segundo a diretora do Devisa, Andrea von Zuben, ainda não foi possível saber se as infecções decorrem de variantes que já circulam na região, como a Delta. Originalmente identificada na Índia, essa nova cepa do coronavírus é mais transmissível. "O que temos como praticamente certo é que houve quebra de barreiras de proteção, possibilitando a entrada do vírus", disse.

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Segundo as apurações iniciais, é provável que funcionários com sintomas gripais tenham ido trabalhar, o que não deveria ter acontecido. "Estamos trabalhando na correção do que a gente avaliou como não coerente. Isolamos os idosos e os suspeitos, fizemos a testagem, e reforçamos as medidas sanitárias, como uso de máscara e álcool gel em todos os ambientes." Conforme a gestora, as visitas estavam suspensas quando o surto começou.

Especialista em saúde pública, Andrea afirma que a vacina certamente contribuiu para evitar uma situação ainda mais grave. "Sabemos que a vacina não impede uma infecção, mas reduz sua gravidade. No caso dos óbitos, são idosos com mais de 80 anos que tinham várias outras patologias que a covid-19 agravou. Não podemos, com isso, reduzir a importância da vacina", disse.

Nesta quarta-feira, 12 residentes de uma unidade foram internados com covid-19 no Hospital de Campanha de Ourinhos. O espaço atende 60 idosos e todos já receberam as duas doses da vacina. Conforme a prefeitura, os pacientes não estão em estado grave, mas foram internados para evitar que passem a doença para outros internos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum funcionário apresentou a doença. A suspeita é de que a contaminação tenha acontecido quando pessoas externas trabalhavam na reforma da fachada do lar.

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Também nesta quarta, foi confirmado um surto de covid-19 no Lar São Vicente de Paulo, em Votuporanga. Conforme a administração, 32 idosos e 17 funcionários testaram positivo, mas a maioria dos pacientes está assintomática, o que é atribuído à vacinação. Outros 12 idosos com testes negativos estão em ala separada. O espaço iniciou contratações de emergência para substituir os servidores que foram colocados em quarentena.

Mortes

Em Piracicaba, uma residente do Lar dos Velhinhos morreu em junho após contrair covid-19. A idosa de 80 anos havia recebido as duas doses da vacina. De acordo com o presidente Ivens Santiago Marcondes, esse foi o único óbito pelo coronavírus confirmado este ano, enquanto no ano passado foram registradas 30 mortes, a última delas em agosto. "Adotamos restrições bem rigorosas às visitas e reforçamos os protocolos sanitários", disse. Os 584 residentes e funcionários foram vacinados. 

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Em Americana, um surto de covid-19 irrompeu no final de maio na instituição Residencial Benaiah. No total, 22 idosos e duas funcionárias contraíram a doença. Uma paciente de 98 anos não resistiu. Outros quatro residentes foram internados, mas já deixaram o hospital. As duas servidoras tiveram apenas sintomas leves.

Na Vila Vicentina, em Bauru, um surto iniciado em maio contaminou 23 residentes e causou seis mortes. De acordo com a gerente Renata Mancini, os idosos que foram a óbito tinham diversas comorbidades e foram levados para o sistema de saúde logo no início dos sintomas. Os demais pacientes já se recuperaram. "Os 48 residentes na época tinham acabado de receber a segunda dose. Os 67 funcionários também tinham sido vacinados", disse.

Terceira dose

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Segundo o infectologista Carlos Magno Fortaleza, docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é muito provável que os idosos precisem receber uma terceira dose da vacina contra a covid. "Estudos estão sendo feitos nessa direção, mas ainda não se sabe se uma terceira dose vai melhorar a eficácia da imunização", disse. Ele lembrou que todas as vacinas, não só contra a covid-19, têm menor efetividade em idosos devido à imunossenescência - envelhecimento do sistema imunológico.

Em alguns países, segundo o especialista, está sendo aplicada a terceira dose em idosos, embora ainda sem base científica. "Nos Estados Unidos, fazem a dose extra para pessoas que têm a imunidade deteriorada pela medicação, como os transplantados." O país também anunciou que sua população idosa será revacinada a partir de setembro deste ano.

Israel, Chile e Uruguai são outros que já adotam a estratégia. A Organização Mundial da Saúde, no entanto, é contrária a essa escolha. Fortaleza acredita que o fato de os idosos terem sido vacinados há mais tempo também precisa ser levado em conta. "O que é certo é que não podemos baixar a guarda em relação às medidas preventivas, ainda mais com a variante Delta nos rondando", disse.

