Carnaval 2023: Do boi-bumbá ao frevo, o Brasil se encontra nos desfiles de rua de SP


Blocos com referências de Pernambuco, da Bahia, do Rio, do Amazonas e outros Estados arrastam multidão de foliões e mostram a pluralidade da folia paulistana

Por Priscila Mengue
Atualização:

Muitos Brasis se encontram no carnaval de rua de São Paulo: o dos passistas pernambucanos com sombrinhas de frevo, o dos dançarinos amazonenses de toadas dos bois Caprichoso e Garantido, o da cantora baiana de sucessos do axé, o do grupo de brasilienses que só toca rock e o da bateria de samba carioca. Manifestações culturais de diferentes regiões do País estão presentes em parte dos mais de 480 desfiles de blocos de rua confirmados na folia paulistana, que se estende até 26 de fevereiro.

“O carnaval de rua é uma oportunidade de abrir espaço para outras pessoas conhecerem essa cultura”, diz Adão Modesto, um dos fundadores do BumbaBloco. A agremiação foi fundada por admiradores sudestinos do Festival Folclórico de Parintins e também desfilou em 2020. “A gente queria brincar disso por mais tempo, e divulgar”, justifica.

O desfile reunirá artistas de boi-bumbá, como a banda Canto da Mata e o cantor Wanderson Rodrigues, ligados ao Boi Caprichoso, mas que também interpretarão as canções (toadas) do Garantido. Como é tradição parintinense, as apresentações serão acompanhadas por coreografias interpretadas por dançarinos com vestimentas folclóricas da Amazônia, como da indígena Cunhã-Poranga e do Pajé, e, portanto, a apresentação será fixa, sem cortejo.

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Desfile do Galo da Madrugada foi "importado" de Pernambuco para o carnaval paulista Foto: Felipe Rau/Estadão

Modesto destaca as décadas de sinergia entre o carnaval e parte dos parintinenses, que costumam vir ao Sudeste trabalhar nas escolas de samba. “É um intercâmbio cultural”, afirma. “Vamos enfeitar o trio com referências aos dois bois”, acrescenta Priscila Ribeiro, igualmente fundadora do bloco.

Além do Norte, o Nordeste também está presente no carnaval paulistano. Alguns misturam referências de mais de um Estado, como o Na Manha do Gato e o Bloco Elástico, enquanto outros são mais localizados, fundados tanto por imigrantes quanto por fãs paulistas.

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Uma das presenças mais fortes é a pernambucana, com blocos como Olha o Sucesso, Fervo da Vila, Bloco de Pífanos de São Paulo, Maracatu Bloco de Pedra e Bicho Maluco Beleza, do cantor Alceu Valença. Há ainda o desfile do Galo Madrugada, que levará novamente dois trios elétricos e dezenas de dançarinos até o Parque do Ibirapuera.

“É uma amostra. No Recife, o desfile tem 30 trios”, descreve Rômulo Meneses, presidente do Galo. “A gente leva a representação, com passista de frevo, caboclinho, figuras indígenas do maracatu, caboclo de lança, que outro tipo de maracatu folclórico do carnaval de Pernambuco. E também cantores convidados de outras regiões”, acrescenta.

Em São Paulo, o desfile terá apresentação de Gustavo Travassos e convidados. Além disso, estarão presentes duas grandes esculturas do galo, com 2,9 metros de altura, além de 20 de menor porte.

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Segundo Meneses, o bloco atrai um público diverso em São Paulo. “O pessoal vibrou, parecia que estávamos em Recife com aquela multidão dançando frevo. Apesar de muitos nordestinos, boa parcela era de paulistanos”, relata. Em 2020, foram estimados 500 mil foliões no desfile paulistano. O desfile é em parceria com a produtora paulistana Oficina.

Desfile do bloco da Daniela Mercury no carnaval de São Paulo de 2020, o último realizado em fevereiro, antes da pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mais uma referência nordestina forte é a do carnaval da Bahia, principalmente do realizado em Salvador. Blocos com artistas e grupos conhecidos costumam vir a São Paulo, como o Pipoca da Rainha (com Daniela Mercury), o Navio Pirata (BaianaSystem) e o Beleza Rara (Banda Eva).

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Também há blocos com referências “soteropaulistanas” feitos por artistas baianos radicados em São Paulo, como define a cantora Denise Diniz, fundadora e vocalista do Bloco Bahianidade. “Foi criado em um movimento para trazer a São Paulo as minhas referências e origens musicais”, descreve.

A artista explica que reúne influências do carnaval de Salvador e da musicalidade do Recôncavo Baiano e da Costa do Dendê. “São todas as Bahias que existem em mim”, diz.

