A região central de São Paulo viveu uma noite de alagamentos e transtornos em série na quarta-feira, 10. Foi o terceiro dia seguido de fortes chuvas na capital paulista, que voltou a registrar enxurradas, quedas de árvore e falta de luz. Em bairros do centro, o fluxo de água bloqueou vias e afetou prédios, casas e comércios.
De acordo com os bombeiros, foram registrados 35 chamados para queda de árvores entre 14 horas de quarta-feira e às 5 horas da manhã desta quinta-feira, 11, na capital e região metropolitana. Segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo, 26 chamados se concentraram na capital paulista.
Houve ainda 15 chamados para atendimento em alagamentos na cidade entre 18h30 e 22h; dez deles foram em bairros do centro como República, Santa Cecília e Bela Vista. A reportagem do Estadão observou os efeitos das enxurradas também em vias da Barra Funda. Até 22h30, não havia registro de pessoas feridas.
Registros divulgados por moradores mostraram vias como a Avenida São João totalmente alagada nos dois sentidos. O acúmulo de água era notado em vias adjacentes como a Rua Helvétia, um ponto que já tinha observado alagamento na segunda-feira, 8, dia do primeiro temporal da semana.
Na Rua Barão de Limeira, nos Campos Elíseos, uma farmácia foi inundada e perdeu produtos, como fraldas, remédios e suplementos alimentares, que foram levados pela enxurrada. Imagens feitas pela reportagem mostram o interior da loja com os medicamentos, cosméticos e vários outros objetos espalhados pelo chão, na fachada do estabelecimento. Parte das mercadorias também pôde ser vista nas calçadas, a metros de distância da farmácia atingida.
Os efeitos também foram sentidos na Bela Vista. Na região da Avenida Paulista, semáforos tiveram o funcionamento comprometido. Moradores relataram carros presos em alagamentos em diferentes bairros.
Na Rua Cardoso de Almeida, em Perdizes, na zona oeste, uma árvore caiu junto com um poste sobre a via. A região registrava falta de luz. Na zona sul, uma árvore tombada atingiu três veículos, mas não deixou feridos.
Prédio em bairro da zona sul de SP corre risco de desabar
Um prédio localizado no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, corre o risco de desabar, segundo confirmou a Prefeitura de São Paulo na manhã desta quinta-feira. A Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), por meio da Subprefeitura de Campo Limpo, recebeu um chamado referente à queda de um muro de um condomínio no Jardim Germânia, localizado na Rua Doutor José Serra Ribeiro, 300.
“O agente vistor foi até o local e as devidas providências foram tomadas como: solicitação de desocupação do local por risco de ruína, além do pedido de interdição emitido para a área particular”, afirmou ainda a Prefeitura de São Paulo.
Segundo a defesa civil estadual, devido as fortes chuvas de quarta-feira, parte do muro deste condomínio no Capão Redondo desabou. Após vistoria, foi constatado que o desabamento ocorreu em razão de uma erosão, conforme informações repassadas pela defesa civil municipal.
Uma nova vistoria será realizada no local ainda pela manhã, de acordo com o órgão estadual.
Deslizamento em Osasco
Segundo a Defesa Civil de Osasco, no início da noite desta quarta-feira, foi registrado um delizamento de terra na Rua Castanha do Pará, em frente ao número 40, Jardim Bonança.
A Defesa Civil foi acionada e encaminhou equipes ao local, que, após realização de vistoria, constataram o deslizamento de terra devido a escavação do talude, que, com as pancadas de chuva, contribuíram para o evento.
Ao menos 28 residências foram interditadas preventivamente e 62 pessoas desalojadas, que foram encaminhadas para casas de familiares e amigos.
Acumulados de chuva na quarta-feira
A Defesa Civil do Estado Estado de São Paulo afirma ainda que na quarta-feira, foram registrados acumulados de chuva que variaram entre 34mm e 82mm, com destaque para o bairro da Luz, no centro da capital paulista, com 82 mm e os municípios de Taubaté com 60mm. Na sequência aparecem: Itaquaquecetuba (55mm), Carapicuíba (48mm), Osasco (47mm), Guararema (42mm), Barueri (39mm) e São José dos Campos (34mm).
Rajadas de vento chegaram a 90km/h em Bragança Paulista. Na região do aeroporto de Congonhas, na zona sul da cidade de São Paulo, foram registrados 63 km/h, de acordo com informações divulgadas na manhã desta quinta-feira.
Desde o início da semana, a ocorrência de temporais tem deixado um rastro de estragos na cidade e região metropolitana. Nesta terça-feira, um homem de 62 anos morreu eletrocutado após a queda de um fio energizado em Moema, na zona sul. Na segunda-feira, parte da estrutura de manutenção da marquise do Ibirapuera desabou e deixou quatro pessoas feridas.
