Carnaval de SP 2024: 1º dia de desfiles tem homenagens a Adriano Imperador e Parque do Ibirapuera


Sete escolas do Grupo Especial desfilaram nesta primeira noite no Sambódromo do Anhembi; confira os principais destaques

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

De Adriano Imperador ao Parque do Ibirapuera, a primeira madrugada de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2024 foi, em grande parte, marcada por homenagens. A maioria das escolas deu destaque ainda para a ancestralidade africana, o que escancarou as diferenças nos acabamentos entre algumas agremiações.

Os pontos altos ficaram por conta de Dragões da Real, Acadêmicos do Tatuapé, Mancha Verde e Rosas de Ouro. Também se apresentaram Barroca Zona Sul, Independente e Camisa Verde e Branco – esta última de volta ao Grupo Especial após 11 anos.

Os desfiles do primeiro dia começaram pontualmente às 23h15 de sexta-feira, 9, e se estenderam por toda a madrugada deste sábado, 10, em um vibrante Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista. Ao contrário do ano passado, em que o carnaval foi marcado por fortes chuvas na cidade, desta vez o clima ficou ameno durante toda a noite.

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Camisa Verde e Branco

A escola Camisa Verde e Branco abriu a noite de desfiles no Anhembi.  Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

“Axé, a Verde e Branco voltou”: foi embalada por esse verso, um dos destaques do samba-enredo “Adenla, o Imperador nas terras do Rei”, que a Camisa Verde e Branco abriu a noite de desfiles. Segundo a agremiação, o objetivo era mostrar que “meninos e meninas nascidos em comunidades podem alcançar voos tão longe quanto os que podem sonhar”.

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À frente do último carro da tradicional escola da Barra Funda, estava um convidado especial: Adriano Imperador. Ex-jogador da Seleção Brasileira e de times como Inter de Milão, Flamengo e São Paulo, ele foi ovacionado ao passar pelo Anhembi. No fim do desfile, os próprios foliões da agremiação se enfileiraram para tirar foto com o ídolo.

Segundo a presidente da agremiação, Erica Ferro, a ideia era representar Adriano recebendo uma coroa de Oxóssi ao fim da apresentação. “Fiz uma promessa que, se a Camisa voltasse pro grupo de elite, a gente iria falar de Oxóssi”, disse. Ela disse que foi difícil conter a emoção após o desfile. “Até agora não consigo acreditar que a Camisa voltou. Estou em choque.”

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Barroca Zona Sul

Na avenida, a Barroca Zona Sul retratou momentos marcantes de sua história. A escola completa 50 anos.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Embalada pelas cores verde e rosa, a Barroca Zona Sul fez uma homenagem ao cinquentenário da agremiação, com o samba-enredo “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso que nós somos a faculdade do samba. 50 anos de Barroca Zona Sul”. A escola foi fundada em 7 de agosto de 1974.

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O destaque da escola ficou por conta das homenagens feitas a Geraldo Sampaio Neto, o “Borjão”, histórico ex-presidente da agremiação que morreu no começo deste ano. “Se escola está onde está, foi graças a ele”, disse Ewerton Sampaio, o “Cebolinha”, presidente da agremiação e filho de Borjão.

Ele afirmou ainda que a escola buscou retratar os carnavais mais históricos de sua história durante o desfile de 50 anos, recordando desfiles que já abordaram desde tradições indígenas a orientais. Outro ponto alto do desfile da Barroca Zona Sul foi a participação da rainha de bateria, Juju Salimeni (ex-Pânico na TV).

Dragões da Real

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A Dragões da Real homenageou o continente africano em sua passagem pelo Anhembi. Figuras emblemáticas, como Cleópatra, passaram pela avenida.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A escola Dragões da Real, que teve como samba-enredo “África, uma constelação de reis e rainhas”, foi a agremiação que apresentou alguns dos carros alegóricos mais imponentes da noite. A escola retratou desde os baobás até outros elementos da flora e da flora do continente, além figuras emblemáticas, como Cleópatra.

