Mais de 500 desfiles estão confirmados no carnaval de rua 2023 na cidade de São Paulo. De megablocos a cortejos de bairro, há opções para diferentes perfis, de todas as faixas etárias, gostos musicais e interesses, daqueles que mais lembram uma balada aos que mantêm a tradição das marchinhas, dos liderados por artistas famosos aos batucados por músicos amadores, dos que reúnem multidões aos que concentram algumas dezenas de pessoas.
“O carnaval de São Paulo é uma festa muito heterogênea. Tem blocos que se organizam das mais diferentes maneiras: exclusivamente de mulheres, infantis, com posicionamentos políticos. São blocos de tudo que é jeito, de estilos musicais, com banda, artistas, inclusive organizados por estrangeiros. Uma infinidade”, diz o pesquisador de carnaval e doutorando em Sociologia na USP, Vinicius Ribeiro Teixeira.
Segundo ele, as agremiações também são criadas em contextos variados, de grupos de amigos a empresas voltadas a investir na folia. A programação deste ano é concentrada em 11 e 12 de fevereiro (pré-carnaval), de 18 a 21 de fevereiro (carnaval) e 25 e 26 de fevereiro (pós-carnaval).
Nesse cenário, qual bloco é a sua cara? O Estadão dá algumas dicas de desfiles com diferentes perfis. Confira abaixo algumas sugestões e, ao fim do texto, um buscador com as datas, os trajetos e os horários de blocos confirmados em São Paulo.
Clima de balada: blocos organizados por festas
Festas de São Paulo e do Rio vão realizar desfiles nas ruas e avenidas paulistanas, parte delas com a participação de DJs e artistas de repercussão nacional. Neste sábado, por exemplo, terá Baile da Favorita na Rua Laguna, na subprefeitura Santo Amaro, na zona sul, e Carnakoo (da festa Batekoo), no Largo do Paissandu, no centro.
No domingo, 12, a Avenida Brigadeiro Faria Lima, 4.150, na subprefeitura Pinheiros, na zona oeste, receberá o Chá de Alice, com Babado Novo e Juliette, enquanto o Bloco Gambiarra percorrerá a Rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, na zona oeste.
O clima de balada também deve marcar o percurso de blocos de música eletrônica. O Frita Comigo desfilará neste sábado, 11, na Avenida Marquês de São Vicente, 230, na zona oeste. Já o Unidos do BPM se apresentará no sábado de carnaval, 18, com concentração no Pátio do Colégio, no centro.
De Luísa Sonza a Gustavo Mioto, os megablocos com ‘cara de show’
Cantores de popularidade nacional têm a presença confirmada em blocos próprios em São Paulo. As apresentações misturam o clima de carnaval com o de show e estão distribuídas principalmente nos circuitos de megablocos.
No entorno do Parque do Ibirapuera, por exemplo, o sábado de pré-carnaval, 11, terá Alceu Valença (bloco Bicho Maluco Beleza) e Chico César (Estado de Folia). O domingo, 12, será com Maria Rita (Bloco da Maria) e Monobloco. No domingo de carnaval, 19, será a vez do Bloco da Pabllo, da Pabllo Vittar, enquanto a grande atração do pós-carnaval será o grupo BaianaSystem, com o Navio Pirata, no sábado, 25.
Outro circuito com shows é o da Rua Laguna, na subprefeitura Santo Amaro, na zona sul. No dia 11, terá o bloco Beleza Rara, da Banda Eva, enquanto receberá Luísa Sonza, com Modo Surto, no domingo, 12. Já o circuito da Avenida Brigadeiro Faria Lima, 4.150, na subprefeitura Pinheiros, na zona oeste, terá Bloco das Gloriosas (Gloria Groove) no sábado de carnaval, 18, e Bem Sertanejo (Michel Teló) e Bloco do Abrava (Tiago Abravanel), no domingo, 19. No pós-carnaval, no domingo, 26, será a vez do grupo Molejo com o Não Era Amor, Era Cilada.
