Comerciantes de Higienópolis e Santa Cecília relatam prejuízo com apagão em SP: ‘Dia perdido’


Luz voltou por volta das 18h em alguns pontos, mas boa parte do centro continuava às escuras; Enel afirma estar trabalhando para resolver problema na rede subterrânea e Sabesp investiga a situação

Por Caio Possati e Rariane Costa
Atualização:

O apagão que acometeu os bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque, no centro de São Paulo, impactou negativamente o comércio, restaurantes e estabelecimentos da região, nesta segunda-feira, 18. Gerentes, vendedores farmacêuticos e outros profissionais ouvidos pelo Estadão relataram, com lanternas do celular em mãos, que viveram um “dia perdido”.

Sem energia elétrica desde a manhã, não tinham como marcar pedidos, efetuar pagamentos, registrar as vendas no sistema ou atender pacientes, como aconteceu em um consultório odontológico na Rua das Palmeiras, onde a reportagem esteve na tarde desta segunda.

Muitos estabelecimentos recorreram a velas para atender aos clientes Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO
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Também relataram medo da ação de criminosos, que poderiam se aproveitar do escuro das lojas e do não funcionamento de câmeras de monitoramento para efetuar assaltos. Por volta das 18h, a luz voltou em pontos da Santa Cecília e da Consolação, mas a Vila Buarque, por exemplo, continuava às escuras.

Em nota, a Enel informou que uma escavação realizada pela Sabesp na região central de São Paulo atingiu acidentalmente cabos da rede subterrânea da distribuidora, causando interrupção no fornecimento de energia em parte dos bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.

“A interrupção ocorreu hoje por volta das 10h30. De imediato, a companhia deslocou equipes de técnicos e eletricistas ao local para identificar a causa e realizar o reparo da rede. Em paralelo, a Enel disponibilizou geradores para atender um hospital e outros clientes prioritários. Em função das características envolvendo a rede subterrânea que atende aquela região, as equipes da distribuidora atuaram em parceria com a Sabesp durante toda a tarde e seguem trabalhando para normalizar o serviço. A companhia realizou manobras para isolar o trecho afetado e está realizando as ações necessária para restabelecer a energia para todos”, informou a Enel.

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Também em nota, a Sabesp disse que investiga a situação. “Avaliação preliminar constatou que as obras de manutenção e ligação nos ramais de esgoto não danificaram a rede elétrica subterrânea. A escavação foi feita manualmente, a partir das 11h, sem deslocamento da fiação.”

No caso de estabelecimentos alimentícios, a preocupação se agravou com a necessidade de manter os alimentos refrigerados, e até saber se aparelhos e eletrodomésticos não queimaram com a queda brusca de energia.

“Estamos esperando a luz voltar para saber se o nosso freezer está funcionando”, disse Val Godoy, gerente de um restaurante da Rua das Palmeiras. “Tivemos um prejuízo de, no mínimo R$ 5 mil, fora os alimentos que vamos ter que jogar no lixo”, disse a empresária.

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Comerciantes reclamam da queda de faturamento com a falta de energia no centro de SP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Pouco acima do restaurante administrado por Val, um açougue também vive a tensão de saber como proceder com a refrigeração das carnes. “Estamos estocando na câmara fria (de refrigeração) que está gelada porque tá abastecida com a energia da madrugada. Mas, suporta até às 20h”, disse o açougueiro Elielson Souza.

Ele comentou também que não conseguiu vender nesta segunda desde o momento do apagão. “Não tinha como usar a balança, não tinha como pesar e nem pagar porque estamos sem maquininha e sistema.”

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A farmacêutica Ana Fonseca diz que precisou transferir os medicamentos que precisam ser armazenados em um freezer para outra drogaria. Com o apagão, ela também comentou que tinha dificuldades de fazer o balanço dos remédios no estoque, que fica no fundo da farmácia e que ficou tomado pela escuridão.

”Não deu para fazer muita coisa. Foi um dia perdido. Não dava nem para dar injeção em paciente ou enviar algum medicamento para aqueles que encomendam”, lamentou. “Estamos à deriva”.

