Caos em Congonhas: passageiros enfrentam filas e longa espera após cancelamento de voos


Problema começou na tarde de quinta-feira e se agravou ao longo desta sexta-feira por causa das fortes chuvas; companhias aéreas alegam que situação não está sob o controle delas

Por Isabela Moya e Caio Possati
Atualização:

O cancelamento de quase 40 voos levou o caos ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, nesta sexta-feira, 8. Segundo a Aena, concessionária responsável pelo aeroporto, 38 voos tinham sido cancelados até as 16h (21 chegadas e 17 partidas) e cinco foram desviados, por causa das condições meteorológicas e ajustes nas malhas das companhias aéreas.

Na quinta-feira, 32 voos já tinham sido cancelados no aeroporto, também por conta das chuvas que atingem a capital.

Passageiros enfrentam filas e espera superior a 24 horas para conseguir embarcar. As companhias aéreas Latam e Gol alegam que o problema é “alheio ao seu controle”.

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Além de cancelamentos de voos, também há registro de entrega de volchers em hotéis sem vagas disponíveis Fonte: Isabela Moya

É a segunda vez em menos de 15 dias que o temporal provoca revolta e transtornos em Congonhas. No dia 25 de outubro, 25 voos foram cancelados.

O servidor público Ronison Alberti e a família encaram uma longa saga. Eles saíram de Vitória, no Espírito Santo, e deveriam ter pousado em Congonhas na quinta à tarde, de onde embarcariam para Navegantes, em Santa Catarina.

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O avião, entretanto, precisou arremeter e pousou no Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos. A companhia aérea fez o translado por terra até Congonhas, e o grupo ficou aguardando.

“Nosso embarque era às 16h05. Nada do voo, nada de abrir portão. Fomos para a fila de reclamação. Às 18h chegou uma mensagem para a gente dizendo que o voo estava atrasado. Às 20h, o voo foi cancelado.”

Eles tentaram vaga em aeronaves com destinos para cidades próximas, mas sem sucesso. A companhia aérea pagou um translado até um hotel em Campinas. Ao chegarem no local, entretanto, o estabelecimento estava lotado. O servidor, a esposa, as duas filhas e a sogra retornaram para Congonhas e pernoitaram nos bancos do aeroporto.

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“Estão dizendo que é o tempo, mas pela quantidade de voos cancelados, acho que teve overbooking. Não tem condição de ser só meteorologia”.

O tatuador Gustavo Hildebrand e a namorada estavam no Japão e voltaram ao Brasil nesta manhã. Eles pousaram em Guarulhos e foram para Congonhas, de onde deveriam partir para Brasília às 15h, em voo da Latam. Como chegaram bem cedo ao aeroporto, conseguiram antecipar para as 10h.

Porém, logo após a mudança, perceberam que o voo tinha sido cancelado. Agora, devem chegar em Brasília, se tudo der certo, somente no final da noite.

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Saguão do aeroporto de Congonhas ficou lotado. Foto: Werther Santana/Estadão

“Quando a gente subiu para fazer o embarque, vimos que o voo tinha aparecido como cancelado. Falaram que a gente tinha que ir lá na esteira de bagagem, pegar nossa bagagem de volta, voltar na companhia aérea para resolver o caso. Quando a gente chegou lá, tinha uma fila muito grande só de pessoas que estavam nesse voo e falaram que o único voo que a gente conseguiria pegar hoje seria 20h20.”

A aposentada Egli das Graças, de 69 anos, chegou ao aeroporto de Congonhas às 6h da manhã. Ela tinha passagem para Recife para assistir ao show do cantor Roberto Carlos, agendado para as 21h desta sexta-feira, 8, na capital pernambucana. O seu primeiro voo estava marcado para as 7h. Foi reagendado para 14h; depois para 18h e, por último, para 20h.

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“Não dá mais tempo de ir. Não tem como chegar a tempo”, disse Egli, que tenta agora reaver a passagem. Ela afirma que já foi a mais de 300 shows do artista, de quem diz ser fã incondicional. “Esse vai ser o primeiro (show) que eu perco”, lamentou.

Edileusa Coelho, 31 anos, veio de Joinville, Santa Catarina, para São Paulo, de onde faria uma conexão para o Rio de Janeiro. O voo para a capital fluminense, porém, foi cancelado e reagendado para às 6h40 da manhã de sábado, 9. Agora, ela espera conseguir um voucher para dormir em um hotel para não pernoitar no aeroporto de Congonhas.