A escolha envolveu um extenso trabalho de pesquisa, conta um dos integrantes da agremiação. “A escola tinha uma sede de fazer um enredo afro, e a diretoria queria falar de uma África que é pouco falada”, disse Rafael Villares, enredista da Dragões da Real.

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“Deixamos as alegorias para falar das mulheres, trazendo a força do matriarcado africano. Então cada um dos carros trazia a ideia do feminino”, afirmou. Alguns carros alegóricos chegaram até 15 metros de altura, em desfile que contou com as mãos do carnavalesco Jorge Freitas, que já se sagrou campeão do Grupo Especial com escolas como Gaviões da Fiel, Rosas de Ouro e Mancha Verde.

Independente

A ancestralidade africana também foi tema da escola Independente, cuja bateria se destacou nesta primeira noite.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A escola de samba Independente foi mais uma a abordar a ancestralidade africana, com samba-enredo que recebeu o nome de “Agojie, a lâmina da liberdade”. A ideia ao abordar a tribo de mulheres guerreiras, que inclusive já foi retratada em filme produzido por Viola Davis, era lançar luz sobre a força feminina, segundo representantes da agremiação.

“Preta, tenha a cabeça sempre erguida / Seja valente e destemida em teu valor / Orgulho dessa cor”, diz trecho do canto que embalou a escola na avenida. A bateria da escola se destacou. Os carros alegóricos e os acabamentos das fantasias, no entanto, não chamaram tanta atenção quanto os de outras escolas que abordaram temática parecida.

Acadêmicos do Tatuapé

O Acadêmicos do Tatuapé prestou tributo a Mata de São João, um município da Bahia, em seu desfile. A escola fez alusão a obras em barro, tradicionais no local.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

O Acadêmicos do Tatuapé levou a Bahia para a avenida. A agremiação teve como samba-enredo “Mata de São João - uma joia da Bahia símbolo de preservação! Entre cantos e tambores. Viva a Mata de São João!”, em homenagem ao município baiano conhecido pelas praias do Forte e Imbassaí.

A riqueza dos detalhes e a estética dos carros chamou atenção ao longo do desfile. Além disso, o público parecia estar afinado, cantando trechos do samba-enredo em alguns momentos.

“A gente faz esses ‘apagões’ porque, quando você tem a bateria e o carro de som dentro (do sambódromo), eles acabam abafando um pouco a massa de som da escola”, disse Eduardo Santos, um dos representantes da escola. “Então, propositalmente a gente faz essas paradas.”

Chamaram atenção elementos alegóricos trabalhados para fazer alusão a obras em barro tradicionais da Mata de São João e as transições feitas entre carros, interligando temas como religiosidade e festa de São João. A chegada da escola foi com emoção: os portões se fecharam com 65 minutos e 14 segundos, menos de um minuto antes do limite.

Mancha Verde

Campeã em 2022, a Mancha Verde fez um culto à terra em sua passagem pelo Anhembi.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A Mancha Verde inaugurou a luz do dia no sambódromo deste sábado. Campeã em 2022, na retomada do carnaval após a pandemia de covid-19, a escola teve como tema deste ano “Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta”.

O abre-alas, em meio a isso, fez referência à produção de mel por abelhas. Enquanto outros carros deram destaque para a vida no campo e o plantio de alimentos. Elementos dinâmicos também chamaram a atenção, como um sol girando no último carro, além de uma bateria bastante presente puxada por Viviane Araújo.

O recurso de fazer pequenas pausas para o público cantar o samba-enredo à capela também foi bastante usado pela agremiação. A torcida da Mancha Verde foi uma das mais presentes no sambódromo, com uso de sinalizadores no começo do desfile e centenas de bandeirinhas distribuídas com as cores da escola.

Rosas de Ouro

A Rosas de Ouro fechou o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial levando o Parque Ibirapuera, que completa 70 anos, para a avenida. Em um dos carros alegóricos, 61 foliões pedalavam suspensos entre ferragens.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Uma das agremiações mais tradicionais de São Paulo, a Rosas de Ouro fechou o primeiro com uma vibrante homenagem aos 70 anos do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. A escola foi embalada pelo samba-enredo “Ibira 70 — a Rosas de Ouro é São Paulo no Carnaval 2024″. “Nasce com a flores / Quase Privamera / Árvore de Amores / Meu Ibirapuera”, diz um trecho.