O dentista Marcos Paulo Correa disse que o prejuízo não foi apenas financeiro, “mas moral também”. “Tem pacientes que iriam fazer um implante dentário hoje, mas tivemos que remarcar. E é difícil reagendar porque a data tem que casar com a disponibilidade do especialista que faz esse tipo de cirurgia. E não é todo dia que o profissional pode”, conta Correa.

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“O paciente espera tanto por esse dia, e não poder fazer acontecer gera uma frustração muito grande”, acrescentou o dentista.

Comércio do bairro de Santa Cecília, no centro da capital, ficou às escuras nesta segunda-feira Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Prejuízos e medo de assaltos

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Comércios da Rua das Palmeiras já tinham fechado as portas antes das 17h. Quem permanecia aberto, não arriscou se estender por muito além desse horário. Até quem não teve a loja ou o comércio afetado pela queda de energia, também optou por encerrar o expediente mais cedo, com medo de ser um alvo fácil de criminosos.

“Meu irmão, que tem um comércio do outro lado da rua, fechou mais cedo porque estava sem luz”, disse a vendedora Sônia Mendes, dona de uma loja de roupas. “Como eu me sinto mais segura quando ele está por aqui, vou fechar agora também”, disse a comerciante à reportagem, às 17h, duas horas antes do horário convencional que ela diz estar habituada a encerrar as atividade.

Anderson Boeira, dono de uma sorveteria na Vila Buarque, chegou a perder mais de 50 potes de sorvetes de 400 ml por causa do apagão desta segunda. O prejuízo só com esses produtos gira em torno de R$ 1.900.

“Nosso comércio é pequeno, não tem condições de comprar um gerador. Se eu tentar transferir para uma câmara fria, corro o risco de perder a qualidade do produto nesse transporte” diz o empresário.

Ele estima que a perda dos sorvetes e um dia inteiro sem vendas geraram ao seu comércio um prejuízo de R$ 5 mil a R$ 7 mil. A perda não foi maior, diz ele, porque outros freezers da loja conseguiram manter os sorvetes condicionados e na temperatura padrão da sua produção.

Ele ainda lamentou pelo incidente acontecer em um dia que prometia ser de altas vendas. “Era um dia importante por causa da onda de calor. Eu deixei de atender em torno de 200 a 300 clientes, que é a média em dias com esses picos de altas temperaturas.”

Pamela Puertas, proprietária de uma padaria de produção artesanal, localizada na Vila Buarque, reclama que o apagão lhe tirou um dia de útil na semana.

“A gente não abre às segundas porque fazemos a produção para o dia seguinte. Como não conseguimos preparar nada hoje, teremos que fechar a padaria amanhã (terça-feira, 19) para preparar os produtos e só abrir na quarta”, disse. “Bagunçou toda nossa semana.”

O apagão que acometeu os bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque, no centro de São Paulo, impactou negativamente o comércio, restaurantes e estabelecimentos da região, nesta segunda-feira, 18. Gerentes, vendedores farmacêuticos e outros profissionais ouvidos pelo Estadão relataram, com lanternas do celular em mãos, que viveram um “dia perdido”.

Sem energia elétrica desde a manhã, não tinham como marcar pedidos, efetuar pagamentos, registrar as vendas no sistema ou atender pacientes, como aconteceu em um consultório odontológico na Rua das Palmeiras, onde a reportagem esteve na tarde desta segunda.

Muitos estabelecimentos recorreram a velas para atender aos clientes Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Também relataram medo da ação de criminosos, que poderiam se aproveitar do escuro das lojas e do não funcionamento de câmeras de monitoramento para efetuar assaltos. Por volta das 18h, a luz voltou em pontos da Santa Cecília e da Consolação, mas a Vila Buarque, por exemplo, continuava às escuras.

Em nota, a Enel informou que uma escavação realizada pela Sabesp na região central de São Paulo atingiu acidentalmente cabos da rede subterrânea da distribuidora, causando interrupção no fornecimento de energia em parte dos bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.

