Como atuavam policiais presos em investigação por esquema de extorsão no Brás?


Agentes são investigados por realizar cobranças indevidas a comerciantes; defesas não foram localizadas pela reportagem

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

Os sete agentes das policias Civil e Militar que foram alvos de mandados de prisão nesta segunda-feira, 16, em ação conjunta das corregedorias das duas corporações com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), são investigados pela participação em um esquema que perduraria pelo menos desde o ano passado e que envolveria inclusive divisão de tarefas para extorquir comerciantes no Brás, região central de São Paulo. As defesas dos investigados não foram localizadas pela reportagem.

“Nós vimos a exploração de pessoas muito humildes, que sofriam prática de extorsão, violência e diversos tipos de abuso”, disse o corregedor da PM, coronel Fabio Sérgio do Amaral, em coletiva de imprensa realizada no fim da manhã desta segunda-feira. “É uma ação muito triste.”

Ao menos cinco PMs e quatro suspeitos civis (sem relação com as forças de segurança) foram presos até o momento, segundo balanço preliminar da Operação Aurora, que teve participação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP-SP. As autoridades ainda buscam localizar um dos policiais militares, uma policial civil e outros quatro civis que teriam participação no esquema.

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Operação quebrou sigilos bancário e fiscal de 8 empresas e 21 pessoas. Foto: Governo de São Paulo/Divulgação

Como mostrou o Estadão, a investigação apontou que os policiais agiam como uma milícia, dividindo o território e exigindo pagamentos de vendedores informais, muitos deles imigrantes. “No transcorrer das investigações, constatou que se trata de uma verdadeira organização criminosa, com divisão de tarefas, bem estruturada e com atividade habitual, já que todos os dias atuam na região fiscalizando e cobrando os ambulantes”, disse o corregedor.

Segundo ele, a investigação começou em maio deste ano, quando trabalhadores ambulantes da região relataram ser vítimas de extorsão praticada especialmente por PMs. Diante disso, foi instaurado inquérito policial militar (IPM) e os ambulantes passaram a ser ouvidos como testemunhas protegidas.

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A apuração feita até aqui contabilizou ao menos quatro vítimas, mas a hipótese é que o esquema seja maior. Durante a operação desta segunda, foram apreendidas planilhas e outros mecanismos de controle com os investigados, o que deve ajudar nos próximos passos. Agora, a ideia da polícia é tentar ouvir também pessoas cujos nomes constam nesses documentos.

“Todos (que prestaram depoimento) informaram que essa organização criminosa cobrava uma espécie de ‘luva’ para que eles pudessem iniciar seu negócio ali na região do Brás, cujo valor girava em torno de R$ 15 mil”, disse Amaral. Era uma cobrança, explicou, feita anualmente. “Não era um valor fixo, variava em torno da rua e do tamanho da barraca que o comerciante quisesse montar.”

O corregedor afirmou também que, conforme o que já foi apurado, havia também um valor semanal cobrado pelo esquema, que variava de R$ 200 a R$ 300. “Uma vez que fosse vendido esse espaço ao comerciante, ele era obrigado a comparecer diariamente no seu espaço cedido na rua. Se não comparecesse, era expulso do bairro e não poderia retomar suas atividades”, disse.

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Entre os seis policiais militares investigados, são cinco em atividade e um reformado. O esquema também contaria com a participação de uma policial civil, que está na ativa, e ao menos oito pessoas de diferentes áreas. Para trazer um ar de legalidade, os envolvidos no esquema usuariam uma cooperativa e sindicatos com atuação na região para realizar as cobranças.

O grupo estaria atuando pelo menos desde o ano passado. Não há informação de vínculo com uma organização criminosa maior, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), e também não se sabe ao certo quanto valor foi movimentado. “Como toda a região do Brás foi loteada por essa organização criminosa, nós imaginamos que o valor seja bem alto”, disse o corregedor.

Ele cita um exemplo: “Em uma noite, por uma das interceptações que nós tivemos, durante uma cobrança eles arrecadaram R$ 2,5 mil em uma única rua”. Durante o cumprimento dos mandados de busca nesta segunda, cerca de R$ 145 mil de dinheiro em espécie foram encontrados na casa de um dos investigados. O montante estava ocultado em diferentes pontos da residência.