“Eu espero conseguir um voucher. Mas não sei se vai dar certo porque está muito lotado, são muitas pessoas nesta situação”, diz Edileusa. “Eu vou ser madrinha de um casamento, preciso chegar às 15h. Não pode ter nenhum atraso mais”, disse.

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A cantora gospel Isabel de Jesus, 43, tem uma apresentação marcada para sábado, às 17h, em Santarém, no Pará. Seu voo estava agendado para 17h55 desta sexta, mas, segundo ela, sofreu um atraso e não sabe ainda quando conseguirá partir para o seu destino.

“Eu perdi todas as conexões e perdi também o avião que eu pegaria para ir de Belém até Santarém. Eu estava com esse show agendado desde abril”, disse a cantora, mostrando a arte de divulgação da sua apresentação à reportagem.

Além do périplo para conseguir chegar ao destino final, os passageiros relatam outros problemas: não há fila para atendimento prioritário e, embora as companhias aéreas ofereçam vouchers em hotéis, não orientam como encontrar os estabelecimentos com vagas disponíveis.

O Estadão também presenciou uma fila enorme de passageiros que tentavam remarcar os voos - alguns vão ter que esperar mais de 24 horas para conseguir viajar. É o caso de Maria Regina Rodrigues, auxiliar de montagem.

Natural de Ponta Grossa, no Paraná, ela está em São Paulo para participar de um evento. Ela deveria ter embarcado às 10h, mas o voo foi cancelado e remarcado pela Latam somente para domingo, 10. Uma colega dela, que também está no grupo, corre o risco de perder um casamento do qual é madrinha.

O que dizem as companhias aéreas

Em nota, a Latam afirmou que alguns de seus voos com destino ou partida de Congonhas na noite de quinta-feira foram cancelados ou desviados para outros aeroportos devido às fortes chuvas na capital paulista, “fato totalmente alheio ao seu controle”.

“A companhia esclarece que está oferecendo toda a assistência necessária aos passageiros e recomenda que, antes de se dirigirem aos aeroportos, os clientes com viagens programadas nesta sexta-feira de/para São Paulo/Congonhas consultem o status de seus voos na página Minhas Viagens. Por fim, reitera que adota todas as medidas de segurança possíveis, técnicas e operacionais, para garantir uma viagem segura para todos.”

A Gol informou, também por meio de nota, que os problemas ocorreram por conta das chuvas e de restrições operacionais.

A GOL informa que, por conta das fortes chuvas, somadas às restrições operacionais do Aeroporto de Congonhas (CGH) ocorridas entre quinta e sexta-feira, questões que não estão sob controle da companhia, foram registrados atrasos e cancelamentos de voos para ajuste de malha aérea. Todos os Clientes impactados estão recebendo as facilidades previstas pela resolução 400 da ANAC conforme as necessidades, com possibilidade de reacomodação nos próximos voos da GOL e de congêneres. A Companhia reforça que as ações em relação aos voos foram tomadas com foco na Segurança, valor número 1 da GOL.

O que diz a Aena

Segundo a Aena, no último balanço divulgado às 16h, “as operações de pouso e decolagem estão regulares”.

“A Aena recomenda que os passageiros entrem em contato com as companhias aéreas para verificar a situação de seus voos”, disse a empresa, nota.

Passageiros enfrentam transtornos na manhã desta sexta-feira, 8, no aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, em razão de voos cancelados. Foto: Werther Santana/Estadão

O cancelamento de quase 40 voos levou o caos ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, nesta sexta-feira, 8. Segundo a Aena, concessionária responsável pelo aeroporto, 38 voos tinham sido cancelados até as 16h (21 chegadas e 17 partidas) e cinco foram desviados, por causa das condições meteorológicas e ajustes nas malhas das companhias aéreas.

Na quinta-feira, 32 voos já tinham sido cancelados no aeroporto, também por conta das chuvas que atingem a capital.

Passageiros enfrentam filas e espera superior a 24 horas para conseguir embarcar. As companhias aéreas Latam e Gol alegam que o problema é “alheio ao seu controle”.

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Além de cancelamentos de voos, também há registro de entrega de volchers em hotéis sem vagas disponíveis Fonte: Isabela Moya

É a segunda vez em menos de 15 dias que o temporal provoca revolta e transtornos em Congonhas. No dia 25 de outubro, 25 voos foram cancelados.