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Idosos internados

Pesquisa realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) apurou que 60% dos pacientes internados em leitos de UTI de hospitais particulares têm mais de 70 anos. Em leitos clínicos, essa faixa etária também predomina, com 52% das internações. O levantamento, divulgado nesta quarta, foi feito no período de 12 a 17 de agosto em 60 hospitais privados da capital e do interior.

Para o médico Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp, a volta dos idosos aos hospitais é preocupante e pode estar relacionada à queda da imunidade devido ao tempo decorrido da vacinação. "É importante avaliar a necessidade de uma terceira dose de reforço das vacinas atualmente disponíveis", disse. O médico observa ainda que os idosos imunizados podem ter voltado à vida normal sem os devidos cuidados, como uso de máscara, lavagem de mãos e isolamento social.

A prefeitura de Campinas, no interior paulista, investiga surtos de covid-19 em cinco lares de longa permanência para idosos. Mesmo com todo seu público vacinado, esses espaços estão voltando a registrar casos e mortes pelo coronavírus no interior do Estado. O registro de infecções e mortes entre imunizados, como foi o caso do ator Tarcísio Meira, tem reforçado o debate sobre a aplicação da 3ª dose em grupo mais vulneráveis, como os mais velhos. Nesta quarta-feira, 18, o Ministério da Saúde afirmou avaliar aplicar uma injeção extra e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já recomendou que se avalie a medida. 

Segundo especialistas, as vacinas disponíveis contra a covid-19 reduzem significativamente, mas não zeram a possibilidade de casos graves e de mortes pela doença. Isso também mostra a necessidade de manter as medidas sanitárias - como uso de máscara e distanciamento social - para conter a transmissão.

Desde abril, foram ao menos 277 infecções e 33 óbitos em 13 unidades de oito cidades paulistas, conforme apurou a reportagem. Os surtos mais recentes e com maior número de pessoas infectadas aconteceram em Campinas. O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), da Secretaria Municipal de Saúde, investiga ocorrências em cinco unidades que abrigam pessoas idosas, três delas de uma mesma instituição. No total, 113 pessoas se infectaram (88 residentes e 25 funcionários) e 14 idosos morreram. Eles estavam vacinados. 

Idosos recebem a vacina contra a covid-19 na Igreja de Sao Judas Tadeu Foto: Taba Benedicto/Estadão

Os casos começaram a aparecer em junho, mas as mortes aconteceram entre julho e agosto. Segundo a diretora do Devisa, Andrea von Zuben, ainda não foi possível saber se as infecções decorrem de variantes que já circulam na região, como a Delta. Originalmente identificada na Índia, essa nova cepa do coronavírus é mais transmissível. "O que temos como praticamente certo é que houve quebra de barreiras de proteção, possibilitando a entrada do vírus", disse.

Segundo as apurações iniciais, é provável que funcionários com sintomas gripais tenham ido trabalhar, o que não deveria ter acontecido. "Estamos trabalhando na correção do que a gente avaliou como não coerente. Isolamos os idosos e os suspeitos, fizemos a testagem, e reforçamos as medidas sanitárias, como uso de máscara e álcool gel em todos os ambientes." Conforme a gestora, as visitas estavam suspensas quando o surto começou.

Especialista em saúde pública, Andrea afirma que a vacina certamente contribuiu para evitar uma situação ainda mais grave. "Sabemos que a vacina não impede uma infecção, mas reduz sua gravidade. No caso dos óbitos, são idosos com mais de 80 anos que tinham várias outras patologias que a covid-19 agravou. Não podemos, com isso, reduzir a importância da vacina", disse.

Nesta quarta-feira, 12 residentes de uma unidade foram internados com covid-19 no Hospital de Campanha de Ourinhos. O espaço atende 60 idosos e todos já receberam as duas doses da vacina. Conforme a prefeitura, os pacientes não estão em estado grave, mas foram internados para evitar que passem a doença para outros internos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum funcionário apresentou a doença. A suspeita é de que a contaminação tenha acontecido quando pessoas externas trabalhavam na reforma da fachada do lar.

