A Polícia Civil tenta avançar nas investigações do caso em que um empresário foi morto a tiros na noite desta quinta-feira, 27, em tentativa de assalto na zona sul de São Paulo. Marcos César Peruchi, de 53 anos, estava andando de moto pela Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, no Campo Belo, quando foi abordado – ainda não se sabe por quantos criminosos.
Ele foi alvejado com tiros no peito e no braço, e não resistiu aos ferimentos. Os assaltantes fugiram sem levar a moto, uma BMW, que foi danificada na ação.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública, a ocorrência foi registrada no 27º Distrito Policial (Campo Belo), mas posteriormente as investigações foram encaminhadas para a 2ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco).
Segundo o delegado do caso, roubos de moto têm ocorrido com “certa frequência” na região, até pela proximidade com rodovias como Bandeirantes e Anchieta. Ninguém foi preso até o momento.
“Exatamente onde o crime ocorreu não há câmeras de segurança”, disse ao Estadão o delegado Flavio Lousano, titular da 2° Cerco. A Polícia Civil agora busca imagens em áreas do entorno para tentar identificar quem cometeu o latrocínio e como a vítima foi abordada.
“A ideia é tentar ver se a vítima estava sendo perseguida por assaltantes, tentar ver placas de moto e obter mais elementos”, acrescenta.
O crime ocorreu por volta de 19 horas, aproximadamente na altura do número 110 da Berrini, bem próximo do cruzamento com Avenida dos Bandeirantes e a Marginal Pinheiros. Informações preliminares indicam que o ladrão que atirou em Marcos César teria vindo da marginal e fugido no sentido zona sul.
Em maio, houve três furtos de veículo nas proximidades de onde o crime ocorreu, conforme dados do Radar da Criminalidade, ferramenta lançada nesta semana pelo Estadão para calcular o número de ocorrências registradas em um raio de 500 metros de determinada localização. Não foram registrados, porém, casos de roubos de veículo e latrocínios no período.
“A testemunha que noticiou o crime na delegacia de polícia não conseguiu ver (a abordagem) para saber se o crime foi praticado por uma ou mais pessoas, por exemplo. Ela só se assustou com o barulho de tiro e foi levar o caso para a polícia”, afirmou Lousano.
Segundo informações da polícia, a vítima foi atingida por disparos no braço e no peito. Também teve ferimentos na cabeça por conta da queda da moto – durante a ação, o veículo teria colidido com um guarda-corpo metálico na via. A hipótese dos investigadores é de que a motocicleta não foi levada por criminosos porque parou de funcionar depois disso.
Facilidade de fuga pelas estradas atrai ladrões
Lousano reconhece que roubos de moto são relativamente frequentes nos arredores da Berrini. “É um crime que ocorre com certa frequência nessa região, principalmente pela facilidade de acesso a estradas, como Bandeirantes e Anchieta. Além de ter muita passagem desse tipo de moto.”
As ações, segundo ele, costumam envolver pequenos grupos. “Normalmente estão sempre em dois, três indivíduos, até para conseguir levar a moto da vítima embora”, afirma Lousano. Ele diz que, ainda que frequentes, os casos estão em queda após prisões efetuadas pela polícia na região.
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, nos cinco primeiros meses deste ano, foram registrados 66 roubos de veículo no 27º DP, onde o caso do Berrini foi notificado. No mesmo período do ano passado, foram 121 ocorrências no mesmo período, praticamente o dobro.
No 96º DP (Monções), que também atende ocorrências na região, foram 50 casos de roubo de veículo registrados nos cinco primeiros meses. Já no mesmo período do ano passado, foram 60.
Quando se leva em conta toda a capital paulista, foram 5.041 roubos de veículo de janeiro a meio, o que representa queda de 20,1% em relação aos 6.312 casos contabilizados no mesmo período do ano passado.
Como mostrou o Estadão, o que chama a atenção no período recente são registros de roubos em regiões como Perdizes e Pinheiros, na zona oeste. Além de uma alta, em maio, de casos de homicídio e latrocínio no Estado.
Sobre o caso de latrocínio nesta quinta, a Polícia Civil agora aguarda o resultado na perícia na moto e também prossegue com outras frentes de investigação para tentar elucidar a ocorrência. A principal hipótese apurada pela polícia segue sendo a de latrocínio.
Em publicação nas redes sociais, Luis Marcelo Peruchi, irmão da vítima, prestou homenagens a Marcos César. “Sua passagem por aqui deixou um legado muito grande”, escreveu.
Além de empreender na área da construção civil, ele foi descrito como “nosso remador” pelo irmão. “Vamos seguir em frente com muita fé e força, do jeito que você pedia que fosse. Te amo”, complementou Luis Marcelo.
O sepultamento está previsto para as 12h30 deste sábado, 29, no Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.