O desfile, que terminou pouco após as 7h, foi marcado por carros alegóricos bastante criativos. Com destaque para um em que 61 foliões pedalavam suspensos entre ferragens e outro que retratava o planetário do parque com uma escultura a cantora Rita Lee no topo.

“A gente tem uma grande vontade de trazer a Rita Lee para a avenida, de ponta a ponta, com toda a irreverência e história da nossa rainha”, disse o vice-presidente da agremiação, Osmar Costa. Enquanto isso não acontece, a escola decidiu retratar a cantora não só no topo do planetário, como também no carro que abriu o desfile.

“Não tem como falar desse lugar (Parque do Ibirapuera) que ela desde pequena frequentava e chamava de ‘floresta encantada’ sem falar dela. Tanto é que a nossa abertura veio com uma ‘floresta encantada’ e com a nossa Rita Lee ainda criança”, acrescentou o vice-presidente.

A abertura do carnaval no sambódromo contou com a presença do governador de São Paulo em exercício, Felício Ramuth, e do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes. Entre a noite deste sábado e a manhã de domingo, 11, haverá a segunda rodada de desfiles, com agremiações como Vai-Vai, de volta ao Grupo Especial, e Gaviões da Fiel. Além da Mocidade Alegre, atual campeã.

De Adriano Imperador ao Parque do Ibirapuera, a primeira madrugada de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2024 foi, em grande parte, marcada por homenagens. A maioria das escolas deu destaque ainda para a ancestralidade africana, o que escancarou as diferenças nos acabamentos entre algumas agremiações.

Os pontos altos ficaram por conta de Dragões da Real, Acadêmicos do Tatuapé, Mancha Verde e Rosas de Ouro. Também se apresentaram Barroca Zona Sul, Independente e Camisa Verde e Branco – esta última de volta ao Grupo Especial após 11 anos.

Os desfiles do primeiro dia começaram pontualmente às 23h15 de sexta-feira, 9, e se estenderam por toda a madrugada deste sábado, 10, em um vibrante Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista. Ao contrário do ano passado, em que o carnaval foi marcado por fortes chuvas na cidade, desta vez o clima ficou ameno durante toda a noite.

Camisa Verde e Branco

A escola Camisa Verde e Branco abriu a noite de desfiles no Anhembi.  Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

“Axé, a Verde e Branco voltou”: foi embalada por esse verso, um dos destaques do samba-enredo “Adenla, o Imperador nas terras do Rei”, que a Camisa Verde e Branco abriu a noite de desfiles. Segundo a agremiação, o objetivo era mostrar que “meninos e meninas nascidos em comunidades podem alcançar voos tão longe quanto os que podem sonhar”.

À frente do último carro da tradicional escola da Barra Funda, estava um convidado especial: Adriano Imperador. Ex-jogador da Seleção Brasileira e de times como Inter de Milão, Flamengo e São Paulo, ele foi ovacionado ao passar pelo Anhembi. No fim do desfile, os próprios foliões da agremiação se enfileiraram para tirar foto com o ídolo.

Segundo a presidente da agremiação, Erica Ferro, a ideia era representar Adriano recebendo uma coroa de Oxóssi ao fim da apresentação. “Fiz uma promessa que, se a Camisa voltasse pro grupo de elite, a gente iria falar de Oxóssi”, disse. Ela disse que foi difícil conter a emoção após o desfile. “Até agora não consigo acreditar que a Camisa voltou. Estou em choque.”

Barroca Zona Sul

Na avenida, a Barroca Zona Sul retratou momentos marcantes de sua história. A escola completa 50 anos.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Embalada pelas cores verde e rosa, a Barroca Zona Sul fez uma homenagem ao cinquentenário da agremiação, com o samba-enredo “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso que nós somos a faculdade do samba. 50 anos de Barroca Zona Sul”. A escola foi fundada em 7 de agosto de 1974.