“A interrupção ocorreu hoje por volta das 10h30. De imediato, a companhia deslocou equipes de técnicos e eletricistas ao local para identificar a causa e realizar o reparo da rede. Em paralelo, a Enel disponibilizou geradores para atender um hospital e outros clientes prioritários. Em função das características envolvendo a rede subterrânea que atende aquela região, as equipes da distribuidora atuaram em parceria com a Sabesp durante toda a tarde e seguem trabalhando para normalizar o serviço. A companhia realizou manobras para isolar o trecho afetado e está realizando as ações necessária para restabelecer a energia para todos”, informou a Enel.

Também em nota, a Sabesp disse que investiga a situação. “Avaliação preliminar constatou que as obras de manutenção e ligação nos ramais de esgoto não danificaram a rede elétrica subterrânea. A escavação foi feita manualmente, a partir das 11h, sem deslocamento da fiação.”

No caso de estabelecimentos alimentícios, a preocupação se agravou com a necessidade de manter os alimentos refrigerados, e até saber se aparelhos e eletrodomésticos não queimaram com a queda brusca de energia.

“Estamos esperando a luz voltar para saber se o nosso freezer está funcionando”, disse Val Godoy, gerente de um restaurante da Rua das Palmeiras. “Tivemos um prejuízo de, no mínimo R$ 5 mil, fora os alimentos que vamos ter que jogar no lixo”, disse a empresária.

Comerciantes reclamam da queda de faturamento com a falta de energia no centro de SP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Pouco acima do restaurante administrado por Val, um açougue também vive a tensão de saber como proceder com a refrigeração das carnes. “Estamos estocando na câmara fria (de refrigeração) que está gelada porque tá abastecida com a energia da madrugada. Mas, suporta até às 20h”, disse o açougueiro Elielson Souza.

Ele comentou também que não conseguiu vender nesta segunda desde o momento do apagão. “Não tinha como usar a balança, não tinha como pesar e nem pagar porque estamos sem maquininha e sistema.”

A farmacêutica Ana Fonseca diz que precisou transferir os medicamentos que precisam ser armazenados em um freezer para outra drogaria. Com o apagão, ela também comentou que tinha dificuldades de fazer o balanço dos remédios no estoque, que fica no fundo da farmácia e que ficou tomado pela escuridão.

”Não deu para fazer muita coisa. Foi um dia perdido. Não dava nem para dar injeção em paciente ou enviar algum medicamento para aqueles que encomendam”, lamentou. “Estamos à deriva”.

O dentista Marcos Paulo Correa disse que o prejuízo não foi apenas financeiro, “mas moral também”. “Tem pacientes que iriam fazer um implante dentário hoje, mas tivemos que remarcar. E é difícil reagendar porque a data tem que casar com a disponibilidade do especialista que faz esse tipo de cirurgia. E não é todo dia que o profissional pode”, conta Correa.

“O paciente espera tanto por esse dia, e não poder fazer acontecer gera uma frustração muito grande”, acrescentou o dentista.

Comércio do bairro de Santa Cecília, no centro da capital, ficou às escuras nesta segunda-feira Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Prejuízos e medo de assaltos

Comércios da Rua das Palmeiras já tinham fechado as portas antes das 17h. Quem permanecia aberto, não arriscou se estender por muito além desse horário. Até quem não teve a loja ou o comércio afetado pela queda de energia, também optou por encerrar o expediente mais cedo, com medo de ser um alvo fácil de criminosos.

“Meu irmão, que tem um comércio do outro lado da rua, fechou mais cedo porque estava sem luz”, disse a vendedora Sônia Mendes, dona de uma loja de roupas. “Como eu me sinto mais segura quando ele está por aqui, vou fechar agora também”, disse a comerciante à reportagem, às 17h, duas horas antes do horário convencional que ela diz estar habituada a encerrar as atividade.

Anderson Boeira, dono de uma sorveteria na Vila Buarque, chegou a perder mais de 50 potes de sorvetes de 400 ml por causa do apagão desta segunda. O prejuízo só com esses produtos gira em torno de R$ 1.900.

“Nosso comércio é pequeno, não tem condições de comprar um gerador. Se eu tentar transferir para uma câmara fria, corro o risco de perder a qualidade do produto nesse transporte” diz o empresário.