O servidor público Ronison Alberti e a família encaram uma longa saga. Eles saíram de Vitória, no Espírito Santo, e deveriam ter pousado em Congonhas na quinta à tarde, de onde embarcariam para Navegantes, em Santa Catarina.

O avião, entretanto, precisou arremeter e pousou no Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos. A companhia aérea fez o translado por terra até Congonhas, e o grupo ficou aguardando.

“Nosso embarque era às 16h05. Nada do voo, nada de abrir portão. Fomos para a fila de reclamação. Às 18h chegou uma mensagem para a gente dizendo que o voo estava atrasado. Às 20h, o voo foi cancelado.”

Eles tentaram vaga em aeronaves com destinos para cidades próximas, mas sem sucesso. A companhia aérea pagou um translado até um hotel em Campinas. Ao chegarem no local, entretanto, o estabelecimento estava lotado. O servidor, a esposa, as duas filhas e a sogra retornaram para Congonhas e pernoitaram nos bancos do aeroporto.

“Estão dizendo que é o tempo, mas pela quantidade de voos cancelados, acho que teve overbooking. Não tem condição de ser só meteorologia”.

O tatuador Gustavo Hildebrand e a namorada estavam no Japão e voltaram ao Brasil nesta manhã. Eles pousaram em Guarulhos e foram para Congonhas, de onde deveriam partir para Brasília às 15h, em voo da Latam. Como chegaram bem cedo ao aeroporto, conseguiram antecipar para as 10h.

Porém, logo após a mudança, perceberam que o voo tinha sido cancelado. Agora, devem chegar em Brasília, se tudo der certo, somente no final da noite.

Saguão do aeroporto de Congonhas ficou lotado. Foto: Werther Santana/Estadão

“Quando a gente subiu para fazer o embarque, vimos que o voo tinha aparecido como cancelado. Falaram que a gente tinha que ir lá na esteira de bagagem, pegar nossa bagagem de volta, voltar na companhia aérea para resolver o caso. Quando a gente chegou lá, tinha uma fila muito grande só de pessoas que estavam nesse voo e falaram que o único voo que a gente conseguiria pegar hoje seria 20h20.”

A aposentada Egli das Graças, de 69 anos, chegou ao aeroporto de Congonhas às 6h da manhã. Ela tinha passagem para Recife para assistir ao show do cantor Roberto Carlos, agendado para as 21h desta sexta-feira, 8, na capital pernambucana. O seu primeiro voo estava marcado para as 7h. Foi reagendado para 14h; depois para 18h e, por último, para 20h.

“Não dá mais tempo de ir. Não tem como chegar a tempo”, disse Egli, que tenta agora reaver a passagem. Ela afirma que já foi a mais de 300 shows do artista, de quem diz ser fã incondicional. “Esse vai ser o primeiro (show) que eu perco”, lamentou.

Edileusa Coelho, 31 anos, veio de Joinville, Santa Catarina, para São Paulo, de onde faria uma conexão para o Rio de Janeiro. O voo para a capital fluminense, porém, foi cancelado e reagendado para às 6h40 da manhã de sábado, 9. Agora, ela espera conseguir um voucher para dormir em um hotel para não pernoitar no aeroporto de Congonhas.

“Eu espero conseguir um voucher. Mas não sei se vai dar certo porque está muito lotado, são muitas pessoas nesta situação”, diz Edileusa. “Eu vou ser madrinha de um casamento, preciso chegar às 15h. Não pode ter nenhum atraso mais”, disse.

A cantora gospel Isabel de Jesus, 43, tem uma apresentação marcada para sábado, às 17h, em Santarém, no Pará. Seu voo estava agendado para 17h55 desta sexta, mas, segundo ela, sofreu um atraso e não sabe ainda quando conseguirá partir para o seu destino.

“Eu perdi todas as conexões e perdi também o avião que eu pegaria para ir de Belém até Santarém. Eu estava com esse show agendado desde abril”, disse a cantora, mostrando a arte de divulgação da sua apresentação à reportagem.

Além do périplo para conseguir chegar ao destino final, os passageiros relatam outros problemas: não há fila para atendimento prioritário e, embora as companhias aéreas ofereçam vouchers em hotéis, não orientam como encontrar os estabelecimentos com vagas disponíveis.