O destaque da escola ficou por conta das homenagens feitas a Geraldo Sampaio Neto, o “Borjão”, histórico ex-presidente da agremiação que morreu no começo deste ano. “Se escola está onde está, foi graças a ele”, disse Ewerton Sampaio, o “Cebolinha”, presidente da agremiação e filho de Borjão.

Ele afirmou ainda que a escola buscou retratar os carnavais mais históricos de sua história durante o desfile de 50 anos, recordando desfiles que já abordaram desde tradições indígenas a orientais. Outro ponto alto do desfile da Barroca Zona Sul foi a participação da rainha de bateria, Juju Salimeni (ex-Pânico na TV).

Dragões da Real

A Dragões da Real homenageou o continente africano em sua passagem pelo Anhembi. Figuras emblemáticas, como Cleópatra, passaram pela avenida.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A escola Dragões da Real, que teve como samba-enredo “África, uma constelação de reis e rainhas”, foi a agremiação que apresentou alguns dos carros alegóricos mais imponentes da noite. A escola retratou desde os baobás até outros elementos da flora e da flora do continente, além figuras emblemáticas, como Cleópatra.

A escolha envolveu um extenso trabalho de pesquisa, conta um dos integrantes da agremiação. “A escola tinha uma sede de fazer um enredo afro, e a diretoria queria falar de uma África que é pouco falada”, disse Rafael Villares, enredista da Dragões da Real.

“Deixamos as alegorias para falar das mulheres, trazendo a força do matriarcado africano. Então cada um dos carros trazia a ideia do feminino”, afirmou. Alguns carros alegóricos chegaram até 15 metros de altura, em desfile que contou com as mãos do carnavalesco Jorge Freitas, que já se sagrou campeão do Grupo Especial com escolas como Gaviões da Fiel, Rosas de Ouro e Mancha Verde.

Independente

A ancestralidade africana também foi tema da escola Independente, cuja bateria se destacou nesta primeira noite.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A escola de samba Independente foi mais uma a abordar a ancestralidade africana, com samba-enredo que recebeu o nome de “Agojie, a lâmina da liberdade”. A ideia ao abordar a tribo de mulheres guerreiras, que inclusive já foi retratada em filme produzido por Viola Davis, era lançar luz sobre a força feminina, segundo representantes da agremiação.

“Preta, tenha a cabeça sempre erguida / Seja valente e destemida em teu valor / Orgulho dessa cor”, diz trecho do canto que embalou a escola na avenida. A bateria da escola se destacou. Os carros alegóricos e os acabamentos das fantasias, no entanto, não chamaram tanta atenção quanto os de outras escolas que abordaram temática parecida.

Acadêmicos do Tatuapé

O Acadêmicos do Tatuapé prestou tributo a Mata de São João, um município da Bahia, em seu desfile. A escola fez alusão a obras em barro, tradicionais no local.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

O Acadêmicos do Tatuapé levou a Bahia para a avenida. A agremiação teve como samba-enredo “Mata de São João - uma joia da Bahia símbolo de preservação! Entre cantos e tambores. Viva a Mata de São João!”, em homenagem ao município baiano conhecido pelas praias do Forte e Imbassaí.

A riqueza dos detalhes e a estética dos carros chamou atenção ao longo do desfile. Além disso, o público parecia estar afinado, cantando trechos do samba-enredo em alguns momentos.

“A gente faz esses ‘apagões’ porque, quando você tem a bateria e o carro de som dentro (do sambódromo), eles acabam abafando um pouco a massa de som da escola”, disse Eduardo Santos, um dos representantes da escola. “Então, propositalmente a gente faz essas paradas.”

Chamaram atenção elementos alegóricos trabalhados para fazer alusão a obras em barro tradicionais da Mata de São João e as transições feitas entre carros, interligando temas como religiosidade e festa de São João. A chegada da escola foi com emoção: os portões se fecharam com 65 minutos e 14 segundos, menos de um minuto antes do limite.