Ele estima que a perda dos sorvetes e um dia inteiro sem vendas geraram ao seu comércio um prejuízo de R$ 5 mil a R$ 7 mil. A perda não foi maior, diz ele, porque outros freezers da loja conseguiram manter os sorvetes condicionados e na temperatura padrão da sua produção.

Ele ainda lamentou pelo incidente acontecer em um dia que prometia ser de altas vendas. “Era um dia importante por causa da onda de calor. Eu deixei de atender em torno de 200 a 300 clientes, que é a média em dias com esses picos de altas temperaturas.”

Pamela Puertas, proprietária de uma padaria de produção artesanal, localizada na Vila Buarque, reclama que o apagão lhe tirou um dia de útil na semana.

“A gente não abre às segundas porque fazemos a produção para o dia seguinte. Como não conseguimos preparar nada hoje, teremos que fechar a padaria amanhã (terça-feira, 19) para preparar os produtos e só abrir na quarta”, disse. “Bagunçou toda nossa semana.”

O apagão que acometeu os bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque, no centro de São Paulo, impactou negativamente o comércio, restaurantes e estabelecimentos da região, nesta segunda-feira, 18. Gerentes, vendedores farmacêuticos e outros profissionais ouvidos pelo Estadão relataram, com lanternas do celular em mãos, que viveram um “dia perdido”.

Sem energia elétrica desde a manhã, não tinham como marcar pedidos, efetuar pagamentos, registrar as vendas no sistema ou atender pacientes, como aconteceu em um consultório odontológico na Rua das Palmeiras, onde a reportagem esteve na tarde desta segunda.

Muitos estabelecimentos recorreram a velas para atender aos clientes Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Também relataram medo da ação de criminosos, que poderiam se aproveitar do escuro das lojas e do não funcionamento de câmeras de monitoramento para efetuar assaltos. Por volta das 18h, a luz voltou em pontos da Santa Cecília e da Consolação, mas a Vila Buarque, por exemplo, continuava às escuras.

Em nota, a Enel informou que uma escavação realizada pela Sabesp na região central de São Paulo atingiu acidentalmente cabos da rede subterrânea da distribuidora, causando interrupção no fornecimento de energia em parte dos bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.

“A interrupção ocorreu hoje por volta das 10h30. De imediato, a companhia deslocou equipes de técnicos e eletricistas ao local para identificar a causa e realizar o reparo da rede. Em paralelo, a Enel disponibilizou geradores para atender um hospital e outros clientes prioritários. Em função das características envolvendo a rede subterrânea que atende aquela região, as equipes da distribuidora atuaram em parceria com a Sabesp durante toda a tarde e seguem trabalhando para normalizar o serviço. A companhia realizou manobras para isolar o trecho afetado e está realizando as ações necessária para restabelecer a energia para todos”, informou a Enel.

Também em nota, a Sabesp disse que investiga a situação. “Avaliação preliminar constatou que as obras de manutenção e ligação nos ramais de esgoto não danificaram a rede elétrica subterrânea. A escavação foi feita manualmente, a partir das 11h, sem deslocamento da fiação.”

No caso de estabelecimentos alimentícios, a preocupação se agravou com a necessidade de manter os alimentos refrigerados, e até saber se aparelhos e eletrodomésticos não queimaram com a queda brusca de energia.

“Estamos esperando a luz voltar para saber se o nosso freezer está funcionando”, disse Val Godoy, gerente de um restaurante da Rua das Palmeiras. “Tivemos um prejuízo de, no mínimo R$ 5 mil, fora os alimentos que vamos ter que jogar no lixo”, disse a empresária.

Comerciantes reclamam da queda de faturamento com a falta de energia no centro de SP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Pouco acima do restaurante administrado por Val, um açougue também vive a tensão de saber como proceder com a refrigeração das carnes. “Estamos estocando na câmara fria (de refrigeração) que está gelada porque tá abastecida com a energia da madrugada. Mas, suporta até às 20h”, disse o açougueiro Elielson Souza.