O Estadão também presenciou uma fila enorme de passageiros que tentavam remarcar os voos - alguns vão ter que esperar mais de 24 horas para conseguir viajar. É o caso de Maria Regina Rodrigues, auxiliar de montagem.

Natural de Ponta Grossa, no Paraná, ela está em São Paulo para participar de um evento. Ela deveria ter embarcado às 10h, mas o voo foi cancelado e remarcado pela Latam somente para domingo, 10. Uma colega dela, que também está no grupo, corre o risco de perder um casamento do qual é madrinha.

O que dizem as companhias aéreas

Em nota, a Latam afirmou que alguns de seus voos com destino ou partida de Congonhas na noite de quinta-feira foram cancelados ou desviados para outros aeroportos devido às fortes chuvas na capital paulista, “fato totalmente alheio ao seu controle”.

“A companhia esclarece que está oferecendo toda a assistência necessária aos passageiros e recomenda que, antes de se dirigirem aos aeroportos, os clientes com viagens programadas nesta sexta-feira de/para São Paulo/Congonhas consultem o status de seus voos na página Minhas Viagens. Por fim, reitera que adota todas as medidas de segurança possíveis, técnicas e operacionais, para garantir uma viagem segura para todos.”

A Gol informou, também por meio de nota, que os problemas ocorreram por conta das chuvas e de restrições operacionais.

A GOL informa que, por conta das fortes chuvas, somadas às restrições operacionais do Aeroporto de Congonhas (CGH) ocorridas entre quinta e sexta-feira, questões que não estão sob controle da companhia, foram registrados atrasos e cancelamentos de voos para ajuste de malha aérea. Todos os Clientes impactados estão recebendo as facilidades previstas pela resolução 400 da ANAC conforme as necessidades, com possibilidade de reacomodação nos próximos voos da GOL e de congêneres. A Companhia reforça que as ações em relação aos voos foram tomadas com foco na Segurança, valor número 1 da GOL.

O que diz a Aena

Segundo a Aena, no último balanço divulgado às 16h, “as operações de pouso e decolagem estão regulares”.

“A Aena recomenda que os passageiros entrem em contato com as companhias aéreas para verificar a situação de seus voos”, disse a empresa, nota.

Passageiros enfrentam transtornos na manhã desta sexta-feira, 8, no aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, em razão de voos cancelados. Foto: Werther Santana/Estadão

O cancelamento de quase 40 voos levou o caos ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, nesta sexta-feira, 8. Segundo a Aena, concessionária responsável pelo aeroporto, 38 voos tinham sido cancelados até as 16h (21 chegadas e 17 partidas) e cinco foram desviados, por causa das condições meteorológicas e ajustes nas malhas das companhias aéreas.

Na quinta-feira, 32 voos já tinham sido cancelados no aeroporto, também por conta das chuvas que atingem a capital.

Passageiros enfrentam filas e espera superior a 24 horas para conseguir embarcar. As companhias aéreas Latam e Gol alegam que o problema é “alheio ao seu controle”.

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Além de cancelamentos de voos, também há registro de entrega de volchers em hotéis sem vagas disponíveis Fonte: Isabela Moya

É a segunda vez em menos de 15 dias que o temporal provoca revolta e transtornos em Congonhas. No dia 25 de outubro, 25 voos foram cancelados.

O servidor público Ronison Alberti e a família encaram uma longa saga. Eles saíram de Vitória, no Espírito Santo, e deveriam ter pousado em Congonhas na quinta à tarde, de onde embarcariam para Navegantes, em Santa Catarina.

O avião, entretanto, precisou arremeter e pousou no Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos. A companhia aérea fez o translado por terra até Congonhas, e o grupo ficou aguardando.

“Nosso embarque era às 16h05. Nada do voo, nada de abrir portão. Fomos para a fila de reclamação. Às 18h chegou uma mensagem para a gente dizendo que o voo estava atrasado. Às 20h, o voo foi cancelado.”

Eles tentaram vaga em aeronaves com destinos para cidades próximas, mas sem sucesso. A companhia aérea pagou um translado até um hotel em Campinas. Ao chegarem no local, entretanto, o estabelecimento estava lotado. O servidor, a esposa, as duas filhas e a sogra retornaram para Congonhas e pernoitaram nos bancos do aeroporto.

“Estão dizendo que é o tempo, mas pela quantidade de voos cancelados, acho que teve overbooking. Não tem condição de ser só meteorologia”.

