A primeira edição do “Prêmio Afro de Nagô: Potências da Quebrada” está recebendo inscrições de artistas e educadores da periferia da cidade de São Paulo que realizem projetos que contribuem para a promoção da cultura negra. Cada premiado receberá R$ 1.400. O objetivo do coletivo Casa no Meio do Mundo, responsável pela iniciativa, é não apenas premiar, como também reconhecer essas pessoas e fortalecer seus trabalhos.
“O nosso objetivo é fazer um resgate da memória do povo preto na periferia da cidade de São Paulo”, diz Ingrid Felix, produtora audiovisual e membro do coletivo Casa no Meio do Mundo, que atua há 10 anos na zona norte da capital paulista.
A ideia de elaborar o concurso veio da percepção de que as pessoas que realizavam trabalhos importantes na periferia da cidade não recebiam o devido reconhecimento. “A gente percebeu que dificilmente artistas independentes e artistas periféricos têm um reconhecimento pelos seus trabalhos. Tem muita gente muito boa, com trabalhos de ótima qualidade, mas que não são reconhecidos nem pela mídia, nem com premiação, nem com nada”.
São sete categorias da premiação:
- Videoclipe musical: realizadores de projetos em audiovisual;
- Educador: professores e educadores de escola pública e privada ou espaços sociais e culturais de projetos relacionados à cultura africana e indígena que promovam seu reconhecimento e importância;
- Artista e/ou grupo de dança: bailarinos ou grupos de dança que promovam a cultura afro-brasileira;
- Artista e/ou grupo de funk: cantores, músicos ou DJs relacionados à cultura funk de origem brasileira;
- Artista e/ou grupo de rap: músicos, MCs ou DJs relacionados ao rap;
- Artista e/ou grupo de samba: músicos e cantores relacionados ao samba;
- Poeta: escritor de poemas com foco na cultura periférica.
Em sua primeira edição, a premiação “busca honrar e amplificar as vozes, histórias e conquistas de indivíduos e grupos que transformam realidades a partir das periferias”, afirma o coletivo dedicado a “valorizar a cultura negra, reconhecer as resistências cotidianas e celebrar as potências emergentes das quebradas, que com criatividade, força e ancestralidade, constroem novas narrativas para o futuro”.
O concurso faz parte do Festival Rosângela Ferreira, que terá a sua terceira edição neste ano. O festival artístico também tem como proposta ser palco para artistas independentes da periferia e realizar oficinas culturais. O evento carrega o nome de Rosângela Ferreira, uma ativista negra, PCD (pessoa com deficiência), do bairro Jardim Brasil, na zona norte de São Paulo, onde realizava ações culturais e políticas.
Já o nome do prêmio homenageia o bloco de carnaval que Rosângela comandava, o Bloco Afro de Nagô. O objetivo é resgatar a memória das atividades que ocorriam na periferia da zona norte na década de 90.
Leia Também:
“A gente realizou duas edições do festival e nesta terceira edição a gente quis dar um plus. Então, para além do festival, nós temos a premiação e temos também oficinas diversas que estão acontecendo”, diz Felix.
Podem participar do concurso artistas e educadores da periferia de todas as regiões da capital paulista. A inscrição é gratuita e pode ser feita até o dia 27 de setembro. É permitida a inscrição de apenas um projeto por candidato.
Para escolher os premiados, há uma banca com 14 jurados que irão selecionar quatro finalistas por categoria. Então, a decisão vai para o público, com uma votação aberta.
O resultado será revelado em um evento presencial no dia 30 de novembro de 2024. Cada um dos sete projetos selecionados receberá um troféu e o valor de R$ 1.400,00, além de se apresentar no Festival Rosângela Ferreira.
* Este conteúdo foi produzido em parceria com o coletivo Casa no Meio do Mundo.