Ele comentou também que não conseguiu vender nesta segunda desde o momento do apagão. “Não tinha como usar a balança, não tinha como pesar e nem pagar porque estamos sem maquininha e sistema.”

A farmacêutica Ana Fonseca diz que precisou transferir os medicamentos que precisam ser armazenados em um freezer para outra drogaria. Com o apagão, ela também comentou que tinha dificuldades de fazer o balanço dos remédios no estoque, que fica no fundo da farmácia e que ficou tomado pela escuridão.

”Não deu para fazer muita coisa. Foi um dia perdido. Não dava nem para dar injeção em paciente ou enviar algum medicamento para aqueles que encomendam”, lamentou. “Estamos à deriva”.

O dentista Marcos Paulo Correa disse que o prejuízo não foi apenas financeiro, “mas moral também”. “Tem pacientes que iriam fazer um implante dentário hoje, mas tivemos que remarcar. E é difícil reagendar porque a data tem que casar com a disponibilidade do especialista que faz esse tipo de cirurgia. E não é todo dia que o profissional pode”, conta Correa.

“O paciente espera tanto por esse dia, e não poder fazer acontecer gera uma frustração muito grande”, acrescentou o dentista.

Comércio do bairro de Santa Cecília, no centro da capital, ficou às escuras nesta segunda-feira Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Prejuízos e medo de assaltos

Comércios da Rua das Palmeiras já tinham fechado as portas antes das 17h. Quem permanecia aberto, não arriscou se estender por muito além desse horário. Até quem não teve a loja ou o comércio afetado pela queda de energia, também optou por encerrar o expediente mais cedo, com medo de ser um alvo fácil de criminosos.

“Meu irmão, que tem um comércio do outro lado da rua, fechou mais cedo porque estava sem luz”, disse a vendedora Sônia Mendes, dona de uma loja de roupas. “Como eu me sinto mais segura quando ele está por aqui, vou fechar agora também”, disse a comerciante à reportagem, às 17h, duas horas antes do horário convencional que ela diz estar habituada a encerrar as atividade.

Anderson Boeira, dono de uma sorveteria na Vila Buarque, chegou a perder mais de 50 potes de sorvetes de 400 ml por causa do apagão desta segunda. O prejuízo só com esses produtos gira em torno de R$ 1.900.

“Nosso comércio é pequeno, não tem condições de comprar um gerador. Se eu tentar transferir para uma câmara fria, corro o risco de perder a qualidade do produto nesse transporte” diz o empresário.

Ele estima que a perda dos sorvetes e um dia inteiro sem vendas geraram ao seu comércio um prejuízo de R$ 5 mil a R$ 7 mil. A perda não foi maior, diz ele, porque outros freezers da loja conseguiram manter os sorvetes condicionados e na temperatura padrão da sua produção.

Ele ainda lamentou pelo incidente acontecer em um dia que prometia ser de altas vendas. “Era um dia importante por causa da onda de calor. Eu deixei de atender em torno de 200 a 300 clientes, que é a média em dias com esses picos de altas temperaturas.”

Pamela Puertas, proprietária de uma padaria de produção artesanal, localizada na Vila Buarque, reclama que o apagão lhe tirou um dia de útil na semana.

“A gente não abre às segundas porque fazemos a produção para o dia seguinte. Como não conseguimos preparar nada hoje, teremos que fechar a padaria amanhã (terça-feira, 19) para preparar os produtos e só abrir na quarta”, disse. “Bagunçou toda nossa semana.”

O apagão que acometeu os bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque, no centro de São Paulo, impactou negativamente o comércio, restaurantes e estabelecimentos da região, nesta segunda-feira, 18. Gerentes, vendedores farmacêuticos e outros profissionais ouvidos pelo Estadão relataram, com lanternas do celular em mãos, que viveram um “dia perdido”.

Sem energia elétrica desde a manhã, não tinham como marcar pedidos, efetuar pagamentos, registrar as vendas no sistema ou atender pacientes, como aconteceu em um consultório odontológico na Rua das Palmeiras, onde a reportagem esteve na tarde desta segunda.