Na Rua Henrique Schaumann, 567, também em Pinheiros, o grupo Inimigos da HP toca hits do pagode com o Toca um Samba Aí no sábado, 11. Já o sertanejo Gustavo Mito desfilará nesse percurso com o bloco Solteiro Não Trai na terça-feira de carnaval, 21.
Na Avenida Marquês de São Vicente, 230 a 658, na zona oeste, o Bloco da Lexa trará sucessos da funkeira. Como em anos anteriores, o Pipoca da Rainha, de Daniela Mercury, fechará o domingo de pós-carnaval, 26, com um desfile que desce a Rua da Consolação, no centro.
O carnaval ‘raiz’, das marchinhas
Marchinhas clássicas e referências ao carnaval de décadas atrás são preservadas por alguns blocos de São Paulo. O principal exemplo é o Esfarrapado, que desfila há décadas pelas ruas do Bixiga, com saída no domingo, 20, da Rua Treze de Maio, 518
A Turma do Funil, da região da Vila Mariana, desfila no pré-carnaval, dia 11, e o Urubó, na Freguesia do Ó, também estão entre os que mantêm referências de carnavais tradicionais, com cortejos nos dias 12, 18 e 19, sempre no Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó, na zona norte.
Para ‘micaretar’: os blocos de paquera
A paquera faz parte do carnaval. Mas há aqueles blocos que reforçam até no nome esse perfil, como o Que Casar Que Nada, que desfila no dia 25, na Rua Laguna, na subprefeitura de Santo Amaro, o Bloco do Beijo, na Avenida Paulo VI, na subprefeitura Lapa, zona oeste, no dia 11, e Te Pego no Cantinho, no dia 26, no Butantã, zona oeste. Voltados principalmente ao público LGBTI+, o Agrada Gregos desfila no dia 18, no entorno do Parque do Ibirapuera, e o Siga Bem Caminhoneira, tem saída da Praça Marechal Deodoro, em 25 de fevereiro, no centro.
Blocos para levar as crianças
Alguns desfiles em São Paulo são voltados ao público infantil, tanto no repertório quanto nos horários e infraestrutura. Entre eles, estão o Sainha de Chita, que desfila no dia 11, na Praça. Rio dos Campos, na subprefeitura Lapa, o Berço Elétrico (Praça Rosa Alves da Silva, na Vila Mariana) e o Fraldinha Molhada (Rua José Oscar de Abreu Sampaio, na zona leste), no dia 12, o Gente Miúda, em 19 de fevereiro, na subprefeitura Lapa, e o Charanguinha do França, no pós-carnaval, no dia 25, na região central.
Para aglomerar: os blocos que reúnem multidões
Nos megablocos, a estimativa é de dezenas e até centenas de milhares de foliões. Entre eles, estão o Acadêmicos do Baixo Augusta e o Megabloco do Fervo - O Maior da Zona Norte, ambos no domingo de pré-carnaval, 12, com cortejos respectivamente no centro e na subprefeitura Santana/Tucuruvi. Já o Pipoca da Rainha, da cantora Daniela Mercury, e o Navio Pirata, do grupo BaianaSystem, respectivamente em 26 e 25 de fevereiro, no centro e no entorno do Parque do Ibirapuera.
Folia de bairro: bloquinhos para curtir sem grandes aglomerações
Sair dos locais com maior concentração de blocos, como Sé e Pinheiros, é um dos caminhos para fugir das aglomerações. Mesmo nos bairros, alguns desfiles podem atrair milhares de foliões. Uma das dicas é optar por blocos pela manhã e em vias e distritos menos visados, como a Casa Verde, na zona norte, e o Ipiranga, na zona sul. O BenJores, que desfila no dia 20 no Bairro do Limão, espera receber até mil pessoas, assim como o Gal ToTal, no domingo de pré-carnaval, 12, no Butantã.