O tatuador Gustavo Hildebrand e a namorada estavam no Japão e voltaram ao Brasil nesta manhã. Eles pousaram em Guarulhos e foram para Congonhas, de onde deveriam partir para Brasília às 15h, em voo da Latam. Como chegaram bem cedo ao aeroporto, conseguiram antecipar para as 10h.

Porém, logo após a mudança, perceberam que o voo tinha sido cancelado. Agora, devem chegar em Brasília, se tudo der certo, somente no final da noite.

Saguão do aeroporto de Congonhas ficou lotado. Foto: Werther Santana/Estadão

“Quando a gente subiu para fazer o embarque, vimos que o voo tinha aparecido como cancelado. Falaram que a gente tinha que ir lá na esteira de bagagem, pegar nossa bagagem de volta, voltar na companhia aérea para resolver o caso. Quando a gente chegou lá, tinha uma fila muito grande só de pessoas que estavam nesse voo e falaram que o único voo que a gente conseguiria pegar hoje seria 20h20.”

A aposentada Egli das Graças, de 69 anos, chegou ao aeroporto de Congonhas às 6h da manhã. Ela tinha passagem para Recife para assistir ao show do cantor Roberto Carlos, agendado para as 21h desta sexta-feira, 8, na capital pernambucana. O seu primeiro voo estava marcado para as 7h. Foi reagendado para 14h; depois para 18h e, por último, para 20h.

“Não dá mais tempo de ir. Não tem como chegar a tempo”, disse Egli, que tenta agora reaver a passagem. Ela afirma que já foi a mais de 300 shows do artista, de quem diz ser fã incondicional. “Esse vai ser o primeiro (show) que eu perco”, lamentou.

Edileusa Coelho, 31 anos, veio de Joinville, Santa Catarina, para São Paulo, de onde faria uma conexão para o Rio de Janeiro. O voo para a capital fluminense, porém, foi cancelado e reagendado para às 6h40 da manhã de sábado, 9. Agora, ela espera conseguir um voucher para dormir em um hotel para não pernoitar no aeroporto de Congonhas.

“Eu espero conseguir um voucher. Mas não sei se vai dar certo porque está muito lotado, são muitas pessoas nesta situação”, diz Edileusa. “Eu vou ser madrinha de um casamento, preciso chegar às 15h. Não pode ter nenhum atraso mais”, disse.

A cantora gospel Isabel de Jesus, 43, tem uma apresentação marcada para sábado, às 17h, em Santarém, no Pará. Seu voo estava agendado para 17h55 desta sexta, mas, segundo ela, sofreu um atraso e não sabe ainda quando conseguirá partir para o seu destino.

“Eu perdi todas as conexões e perdi também o avião que eu pegaria para ir de Belém até Santarém. Eu estava com esse show agendado desde abril”, disse a cantora, mostrando a arte de divulgação da sua apresentação à reportagem.

Além do périplo para conseguir chegar ao destino final, os passageiros relatam outros problemas: não há fila para atendimento prioritário e, embora as companhias aéreas ofereçam vouchers em hotéis, não orientam como encontrar os estabelecimentos com vagas disponíveis.

O Estadão também presenciou uma fila enorme de passageiros que tentavam remarcar os voos - alguns vão ter que esperar mais de 24 horas para conseguir viajar. É o caso de Maria Regina Rodrigues, auxiliar de montagem.

Natural de Ponta Grossa, no Paraná, ela está em São Paulo para participar de um evento. Ela deveria ter embarcado às 10h, mas o voo foi cancelado e remarcado pela Latam somente para domingo, 10. Uma colega dela, que também está no grupo, corre o risco de perder um casamento do qual é madrinha.

O que dizem as companhias aéreas

Em nota, a Latam afirmou que alguns de seus voos com destino ou partida de Congonhas na noite de quinta-feira foram cancelados ou desviados para outros aeroportos devido às fortes chuvas na capital paulista, “fato totalmente alheio ao seu controle”.

“A companhia esclarece que está oferecendo toda a assistência necessária aos passageiros e recomenda que, antes de se dirigirem aos aeroportos, os clientes com viagens programadas nesta sexta-feira de/para São Paulo/Congonhas consultem o status de seus voos na página Minhas Viagens. Por fim, reitera que adota todas as medidas de segurança possíveis, técnicas e operacionais, para garantir uma viagem segura para todos.”