Mancha Verde

Campeã em 2022, a Mancha Verde fez um culto à terra em sua passagem pelo Anhembi.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A Mancha Verde inaugurou a luz do dia no sambódromo deste sábado. Campeã em 2022, na retomada do carnaval após a pandemia de covid-19, a escola teve como tema deste ano “Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta”.

O abre-alas, em meio a isso, fez referência à produção de mel por abelhas. Enquanto outros carros deram destaque para a vida no campo e o plantio de alimentos. Elementos dinâmicos também chamaram a atenção, como um sol girando no último carro, além de uma bateria bastante presente puxada por Viviane Araújo.

O recurso de fazer pequenas pausas para o público cantar o samba-enredo à capela também foi bastante usado pela agremiação. A torcida da Mancha Verde foi uma das mais presentes no sambódromo, com uso de sinalizadores no começo do desfile e centenas de bandeirinhas distribuídas com as cores da escola.

Rosas de Ouro

A Rosas de Ouro fechou o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial levando o Parque Ibirapuera, que completa 70 anos, para a avenida. Em um dos carros alegóricos, 61 foliões pedalavam suspensos entre ferragens.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Uma das agremiações mais tradicionais de São Paulo, a Rosas de Ouro fechou o primeiro com uma vibrante homenagem aos 70 anos do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. A escola foi embalada pelo samba-enredo “Ibira 70 — a Rosas de Ouro é São Paulo no Carnaval 2024″. “Nasce com a flores / Quase Privamera / Árvore de Amores / Meu Ibirapuera”, diz um trecho.

O desfile, que terminou pouco após as 7h, foi marcado por carros alegóricos bastante criativos. Com destaque para um em que 61 foliões pedalavam suspensos entre ferragens e outro que retratava o planetário do parque com uma escultura a cantora Rita Lee no topo.

“A gente tem uma grande vontade de trazer a Rita Lee para a avenida, de ponta a ponta, com toda a irreverência e história da nossa rainha”, disse o vice-presidente da agremiação, Osmar Costa. Enquanto isso não acontece, a escola decidiu retratar a cantora não só no topo do planetário, como também no carro que abriu o desfile.

“Não tem como falar desse lugar (Parque do Ibirapuera) que ela desde pequena frequentava e chamava de ‘floresta encantada’ sem falar dela. Tanto é que a nossa abertura veio com uma ‘floresta encantada’ e com a nossa Rita Lee ainda criança”, acrescentou o vice-presidente.

A abertura do carnaval no sambódromo contou com a presença do governador de São Paulo em exercício, Felício Ramuth, e do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes. Entre a noite deste sábado e a manhã de domingo, 11, haverá a segunda rodada de desfiles, com agremiações como Vai-Vai, de volta ao Grupo Especial, e Gaviões da Fiel. Além da Mocidade Alegre, atual campeã.

De Adriano Imperador ao Parque do Ibirapuera, a primeira madrugada de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2024 foi, em grande parte, marcada por homenagens. A maioria das escolas deu destaque ainda para a ancestralidade africana, o que escancarou as diferenças nos acabamentos entre algumas agremiações.

Os pontos altos ficaram por conta de Dragões da Real, Acadêmicos do Tatuapé, Mancha Verde e Rosas de Ouro. Também se apresentaram Barroca Zona Sul, Independente e Camisa Verde e Branco – esta última de volta ao Grupo Especial após 11 anos.

Os desfiles do primeiro dia começaram pontualmente às 23h15 de sexta-feira, 9, e se estenderam por toda a madrugada deste sábado, 10, em um vibrante Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista. Ao contrário do ano passado, em que o carnaval foi marcado por fortes chuvas na cidade, desta vez o clima ficou ameno durante toda a noite.

Camisa Verde e Branco

A escola Camisa Verde e Branco abriu a noite de desfiles no Anhembi.  Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

“Axé, a Verde e Branco voltou”: foi embalada por esse verso, um dos destaques do samba-enredo “Adenla, o Imperador nas terras do Rei”, que a Camisa Verde e Branco abriu a noite de desfiles. Segundo a agremiação, o objetivo era mostrar que “meninos e meninas nascidos em comunidades podem alcançar voos tão longe quanto os que podem sonhar”.