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Policiais também fariam cobrança para agiotas, aponta investigação

Amaral ressaltou que boa parte das vítimas eram comerciantes de outros países da América Latina. Uma das partes importantes do esquema é que, quando não tinham dinheiro para fazer o pagamento das taxas irregularmente cobradas, as vítimas seriam encaminhados para agiotas.

(Os agiotas) Cobravam juros exorbitantes e depois adotavam práticas de cobrança violentas, para que pudessem iniciar seus trabalhos na região”, disse o corregedor. Além de ser investigado por praticar extorsão de comerciantes, o grupo de policiais também seria responsável por fazer as cobranças para agiotas que emprestavam dinheiro aos comerciantes.

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Em uma dessas cobranças, afirmou Amaral, um comerciante equatoriano teria tido a casa invadida e teria sido espancado por ter atrasado os pagamentos. “E teve a quantia de R$ 4 mil em espécie que tinha dentro de casa subtraída por um desses policiais”, disse. O corregedor não especificou a data em que isso teria ocorrido.

Além das prisões preventivas, a Justiça de São Paulo também autorizou buscas em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados e a quebra do sigilo bancário e fiscal de oito empresas e 21 pessoas. “O inquérito está muito robusto”, afirmou Amaral. As investigações prosseguem para identificar outros possíveis envolvidos e localizar mais suspeitos.

Os sete agentes das policias Civil e Militar que foram alvos de mandados de prisão nesta segunda-feira, 16, em ação conjunta das corregedorias das duas corporações com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), são investigados pela participação em um esquema que perduraria pelo menos desde o ano passado e que envolveria inclusive divisão de tarefas para extorquir comerciantes no Brás, região central de São Paulo. As defesas dos investigados não foram localizadas pela reportagem.

“Nós vimos a exploração de pessoas muito humildes, que sofriam prática de extorsão, violência e diversos tipos de abuso”, disse o corregedor da PM, coronel Fabio Sérgio do Amaral, em coletiva de imprensa realizada no fim da manhã desta segunda-feira. “É uma ação muito triste.”

Ao menos cinco PMs e quatro suspeitos civis (sem relação com as forças de segurança) foram presos até o momento, segundo balanço preliminar da Operação Aurora, que teve participação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP-SP. As autoridades ainda buscam localizar um dos policiais militares, uma policial civil e outros quatro civis que teriam participação no esquema.

Operação quebrou sigilos bancário e fiscal de 8 empresas e 21 pessoas. Foto: Governo de São Paulo/Divulgação

Como mostrou o Estadão, a investigação apontou que os policiais agiam como uma milícia, dividindo o território e exigindo pagamentos de vendedores informais, muitos deles imigrantes. “No transcorrer das investigações, constatou que se trata de uma verdadeira organização criminosa, com divisão de tarefas, bem estruturada e com atividade habitual, já que todos os dias atuam na região fiscalizando e cobrando os ambulantes”, disse o corregedor.

Segundo ele, a investigação começou em maio deste ano, quando trabalhadores ambulantes da região relataram ser vítimas de extorsão praticada especialmente por PMs. Diante disso, foi instaurado inquérito policial militar (IPM) e os ambulantes passaram a ser ouvidos como testemunhas protegidas.

A apuração feita até aqui contabilizou ao menos quatro vítimas, mas a hipótese é que o esquema seja maior. Durante a operação desta segunda, foram apreendidas planilhas e outros mecanismos de controle com os investigados, o que deve ajudar nos próximos passos. Agora, a ideia da polícia é tentar ouvir também pessoas cujos nomes constam nesses documentos.

“Todos (que prestaram depoimento) informaram que essa organização criminosa cobrava uma espécie de ‘luva’ para que eles pudessem iniciar seu negócio ali na região do Brás, cujo valor girava em torno de R$ 15 mil”, disse Amaral. Era uma cobrança, explicou, feita anualmente. “Não era um valor fixo, variava em torno da rua e do tamanho da barraca que o comerciante quisesse montar.”

