Cracolândia: motoristas e lixeiros fazem ‘patrulha de rotas pelo zap’ e escondem celular


Região enfrenta ataques sucessivos de frequentadores do fluxo instalado no centro de São Paulo. Quem passa ou trabalha na área adota estratégias para evitar prejuízos

Por Gonçalo Junior
Atualização:

Os ataques de usuários de drogas na região da Cracolândia, nesta terça-feira, 11, com depredação de carros, ônibus e ataques a caminhões de lixo, trouxeram medo aos motoristas que trabalham no centro. Taxistas e motoristas por aplicativo trocam informações sobre a localização do chamado “fluxo” de dependentes químicos antes de começar uma corrida. Garis que atuam nos caminhões de limpeza deixam celulares na sede para evitar assaltos.

Taxista há 25 anos no centro, 13 deles na região da Santa Ifigênia, Luciano Henrique, de 58 anos, orgulha-se de conhecer praticamente todas as ruas dos bairros. Mas ele conta que sempre pede ajuda aos companheiros para descobrir um endereço específico: a localização do chamado fluxo dos dependentes químicos na região central.

continua após a publicidade

O ponto de aglomeração se transformou em um dado importante para definir o itinerário. “Quando eu fico aqui, no meu ponto de todos os dias, eles (os usuários) não mexem. Eles me conhecem. Mas se eu andar na esquina, eu já corro risco”, diz o motorista. “Por isso, a maioria das mensagens de WhatsApp do grupo de taxistas pergunta onde está o fluxo”, diz o motorista que atua na Praça Júlio de Mesquita.

Essa atualização de informações é necessária porque as concentrações mudam de esquina com frequência. Na manhã desta quarta-feira, 12, a principal delas estava na esquina da Avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões. Também há concentrações, com menor número de usuários, na região da Luz, Santa Cecília, República e Campos Elíseos.

Polícia cercou fluxo após ataques nesta terça-feira, 11 Foto: Ítalo Lo Re/Estadão
continua após a publicidade

No início da tarde desta terça-feira, o motorista por aplicativo Carlos (nome fictício) percebeu uma correria quando trafegava na Rua Barão de Limeira no sentido Centro. Ele conta que deu meia-volta e encaminhou mensagens de áudios para quatro grupos de Whatsapp do qual faz parte e que reúnem cerca de 400 motoristas. “O medo é constante. A gente tem de prestar atenção no trânsito, mas também na movimentação dos usuários de drogas”, conta.

O medo é constante. A gente tem de prestar atenção no trânsito, mas também na movimentação dos usuários de drogas.

Carlos, motorista de aplicativo

O motorista presenciou a dispersão dos usuários por vários quarteirões que levou pânico a moradores e pedestres de Campos Elíseos, República e Santa Ifigênia.

continua após a publicidade

A PM disse que os ataques aconteceram após uma ação de dispersão na Rua Conselheiro Nébias, por volta das 12h30. Os usuários se espalharam, quebrando vidros de carros e ônibus. Comerciantes relataram que cerca de 30 usuários pararam um ônibus de transporte público - vídeos gravados por moradores flagraram a tentativa mal-sucedida de invasão do veículo.

Usuários atacaram ônibus no centro de São Paulo nesta terça-feira, 11 Foto: Antonio Miranda

Houve confronto entre usuários e policiais na Rua General Osório. Os vídeos deixaram os motoristas apreensivos. “Se acontecer qualquer coisa, não abro a porta para o passageiro descer”, diz um motorista da linha 8000 – Lapa / Praça Ramos de Azevedo que não quis se identificar.

continua após a publicidade

Até um caminhão de lixo foi abordado, no cruzamento da Rua Vitória e a Alameda Barão de Limeira. A Loga (Logística Ambiental de São Paulo), empresa responsável pela coleta, tratamento, transporte e destinação correta dos resíduos sólidos e de saúde, confirmou o fato e informou que os “os colaboradores tiveram apenas danos materiais, receberam total assistência da empresa e passam bem”.

A empresa informa ainda que o veículo passa por perícia e que será lavrado boletim de ocorrência. O Estadão apurou com testemunhas que os “danos materiais” informados pela empresa foram o roubo de um celular e dos documentos do motorista do caminhão de lixo.

Seu navegador não suporta esse video.