“Trago essa diversidade rítmica. Canto, no repertório, os movimentos afros, o Ilê Aiyê e o Olodum, e a referência da misturança que hoje se tornou o axé music. Canto Dorival Caymmi, um pouco de Chiclete (com Banana), todo o movimento que compõe o cenário musical baiano.”

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O carioca Monobloco no carnaval de rua de São Paulo de 2020 Foto: Hélvio Romero/Estadão

Há, ainda, a influência mais evidente, do carnaval carioca. Sargento Pimenta, Monobloco, Chinelo de Dedo, Bangalafumenga, Bunytos de Corpo, Fogo & Paixão e outros estão entre os que desfilam há anos também em São Paulo, alguns com oficinas de percussão nas duas cidades. “Cada vez mais o carnaval de São se aproxima em entusiasmo e alegria do Rio de Janeiro”, avalia André Schmidt, maestro e diretor do Quizomba. Nos últimos dias, a ligação entre as duas cidades tem virado piada e discussão na internet, especialmente pelo avanço do termo “bloquinho”.

Carnaval é reflexo da própria configuração diversa de SP, diz pesquisador

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Em sua gênese, o carnaval de rua paulistano é o encontro de referências culturais cariocas e paulistas, urbanas e rurais, brasileiras, ibéricas e africanas, do entrudo ao samba de bumbo. “O carnaval de rua surgiu de uma fusão de expressões culturais”, diz Guilherme Varella, pesquisador de carnaval e professor na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Chefe de gabinete na Secretaria Municipal de Cultura quando o carnaval de rua foi liberado, em 2013, Varella associa a pluralidade da folia paulistana às características da própria cidade. “É justamente todo o potencial e a pujança da própria configuração cultural de São Paulo. que é muito diversa, muito cosmopolita, conectada a tendências culturais, muito territorializada, muito disruptiva”, diz.

O pesquisador aponta que, diferentemente de outras cidades-referência no carnaval, São Paulo é caracterizada por ter uma maior multiplicidade de perfis de blocos. “É um crescimento quantitativo, mas também de representação, por ser qualitativamente diferente”, afirma. “Vai tendo um reflexo no carnaval paulistano da própria configuração diversa, pujante e cosmopolita paulistana.”

Além disso, desfilar em São Paulo passou a ser atraente para o setor cultural de outros Estados. “Pela própria configuração econômica da cidade, com muita demanda”, aponta Varella. “Elementos carnavalescos alheios à própria cidade aqui são absorvidos como entretenimento.”

Veja as datas de alguns blocos com influências de outros Estados:

Bloco Bahianidade: 19 de fevereiro, das 10h às 15h, com saída da Rua Rui Barbosa, 658, na subprefeitura Sé.

Galo da Madrugada: 21 de fevereiro, das 9h às 14h, na Avenida Pedro Álvares Cabral, na subprefeitura Vila Mariana.

BumbaBloco: 25 de fevereiro, das 14h às 19h, na Rua Viri, na subprefeitura Santana/Tucuruvi.

Muitos Brasis se encontram no carnaval de rua de São Paulo: o dos passistas pernambucanos com sombrinhas de frevo, o dos dançarinos amazonenses de toadas dos bois Caprichoso e Garantido, o da cantora baiana de sucessos do axé, o do grupo de brasilienses que só toca rock e o da bateria de samba carioca. Manifestações culturais de diferentes regiões do País estão presentes em parte dos mais de 480 desfiles de blocos de rua confirmados na folia paulistana, que se estende até 26 de fevereiro.

“O carnaval de rua é uma oportunidade de abrir espaço para outras pessoas conhecerem essa cultura”, diz Adão Modesto, um dos fundadores do BumbaBloco. A agremiação foi fundada por admiradores sudestinos do Festival Folclórico de Parintins e também desfilou em 2020. “A gente queria brincar disso por mais tempo, e divulgar”, justifica.

O desfile reunirá artistas de boi-bumbá, como a banda Canto da Mata e o cantor Wanderson Rodrigues, ligados ao Boi Caprichoso, mas que também interpretarão as canções (toadas) do Garantido. Como é tradição parintinense, as apresentações serão acompanhadas por coreografias interpretadas por dançarinos com vestimentas folclóricas da Amazônia, como da indígena Cunhã-Poranga e do Pajé, e, portanto, a apresentação será fixa, sem cortejo.