O corregedor afirmou também que, conforme o que já foi apurado, havia também um valor semanal cobrado pelo esquema, que variava de R$ 200 a R$ 300. “Uma vez que fosse vendido esse espaço ao comerciante, ele era obrigado a comparecer diariamente no seu espaço cedido na rua. Se não comparecesse, era expulso do bairro e não poderia retomar suas atividades”, disse.

Entre os seis policiais militares investigados, são cinco em atividade e um reformado. O esquema também contaria com a participação de uma policial civil, que está na ativa, e ao menos oito pessoas de diferentes áreas. Para trazer um ar de legalidade, os envolvidos no esquema usuariam uma cooperativa e sindicatos com atuação na região para realizar as cobranças.

O grupo estaria atuando pelo menos desde o ano passado. Não há informação de vínculo com uma organização criminosa maior, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), e também não se sabe ao certo quanto valor foi movimentado. “Como toda a região do Brás foi loteada por essa organização criminosa, nós imaginamos que o valor seja bem alto”, disse o corregedor.

Ele cita um exemplo: “Em uma noite, por uma das interceptações que nós tivemos, durante uma cobrança eles arrecadaram R$ 2,5 mil em uma única rua”. Durante o cumprimento dos mandados de busca nesta segunda, cerca de R$ 145 mil de dinheiro em espécie foram encontrados na casa de um dos investigados. O montante estava ocultado em diferentes pontos da residência.

Policiais também fariam cobrança para agiotas, aponta investigação

Amaral ressaltou que boa parte das vítimas eram comerciantes de outros países da América Latina. Uma das partes importantes do esquema é que, quando não tinham dinheiro para fazer o pagamento das taxas irregularmente cobradas, as vítimas seriam encaminhados para agiotas.

(Os agiotas) Cobravam juros exorbitantes e depois adotavam práticas de cobrança violentas, para que pudessem iniciar seus trabalhos na região”, disse o corregedor. Além de ser investigado por praticar extorsão de comerciantes, o grupo de policiais também seria responsável por fazer as cobranças para agiotas que emprestavam dinheiro aos comerciantes.

Em uma dessas cobranças, afirmou Amaral, um comerciante equatoriano teria tido a casa invadida e teria sido espancado por ter atrasado os pagamentos. “E teve a quantia de R$ 4 mil em espécie que tinha dentro de casa subtraída por um desses policiais”, disse. O corregedor não especificou a data em que isso teria ocorrido.

Além das prisões preventivas, a Justiça de São Paulo também autorizou buscas em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados e a quebra do sigilo bancário e fiscal de oito empresas e 21 pessoas. “O inquérito está muito robusto”, afirmou Amaral. As investigações prosseguem para identificar outros possíveis envolvidos e localizar mais suspeitos.

Os sete agentes das policias Civil e Militar que foram alvos de mandados de prisão nesta segunda-feira, 16, em ação conjunta das corregedorias das duas corporações com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), são investigados pela participação em um esquema que perduraria pelo menos desde o ano passado e que envolveria inclusive divisão de tarefas para extorquir comerciantes no Brás, região central de São Paulo. As defesas dos investigados não foram localizadas pela reportagem.

“Nós vimos a exploração de pessoas muito humildes, que sofriam prática de extorsão, violência e diversos tipos de abuso”, disse o corregedor da PM, coronel Fabio Sérgio do Amaral, em coletiva de imprensa realizada no fim da manhã desta segunda-feira. “É uma ação muito triste.”

Ao menos cinco PMs e quatro suspeitos civis (sem relação com as forças de segurança) foram presos até o momento, segundo balanço preliminar da Operação Aurora, que teve participação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP-SP. As autoridades ainda buscam localizar um dos policiais militares, uma policial civil e outros quatro civis que teriam participação no esquema.