Segundo a Polícia Militar, a ação foi feita para liberação de via pública após uma denúncia de morador da região

continua após a publicidade

Mudança da rotina

O episódio provocou mudança imediata na rotina dos trabalhadores da limpeza urbana. Um dos coletores que não quis se identificar na Rua Barão de Limeira afirmou que deixou o aparelho celular na sede e que trabalha com medo. “A gente tem de trabalhar, não tem jeito, mas fico ligado. Não ando com mais nada no bolso. Meu documento está no caminhão”, conta.

A gente tem de trabalhar, não tem jeito, mas fico ligado. Não ando com mais nada no bolso. Meu documento está no caminhão.

Coletor de limpeza urbana

continua após a publicidade

Luciano Henrique conta que os ataques aos veículos já ocorrem desde o ano passado, mas agora ganharam maior visibilidade. No início do mês passado, imagens feitas por moradores flagraram o momento em que um motorista de aplicativo foi agredido e teve o seu veículo depredado no cruzamento das ruas Vitória e Guaianases.

O medo dos garis, taxistas e motoristas de aplicativo se soma à angústia dos comerciantes, que já sofrem com os deslocamentos do fluxo há mais tempo. Nesta manhã, a dona de uma loja de relógios afirmou que deixa a porta do estabelecimento pronta para ser abaixada.

No mês passado, um supermercado na Avenida Rio Branco foi invadido e saqueado por usuários, e um bar chegou a ser invadido. Em abril, imagens gravadas por moradores da região também flagraram usuários saqueando uma farmácia e um mercado, e um restaurante sofreu uma tentativa de invasão no mesmo mês.

Seis ônibus atacados

De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas), seis veículos das empresas Santa Brígida, Sambaíba e Transppass foram atacados com pedras, pedaços de madeira e outros objetos por usuários de drogas na terça-feira.

Os casos ocorreram nas regiões do Terminal Princesa Isabel e Avenida São João com a Praça Júlio de Mesquita. Agentes da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar foram acionados e dispersaram o grupo.

“Os ataques a ônibus têm sido recorrentes na região central. Nossos companheiros e passageiros estão com medo de transitar sob o risco de serem roubados ou atacados pelos grupos de viciados. Solicitamos à Secretaria de Segurança Pública e Polícia Militar que adotem medidas efetivas para coibir os ataques e prover segurança”, afirmou o presidente do Sindicato, Cristiano Porangaba.

Polícia diz adotar reforço na região

A Secretaria da Segurança Pública informa que reforçou o policiamento ostensivo na região, com o incremento de 120 militares diariamente e faz regularmente as operações Impacto Centro e Resgate, que resultaram na prisão de mais de 1.300 criminosos até junho - aumento de cerca de 46,7% em relação ao mesmo período de 2022.

“A situação do centro de São Paulo é complexa e multifatorial, mas a segurança conquistou avanços significativos no combate à criminalidade. Pela primeira vez em 15 meses, houve queda no número de roubos e furtos, em abril”, diz a pasta.

A Prefeitura Municipal de São Paulo alega que o chamado “fluxo”, como é denominada a concentração de usuários na cena de uso aberto da Luz, possui dinâmica própria e movimenta-se pelas ruas do centro, especialmente quando observado seu padrão de acomodação ao longo do tempo.

“Toda a região é atendida pelo Programa Redenção, com profissionais das áreas da saúde e assistência social que atuam plenamente tanto no Fluxo principal quanto noutros trechos oferecendo tratamento e acolhimento para os usuários em situação de rua. Dezenas são encaminhados diariamente para diferentes unidades de tratamento, inclusive em parceria com o governo do Estado.”

Os ataques de usuários de drogas na região da Cracolândia, nesta terça-feira, 11, com depredação de carros, ônibus e ataques a caminhões de lixo, trouxeram medo aos motoristas que trabalham no centro. Taxistas e motoristas por aplicativo trocam informações sobre a localização do chamado “fluxo” de dependentes químicos antes de começar uma corrida. Garis que atuam nos caminhões de limpeza deixam celulares na sede para evitar assaltos.

Taxista há 25 anos no centro, 13 deles na região da Santa Ifigênia, Luciano Henrique, de 58 anos, orgulha-se de conhecer praticamente todas as ruas dos bairros. Mas ele conta que sempre pede ajuda aos companheiros para descobrir um endereço específico: a localização do chamado fluxo dos dependentes químicos na região central.