Desfile do Galo da Madrugada foi "importado" de Pernambuco para o carnaval paulista Foto: Felipe Rau/Estadão

Modesto destaca as décadas de sinergia entre o carnaval e parte dos parintinenses, que costumam vir ao Sudeste trabalhar nas escolas de samba. “É um intercâmbio cultural”, afirma. “Vamos enfeitar o trio com referências aos dois bois”, acrescenta Priscila Ribeiro, igualmente fundadora do bloco.

Além do Norte, o Nordeste também está presente no carnaval paulistano. Alguns misturam referências de mais de um Estado, como o Na Manha do Gato e o Bloco Elástico, enquanto outros são mais localizados, fundados tanto por imigrantes quanto por fãs paulistas.

Uma das presenças mais fortes é a pernambucana, com blocos como Olha o Sucesso, Fervo da Vila, Bloco de Pífanos de São Paulo, Maracatu Bloco de Pedra e Bicho Maluco Beleza, do cantor Alceu Valença. Há ainda o desfile do Galo Madrugada, que levará novamente dois trios elétricos e dezenas de dançarinos até o Parque do Ibirapuera.

“É uma amostra. No Recife, o desfile tem 30 trios”, descreve Rômulo Meneses, presidente do Galo. “A gente leva a representação, com passista de frevo, caboclinho, figuras indígenas do maracatu, caboclo de lança, que outro tipo de maracatu folclórico do carnaval de Pernambuco. E também cantores convidados de outras regiões”, acrescenta.

Em São Paulo, o desfile terá apresentação de Gustavo Travassos e convidados. Além disso, estarão presentes duas grandes esculturas do galo, com 2,9 metros de altura, além de 20 de menor porte.

Segundo Meneses, o bloco atrai um público diverso em São Paulo. “O pessoal vibrou, parecia que estávamos em Recife com aquela multidão dançando frevo. Apesar de muitos nordestinos, boa parcela era de paulistanos”, relata. Em 2020, foram estimados 500 mil foliões no desfile paulistano. O desfile é em parceria com a produtora paulistana Oficina.

Desfile do bloco da Daniela Mercury no carnaval de São Paulo de 2020, o último realizado em fevereiro, antes da pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mais uma referência nordestina forte é a do carnaval da Bahia, principalmente do realizado em Salvador. Blocos com artistas e grupos conhecidos costumam vir a São Paulo, como o Pipoca da Rainha (com Daniela Mercury), o Navio Pirata (BaianaSystem) e o Beleza Rara (Banda Eva).

Também há blocos com referências “soteropaulistanas” feitos por artistas baianos radicados em São Paulo, como define a cantora Denise Diniz, fundadora e vocalista do Bloco Bahianidade. “Foi criado em um movimento para trazer a São Paulo as minhas referências e origens musicais”, descreve.

A artista explica que reúne influências do carnaval de Salvador e da musicalidade do Recôncavo Baiano e da Costa do Dendê. “São todas as Bahias que existem em mim”, diz.

“Trago essa diversidade rítmica. Canto, no repertório, os movimentos afros, o Ilê Aiyê e o Olodum, e a referência da misturança que hoje se tornou o axé music. Canto Dorival Caymmi, um pouco de Chiclete (com Banana), todo o movimento que compõe o cenário musical baiano.”

O carioca Monobloco no carnaval de rua de São Paulo de 2020 Foto: Hélvio Romero/Estadão

Há, ainda, a influência mais evidente, do carnaval carioca. Sargento Pimenta, Monobloco, Chinelo de Dedo, Bangalafumenga, Bunytos de Corpo, Fogo & Paixão e outros estão entre os que desfilam há anos também em São Paulo, alguns com oficinas de percussão nas duas cidades. “Cada vez mais o carnaval de São se aproxima em entusiasmo e alegria do Rio de Janeiro”, avalia André Schmidt, maestro e diretor do Quizomba. Nos últimos dias, a ligação entre as duas cidades tem virado piada e discussão na internet, especialmente pelo avanço do termo “bloquinho”.

Carnaval é reflexo da própria configuração diversa de SP, diz pesquisador

Em sua gênese, o carnaval de rua paulistano é o encontro de referências culturais cariocas e paulistas, urbanas e rurais, brasileiras, ibéricas e africanas, do entrudo ao samba de bumbo. “O carnaval de rua surgiu de uma fusão de expressões culturais”, diz Guilherme Varella, pesquisador de carnaval e professor na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Chefe de gabinete na Secretaria Municipal de Cultura quando o carnaval de rua foi liberado, em 2013, Varella associa a pluralidade da folia paulistana às características da própria cidade. “É justamente todo o potencial e a pujança da própria configuração cultural de São Paulo. que é muito diversa, muito cosmopolita, conectada a tendências culturais, muito territorializada, muito disruptiva”, diz.