A Gol informou, também por meio de nota, que os problemas ocorreram por conta das chuvas e de restrições operacionais.

A GOL informa que, por conta das fortes chuvas, somadas às restrições operacionais do Aeroporto de Congonhas (CGH) ocorridas entre quinta e sexta-feira, questões que não estão sob controle da companhia, foram registrados atrasos e cancelamentos de voos para ajuste de malha aérea. Todos os Clientes impactados estão recebendo as facilidades previstas pela resolução 400 da ANAC conforme as necessidades, com possibilidade de reacomodação nos próximos voos da GOL e de congêneres. A Companhia reforça que as ações em relação aos voos foram tomadas com foco na Segurança, valor número 1 da GOL.

O que diz a Aena

Segundo a Aena, no último balanço divulgado às 16h, “as operações de pouso e decolagem estão regulares”.

“A Aena recomenda que os passageiros entrem em contato com as companhias aéreas para verificar a situação de seus voos”, disse a empresa, nota.

Passageiros enfrentam transtornos na manhã desta sexta-feira, 8, no aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, em razão de voos cancelados. Foto: Werther Santana/Estadão

O cancelamento de quase 40 voos levou o caos ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, nesta sexta-feira, 8. Segundo a Aena, concessionária responsável pelo aeroporto, 38 voos tinham sido cancelados até as 16h (21 chegadas e 17 partidas) e cinco foram desviados, por causa das condições meteorológicas e ajustes nas malhas das companhias aéreas.

Na quinta-feira, 32 voos já tinham sido cancelados no aeroporto, também por conta das chuvas que atingem a capital.

Passageiros enfrentam filas e espera superior a 24 horas para conseguir embarcar. As companhias aéreas Latam e Gol alegam que o problema é “alheio ao seu controle”.

Seu navegador não suporta esse video.

Além de cancelamentos de voos, também há registro de entrega de volchers em hotéis sem vagas disponíveis Fonte: Isabela Moya

É a segunda vez em menos de 15 dias que o temporal provoca revolta e transtornos em Congonhas. No dia 25 de outubro, 25 voos foram cancelados.

O servidor público Ronison Alberti e a família encaram uma longa saga. Eles saíram de Vitória, no Espírito Santo, e deveriam ter pousado em Congonhas na quinta à tarde, de onde embarcariam para Navegantes, em Santa Catarina.

O avião, entretanto, precisou arremeter e pousou no Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos. A companhia aérea fez o translado por terra até Congonhas, e o grupo ficou aguardando.

“Nosso embarque era às 16h05. Nada do voo, nada de abrir portão. Fomos para a fila de reclamação. Às 18h chegou uma mensagem para a gente dizendo que o voo estava atrasado. Às 20h, o voo foi cancelado.”

Eles tentaram vaga em aeronaves com destinos para cidades próximas, mas sem sucesso. A companhia aérea pagou um translado até um hotel em Campinas. Ao chegarem no local, entretanto, o estabelecimento estava lotado. O servidor, a esposa, as duas filhas e a sogra retornaram para Congonhas e pernoitaram nos bancos do aeroporto.

“Estão dizendo que é o tempo, mas pela quantidade de voos cancelados, acho que teve overbooking. Não tem condição de ser só meteorologia”.

O tatuador Gustavo Hildebrand e a namorada estavam no Japão e voltaram ao Brasil nesta manhã. Eles pousaram em Guarulhos e foram para Congonhas, de onde deveriam partir para Brasília às 15h, em voo da Latam. Como chegaram bem cedo ao aeroporto, conseguiram antecipar para as 10h.

Porém, logo após a mudança, perceberam que o voo tinha sido cancelado. Agora, devem chegar em Brasília, se tudo der certo, somente no final da noite.

Saguão do aeroporto de Congonhas ficou lotado. Foto: Werther Santana/Estadão

“Quando a gente subiu para fazer o embarque, vimos que o voo tinha aparecido como cancelado. Falaram que a gente tinha que ir lá na esteira de bagagem, pegar nossa bagagem de volta, voltar na companhia aérea para resolver o caso. Quando a gente chegou lá, tinha uma fila muito grande só de pessoas que estavam nesse voo e falaram que o único voo que a gente conseguiria pegar hoje seria 20h20.”