Operação quebrou sigilos bancário e fiscal de 8 empresas e 21 pessoas. Foto: Governo de São Paulo/Divulgação

Como mostrou o Estadão, a investigação apontou que os policiais agiam como uma milícia, dividindo o território e exigindo pagamentos de vendedores informais, muitos deles imigrantes. “No transcorrer das investigações, constatou que se trata de uma verdadeira organização criminosa, com divisão de tarefas, bem estruturada e com atividade habitual, já que todos os dias atuam na região fiscalizando e cobrando os ambulantes”, disse o corregedor.

Segundo ele, a investigação começou em maio deste ano, quando trabalhadores ambulantes da região relataram ser vítimas de extorsão praticada especialmente por PMs. Diante disso, foi instaurado inquérito policial militar (IPM) e os ambulantes passaram a ser ouvidos como testemunhas protegidas.

A apuração feita até aqui contabilizou ao menos quatro vítimas, mas a hipótese é que o esquema seja maior. Durante a operação desta segunda, foram apreendidas planilhas e outros mecanismos de controle com os investigados, o que deve ajudar nos próximos passos. Agora, a ideia da polícia é tentar ouvir também pessoas cujos nomes constam nesses documentos.

“Todos (que prestaram depoimento) informaram que essa organização criminosa cobrava uma espécie de ‘luva’ para que eles pudessem iniciar seu negócio ali na região do Brás, cujo valor girava em torno de R$ 15 mil”, disse Amaral. Era uma cobrança, explicou, feita anualmente. “Não era um valor fixo, variava em torno da rua e do tamanho da barraca que o comerciante quisesse montar.”

O corregedor afirmou também que, conforme o que já foi apurado, havia também um valor semanal cobrado pelo esquema, que variava de R$ 200 a R$ 300. “Uma vez que fosse vendido esse espaço ao comerciante, ele era obrigado a comparecer diariamente no seu espaço cedido na rua. Se não comparecesse, era expulso do bairro e não poderia retomar suas atividades”, disse.

Entre os seis policiais militares investigados, são cinco em atividade e um reformado. O esquema também contaria com a participação de uma policial civil, que está na ativa, e ao menos oito pessoas de diferentes áreas. Para trazer um ar de legalidade, os envolvidos no esquema usuariam uma cooperativa e sindicatos com atuação na região para realizar as cobranças.

O grupo estaria atuando pelo menos desde o ano passado. Não há informação de vínculo com uma organização criminosa maior, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), e também não se sabe ao certo quanto valor foi movimentado. “Como toda a região do Brás foi loteada por essa organização criminosa, nós imaginamos que o valor seja bem alto”, disse o corregedor.

Ele cita um exemplo: “Em uma noite, por uma das interceptações que nós tivemos, durante uma cobrança eles arrecadaram R$ 2,5 mil em uma única rua”. Durante o cumprimento dos mandados de busca nesta segunda, cerca de R$ 145 mil de dinheiro em espécie foram encontrados na casa de um dos investigados. O montante estava ocultado em diferentes pontos da residência.

Policiais também fariam cobrança para agiotas, aponta investigação

Amaral ressaltou que boa parte das vítimas eram comerciantes de outros países da América Latina. Uma das partes importantes do esquema é que, quando não tinham dinheiro para fazer o pagamento das taxas irregularmente cobradas, as vítimas seriam encaminhados para agiotas.

(Os agiotas) Cobravam juros exorbitantes e depois adotavam práticas de cobrança violentas, para que pudessem iniciar seus trabalhos na região”, disse o corregedor. Além de ser investigado por praticar extorsão de comerciantes, o grupo de policiais também seria responsável por fazer as cobranças para agiotas que emprestavam dinheiro aos comerciantes.

Em uma dessas cobranças, afirmou Amaral, um comerciante equatoriano teria tido a casa invadida e teria sido espancado por ter atrasado os pagamentos. “E teve a quantia de R$ 4 mil em espécie que tinha dentro de casa subtraída por um desses policiais”, disse. O corregedor não especificou a data em que isso teria ocorrido.

Além das prisões preventivas, a Justiça de São Paulo também autorizou buscas em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados e a quebra do sigilo bancário e fiscal de oito empresas e 21 pessoas. “O inquérito está muito robusto”, afirmou Amaral. As investigações prosseguem para identificar outros possíveis envolvidos e localizar mais suspeitos.

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