O pesquisador aponta que, diferentemente de outras cidades-referência no carnaval, São Paulo é caracterizada por ter uma maior multiplicidade de perfis de blocos. “É um crescimento quantitativo, mas também de representação, por ser qualitativamente diferente”, afirma. “Vai tendo um reflexo no carnaval paulistano da própria configuração diversa, pujante e cosmopolita paulistana.”

Além disso, desfilar em São Paulo passou a ser atraente para o setor cultural de outros Estados. “Pela própria configuração econômica da cidade, com muita demanda”, aponta Varella. “Elementos carnavalescos alheios à própria cidade aqui são absorvidos como entretenimento.”

Veja as datas de alguns blocos com influências de outros Estados:

Bloco Bahianidade: 19 de fevereiro, das 10h às 15h, com saída da Rua Rui Barbosa, 658, na subprefeitura Sé.

Galo da Madrugada: 21 de fevereiro, das 9h às 14h, na Avenida Pedro Álvares Cabral, na subprefeitura Vila Mariana.

BumbaBloco: 25 de fevereiro, das 14h às 19h, na Rua Viri, na subprefeitura Santana/Tucuruvi.

Muitos Brasis se encontram no carnaval de rua de São Paulo: o dos passistas pernambucanos com sombrinhas de frevo, o dos dançarinos amazonenses de toadas dos bois Caprichoso e Garantido, o da cantora baiana de sucessos do axé, o do grupo de brasilienses que só toca rock e o da bateria de samba carioca. Manifestações culturais de diferentes regiões do País estão presentes em parte dos mais de 480 desfiles de blocos de rua confirmados na folia paulistana, que se estende até 26 de fevereiro.

“O carnaval de rua é uma oportunidade de abrir espaço para outras pessoas conhecerem essa cultura”, diz Adão Modesto, um dos fundadores do BumbaBloco. A agremiação foi fundada por admiradores sudestinos do Festival Folclórico de Parintins e também desfilou em 2020. “A gente queria brincar disso por mais tempo, e divulgar”, justifica.

O desfile reunirá artistas de boi-bumbá, como a banda Canto da Mata e o cantor Wanderson Rodrigues, ligados ao Boi Caprichoso, mas que também interpretarão as canções (toadas) do Garantido. Como é tradição parintinense, as apresentações serão acompanhadas por coreografias interpretadas por dançarinos com vestimentas folclóricas da Amazônia, como da indígena Cunhã-Poranga e do Pajé, e, portanto, a apresentação será fixa, sem cortejo.

Desfile do Galo da Madrugada foi "importado" de Pernambuco para o carnaval paulista Foto: Felipe Rau/Estadão

Modesto destaca as décadas de sinergia entre o carnaval e parte dos parintinenses, que costumam vir ao Sudeste trabalhar nas escolas de samba. “É um intercâmbio cultural”, afirma. “Vamos enfeitar o trio com referências aos dois bois”, acrescenta Priscila Ribeiro, igualmente fundadora do bloco.

Além do Norte, o Nordeste também está presente no carnaval paulistano. Alguns misturam referências de mais de um Estado, como o Na Manha do Gato e o Bloco Elástico, enquanto outros são mais localizados, fundados tanto por imigrantes quanto por fãs paulistas.

Uma das presenças mais fortes é a pernambucana, com blocos como Olha o Sucesso, Fervo da Vila, Bloco de Pífanos de São Paulo, Maracatu Bloco de Pedra e Bicho Maluco Beleza, do cantor Alceu Valença. Há ainda o desfile do Galo Madrugada, que levará novamente dois trios elétricos e dezenas de dançarinos até o Parque do Ibirapuera.

“É uma amostra. No Recife, o desfile tem 30 trios”, descreve Rômulo Meneses, presidente do Galo. “A gente leva a representação, com passista de frevo, caboclinho, figuras indígenas do maracatu, caboclo de lança, que outro tipo de maracatu folclórico do carnaval de Pernambuco. E também cantores convidados de outras regiões”, acrescenta.

Em São Paulo, o desfile terá apresentação de Gustavo Travassos e convidados. Além disso, estarão presentes duas grandes esculturas do galo, com 2,9 metros de altura, além de 20 de menor porte.

Segundo Meneses, o bloco atrai um público diverso em São Paulo. “O pessoal vibrou, parecia que estávamos em Recife com aquela multidão dançando frevo. Apesar de muitos nordestinos, boa parcela era de paulistanos”, relata. Em 2020, foram estimados 500 mil foliões no desfile paulistano. O desfile é em parceria com a produtora paulistana Oficina.