Pernambuco em SP: blocos inspirados no carnaval de Olinda e Recife
Alguns desfiles em São Paulo trazem referências ao frevo e ao carnaval de Olinda e do Recife. No pré-carnaval, há os blocos Bicho Maluco Beleza, do cantor Alceu Valença, e Olha o Sucesso, ambos com cortejos no sábado, dia 11, respectivamente no entorno do Parque do Ibirapuera e na região central. Na terça-feira de carnaval, 21, é a vez do Galo da Madrugada reunir milhares de foliões também no entorno do Ibirapuera.
Inspiração baiana: desfiles que trazem um pedaço de Salvador
O axé do carnaval de Salvador também está representado em São Paulo. Já no sábado de pré-carnaval, 11, estão marcados os desfiles do Beleza Rara, da Banda Eva, e do Bloco Elástico, respectivamente nas subprefeituras de Santo Amaro e Vila Mariana, na zona sul.
No domingo de carnaval, 19, o Bloco Bahianidade traz ritmos de Salvador e do Recôncavo para o centro. Já o último fim de semana da folia terá o Navio Pirata, do grupo BaianaSystem, e o Pipoca da Rainha, da cantora Daniela Mercury, respectivamente em 25 e 26 de fevereiro.
‘Cariocando’: um carnaval paulistano com referências à folia do Rio
No pré-carnaval, o Paixão Mangueirense, o Bangalafumenga e o Chinelo de Dedo vão tocar sambas no sábado, 11, respectivamente no centro, na Avenida Brigadeiro Faria Lima e na Vila Anglo Brasileira, na zona oeste. O domingo, 12, terá Monobloco no entorno do Parque do Ibirapuera. No sábado de pós-carnaval, 25, o Fogo & Paixão vem do Rio para a Faria Lima apresentar sucessos da música brega.
MPB, rock, forró, rap, pagode... Blocos temáticos para o seu estilo de música
Blocos temáticos de gêneros musicais têm se multiplicado no carnaval paulistano nos últimos anos. No rock, há o Bloco 77 - Os Originais do Punk e o Bloco Emo, por exemplo. O primeiro desfila nos dias 18 e 20, na Rua Barra Funda, no centro expandido. Já o segundo vai às ruas na subprefeitura Santana/Tucuruvi, na zona norte, no dia 20.
No rap, o BeatLoko reúne diversos artistas do gênero no sábado de carnaval, 19, Avenida Marquês de São Vicente, 230, na zona oeste. De música internacional, opções são os blocos O Fabuloso Bloco Amelie Pulando e Sargento Pimenta, ambos no dia 11, na região de Pinheiros, respectivamente com referências francesas e dos Beatles.
No forró, há o Forrozin, da cantora Mariana Aydar, que desfila pelo centro no domingo de carnaval, 20. Já o Bloco Sinfônico traz elementos da música erudita ao Pátio do Colégio no dia 21, enquanto o Unidos do Swing aposta no jazz na segunda-feira de carnaval, 20, também no centro.
Há agremiações especializadas no repertório de ícones da MPB, como Explode Coração (Maria Bethânia), dia 19, no centro, o Filhos de Gil (Gilberto Gil), dia 20, em Pinheiros, e Ritaleena (Rita Lee), com desfiles em 11 (Pinheiros) e 19 (Vila Mariana) de fevereiro. No pagode, o Lua Vai relembra os sucessos dos anos 1990 no dia 20, na Avenida Marquês de São Vicente. Já a música japonesa e coreana estarão nos desfiles do Animes Amigos no sábado de carnaval, 19, na subprefeitura Santana/Tucurivi.
Para preservar a ancestralidade: blocos que mantém a raiz negra do carnaval
A raiz negra do samba e do carnaval é preservada por blocos tradicionais da cidade. O mais conhecido é o Ilú Oba De Min, fundado em 2004 e liderado por mulheres. O grupo desfila duas vezes pelo centro paulistano, na sexta-feira de carnaval, 17, na Praça da República, e no domingo, 19, com saída da Rua Conselheiro Brotero, 195. Neste ano, os cortejos são em homenagem à filósofa Sueli Carneiro.