Balanço de queda de árvores em todo o Estado de SP, de acordo com a defesa civil estadual:
- Dia 8 - 300 chamados;
- Dia 9 - 200 chamados;
- Dia 10 - 90 chamados.
No centro, as ruas Amaral Gurgel e General Jardim, apresentavam um acúmulo de água sobre a calçada e próximo da entrada de estabelecimentos comerciais da região na quarta-feira. Na Barra Funda, a reportagem do Estadão também constatou alagamento e um fluxo intenso de água nas ruas.
Temporal atingiu todas as regiões
De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), órgão da Prefeitura de São Paulo, todas áreas da cidade, incluindo as marginais do Pinheiros e do Tietê, ficaram com risco de alagamentos desde o período da tarde até a noite.
A Defesa Civil informou que a chuva ganhou força no centro expandido da capital paulista na noite de quarta. E, por apresentar um deslocamento lento, potencializaria “a formação de alagamentos” na região.
Os radares do CGE identificaram também, no período da noite, chuva de moderada intensidade na região do centro, na zona norte, entre os bairros de Santana e Tremembé, e também na zona oeste, entre os bairros de Pinheiros e Lapa.
Segundo o CGE, as chuvas desta quarta são provocadas pela mesma combinação de fatores climáticos que têm causado os fortes temporais dos últimos dois dias: altas temperaturas com a entrada de uma brisa marítima na capital paulista.
Por conta dos fortes temporais nesta semana, o Corpo de Bombeiros precisou atender a centenas de ocorrências para quedas de árvores, e muitos moradores relataram quedas de energias e constantes apagões.
Falta de energia
Ao longo dos últimos três dias, moradores de diversas regiões da capital paulista estão reclamando de falta de luz. Engenheiro que vive no Brooklin, na zona sul da cidade, passou 38 horas sem luz, entre segunda e quarta, após recorrência de temporais na capital.
A Enel Distribuição São Paulo disse nesta quinta-feira que normalizou o fornecimento de energia para os clientes afetados pelas fortes chuvas que atingiram parte de sua área de concessão na última segunda-feira. A companhia acrescenta que já restabeleceu o serviço para praticamente a totalidade dos clientes impactados pelas chuvas de terça-feira.
“Um temporal atinge novamente algumas regiões e a companhia segue com reforço das equipes emergenciais em campo para restabelecer o fornecimento dos clientes que tiveram o serviço afetado também no fim da tarde e noite de quarta-feira. Vale ressaltar que, durante essa semana, as quedas de árvores destruíram trechos da rede e o trabalho de reconstrução em cada uma dessas ocorrência é complexo, envolve a substituição de cabos e postes, entre outros equipamentos”, afirmou a companhia.
Para comunicar falta de luz, o consumidor pode entrar em contato pelos seguintes canais digitais:
- SMS para o número 27373 com a palavra LUZ, seguida pelo número da instalação sem espaços. Exemplo: LUZ012345678;
- App Enel São Paulo;
- WhatsApp Enel: (21) 99601-9608;
- Agência virtual do site.
Previsão para mais chuva nos próximos dias
O dia amanheceu marcado pela variação de nebulosidade em todo o território paulista. No decorrer das horas, a formação de um sistema de baixa pressão localizado em alto mar deve contribuir para a formação de áreas de instabilidade em todo o Estado paulista.
Diante deste cenário, haverá condições para pancadas de chuva no período diurno em todo o território paulista. “Essas pancadas devem vir acompanhadas de rajadas de vento, descargas elétricas e até mesmo com possibilidade para ocorrência de granizo isolado. No litoral paulista, essa chuva deve adotar um comportamento intermitente, intercalando entre momentos com intensidade moderada e forte.”
Conforme a defesa civil estadual, não há indicativo para acumulados expressivos para o dia, contudo, como haverá intervalos com pancadas mais fortes e até mesmo temporais, possíveis transtornos não devem ser descartados, principalmente em áreas de risco.
Na sexta-feira, 12, a sensação será de tempo abafado, de acordo com o CGE da capital paulista. O sol aparecerá entre nuvens pela manhã. No entanto, nas primeiras horas da tarde, a propagação de uma frente fria muda o tempo, provocando chuva em forma de pancadas generalizadas.
“As chuvas podem se prolongar para o período da noite, e há potencial para formação de alagamentos e transbordamentos de rios e córregos. Atenção com as áreas de encosta, pois o solo encharcado aumenta o risco de deslizamentos de terra”, alerta ainda o órgão municipal.
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