Desfile do bloco da Daniela Mercury no carnaval de São Paulo de 2020, o último realizado em fevereiro, antes da pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mais uma referência nordestina forte é a do carnaval da Bahia, principalmente do realizado em Salvador. Blocos com artistas e grupos conhecidos costumam vir a São Paulo, como o Pipoca da Rainha (com Daniela Mercury), o Navio Pirata (BaianaSystem) e o Beleza Rara (Banda Eva).

Também há blocos com referências “soteropaulistanas” feitos por artistas baianos radicados em São Paulo, como define a cantora Denise Diniz, fundadora e vocalista do Bloco Bahianidade. “Foi criado em um movimento para trazer a São Paulo as minhas referências e origens musicais”, descreve.

A artista explica que reúne influências do carnaval de Salvador e da musicalidade do Recôncavo Baiano e da Costa do Dendê. “São todas as Bahias que existem em mim”, diz.

“Trago essa diversidade rítmica. Canto, no repertório, os movimentos afros, o Ilê Aiyê e o Olodum, e a referência da misturança que hoje se tornou o axé music. Canto Dorival Caymmi, um pouco de Chiclete (com Banana), todo o movimento que compõe o cenário musical baiano.”

O carioca Monobloco no carnaval de rua de São Paulo de 2020 Foto: Hélvio Romero/Estadão

Há, ainda, a influência mais evidente, do carnaval carioca. Sargento Pimenta, Monobloco, Chinelo de Dedo, Bangalafumenga, Bunytos de Corpo, Fogo & Paixão e outros estão entre os que desfilam há anos também em São Paulo, alguns com oficinas de percussão nas duas cidades. “Cada vez mais o carnaval de São se aproxima em entusiasmo e alegria do Rio de Janeiro”, avalia André Schmidt, maestro e diretor do Quizomba. Nos últimos dias, a ligação entre as duas cidades tem virado piada e discussão na internet, especialmente pelo avanço do termo “bloquinho”.

Carnaval é reflexo da própria configuração diversa de SP, diz pesquisador

Em sua gênese, o carnaval de rua paulistano é o encontro de referências culturais cariocas e paulistas, urbanas e rurais, brasileiras, ibéricas e africanas, do entrudo ao samba de bumbo. “O carnaval de rua surgiu de uma fusão de expressões culturais”, diz Guilherme Varella, pesquisador de carnaval e professor na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Chefe de gabinete na Secretaria Municipal de Cultura quando o carnaval de rua foi liberado, em 2013, Varella associa a pluralidade da folia paulistana às características da própria cidade. “É justamente todo o potencial e a pujança da própria configuração cultural de São Paulo. que é muito diversa, muito cosmopolita, conectada a tendências culturais, muito territorializada, muito disruptiva”, diz.

O pesquisador aponta que, diferentemente de outras cidades-referência no carnaval, São Paulo é caracterizada por ter uma maior multiplicidade de perfis de blocos. “É um crescimento quantitativo, mas também de representação, por ser qualitativamente diferente”, afirma. “Vai tendo um reflexo no carnaval paulistano da própria configuração diversa, pujante e cosmopolita paulistana.”

Além disso, desfilar em São Paulo passou a ser atraente para o setor cultural de outros Estados. “Pela própria configuração econômica da cidade, com muita demanda”, aponta Varella. “Elementos carnavalescos alheios à própria cidade aqui são absorvidos como entretenimento.”

Veja as datas de alguns blocos com influências de outros Estados:

Bloco Bahianidade: 19 de fevereiro, das 10h às 15h, com saída da Rua Rui Barbosa, 658, na subprefeitura Sé.

Galo da Madrugada: 21 de fevereiro, das 9h às 14h, na Avenida Pedro Álvares Cabral, na subprefeitura Vila Mariana.

BumbaBloco: 25 de fevereiro, das 14h às 19h, na Rua Viri, na subprefeitura Santana/Tucuruvi.

Muitos Brasis se encontram no carnaval de rua de São Paulo: o dos passistas pernambucanos com sombrinhas de frevo, o dos dançarinos amazonenses de toadas dos bois Caprichoso e Garantido, o da cantora baiana de sucessos do axé, o do grupo de brasilienses que só toca rock e o da bateria de samba carioca. Manifestações culturais de diferentes regiões do País estão presentes em parte dos mais de 480 desfiles de blocos de rua confirmados na folia paulistana, que se estende até 26 de fevereiro.

“O carnaval de rua é uma oportunidade de abrir espaço para outras pessoas conhecerem essa cultura”, diz Adão Modesto, um dos fundadores do BumbaBloco. A agremiação foi fundada por admiradores sudestinos do Festival Folclórico de Parintins e também desfilou em 2020. “A gente queria brincar disso por mais tempo, e divulgar”, justifica.