À frente do último carro da tradicional escola da Barra Funda, estava um convidado especial: Adriano Imperador. Ex-jogador da Seleção Brasileira e de times como Inter de Milão, Flamengo e São Paulo, ele foi ovacionado ao passar pelo Anhembi. No fim do desfile, os próprios foliões da agremiação se enfileiraram para tirar foto com o ídolo.

Segundo a presidente da agremiação, Erica Ferro, a ideia era representar Adriano recebendo uma coroa de Oxóssi ao fim da apresentação. “Fiz uma promessa que, se a Camisa voltasse pro grupo de elite, a gente iria falar de Oxóssi”, disse. Ela disse que foi difícil conter a emoção após o desfile. “Até agora não consigo acreditar que a Camisa voltou. Estou em choque.”

Barroca Zona Sul

Na avenida, a Barroca Zona Sul retratou momentos marcantes de sua história. A escola completa 50 anos.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Embalada pelas cores verde e rosa, a Barroca Zona Sul fez uma homenagem ao cinquentenário da agremiação, com o samba-enredo “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso que nós somos a faculdade do samba. 50 anos de Barroca Zona Sul”. A escola foi fundada em 7 de agosto de 1974.

O destaque da escola ficou por conta das homenagens feitas a Geraldo Sampaio Neto, o “Borjão”, histórico ex-presidente da agremiação que morreu no começo deste ano. “Se escola está onde está, foi graças a ele”, disse Ewerton Sampaio, o “Cebolinha”, presidente da agremiação e filho de Borjão.

Ele afirmou ainda que a escola buscou retratar os carnavais mais históricos de sua história durante o desfile de 50 anos, recordando desfiles que já abordaram desde tradições indígenas a orientais. Outro ponto alto do desfile da Barroca Zona Sul foi a participação da rainha de bateria, Juju Salimeni (ex-Pânico na TV).

Dragões da Real

A Dragões da Real homenageou o continente africano em sua passagem pelo Anhembi. Figuras emblemáticas, como Cleópatra, passaram pela avenida.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A escola Dragões da Real, que teve como samba-enredo “África, uma constelação de reis e rainhas”, foi a agremiação que apresentou alguns dos carros alegóricos mais imponentes da noite. A escola retratou desde os baobás até outros elementos da flora e da flora do continente, além figuras emblemáticas, como Cleópatra.

A escolha envolveu um extenso trabalho de pesquisa, conta um dos integrantes da agremiação. “A escola tinha uma sede de fazer um enredo afro, e a diretoria queria falar de uma África que é pouco falada”, disse Rafael Villares, enredista da Dragões da Real.

“Deixamos as alegorias para falar das mulheres, trazendo a força do matriarcado africano. Então cada um dos carros trazia a ideia do feminino”, afirmou. Alguns carros alegóricos chegaram até 15 metros de altura, em desfile que contou com as mãos do carnavalesco Jorge Freitas, que já se sagrou campeão do Grupo Especial com escolas como Gaviões da Fiel, Rosas de Ouro e Mancha Verde.

Independente

A ancestralidade africana também foi tema da escola Independente, cuja bateria se destacou nesta primeira noite.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A escola de samba Independente foi mais uma a abordar a ancestralidade africana, com samba-enredo que recebeu o nome de “Agojie, a lâmina da liberdade”. A ideia ao abordar a tribo de mulheres guerreiras, que inclusive já foi retratada em filme produzido por Viola Davis, era lançar luz sobre a força feminina, segundo representantes da agremiação.

“Preta, tenha a cabeça sempre erguida / Seja valente e destemida em teu valor / Orgulho dessa cor”, diz trecho do canto que embalou a escola na avenida. A bateria da escola se destacou. Os carros alegóricos e os acabamentos das fantasias, no entanto, não chamaram tanta atenção quanto os de outras escolas que abordaram temática parecida.