O ponto de aglomeração se transformou em um dado importante para definir o itinerário. “Quando eu fico aqui, no meu ponto de todos os dias, eles (os usuários) não mexem. Eles me conhecem. Mas se eu andar na esquina, eu já corro risco”, diz o motorista. “Por isso, a maioria das mensagens de WhatsApp do grupo de taxistas pergunta onde está o fluxo”, diz o motorista que atua na Praça Júlio de Mesquita.

Essa atualização de informações é necessária porque as concentrações mudam de esquina com frequência. Na manhã desta quarta-feira, 12, a principal delas estava na esquina da Avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões. Também há concentrações, com menor número de usuários, na região da Luz, Santa Cecília, República e Campos Elíseos.

Polícia cercou fluxo após ataques nesta terça-feira, 11 Foto: Ítalo Lo Re/Estadão

No início da tarde desta terça-feira, o motorista por aplicativo Carlos (nome fictício) percebeu uma correria quando trafegava na Rua Barão de Limeira no sentido Centro. Ele conta que deu meia-volta e encaminhou mensagens de áudios para quatro grupos de Whatsapp do qual faz parte e que reúnem cerca de 400 motoristas. “O medo é constante. A gente tem de prestar atenção no trânsito, mas também na movimentação dos usuários de drogas”, conta.

O medo é constante. A gente tem de prestar atenção no trânsito, mas também na movimentação dos usuários de drogas.

Carlos, motorista de aplicativo

O motorista presenciou a dispersão dos usuários por vários quarteirões que levou pânico a moradores e pedestres de Campos Elíseos, República e Santa Ifigênia.

A PM disse que os ataques aconteceram após uma ação de dispersão na Rua Conselheiro Nébias, por volta das 12h30. Os usuários se espalharam, quebrando vidros de carros e ônibus. Comerciantes relataram que cerca de 30 usuários pararam um ônibus de transporte público - vídeos gravados por moradores flagraram a tentativa mal-sucedida de invasão do veículo.

Usuários atacaram ônibus no centro de São Paulo nesta terça-feira, 11 Foto: Antonio Miranda

Houve confronto entre usuários e policiais na Rua General Osório. Os vídeos deixaram os motoristas apreensivos. “Se acontecer qualquer coisa, não abro a porta para o passageiro descer”, diz um motorista da linha 8000 – Lapa / Praça Ramos de Azevedo que não quis se identificar.

Até um caminhão de lixo foi abordado, no cruzamento da Rua Vitória e a Alameda Barão de Limeira. A Loga (Logística Ambiental de São Paulo), empresa responsável pela coleta, tratamento, transporte e destinação correta dos resíduos sólidos e de saúde, confirmou o fato e informou que os “os colaboradores tiveram apenas danos materiais, receberam total assistência da empresa e passam bem”.

A empresa informa ainda que o veículo passa por perícia e que será lavrado boletim de ocorrência. O Estadão apurou com testemunhas que os “danos materiais” informados pela empresa foram o roubo de um celular e dos documentos do motorista do caminhão de lixo.

Seu navegador não suporta esse video.

Segundo a Polícia Militar, a ação foi feita para liberação de via pública após uma denúncia de morador da região

Mudança da rotina

O episódio provocou mudança imediata na rotina dos trabalhadores da limpeza urbana. Um dos coletores que não quis se identificar na Rua Barão de Limeira afirmou que deixou o aparelho celular na sede e que trabalha com medo. “A gente tem de trabalhar, não tem jeito, mas fico ligado. Não ando com mais nada no bolso. Meu documento está no caminhão”, conta.

A gente tem de trabalhar, não tem jeito, mas fico ligado. Não ando com mais nada no bolso. Meu documento está no caminhão.

Coletor de limpeza urbana

Luciano Henrique conta que os ataques aos veículos já ocorrem desde o ano passado, mas agora ganharam maior visibilidade. No início do mês passado, imagens feitas por moradores flagraram o momento em que um motorista de aplicativo foi agredido e teve o seu veículo depredado no cruzamento das ruas Vitória e Guaianases.

O medo dos garis, taxistas e motoristas de aplicativo se soma à angústia dos comerciantes, que já sofrem com os deslocamentos do fluxo há mais tempo. Nesta manhã, a dona de uma loja de relógios afirmou que deixa a porta do estabelecimento pronta para ser abaixada.