O desfile reunirá artistas de boi-bumbá, como a banda Canto da Mata e o cantor Wanderson Rodrigues, ligados ao Boi Caprichoso, mas que também interpretarão as canções (toadas) do Garantido. Como é tradição parintinense, as apresentações serão acompanhadas por coreografias interpretadas por dançarinos com vestimentas folclóricas da Amazônia, como da indígena Cunhã-Poranga e do Pajé, e, portanto, a apresentação será fixa, sem cortejo.

Desfile do Galo da Madrugada foi "importado" de Pernambuco para o carnaval paulista Foto: Felipe Rau/Estadão

Modesto destaca as décadas de sinergia entre o carnaval e parte dos parintinenses, que costumam vir ao Sudeste trabalhar nas escolas de samba. “É um intercâmbio cultural”, afirma. “Vamos enfeitar o trio com referências aos dois bois”, acrescenta Priscila Ribeiro, igualmente fundadora do bloco.

Além do Norte, o Nordeste também está presente no carnaval paulistano. Alguns misturam referências de mais de um Estado, como o Na Manha do Gato e o Bloco Elástico, enquanto outros são mais localizados, fundados tanto por imigrantes quanto por fãs paulistas.

Uma das presenças mais fortes é a pernambucana, com blocos como Olha o Sucesso, Fervo da Vila, Bloco de Pífanos de São Paulo, Maracatu Bloco de Pedra e Bicho Maluco Beleza, do cantor Alceu Valença. Há ainda o desfile do Galo Madrugada, que levará novamente dois trios elétricos e dezenas de dançarinos até o Parque do Ibirapuera.

“É uma amostra. No Recife, o desfile tem 30 trios”, descreve Rômulo Meneses, presidente do Galo. “A gente leva a representação, com passista de frevo, caboclinho, figuras indígenas do maracatu, caboclo de lança, que outro tipo de maracatu folclórico do carnaval de Pernambuco. E também cantores convidados de outras regiões”, acrescenta.

Em São Paulo, o desfile terá apresentação de Gustavo Travassos e convidados. Além disso, estarão presentes duas grandes esculturas do galo, com 2,9 metros de altura, além de 20 de menor porte.

Segundo Meneses, o bloco atrai um público diverso em São Paulo. “O pessoal vibrou, parecia que estávamos em Recife com aquela multidão dançando frevo. Apesar de muitos nordestinos, boa parcela era de paulistanos”, relata. Em 2020, foram estimados 500 mil foliões no desfile paulistano. O desfile é em parceria com a produtora paulistana Oficina.

Desfile do bloco da Daniela Mercury no carnaval de São Paulo de 2020, o último realizado em fevereiro, antes da pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mais uma referência nordestina forte é a do carnaval da Bahia, principalmente do realizado em Salvador. Blocos com artistas e grupos conhecidos costumam vir a São Paulo, como o Pipoca da Rainha (com Daniela Mercury), o Navio Pirata (BaianaSystem) e o Beleza Rara (Banda Eva).

Também há blocos com referências “soteropaulistanas” feitos por artistas baianos radicados em São Paulo, como define a cantora Denise Diniz, fundadora e vocalista do Bloco Bahianidade. “Foi criado em um movimento para trazer a São Paulo as minhas referências e origens musicais”, descreve.

A artista explica que reúne influências do carnaval de Salvador e da musicalidade do Recôncavo Baiano e da Costa do Dendê. “São todas as Bahias que existem em mim”, diz.

“Trago essa diversidade rítmica. Canto, no repertório, os movimentos afros, o Ilê Aiyê e o Olodum, e a referência da misturança que hoje se tornou o axé music. Canto Dorival Caymmi, um pouco de Chiclete (com Banana), todo o movimento que compõe o cenário musical baiano.”

O carioca Monobloco no carnaval de rua de São Paulo de 2020 Foto: Hélvio Romero/Estadão

Há, ainda, a influência mais evidente, do carnaval carioca. Sargento Pimenta, Monobloco, Chinelo de Dedo, Bangalafumenga, Bunytos de Corpo, Fogo & Paixão e outros estão entre os que desfilam há anos também em São Paulo, alguns com oficinas de percussão nas duas cidades. “Cada vez mais o carnaval de São se aproxima em entusiasmo e alegria do Rio de Janeiro”, avalia André Schmidt, maestro e diretor do Quizomba. Nos últimos dias, a ligação entre as duas cidades tem virado piada e discussão na internet, especialmente pelo avanço do termo “bloquinho”.