Também nesta quarta, foi confirmado um surto de covid-19 no Lar São Vicente de Paulo, em Votuporanga. Conforme a administração, 32 idosos e 17 funcionários testaram positivo, mas a maioria dos pacientes está assintomática, o que é atribuído à vacinação. Outros 12 idosos com testes negativos estão em ala separada. O espaço iniciou contratações de emergência para substituir os servidores que foram colocados em quarentena.

Mortes

Em Piracicaba, uma residente do Lar dos Velhinhos morreu em junho após contrair covid-19. A idosa de 80 anos havia recebido as duas doses da vacina. De acordo com o presidente Ivens Santiago Marcondes, esse foi o único óbito pelo coronavírus confirmado este ano, enquanto no ano passado foram registradas 30 mortes, a última delas em agosto. "Adotamos restrições bem rigorosas às visitas e reforçamos os protocolos sanitários", disse. Os 584 residentes e funcionários foram vacinados. 

Em Americana, um surto de covid-19 irrompeu no final de maio na instituição Residencial Benaiah. No total, 22 idosos e duas funcionárias contraíram a doença. Uma paciente de 98 anos não resistiu. Outros quatro residentes foram internados, mas já deixaram o hospital. As duas servidoras tiveram apenas sintomas leves.

Na Vila Vicentina, em Bauru, um surto iniciado em maio contaminou 23 residentes e causou seis mortes. De acordo com a gerente Renata Mancini, os idosos que foram a óbito tinham diversas comorbidades e foram levados para o sistema de saúde logo no início dos sintomas. Os demais pacientes já se recuperaram. "Os 48 residentes na época tinham acabado de receber a segunda dose. Os 67 funcionários também tinham sido vacinados", disse.

Terceira dose

Segundo o infectologista Carlos Magno Fortaleza, docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é muito provável que os idosos precisem receber uma terceira dose da vacina contra a covid. "Estudos estão sendo feitos nessa direção, mas ainda não se sabe se uma terceira dose vai melhorar a eficácia da imunização", disse. Ele lembrou que todas as vacinas, não só contra a covid-19, têm menor efetividade em idosos devido à imunossenescência - envelhecimento do sistema imunológico.

Em alguns países, segundo o especialista, está sendo aplicada a terceira dose em idosos, embora ainda sem base científica. "Nos Estados Unidos, fazem a dose extra para pessoas que têm a imunidade deteriorada pela medicação, como os transplantados." O país também anunciou que sua população idosa será revacinada a partir de setembro deste ano.

Israel, Chile e Uruguai são outros que já adotam a estratégia. A Organização Mundial da Saúde, no entanto, é contrária a essa escolha. Fortaleza acredita que o fato de os idosos terem sido vacinados há mais tempo também precisa ser levado em conta. "O que é certo é que não podemos baixar a guarda em relação às medidas preventivas, ainda mais com a variante Delta nos rondando", disse.

Idosos internados

Pesquisa realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) apurou que 60% dos pacientes internados em leitos de UTI de hospitais particulares têm mais de 70 anos. Em leitos clínicos, essa faixa etária também predomina, com 52% das internações. O levantamento, divulgado nesta quarta, foi feito no período de 12 a 17 de agosto em 60 hospitais privados da capital e do interior.

Para o médico Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp, a volta dos idosos aos hospitais é preocupante e pode estar relacionada à queda da imunidade devido ao tempo decorrido da vacinação. "É importante avaliar a necessidade de uma terceira dose de reforço das vacinas atualmente disponíveis", disse. O médico observa ainda que os idosos imunizados podem ter voltado à vida normal sem os devidos cuidados, como uso de máscara, lavagem de mãos e isolamento social.

A prefeitura de Campinas, no interior paulista, investiga surtos de covid-19 em cinco lares de longa permanência para idosos. Mesmo com todo seu público vacinado, esses espaços estão voltando a registrar casos e mortes pelo coronavírus no interior do Estado. O registro de infecções e mortes entre imunizados, como foi o caso do ator Tarcísio Meira, tem reforçado o debate sobre a aplicação da 3ª dose em grupo mais vulneráveis, como os mais velhos. Nesta quarta-feira, 18, o Ministério da Saúde afirmou avaliar aplicar uma injeção extra e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já recomendou que se avalie a medida. 

Segundo especialistas, as vacinas disponíveis contra a covid-19 reduzem significativamente, mas não zeram a possibilidade de casos graves e de mortes pela doença. Isso também mostra a necessidade de manter as medidas sanitárias - como uso de máscara e distanciamento social - para conter a transmissão.