No mês passado, um supermercado na Avenida Rio Branco foi invadido e saqueado por usuários, e um bar chegou a ser invadido. Em abril, imagens gravadas por moradores da região também flagraram usuários saqueando uma farmácia e um mercado, e um restaurante sofreu uma tentativa de invasão no mesmo mês.

Seis ônibus atacados

De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas), seis veículos das empresas Santa Brígida, Sambaíba e Transppass foram atacados com pedras, pedaços de madeira e outros objetos por usuários de drogas na terça-feira.

Os casos ocorreram nas regiões do Terminal Princesa Isabel e Avenida São João com a Praça Júlio de Mesquita. Agentes da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar foram acionados e dispersaram o grupo.

“Os ataques a ônibus têm sido recorrentes na região central. Nossos companheiros e passageiros estão com medo de transitar sob o risco de serem roubados ou atacados pelos grupos de viciados. Solicitamos à Secretaria de Segurança Pública e Polícia Militar que adotem medidas efetivas para coibir os ataques e prover segurança”, afirmou o presidente do Sindicato, Cristiano Porangaba.

Polícia diz adotar reforço na região

A Secretaria da Segurança Pública informa que reforçou o policiamento ostensivo na região, com o incremento de 120 militares diariamente e faz regularmente as operações Impacto Centro e Resgate, que resultaram na prisão de mais de 1.300 criminosos até junho - aumento de cerca de 46,7% em relação ao mesmo período de 2022.

“A situação do centro de São Paulo é complexa e multifatorial, mas a segurança conquistou avanços significativos no combate à criminalidade. Pela primeira vez em 15 meses, houve queda no número de roubos e furtos, em abril”, diz a pasta.

A Prefeitura Municipal de São Paulo alega que o chamado “fluxo”, como é denominada a concentração de usuários na cena de uso aberto da Luz, possui dinâmica própria e movimenta-se pelas ruas do centro, especialmente quando observado seu padrão de acomodação ao longo do tempo.

“Toda a região é atendida pelo Programa Redenção, com profissionais das áreas da saúde e assistência social que atuam plenamente tanto no Fluxo principal quanto noutros trechos oferecendo tratamento e acolhimento para os usuários em situação de rua. Dezenas são encaminhados diariamente para diferentes unidades de tratamento, inclusive em parceria com o governo do Estado.”

Os ataques de usuários de drogas na região da Cracolândia, nesta terça-feira, 11, com depredação de carros, ônibus e ataques a caminhões de lixo, trouxeram medo aos motoristas que trabalham no centro. Taxistas e motoristas por aplicativo trocam informações sobre a localização do chamado “fluxo” de dependentes químicos antes de começar uma corrida. Garis que atuam nos caminhões de limpeza deixam celulares na sede para evitar assaltos.

Taxista há 25 anos no centro, 13 deles na região da Santa Ifigênia, Luciano Henrique, de 58 anos, orgulha-se de conhecer praticamente todas as ruas dos bairros. Mas ele conta que sempre pede ajuda aos companheiros para descobrir um endereço específico: a localização do chamado fluxo dos dependentes químicos na região central.

O ponto de aglomeração se transformou em um dado importante para definir o itinerário. “Quando eu fico aqui, no meu ponto de todos os dias, eles (os usuários) não mexem. Eles me conhecem. Mas se eu andar na esquina, eu já corro risco”, diz o motorista. “Por isso, a maioria das mensagens de WhatsApp do grupo de taxistas pergunta onde está o fluxo”, diz o motorista que atua na Praça Júlio de Mesquita.

Essa atualização de informações é necessária porque as concentrações mudam de esquina com frequência. Na manhã desta quarta-feira, 12, a principal delas estava na esquina da Avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões. Também há concentrações, com menor número de usuários, na região da Luz, Santa Cecília, República e Campos Elíseos.

Polícia cercou fluxo após ataques nesta terça-feira, 11 Foto: Ítalo Lo Re/Estadão

No início da tarde desta terça-feira, o motorista por aplicativo Carlos (nome fictício) percebeu uma correria quando trafegava na Rua Barão de Limeira no sentido Centro. Ele conta que deu meia-volta e encaminhou mensagens de áudios para quatro grupos de Whatsapp do qual faz parte e que reúnem cerca de 400 motoristas. “O medo é constante. A gente tem de prestar atenção no trânsito, mas também na movimentação dos usuários de drogas”, conta.