Carnaval é reflexo da própria configuração diversa de SP, diz pesquisador

Em sua gênese, o carnaval de rua paulistano é o encontro de referências culturais cariocas e paulistas, urbanas e rurais, brasileiras, ibéricas e africanas, do entrudo ao samba de bumbo. “O carnaval de rua surgiu de uma fusão de expressões culturais”, diz Guilherme Varella, pesquisador de carnaval e professor na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Chefe de gabinete na Secretaria Municipal de Cultura quando o carnaval de rua foi liberado, em 2013, Varella associa a pluralidade da folia paulistana às características da própria cidade. “É justamente todo o potencial e a pujança da própria configuração cultural de São Paulo. que é muito diversa, muito cosmopolita, conectada a tendências culturais, muito territorializada, muito disruptiva”, diz.

O pesquisador aponta que, diferentemente de outras cidades-referência no carnaval, São Paulo é caracterizada por ter uma maior multiplicidade de perfis de blocos. “É um crescimento quantitativo, mas também de representação, por ser qualitativamente diferente”, afirma. “Vai tendo um reflexo no carnaval paulistano da própria configuração diversa, pujante e cosmopolita paulistana.”

Além disso, desfilar em São Paulo passou a ser atraente para o setor cultural de outros Estados. “Pela própria configuração econômica da cidade, com muita demanda”, aponta Varella. “Elementos carnavalescos alheios à própria cidade aqui são absorvidos como entretenimento.”

Veja as datas de alguns blocos com influências de outros Estados:

Bloco Bahianidade: 19 de fevereiro, das 10h às 15h, com saída da Rua Rui Barbosa, 658, na subprefeitura Sé.

Galo da Madrugada: 21 de fevereiro, das 9h às 14h, na Avenida Pedro Álvares Cabral, na subprefeitura Vila Mariana.

BumbaBloco: 25 de fevereiro, das 14h às 19h, na Rua Viri, na subprefeitura Santana/Tucuruvi.

Muitos Brasis se encontram no carnaval de rua de São Paulo: o dos passistas pernambucanos com sombrinhas de frevo, o dos dançarinos amazonenses de toadas dos bois Caprichoso e Garantido, o da cantora baiana de sucessos do axé, o do grupo de brasilienses que só toca rock e o da bateria de samba carioca. Manifestações culturais de diferentes regiões do País estão presentes em parte dos mais de 480 desfiles de blocos de rua confirmados na folia paulistana, que se estende até 26 de fevereiro.

“O carnaval de rua é uma oportunidade de abrir espaço para outras pessoas conhecerem essa cultura”, diz Adão Modesto, um dos fundadores do BumbaBloco. A agremiação foi fundada por admiradores sudestinos do Festival Folclórico de Parintins e também desfilou em 2020. “A gente queria brincar disso por mais tempo, e divulgar”, justifica.

O desfile reunirá artistas de boi-bumbá, como a banda Canto da Mata e o cantor Wanderson Rodrigues, ligados ao Boi Caprichoso, mas que também interpretarão as canções (toadas) do Garantido. Como é tradição parintinense, as apresentações serão acompanhadas por coreografias interpretadas por dançarinos com vestimentas folclóricas da Amazônia, como da indígena Cunhã-Poranga e do Pajé, e, portanto, a apresentação será fixa, sem cortejo.

Desfile do Galo da Madrugada foi "importado" de Pernambuco para o carnaval paulista Foto: Felipe Rau/Estadão

Modesto destaca as décadas de sinergia entre o carnaval e parte dos parintinenses, que costumam vir ao Sudeste trabalhar nas escolas de samba. “É um intercâmbio cultural”, afirma. “Vamos enfeitar o trio com referências aos dois bois”, acrescenta Priscila Ribeiro, igualmente fundadora do bloco.

Além do Norte, o Nordeste também está presente no carnaval paulistano. Alguns misturam referências de mais de um Estado, como o Na Manha do Gato e o Bloco Elástico, enquanto outros são mais localizados, fundados tanto por imigrantes quanto por fãs paulistas.

Uma das presenças mais fortes é a pernambucana, com blocos como Olha o Sucesso, Fervo da Vila, Bloco de Pífanos de São Paulo, Maracatu Bloco de Pedra e Bicho Maluco Beleza, do cantor Alceu Valença. Há ainda o desfile do Galo Madrugada, que levará novamente dois trios elétricos e dezenas de dançarinos até o Parque do Ibirapuera.

“É uma amostra. No Recife, o desfile tem 30 trios”, descreve Rômulo Meneses, presidente do Galo. “A gente leva a representação, com passista de frevo, caboclinho, figuras indígenas do maracatu, caboclo de lança, que outro tipo de maracatu folclórico do carnaval de Pernambuco. E também cantores convidados de outras regiões”, acrescenta.