Muitos estabelecimentos recorreram a velas para atender aos clientes Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Também relataram medo da ação de criminosos, que poderiam se aproveitar do escuro das lojas e do não funcionamento de câmeras de monitoramento para efetuar assaltos. Por volta das 18h, a luz voltou em pontos da Santa Cecília e da Consolação, mas a Vila Buarque, por exemplo, continuava às escuras.

Em nota, a Enel informou que uma escavação realizada pela Sabesp na região central de São Paulo atingiu acidentalmente cabos da rede subterrânea da distribuidora, causando interrupção no fornecimento de energia em parte dos bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.

“A interrupção ocorreu hoje por volta das 10h30. De imediato, a companhia deslocou equipes de técnicos e eletricistas ao local para identificar a causa e realizar o reparo da rede. Em paralelo, a Enel disponibilizou geradores para atender um hospital e outros clientes prioritários. Em função das características envolvendo a rede subterrânea que atende aquela região, as equipes da distribuidora atuaram em parceria com a Sabesp durante toda a tarde e seguem trabalhando para normalizar o serviço. A companhia realizou manobras para isolar o trecho afetado e está realizando as ações necessária para restabelecer a energia para todos”, informou a Enel.

Também em nota, a Sabesp disse que investiga a situação. “Avaliação preliminar constatou que as obras de manutenção e ligação nos ramais de esgoto não danificaram a rede elétrica subterrânea. A escavação foi feita manualmente, a partir das 11h, sem deslocamento da fiação.”

No caso de estabelecimentos alimentícios, a preocupação se agravou com a necessidade de manter os alimentos refrigerados, e até saber se aparelhos e eletrodomésticos não queimaram com a queda brusca de energia.

“Estamos esperando a luz voltar para saber se o nosso freezer está funcionando”, disse Val Godoy, gerente de um restaurante da Rua das Palmeiras. “Tivemos um prejuízo de, no mínimo R$ 5 mil, fora os alimentos que vamos ter que jogar no lixo”, disse a empresária.

Comerciantes reclamam da queda de faturamento com a falta de energia no centro de SP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Pouco acima do restaurante administrado por Val, um açougue também vive a tensão de saber como proceder com a refrigeração das carnes. “Estamos estocando na câmara fria (de refrigeração) que está gelada porque tá abastecida com a energia da madrugada. Mas, suporta até às 20h”, disse o açougueiro Elielson Souza.

Ele comentou também que não conseguiu vender nesta segunda desde o momento do apagão. “Não tinha como usar a balança, não tinha como pesar e nem pagar porque estamos sem maquininha e sistema.”

A farmacêutica Ana Fonseca diz que precisou transferir os medicamentos que precisam ser armazenados em um freezer para outra drogaria. Com o apagão, ela também comentou que tinha dificuldades de fazer o balanço dos remédios no estoque, que fica no fundo da farmácia e que ficou tomado pela escuridão.

”Não deu para fazer muita coisa. Foi um dia perdido. Não dava nem para dar injeção em paciente ou enviar algum medicamento para aqueles que encomendam”, lamentou. “Estamos à deriva”.

O dentista Marcos Paulo Correa disse que o prejuízo não foi apenas financeiro, “mas moral também”. “Tem pacientes que iriam fazer um implante dentário hoje, mas tivemos que remarcar. E é difícil reagendar porque a data tem que casar com a disponibilidade do especialista que faz esse tipo de cirurgia. E não é todo dia que o profissional pode”, conta Correa.

“O paciente espera tanto por esse dia, e não poder fazer acontecer gera uma frustração muito grande”, acrescentou o dentista.

Comércio do bairro de Santa Cecília, no centro da capital, ficou às escuras nesta segunda-feira Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Prejuízos e medo de assaltos

Comércios da Rua das Palmeiras já tinham fechado as portas antes das 17h. Quem permanecia aberto, não arriscou se estender por muito além desse horário. Até quem não teve a loja ou o comércio afetado pela queda de energia, também optou por encerrar o expediente mais cedo, com medo de ser um alvo fácil de criminosos.