Desde abril, foram ao menos 277 infecções e 33 óbitos em 13 unidades de oito cidades paulistas, conforme apurou a reportagem. Os surtos mais recentes e com maior número de pessoas infectadas aconteceram em Campinas. O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), da Secretaria Municipal de Saúde, investiga ocorrências em cinco unidades que abrigam pessoas idosas, três delas de uma mesma instituição. No total, 113 pessoas se infectaram (88 residentes e 25 funcionários) e 14 idosos morreram. Eles estavam vacinados. 

Idosos recebem a vacina contra a covid-19 na Igreja de Sao Judas Tadeu Foto: Taba Benedicto/Estadão

Os casos começaram a aparecer em junho, mas as mortes aconteceram entre julho e agosto. Segundo a diretora do Devisa, Andrea von Zuben, ainda não foi possível saber se as infecções decorrem de variantes que já circulam na região, como a Delta. Originalmente identificada na Índia, essa nova cepa do coronavírus é mais transmissível. "O que temos como praticamente certo é que houve quebra de barreiras de proteção, possibilitando a entrada do vírus", disse.

Segundo as apurações iniciais, é provável que funcionários com sintomas gripais tenham ido trabalhar, o que não deveria ter acontecido. "Estamos trabalhando na correção do que a gente avaliou como não coerente. Isolamos os idosos e os suspeitos, fizemos a testagem, e reforçamos as medidas sanitárias, como uso de máscara e álcool gel em todos os ambientes." Conforme a gestora, as visitas estavam suspensas quando o surto começou.

Especialista em saúde pública, Andrea afirma que a vacina certamente contribuiu para evitar uma situação ainda mais grave. "Sabemos que a vacina não impede uma infecção, mas reduz sua gravidade. No caso dos óbitos, são idosos com mais de 80 anos que tinham várias outras patologias que a covid-19 agravou. Não podemos, com isso, reduzir a importância da vacina", disse.

Nesta quarta-feira, 12 residentes de uma unidade foram internados com covid-19 no Hospital de Campanha de Ourinhos. O espaço atende 60 idosos e todos já receberam as duas doses da vacina. Conforme a prefeitura, os pacientes não estão em estado grave, mas foram internados para evitar que passem a doença para outros internos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum funcionário apresentou a doença. A suspeita é de que a contaminação tenha acontecido quando pessoas externas trabalhavam na reforma da fachada do lar.

Também nesta quarta, foi confirmado um surto de covid-19 no Lar São Vicente de Paulo, em Votuporanga. Conforme a administração, 32 idosos e 17 funcionários testaram positivo, mas a maioria dos pacientes está assintomática, o que é atribuído à vacinação. Outros 12 idosos com testes negativos estão em ala separada. O espaço iniciou contratações de emergência para substituir os servidores que foram colocados em quarentena.

Mortes

Em Piracicaba, uma residente do Lar dos Velhinhos morreu em junho após contrair covid-19. A idosa de 80 anos havia recebido as duas doses da vacina. De acordo com o presidente Ivens Santiago Marcondes, esse foi o único óbito pelo coronavírus confirmado este ano, enquanto no ano passado foram registradas 30 mortes, a última delas em agosto. "Adotamos restrições bem rigorosas às visitas e reforçamos os protocolos sanitários", disse. Os 584 residentes e funcionários foram vacinados. 

Em Americana, um surto de covid-19 irrompeu no final de maio na instituição Residencial Benaiah. No total, 22 idosos e duas funcionárias contraíram a doença. Uma paciente de 98 anos não resistiu. Outros quatro residentes foram internados, mas já deixaram o hospital. As duas servidoras tiveram apenas sintomas leves.

Na Vila Vicentina, em Bauru, um surto iniciado em maio contaminou 23 residentes e causou seis mortes. De acordo com a gerente Renata Mancini, os idosos que foram a óbito tinham diversas comorbidades e foram levados para o sistema de saúde logo no início dos sintomas. Os demais pacientes já se recuperaram. "Os 48 residentes na época tinham acabado de receber a segunda dose. Os 67 funcionários também tinham sido vacinados", disse.