Em São Paulo, o desfile terá apresentação de Gustavo Travassos e convidados. Além disso, estarão presentes duas grandes esculturas do galo, com 2,9 metros de altura, além de 20 de menor porte.

Segundo Meneses, o bloco atrai um público diverso em São Paulo. “O pessoal vibrou, parecia que estávamos em Recife com aquela multidão dançando frevo. Apesar de muitos nordestinos, boa parcela era de paulistanos”, relata. Em 2020, foram estimados 500 mil foliões no desfile paulistano. O desfile é em parceria com a produtora paulistana Oficina.

Desfile do bloco da Daniela Mercury no carnaval de São Paulo de 2020, o último realizado em fevereiro, antes da pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mais uma referência nordestina forte é a do carnaval da Bahia, principalmente do realizado em Salvador. Blocos com artistas e grupos conhecidos costumam vir a São Paulo, como o Pipoca da Rainha (com Daniela Mercury), o Navio Pirata (BaianaSystem) e o Beleza Rara (Banda Eva).

Também há blocos com referências “soteropaulistanas” feitos por artistas baianos radicados em São Paulo, como define a cantora Denise Diniz, fundadora e vocalista do Bloco Bahianidade. “Foi criado em um movimento para trazer a São Paulo as minhas referências e origens musicais”, descreve.

A artista explica que reúne influências do carnaval de Salvador e da musicalidade do Recôncavo Baiano e da Costa do Dendê. “São todas as Bahias que existem em mim”, diz.

“Trago essa diversidade rítmica. Canto, no repertório, os movimentos afros, o Ilê Aiyê e o Olodum, e a referência da misturança que hoje se tornou o axé music. Canto Dorival Caymmi, um pouco de Chiclete (com Banana), todo o movimento que compõe o cenário musical baiano.”

O carioca Monobloco no carnaval de rua de São Paulo de 2020 Foto: Hélvio Romero/Estadão

Há, ainda, a influência mais evidente, do carnaval carioca. Sargento Pimenta, Monobloco, Chinelo de Dedo, Bangalafumenga, Bunytos de Corpo, Fogo & Paixão e outros estão entre os que desfilam há anos também em São Paulo, alguns com oficinas de percussão nas duas cidades. “Cada vez mais o carnaval de São se aproxima em entusiasmo e alegria do Rio de Janeiro”, avalia André Schmidt, maestro e diretor do Quizomba. Nos últimos dias, a ligação entre as duas cidades tem virado piada e discussão na internet, especialmente pelo avanço do termo “bloquinho”.

Carnaval é reflexo da própria configuração diversa de SP, diz pesquisador

Em sua gênese, o carnaval de rua paulistano é o encontro de referências culturais cariocas e paulistas, urbanas e rurais, brasileiras, ibéricas e africanas, do entrudo ao samba de bumbo. “O carnaval de rua surgiu de uma fusão de expressões culturais”, diz Guilherme Varella, pesquisador de carnaval e professor na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Chefe de gabinete na Secretaria Municipal de Cultura quando o carnaval de rua foi liberado, em 2013, Varella associa a pluralidade da folia paulistana às características da própria cidade. “É justamente todo o potencial e a pujança da própria configuração cultural de São Paulo. que é muito diversa, muito cosmopolita, conectada a tendências culturais, muito territorializada, muito disruptiva”, diz.

O pesquisador aponta que, diferentemente de outras cidades-referência no carnaval, São Paulo é caracterizada por ter uma maior multiplicidade de perfis de blocos. “É um crescimento quantitativo, mas também de representação, por ser qualitativamente diferente”, afirma. “Vai tendo um reflexo no carnaval paulistano da própria configuração diversa, pujante e cosmopolita paulistana.”

Além disso, desfilar em São Paulo passou a ser atraente para o setor cultural de outros Estados. “Pela própria configuração econômica da cidade, com muita demanda”, aponta Varella. “Elementos carnavalescos alheios à própria cidade aqui são absorvidos como entretenimento.”

Veja as datas de alguns blocos com influências de outros Estados:

Bloco Bahianidade: 19 de fevereiro, das 10h às 15h, com saída da Rua Rui Barbosa, 658, na subprefeitura Sé.

Galo da Madrugada: 21 de fevereiro, das 9h às 14h, na Avenida Pedro Álvares Cabral, na subprefeitura Vila Mariana.

BumbaBloco: 25 de fevereiro, das 14h às 19h, na Rua Viri, na subprefeitura Santana/Tucuruvi.

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