O medo é constante. A gente tem de prestar atenção no trânsito, mas também na movimentação dos usuários de drogas.

Carlos, motorista de aplicativo

O motorista presenciou a dispersão dos usuários por vários quarteirões que levou pânico a moradores e pedestres de Campos Elíseos, República e Santa Ifigênia.

A PM disse que os ataques aconteceram após uma ação de dispersão na Rua Conselheiro Nébias, por volta das 12h30. Os usuários se espalharam, quebrando vidros de carros e ônibus. Comerciantes relataram que cerca de 30 usuários pararam um ônibus de transporte público - vídeos gravados por moradores flagraram a tentativa mal-sucedida de invasão do veículo.

Usuários atacaram ônibus no centro de São Paulo nesta terça-feira, 11 Foto: Antonio Miranda

Houve confronto entre usuários e policiais na Rua General Osório. Os vídeos deixaram os motoristas apreensivos. “Se acontecer qualquer coisa, não abro a porta para o passageiro descer”, diz um motorista da linha 8000 – Lapa / Praça Ramos de Azevedo que não quis se identificar.

Até um caminhão de lixo foi abordado, no cruzamento da Rua Vitória e a Alameda Barão de Limeira. A Loga (Logística Ambiental de São Paulo), empresa responsável pela coleta, tratamento, transporte e destinação correta dos resíduos sólidos e de saúde, confirmou o fato e informou que os “os colaboradores tiveram apenas danos materiais, receberam total assistência da empresa e passam bem”.

A empresa informa ainda que o veículo passa por perícia e que será lavrado boletim de ocorrência. O Estadão apurou com testemunhas que os “danos materiais” informados pela empresa foram o roubo de um celular e dos documentos do motorista do caminhão de lixo.

Seu navegador não suporta esse video.

Segundo a Polícia Militar, a ação foi feita para liberação de via pública após uma denúncia de morador da região

Mudança da rotina

O episódio provocou mudança imediata na rotina dos trabalhadores da limpeza urbana. Um dos coletores que não quis se identificar na Rua Barão de Limeira afirmou que deixou o aparelho celular na sede e que trabalha com medo. “A gente tem de trabalhar, não tem jeito, mas fico ligado. Não ando com mais nada no bolso. Meu documento está no caminhão”, conta.

A gente tem de trabalhar, não tem jeito, mas fico ligado. Não ando com mais nada no bolso. Meu documento está no caminhão.

Coletor de limpeza urbana

Luciano Henrique conta que os ataques aos veículos já ocorrem desde o ano passado, mas agora ganharam maior visibilidade. No início do mês passado, imagens feitas por moradores flagraram o momento em que um motorista de aplicativo foi agredido e teve o seu veículo depredado no cruzamento das ruas Vitória e Guaianases.

O medo dos garis, taxistas e motoristas de aplicativo se soma à angústia dos comerciantes, que já sofrem com os deslocamentos do fluxo há mais tempo. Nesta manhã, a dona de uma loja de relógios afirmou que deixa a porta do estabelecimento pronta para ser abaixada.

No mês passado, um supermercado na Avenida Rio Branco foi invadido e saqueado por usuários, e um bar chegou a ser invadido. Em abril, imagens gravadas por moradores da região também flagraram usuários saqueando uma farmácia e um mercado, e um restaurante sofreu uma tentativa de invasão no mesmo mês.

Seis ônibus atacados

De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas), seis veículos das empresas Santa Brígida, Sambaíba e Transppass foram atacados com pedras, pedaços de madeira e outros objetos por usuários de drogas na terça-feira.

Os casos ocorreram nas regiões do Terminal Princesa Isabel e Avenida São João com a Praça Júlio de Mesquita. Agentes da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar foram acionados e dispersaram o grupo.

“Os ataques a ônibus têm sido recorrentes na região central. Nossos companheiros e passageiros estão com medo de transitar sob o risco de serem roubados ou atacados pelos grupos de viciados. Solicitamos à Secretaria de Segurança Pública e Polícia Militar que adotem medidas efetivas para coibir os ataques e prover segurança”, afirmou o presidente do Sindicato, Cristiano Porangaba.