Terceira dose

Segundo o infectologista Carlos Magno Fortaleza, docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é muito provável que os idosos precisem receber uma terceira dose da vacina contra a covid. "Estudos estão sendo feitos nessa direção, mas ainda não se sabe se uma terceira dose vai melhorar a eficácia da imunização", disse. Ele lembrou que todas as vacinas, não só contra a covid-19, têm menor efetividade em idosos devido à imunossenescência - envelhecimento do sistema imunológico.

Em alguns países, segundo o especialista, está sendo aplicada a terceira dose em idosos, embora ainda sem base científica. "Nos Estados Unidos, fazem a dose extra para pessoas que têm a imunidade deteriorada pela medicação, como os transplantados." O país também anunciou que sua população idosa será revacinada a partir de setembro deste ano.

Israel, Chile e Uruguai são outros que já adotam a estratégia. A Organização Mundial da Saúde, no entanto, é contrária a essa escolha. Fortaleza acredita que o fato de os idosos terem sido vacinados há mais tempo também precisa ser levado em conta. "O que é certo é que não podemos baixar a guarda em relação às medidas preventivas, ainda mais com a variante Delta nos rondando", disse.

Idosos internados

Pesquisa realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) apurou que 60% dos pacientes internados em leitos de UTI de hospitais particulares têm mais de 70 anos. Em leitos clínicos, essa faixa etária também predomina, com 52% das internações. O levantamento, divulgado nesta quarta, foi feito no período de 12 a 17 de agosto em 60 hospitais privados da capital e do interior.

Para o médico Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp, a volta dos idosos aos hospitais é preocupante e pode estar relacionada à queda da imunidade devido ao tempo decorrido da vacinação. "É importante avaliar a necessidade de uma terceira dose de reforço das vacinas atualmente disponíveis", disse. O médico observa ainda que os idosos imunizados podem ter voltado à vida normal sem os devidos cuidados, como uso de máscara, lavagem de mãos e isolamento social.

A prefeitura de Campinas, no interior paulista, investiga surtos de covid-19 em cinco lares de longa permanência para idosos. Mesmo com todo seu público vacinado, esses espaços estão voltando a registrar casos e mortes pelo coronavírus no interior do Estado. O registro de infecções e mortes entre imunizados, como foi o caso do ator Tarcísio Meira, tem reforçado o debate sobre a aplicação da 3ª dose em grupo mais vulneráveis, como os mais velhos. Nesta quarta-feira, 18, o Ministério da Saúde afirmou avaliar aplicar uma injeção extra e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já recomendou que se avalie a medida. 

Segundo especialistas, as vacinas disponíveis contra a covid-19 reduzem significativamente, mas não zeram a possibilidade de casos graves e de mortes pela doença. Isso também mostra a necessidade de manter as medidas sanitárias - como uso de máscara e distanciamento social - para conter a transmissão.

Desde abril, foram ao menos 277 infecções e 33 óbitos em 13 unidades de oito cidades paulistas, conforme apurou a reportagem. Os surtos mais recentes e com maior número de pessoas infectadas aconteceram em Campinas. O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), da Secretaria Municipal de Saúde, investiga ocorrências em cinco unidades que abrigam pessoas idosas, três delas de uma mesma instituição. No total, 113 pessoas se infectaram (88 residentes e 25 funcionários) e 14 idosos morreram. Eles estavam vacinados. 

Idosos recebem a vacina contra a covid-19 na Igreja de Sao Judas Tadeu Foto: Taba Benedicto/Estadão

Os casos começaram a aparecer em junho, mas as mortes aconteceram entre julho e agosto. Segundo a diretora do Devisa, Andrea von Zuben, ainda não foi possível saber se as infecções decorrem de variantes que já circulam na região, como a Delta. Originalmente identificada na Índia, essa nova cepa do coronavírus é mais transmissível. "O que temos como praticamente certo é que houve quebra de barreiras de proteção, possibilitando a entrada do vírus", disse.

Segundo as apurações iniciais, é provável que funcionários com sintomas gripais tenham ido trabalhar, o que não deveria ter acontecido. "Estamos trabalhando na correção do que a gente avaliou como não coerente. Isolamos os idosos e os suspeitos, fizemos a testagem, e reforçamos as medidas sanitárias, como uso de máscara e álcool gel em todos os ambientes." Conforme a gestora, as visitas estavam suspensas quando o surto começou.

