No retorno dos blocos de rua, em São Paulo, coordenadores dos coletivos dos desfiles e demais envolvidos com a realização das festas afirmam que a volta dos cortejos de carnaval, neste sábado, 11, foi satisfatória e tranquila, sem graves problemas. Porém, admitem que esperavam mais foliões nas avenidas e ruas paulistanas, e que a chuva que caiu na capital à tarde foi a principal responsável por espantar o público.
Os números oficiais deste sábado de folia ainda não foram divulgados pela Prefeitura e Polícia Militar até a publicação deste texto.
Para Lira Alli, coordenador do coletivo Arrastão dos Blocos, o clima de “frio e chuva” afastou os foliões das ruas. “O clima do dia de hoje foi muito atípico para o carnaval”, disse. “Sempre chove, mas normalmente são chuvas de verão. Hoje fez frio e chuva intermitente, que fazem aquela vontade de ficar em casa aumentar”, disse.
Ele comentou também sobre o novo horário estabelecido pela Prefeitura, que determinou o encerramento dos últimos blocos às 18h. “A Prefeitura tornou a matinê obrigatória e cercou o carnaval noturno”.
A análise de José Cury, coordenador do coletivo Fórum Aberto dos Blocos, vai na mesma linha: a de que a chuva afetou a presença das pessoas no cortejo. “Mas, entendemos que foi um bom retorno. Vamos ver como a cidade vai sentir. Esperamos que mais pessoas frequentem os blocos neste domingo e na semana que vem”, afirmou.
Por causa da pandemia de covid-19, São Paulo voltou a organizar o carnaval de rua na tradicional data da festa, em fevereiro, depois de três anos. O último foi em 2020. Os desfiles de blocos ainda continuam neste domingo, 12, e dois próximos finais de semana (18, 19, 20 e 21, no feriado de Carnaval; e nos dias 25 e 26, pós-Carnaval).
“Apesar da chuva, os blocos encheram. E isso é uma premissa do que vamos encontrar nos próximos dias, que tendem a ser mais movimentados”, disse Thais Haliski, uma das responsáveis pelo coletivo de blocos de carnaval de rua Comissão Feminina.
Ela diz também que houve reclamações sobre o trânsito e dificuldades de se chegar aos blocos, “por conta de Uber e falta de sinalização nas vias”. Thais cita que as queixas foram direcionadas para as regiões da Vila Madalena, Faria Lima e que em bairros da zona norte o trânsito chegou a ficar mais intenso. “Com isso, as pessoas optaram por ir de transporte público”, disse.
A reportagem esteve nos arredores do Parque Ibirapuera para acompanhar os instantes finais do bloco Bicho Maluco Beleza, que desfilou pela Avenida Pedro Álvares Cabral ao som do cantor pernambucano Alceu Valença, que se apresentou para o público. Autoridades e pessoas que trabalharam na realização do evento afirmaram que o clima durante a festa foi tranquilo e sem problemas.
De acordo com o capitão Bernardes, responsável pelas operações da Policia Militar no bloco, “poucas situações de assaltos ou furtos foram notificadas”, e a festa transcorreu “sem graves ocorrências”. Ao Estadão, ele relatou que a corporação esperava entre 500 mil a 1 milhão de foliões no local, mas, segundo as estimativas feita com base no que foi presenciado, o número de presentes foi de 30 mil.
Ainda no bloco Bicho Maluco Beleza, as equipes de saúde de plantão informaram à reportagem que poucas pessoas precisaram de atendimento durante a festa. Em um dos postos médicos, não foi necessário o uso de ambulâncias para remoção de foliões para hospitais. A maioria dos casos de atendimento, segundo os profissionais ouvidos pela reportagem, foi por excesso de ingestão de bebida alcoólicas.
Também não foi presenciado problemas para a dispersão das pessoas, cujo horário determinado pela prefeitura foi de 19h. As equipes da prefeitura, Guarda Civil Municipal e Limpeza Urbana começaram a fazer a varredura na Avenida Pedro Álvares Cabral e, por volta das 19h, a o lado da via sentido Pinheiros, e ruas do entorno, já tinham sido desbloqueadas e os carros já trafegavam normalmente.
After
Com o término dos blocos no final da tarde e início da noite - além da trégua da chuva -, as pessoas aproveitaram para continuar a festa em bares de bairros boêmios da capital. O pós-blocos, apelidado pela comunidade carnavalesca de “chorume”, pode ser notado em locais como Pinheiros e Vila Madalena. Porém, assim como visto nos cortejos, os “aftershave” se mostravam animados, mas mornos em termos de volume e agitação.
Ainda com adereços usados nos blocos e glitter no rosto, foliões se deslocaram para a Rua Guaiçuí, em Pinheiros, para continuar as festividades. Com a via fechada para carros, os restaurantes e bares tiveram permissão de colocar mesas nas calçadas e na rua. Apesar de lotada, e com pouco espaço para transitar, um dos funcionários de um dos estabelecimentos considerou o movimento de pessoas “fraco” em comparação com outros finais de semana.
Na Vila Madalena, os principais agitos foram percebidos no cruzamento das ruas Fradique Coutinho com a Aspicuelta, que foi fechada temporiamente para os carros e liberada pouco depois das 22h. Na região, também havia foliões remanescentes dos blocos, mas em volume consideravelmente menor em relação ao bairro Pinheiros.