Polícia diz adotar reforço na região

A Secretaria da Segurança Pública informa que reforçou o policiamento ostensivo na região, com o incremento de 120 militares diariamente e faz regularmente as operações Impacto Centro e Resgate, que resultaram na prisão de mais de 1.300 criminosos até junho - aumento de cerca de 46,7% em relação ao mesmo período de 2022.

“A situação do centro de São Paulo é complexa e multifatorial, mas a segurança conquistou avanços significativos no combate à criminalidade. Pela primeira vez em 15 meses, houve queda no número de roubos e furtos, em abril”, diz a pasta.

A Prefeitura Municipal de São Paulo alega que o chamado “fluxo”, como é denominada a concentração de usuários na cena de uso aberto da Luz, possui dinâmica própria e movimenta-se pelas ruas do centro, especialmente quando observado seu padrão de acomodação ao longo do tempo.

“Toda a região é atendida pelo Programa Redenção, com profissionais das áreas da saúde e assistência social que atuam plenamente tanto no Fluxo principal quanto noutros trechos oferecendo tratamento e acolhimento para os usuários em situação de rua. Dezenas são encaminhados diariamente para diferentes unidades de tratamento, inclusive em parceria com o governo do Estado.”

Os ataques de usuários de drogas na região da Cracolândia, nesta terça-feira, 11, com depredação de carros, ônibus e ataques a caminhões de lixo, trouxeram medo aos motoristas que trabalham no centro. Taxistas e motoristas por aplicativo trocam informações sobre a localização do chamado “fluxo” de dependentes químicos antes de começar uma corrida. Garis que atuam nos caminhões de limpeza deixam celulares na sede para evitar assaltos.

Taxista há 25 anos no centro, 13 deles na região da Santa Ifigênia, Luciano Henrique, de 58 anos, orgulha-se de conhecer praticamente todas as ruas dos bairros. Mas ele conta que sempre pede ajuda aos companheiros para descobrir um endereço específico: a localização do chamado fluxo dos dependentes químicos na região central.

O ponto de aglomeração se transformou em um dado importante para definir o itinerário. “Quando eu fico aqui, no meu ponto de todos os dias, eles (os usuários) não mexem. Eles me conhecem. Mas se eu andar na esquina, eu já corro risco”, diz o motorista. “Por isso, a maioria das mensagens de WhatsApp do grupo de taxistas pergunta onde está o fluxo”, diz o motorista que atua na Praça Júlio de Mesquita.

Essa atualização de informações é necessária porque as concentrações mudam de esquina com frequência. Na manhã desta quarta-feira, 12, a principal delas estava na esquina da Avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões. Também há concentrações, com menor número de usuários, na região da Luz, Santa Cecília, República e Campos Elíseos.

Polícia cercou fluxo após ataques nesta terça-feira, 11 Foto: Ítalo Lo Re/Estadão

No início da tarde desta terça-feira, o motorista por aplicativo Carlos (nome fictício) percebeu uma correria quando trafegava na Rua Barão de Limeira no sentido Centro. Ele conta que deu meia-volta e encaminhou mensagens de áudios para quatro grupos de Whatsapp do qual faz parte e que reúnem cerca de 400 motoristas. “O medo é constante. A gente tem de prestar atenção no trânsito, mas também na movimentação dos usuários de drogas”, conta.

O medo é constante. A gente tem de prestar atenção no trânsito, mas também na movimentação dos usuários de drogas.

Carlos, motorista de aplicativo

O motorista presenciou a dispersão dos usuários por vários quarteirões que levou pânico a moradores e pedestres de Campos Elíseos, República e Santa Ifigênia.

A PM disse que os ataques aconteceram após uma ação de dispersão na Rua Conselheiro Nébias, por volta das 12h30. Os usuários se espalharam, quebrando vidros de carros e ônibus. Comerciantes relataram que cerca de 30 usuários pararam um ônibus de transporte público - vídeos gravados por moradores flagraram a tentativa mal-sucedida de invasão do veículo.

Usuários atacaram ônibus no centro de São Paulo nesta terça-feira, 11 Foto: Antonio Miranda

Houve confronto entre usuários e policiais na Rua General Osório. Os vídeos deixaram os motoristas apreensivos. “Se acontecer qualquer coisa, não abro a porta para o passageiro descer”, diz um motorista da linha 8000 – Lapa / Praça Ramos de Azevedo que não quis se identificar.