Especialista em saúde pública, Andrea afirma que a vacina certamente contribuiu para evitar uma situação ainda mais grave. "Sabemos que a vacina não impede uma infecção, mas reduz sua gravidade. No caso dos óbitos, são idosos com mais de 80 anos que tinham várias outras patologias que a covid-19 agravou. Não podemos, com isso, reduzir a importância da vacina", disse.

Nesta quarta-feira, 12 residentes de uma unidade foram internados com covid-19 no Hospital de Campanha de Ourinhos. O espaço atende 60 idosos e todos já receberam as duas doses da vacina. Conforme a prefeitura, os pacientes não estão em estado grave, mas foram internados para evitar que passem a doença para outros internos. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum funcionário apresentou a doença. A suspeita é de que a contaminação tenha acontecido quando pessoas externas trabalhavam na reforma da fachada do lar.

Também nesta quarta, foi confirmado um surto de covid-19 no Lar São Vicente de Paulo, em Votuporanga. Conforme a administração, 32 idosos e 17 funcionários testaram positivo, mas a maioria dos pacientes está assintomática, o que é atribuído à vacinação. Outros 12 idosos com testes negativos estão em ala separada. O espaço iniciou contratações de emergência para substituir os servidores que foram colocados em quarentena.

Mortes

Em Piracicaba, uma residente do Lar dos Velhinhos morreu em junho após contrair covid-19. A idosa de 80 anos havia recebido as duas doses da vacina. De acordo com o presidente Ivens Santiago Marcondes, esse foi o único óbito pelo coronavírus confirmado este ano, enquanto no ano passado foram registradas 30 mortes, a última delas em agosto. "Adotamos restrições bem rigorosas às visitas e reforçamos os protocolos sanitários", disse. Os 584 residentes e funcionários foram vacinados. 

Em Americana, um surto de covid-19 irrompeu no final de maio na instituição Residencial Benaiah. No total, 22 idosos e duas funcionárias contraíram a doença. Uma paciente de 98 anos não resistiu. Outros quatro residentes foram internados, mas já deixaram o hospital. As duas servidoras tiveram apenas sintomas leves.

Na Vila Vicentina, em Bauru, um surto iniciado em maio contaminou 23 residentes e causou seis mortes. De acordo com a gerente Renata Mancini, os idosos que foram a óbito tinham diversas comorbidades e foram levados para o sistema de saúde logo no início dos sintomas. Os demais pacientes já se recuperaram. "Os 48 residentes na época tinham acabado de receber a segunda dose. Os 67 funcionários também tinham sido vacinados", disse.

Terceira dose

Segundo o infectologista Carlos Magno Fortaleza, docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é muito provável que os idosos precisem receber uma terceira dose da vacina contra a covid. "Estudos estão sendo feitos nessa direção, mas ainda não se sabe se uma terceira dose vai melhorar a eficácia da imunização", disse. Ele lembrou que todas as vacinas, não só contra a covid-19, têm menor efetividade em idosos devido à imunossenescência - envelhecimento do sistema imunológico.

Em alguns países, segundo o especialista, está sendo aplicada a terceira dose em idosos, embora ainda sem base científica. "Nos Estados Unidos, fazem a dose extra para pessoas que têm a imunidade deteriorada pela medicação, como os transplantados." O país também anunciou que sua população idosa será revacinada a partir de setembro deste ano.

Israel, Chile e Uruguai são outros que já adotam a estratégia. A Organização Mundial da Saúde, no entanto, é contrária a essa escolha. Fortaleza acredita que o fato de os idosos terem sido vacinados há mais tempo também precisa ser levado em conta. "O que é certo é que não podemos baixar a guarda em relação às medidas preventivas, ainda mais com a variante Delta nos rondando", disse.

Idosos internados

Pesquisa realizada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) apurou que 60% dos pacientes internados em leitos de UTI de hospitais particulares têm mais de 70 anos. Em leitos clínicos, essa faixa etária também predomina, com 52% das internações. O levantamento, divulgado nesta quarta, foi feito no período de 12 a 17 de agosto em 60 hospitais privados da capital e do interior.

Para o médico Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp, a volta dos idosos aos hospitais é preocupante e pode estar relacionada à queda da imunidade devido ao tempo decorrido da vacinação. "É importante avaliar a necessidade de uma terceira dose de reforço das vacinas atualmente disponíveis", disse. O médico observa ainda que os idosos imunizados podem ter voltado à vida normal sem os devidos cuidados, como uso de máscara, lavagem de mãos e isolamento social.

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