A aposentada Egli das Graças, de 69 anos, chegou ao aeroporto de Congonhas às 6h da manhã. Ela tinha passagem para Recife para assistir ao show do cantor Roberto Carlos, agendado para as 21h desta sexta-feira, 8, na capital pernambucana. O seu primeiro voo estava marcado para as 7h. Foi reagendado para 14h; depois para 18h e, por último, para 20h.

“Não dá mais tempo de ir. Não tem como chegar a tempo”, disse Egli, que tenta agora reaver a passagem. Ela afirma que já foi a mais de 300 shows do artista, de quem diz ser fã incondicional. “Esse vai ser o primeiro (show) que eu perco”, lamentou.

Edileusa Coelho, 31 anos, veio de Joinville, Santa Catarina, para São Paulo, de onde faria uma conexão para o Rio de Janeiro. O voo para a capital fluminense, porém, foi cancelado e reagendado para às 6h40 da manhã de sábado, 9. Agora, ela espera conseguir um voucher para dormir em um hotel para não pernoitar no aeroporto de Congonhas.

“Eu espero conseguir um voucher. Mas não sei se vai dar certo porque está muito lotado, são muitas pessoas nesta situação”, diz Edileusa. “Eu vou ser madrinha de um casamento, preciso chegar às 15h. Não pode ter nenhum atraso mais”, disse.

A cantora gospel Isabel de Jesus, 43, tem uma apresentação marcada para sábado, às 17h, em Santarém, no Pará. Seu voo estava agendado para 17h55 desta sexta, mas, segundo ela, sofreu um atraso e não sabe ainda quando conseguirá partir para o seu destino.

“Eu perdi todas as conexões e perdi também o avião que eu pegaria para ir de Belém até Santarém. Eu estava com esse show agendado desde abril”, disse a cantora, mostrando a arte de divulgação da sua apresentação à reportagem.

Além do périplo para conseguir chegar ao destino final, os passageiros relatam outros problemas: não há fila para atendimento prioritário e, embora as companhias aéreas ofereçam vouchers em hotéis, não orientam como encontrar os estabelecimentos com vagas disponíveis.

O Estadão também presenciou uma fila enorme de passageiros que tentavam remarcar os voos - alguns vão ter que esperar mais de 24 horas para conseguir viajar. É o caso de Maria Regina Rodrigues, auxiliar de montagem.

Natural de Ponta Grossa, no Paraná, ela está em São Paulo para participar de um evento. Ela deveria ter embarcado às 10h, mas o voo foi cancelado e remarcado pela Latam somente para domingo, 10. Uma colega dela, que também está no grupo, corre o risco de perder um casamento do qual é madrinha.

O que dizem as companhias aéreas

Em nota, a Latam afirmou que alguns de seus voos com destino ou partida de Congonhas na noite de quinta-feira foram cancelados ou desviados para outros aeroportos devido às fortes chuvas na capital paulista, “fato totalmente alheio ao seu controle”.

“A companhia esclarece que está oferecendo toda a assistência necessária aos passageiros e recomenda que, antes de se dirigirem aos aeroportos, os clientes com viagens programadas nesta sexta-feira de/para São Paulo/Congonhas consultem o status de seus voos na página Minhas Viagens. Por fim, reitera que adota todas as medidas de segurança possíveis, técnicas e operacionais, para garantir uma viagem segura para todos.”

A Gol informou, também por meio de nota, que os problemas ocorreram por conta das chuvas e de restrições operacionais.

A GOL informa que, por conta das fortes chuvas, somadas às restrições operacionais do Aeroporto de Congonhas (CGH) ocorridas entre quinta e sexta-feira, questões que não estão sob controle da companhia, foram registrados atrasos e cancelamentos de voos para ajuste de malha aérea. Todos os Clientes impactados estão recebendo as facilidades previstas pela resolução 400 da ANAC conforme as necessidades, com possibilidade de reacomodação nos próximos voos da GOL e de congêneres. A Companhia reforça que as ações em relação aos voos foram tomadas com foco na Segurança, valor número 1 da GOL.

O que diz a Aena

Segundo a Aena, no último balanço divulgado às 16h, “as operações de pouso e decolagem estão regulares”.

“A Aena recomenda que os passageiros entrem em contato com as companhias aéreas para verificar a situação de seus voos”, disse a empresa, nota.

Passageiros enfrentam transtornos na manhã desta sexta-feira, 8, no aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, em razão de voos cancelados. Foto: Werther Santana/Estadão

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