Acadêmicos do Tatuapé

O Acadêmicos do Tatuapé prestou tributo a Mata de São João, um município da Bahia, em seu desfile. A escola fez alusão a obras em barro, tradicionais no local.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

O Acadêmicos do Tatuapé levou a Bahia para a avenida. A agremiação teve como samba-enredo “Mata de São João - uma joia da Bahia símbolo de preservação! Entre cantos e tambores. Viva a Mata de São João!”, em homenagem ao município baiano conhecido pelas praias do Forte e Imbassaí.

A riqueza dos detalhes e a estética dos carros chamou atenção ao longo do desfile. Além disso, o público parecia estar afinado, cantando trechos do samba-enredo em alguns momentos.

“A gente faz esses ‘apagões’ porque, quando você tem a bateria e o carro de som dentro (do sambódromo), eles acabam abafando um pouco a massa de som da escola”, disse Eduardo Santos, um dos representantes da escola. “Então, propositalmente a gente faz essas paradas.”

Chamaram atenção elementos alegóricos trabalhados para fazer alusão a obras em barro tradicionais da Mata de São João e as transições feitas entre carros, interligando temas como religiosidade e festa de São João. A chegada da escola foi com emoção: os portões se fecharam com 65 minutos e 14 segundos, menos de um minuto antes do limite.

Mancha Verde

Campeã em 2022, a Mancha Verde fez um culto à terra em sua passagem pelo Anhembi.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A Mancha Verde inaugurou a luz do dia no sambódromo deste sábado. Campeã em 2022, na retomada do carnaval após a pandemia de covid-19, a escola teve como tema deste ano “Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta”.

O abre-alas, em meio a isso, fez referência à produção de mel por abelhas. Enquanto outros carros deram destaque para a vida no campo e o plantio de alimentos. Elementos dinâmicos também chamaram a atenção, como um sol girando no último carro, além de uma bateria bastante presente puxada por Viviane Araújo.

O recurso de fazer pequenas pausas para o público cantar o samba-enredo à capela também foi bastante usado pela agremiação. A torcida da Mancha Verde foi uma das mais presentes no sambódromo, com uso de sinalizadores no começo do desfile e centenas de bandeirinhas distribuídas com as cores da escola.

Rosas de Ouro

A Rosas de Ouro fechou o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial levando o Parque Ibirapuera, que completa 70 anos, para a avenida. Em um dos carros alegóricos, 61 foliões pedalavam suspensos entre ferragens.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Uma das agremiações mais tradicionais de São Paulo, a Rosas de Ouro fechou o primeiro com uma vibrante homenagem aos 70 anos do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. A escola foi embalada pelo samba-enredo “Ibira 70 — a Rosas de Ouro é São Paulo no Carnaval 2024″. “Nasce com a flores / Quase Privamera / Árvore de Amores / Meu Ibirapuera”, diz um trecho.

O desfile, que terminou pouco após as 7h, foi marcado por carros alegóricos bastante criativos. Com destaque para um em que 61 foliões pedalavam suspensos entre ferragens e outro que retratava o planetário do parque com uma escultura a cantora Rita Lee no topo.

“A gente tem uma grande vontade de trazer a Rita Lee para a avenida, de ponta a ponta, com toda a irreverência e história da nossa rainha”, disse o vice-presidente da agremiação, Osmar Costa. Enquanto isso não acontece, a escola decidiu retratar a cantora não só no topo do planetário, como também no carro que abriu o desfile.

“Não tem como falar desse lugar (Parque do Ibirapuera) que ela desde pequena frequentava e chamava de ‘floresta encantada’ sem falar dela. Tanto é que a nossa abertura veio com uma ‘floresta encantada’ e com a nossa Rita Lee ainda criança”, acrescentou o vice-presidente.

A abertura do carnaval no sambódromo contou com a presença do governador de São Paulo em exercício, Felício Ramuth, e do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes. Entre a noite deste sábado e a manhã de domingo, 11, haverá a segunda rodada de desfiles, com agremiações como Vai-Vai, de volta ao Grupo Especial, e Gaviões da Fiel. Além da Mocidade Alegre, atual campeã.

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