“Meu irmão, que tem um comércio do outro lado da rua, fechou mais cedo porque estava sem luz”, disse a vendedora Sônia Mendes, dona de uma loja de roupas. “Como eu me sinto mais segura quando ele está por aqui, vou fechar agora também”, disse a comerciante à reportagem, às 17h, duas horas antes do horário convencional que ela diz estar habituada a encerrar as atividade.

Anderson Boeira, dono de uma sorveteria na Vila Buarque, chegou a perder mais de 50 potes de sorvetes de 400 ml por causa do apagão desta segunda. O prejuízo só com esses produtos gira em torno de R$ 1.900.

“Nosso comércio é pequeno, não tem condições de comprar um gerador. Se eu tentar transferir para uma câmara fria, corro o risco de perder a qualidade do produto nesse transporte” diz o empresário.

Ele estima que a perda dos sorvetes e um dia inteiro sem vendas geraram ao seu comércio um prejuízo de R$ 5 mil a R$ 7 mil. A perda não foi maior, diz ele, porque outros freezers da loja conseguiram manter os sorvetes condicionados e na temperatura padrão da sua produção.

Ele ainda lamentou pelo incidente acontecer em um dia que prometia ser de altas vendas. “Era um dia importante por causa da onda de calor. Eu deixei de atender em torno de 200 a 300 clientes, que é a média em dias com esses picos de altas temperaturas.”

Pamela Puertas, proprietária de uma padaria de produção artesanal, localizada na Vila Buarque, reclama que o apagão lhe tirou um dia de útil na semana.

“A gente não abre às segundas porque fazemos a produção para o dia seguinte. Como não conseguimos preparar nada hoje, teremos que fechar a padaria amanhã (terça-feira, 19) para preparar os produtos e só abrir na quarta”, disse. “Bagunçou toda nossa semana.”

O apagão que acometeu os bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque, no centro de São Paulo, impactou negativamente o comércio, restaurantes e estabelecimentos da região, nesta segunda-feira, 18. Gerentes, vendedores farmacêuticos e outros profissionais ouvidos pelo Estadão relataram, com lanternas do celular em mãos, que viveram um “dia perdido”.

Sem energia elétrica desde a manhã, não tinham como marcar pedidos, efetuar pagamentos, registrar as vendas no sistema ou atender pacientes, como aconteceu em um consultório odontológico na Rua das Palmeiras, onde a reportagem esteve na tarde desta segunda.

Muitos estabelecimentos recorreram a velas para atender aos clientes Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Também relataram medo da ação de criminosos, que poderiam se aproveitar do escuro das lojas e do não funcionamento de câmeras de monitoramento para efetuar assaltos. Por volta das 18h, a luz voltou em pontos da Santa Cecília e da Consolação, mas a Vila Buarque, por exemplo, continuava às escuras.

Em nota, a Enel informou que uma escavação realizada pela Sabesp na região central de São Paulo atingiu acidentalmente cabos da rede subterrânea da distribuidora, causando interrupção no fornecimento de energia em parte dos bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.

“A interrupção ocorreu hoje por volta das 10h30. De imediato, a companhia deslocou equipes de técnicos e eletricistas ao local para identificar a causa e realizar o reparo da rede. Em paralelo, a Enel disponibilizou geradores para atender um hospital e outros clientes prioritários. Em função das características envolvendo a rede subterrânea que atende aquela região, as equipes da distribuidora atuaram em parceria com a Sabesp durante toda a tarde e seguem trabalhando para normalizar o serviço. A companhia realizou manobras para isolar o trecho afetado e está realizando as ações necessária para restabelecer a energia para todos”, informou a Enel.

Também em nota, a Sabesp disse que investiga a situação. “Avaliação preliminar constatou que as obras de manutenção e ligação nos ramais de esgoto não danificaram a rede elétrica subterrânea. A escavação foi feita manualmente, a partir das 11h, sem deslocamento da fiação.”

No caso de estabelecimentos alimentícios, a preocupação se agravou com a necessidade de manter os alimentos refrigerados, e até saber se aparelhos e eletrodomésticos não queimaram com a queda brusca de energia.