Até um caminhão de lixo foi abordado, no cruzamento da Rua Vitória e a Alameda Barão de Limeira. A Loga (Logística Ambiental de São Paulo), empresa responsável pela coleta, tratamento, transporte e destinação correta dos resíduos sólidos e de saúde, confirmou o fato e informou que os “os colaboradores tiveram apenas danos materiais, receberam total assistência da empresa e passam bem”.

A empresa informa ainda que o veículo passa por perícia e que será lavrado boletim de ocorrência. O Estadão apurou com testemunhas que os “danos materiais” informados pela empresa foram o roubo de um celular e dos documentos do motorista do caminhão de lixo.

Seu navegador não suporta esse video.

Segundo a Polícia Militar, a ação foi feita para liberação de via pública após uma denúncia de morador da região

Mudança da rotina

O episódio provocou mudança imediata na rotina dos trabalhadores da limpeza urbana. Um dos coletores que não quis se identificar na Rua Barão de Limeira afirmou que deixou o aparelho celular na sede e que trabalha com medo. “A gente tem de trabalhar, não tem jeito, mas fico ligado. Não ando com mais nada no bolso. Meu documento está no caminhão”, conta.

A gente tem de trabalhar, não tem jeito, mas fico ligado. Não ando com mais nada no bolso. Meu documento está no caminhão.

Coletor de limpeza urbana

Luciano Henrique conta que os ataques aos veículos já ocorrem desde o ano passado, mas agora ganharam maior visibilidade. No início do mês passado, imagens feitas por moradores flagraram o momento em que um motorista de aplicativo foi agredido e teve o seu veículo depredado no cruzamento das ruas Vitória e Guaianases.

O medo dos garis, taxistas e motoristas de aplicativo se soma à angústia dos comerciantes, que já sofrem com os deslocamentos do fluxo há mais tempo. Nesta manhã, a dona de uma loja de relógios afirmou que deixa a porta do estabelecimento pronta para ser abaixada.

No mês passado, um supermercado na Avenida Rio Branco foi invadido e saqueado por usuários, e um bar chegou a ser invadido. Em abril, imagens gravadas por moradores da região também flagraram usuários saqueando uma farmácia e um mercado, e um restaurante sofreu uma tentativa de invasão no mesmo mês.

Seis ônibus atacados

De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas), seis veículos das empresas Santa Brígida, Sambaíba e Transppass foram atacados com pedras, pedaços de madeira e outros objetos por usuários de drogas na terça-feira.

Os casos ocorreram nas regiões do Terminal Princesa Isabel e Avenida São João com a Praça Júlio de Mesquita. Agentes da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar foram acionados e dispersaram o grupo.

“Os ataques a ônibus têm sido recorrentes na região central. Nossos companheiros e passageiros estão com medo de transitar sob o risco de serem roubados ou atacados pelos grupos de viciados. Solicitamos à Secretaria de Segurança Pública e Polícia Militar que adotem medidas efetivas para coibir os ataques e prover segurança”, afirmou o presidente do Sindicato, Cristiano Porangaba.

Polícia diz adotar reforço na região

A Secretaria da Segurança Pública informa que reforçou o policiamento ostensivo na região, com o incremento de 120 militares diariamente e faz regularmente as operações Impacto Centro e Resgate, que resultaram na prisão de mais de 1.300 criminosos até junho - aumento de cerca de 46,7% em relação ao mesmo período de 2022.

“A situação do centro de São Paulo é complexa e multifatorial, mas a segurança conquistou avanços significativos no combate à criminalidade. Pela primeira vez em 15 meses, houve queda no número de roubos e furtos, em abril”, diz a pasta.

A Prefeitura Municipal de São Paulo alega que o chamado “fluxo”, como é denominada a concentração de usuários na cena de uso aberto da Luz, possui dinâmica própria e movimenta-se pelas ruas do centro, especialmente quando observado seu padrão de acomodação ao longo do tempo.

“Toda a região é atendida pelo Programa Redenção, com profissionais das áreas da saúde e assistência social que atuam plenamente tanto no Fluxo principal quanto noutros trechos oferecendo tratamento e acolhimento para os usuários em situação de rua. Dezenas são encaminhados diariamente para diferentes unidades de tratamento, inclusive em parceria com o governo do Estado.”

Tudo Sobre

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.