“Estamos esperando a luz voltar para saber se o nosso freezer está funcionando”, disse Val Godoy, gerente de um restaurante da Rua das Palmeiras. “Tivemos um prejuízo de, no mínimo R$ 5 mil, fora os alimentos que vamos ter que jogar no lixo”, disse a empresária.

Comerciantes reclamam da queda de faturamento com a falta de energia no centro de SP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Pouco acima do restaurante administrado por Val, um açougue também vive a tensão de saber como proceder com a refrigeração das carnes. “Estamos estocando na câmara fria (de refrigeração) que está gelada porque tá abastecida com a energia da madrugada. Mas, suporta até às 20h”, disse o açougueiro Elielson Souza.

Ele comentou também que não conseguiu vender nesta segunda desde o momento do apagão. “Não tinha como usar a balança, não tinha como pesar e nem pagar porque estamos sem maquininha e sistema.”

A farmacêutica Ana Fonseca diz que precisou transferir os medicamentos que precisam ser armazenados em um freezer para outra drogaria. Com o apagão, ela também comentou que tinha dificuldades de fazer o balanço dos remédios no estoque, que fica no fundo da farmácia e que ficou tomado pela escuridão.

”Não deu para fazer muita coisa. Foi um dia perdido. Não dava nem para dar injeção em paciente ou enviar algum medicamento para aqueles que encomendam”, lamentou. “Estamos à deriva”.

O dentista Marcos Paulo Correa disse que o prejuízo não foi apenas financeiro, “mas moral também”. “Tem pacientes que iriam fazer um implante dentário hoje, mas tivemos que remarcar. E é difícil reagendar porque a data tem que casar com a disponibilidade do especialista que faz esse tipo de cirurgia. E não é todo dia que o profissional pode”, conta Correa.

“O paciente espera tanto por esse dia, e não poder fazer acontecer gera uma frustração muito grande”, acrescentou o dentista.

Comércio do bairro de Santa Cecília, no centro da capital, ficou às escuras nesta segunda-feira Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Prejuízos e medo de assaltos

Comércios da Rua das Palmeiras já tinham fechado as portas antes das 17h. Quem permanecia aberto, não arriscou se estender por muito além desse horário. Até quem não teve a loja ou o comércio afetado pela queda de energia, também optou por encerrar o expediente mais cedo, com medo de ser um alvo fácil de criminosos.

“Meu irmão, que tem um comércio do outro lado da rua, fechou mais cedo porque estava sem luz”, disse a vendedora Sônia Mendes, dona de uma loja de roupas. “Como eu me sinto mais segura quando ele está por aqui, vou fechar agora também”, disse a comerciante à reportagem, às 17h, duas horas antes do horário convencional que ela diz estar habituada a encerrar as atividade.

Anderson Boeira, dono de uma sorveteria na Vila Buarque, chegou a perder mais de 50 potes de sorvetes de 400 ml por causa do apagão desta segunda. O prejuízo só com esses produtos gira em torno de R$ 1.900.

“Nosso comércio é pequeno, não tem condições de comprar um gerador. Se eu tentar transferir para uma câmara fria, corro o risco de perder a qualidade do produto nesse transporte” diz o empresário.

Ele estima que a perda dos sorvetes e um dia inteiro sem vendas geraram ao seu comércio um prejuízo de R$ 5 mil a R$ 7 mil. A perda não foi maior, diz ele, porque outros freezers da loja conseguiram manter os sorvetes condicionados e na temperatura padrão da sua produção.

Ele ainda lamentou pelo incidente acontecer em um dia que prometia ser de altas vendas. “Era um dia importante por causa da onda de calor. Eu deixei de atender em torno de 200 a 300 clientes, que é a média em dias com esses picos de altas temperaturas.”

Pamela Puertas, proprietária de uma padaria de produção artesanal, localizada na Vila Buarque, reclama que o apagão lhe tirou um dia de útil na semana.

“A gente não abre às segundas porque fazemos a produção para o dia seguinte. Como não conseguimos preparar nada hoje, teremos que fechar a padaria amanhã (terça-feira, 19) para preparar os produtos e só abrir na quarta”, disse. “Bagunçou toda nossa semana.”

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