Delegado morto em assalto acende alerta de vizinhos, que veem número de crimes crescer na região


Mauro Guimarães Soares morreu na Vila Romana, zona oeste de capital após ser alvo de latrocínio; Secretaria informa que criminalidade diminuiu na região da Lapa e que a policia deteve um dos assaltantes

Por Caio Possati
Atualização:

A morte do delegado Mauro Guimarães Soares, de 59 anos, vítima de um latrocínio na manhã deste sábado, 21, na Vila Romana, zona oeste de São Paulo, assustou os moradores do bairro e aumentou a sensação de insegurança entre aqueles que vivem e trabalham na região.

Mauro Soares morreu depois de ser baleado no peito por um assaltante, na rua Caio Graco, no fim da manhã. Ele foi abordado por dois criminosos a bordo de duas motocicletas, que anunciaram o roubo. Um dos suspeitos foi identificado como Enzo Campos, que também foi atingido e precisou ser hospitalizado.

Ele já está detido pela polícia. O outro envolvido conseguiu escapar e segue foragido, informou a Secretaria de Segurança Pública. O caso foi registrado como latrocínio no 91º Distrito Policial (Ceasa) e é investigado pelo Departamento de Investigações Criminais (Deic).

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Moradores e trabalhadores da Vila Romana mantinham um semblante de apreensão e medo durante a tarde. Curiosos, paravam para observar o trabalho da perícia. No chão, ainda era possível ver algumas manchas de sangue e, em um dos veículos estacionados, o buraco de uma das balas que teria sido disparada no tiroteio.

À reportagem, funcionários do comércio local chegaram a relatar que viram a cena e até tentaram ajudar a socorrer o delegado. Outros disseram que conheciam Mauro Soares e até haviam conversado com ele momentos antes do crime. Houve também quem dissesse estar assustado, mas não surpreso - visto os assaltos e furtos que têm ocorrido na Vila Romana.

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O delegado Mauro Guimarães Soares morava na Vila Romana, onde foi morto neste sábado, 21 Foto: Polícia Civil/Divulgação

“O dr. Mauro era meu cliente há 11 anos”, comentou o jornaleiro Fernando Antônio Pesqueira, dono de uma banca de jornal que fica perto de onde o delegado Mauro Guimarães Soares foi morto. “Eu até me oferecia para levar o jornal a ele, mas ele dizia que precisava caminhar e, por isso, vinha até a banca todos os dias”, disse.

A rotina se repetiu na manhã deste sábado, com o delegado indo à banca de Pesqueira. “Menos de uma hora depois que ele foi embora, eu ouvi de seis a oito tiros, e quando vim ver o que tinha acontecido, vi que era o Dr. Mauro pela camiseta laranja que ele estava usando”.

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Scarlet Oliveira, funcionária de uma lanchonete que fica na Caio Graco, a poucos metros da ocorrência, contou que buscou fazer os primeiros socorros no delegado. “Por ter o curso dos Bombeiros, eu desci para tentar ajudar”, diz. Quando chegou, porém, a vítima já tinha ido a óbito, disse Scarlet.

Quem também presenciou a cena foi a aposentada Teresa Cristina Camargo, que tem uma casa de frente para o local onde aconteceu a abordagem dos criminosos. “Eu estava subindo a rua, voltando do mercado, quando vi toda a confusão”, relata. “Se eu não tivesse colocado meu carro um pouco mais para dentro da garagem hoje cedo, era capaz de ser atingido também.”

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Moradores relatam aumento da violência

A aposentada diz estar assustada com a violência no bairro Vila Romana. Ela conta que há cerca de um mês chegou a ser vítima de um assalto dentro da própria casa.

Segundo ela, um criminoso teria se passado por um funcionário da Sabesp e, na conversa com Teresa no portão de sua residência, ela teve o celular levado pelo suspeito em um curto momento de distração. “Eu nem cheguei a abrir o portão, mas ele foi super rápido e quase quebrou meu braço”, conta.

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A cabeleireira Nice, que preferiu não ter o sobrenome identificado, é dona de um salão de beleza no bairro. Ela comenta que escuta constantemente relatos de assaltos e furtos de suas clientes. Ela abre um grupo de WhatsApp de moradores da Vila Romana e exibe, para a reportagem, vídeos de crimes na região flagrados por câmeras de monitoramento

Imagens mostram o momento em que o delegado Mauro Guimarães Soares foi abordado por assaltante na Vila Romana Foto: Reprodução/Câmeras de segurança

Com medo da criminalidade, ela diz adotar alguma estratégias de segurança para evitar ser uma das vítimas. “Eu tenho trabalhado com meu portão de ferro totalmente fechado, ou meio aberto. Minhas clientes precisam tocar a campainha para poder entrar”, afirma.

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O aumento da criminalidade na região da rua Caio Graco é constatada pelo Radar da Criminalidade do Estadão. A ferramenta calcula o número de ocorrências criminais de furtos e roubos de celulares, furto e roubo de veículos, sequestro e latrocínio dentro um raio de 500 metros de uma localização escolhida pelo usuário.

A partir da via onde o delegado foi assassinado, a ferramenta indica que, em julho deste ano, houve aumento de 60% d crimes em comparação ao mesmo período de 2023. Os dados são contabilizados por meio do uso de boletins de ocorrência registrados pela Polícia Civil.

O aumento representa, em números totais, uma elevação de 20 para 32 casos no intervalo analisado, com sete registros de furto de celular, nove de roubo de celular, 15 de furto de veículo e um de roubo de veículo. No distrito da Lapa, onde fica Vila Romana, a quantidade de crimes cresceu em 15% no mês de julho, somando 228 casos no período ante 198 ocorrências registradas em julho de 2023.

O jornaleiro Fernando Antônio Pesqueira, que tem a sua banca há 12 anos na Vila Romana, entende que a valorização do bairro nos últimos anos trouxe um público de moradores de maior poder aquisitivo para a região, o que acaba por atrair maior atenção dos criminosos. “Por conta de obras do metrô que está chegando aqui, você tem pessoas de um custo de vida mais elevado, um padrão de vida melhor. (Com isso) Os marginais se aproveitam”.

Outros moradores ouvidos pela reportagem também entendem que o bairro já foi mais seguro, e afirmam conhecer amigos ou parentes que já tiveram objetos, como celulares e joias, roubados ou furtados ali nas redondezas. Um deles, que pediu anonimato, comentou que tem ficado mais atento ao sair e chegar em casa com o carro, por temer que algum criminoso o aborde enquanto espera a abertura do portão da garagem.

Scarlet Oliveira, que socorreu o delegado após o latrocínio, disse que se mudou há três meses para a Vila Romana com o objetivo de viver em segurança. No entanto, o que ela percebe é o oposto do que buscava. “Eu estou em um grupo de WhatsApp com a vizinhança, mas todos os dias alguém relata que foi vítima, ou que conhece alguém que foi vítima de algum assalto”, diz.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que atua “continuamente no desenvolvimento de estratégias para enfrentar todas as modalidades de crimes em São Paulo”, e que o trabalho das polícias Civil e Militar levou a uma “redução de 8,1% nos roubos em geral nos sete meses deste ano comparado ao mesmo período de 2023 na região do 7° DP (Lapa), responsável pela área”.

Informou também que Polícia Civil não localizou a ocorrência citada pela moradora Teresa Cristina. “Ressaltamos a importância do Boletim de Ocorrência, essencial para que os casos sejam devidamente investigados e os criminosos presos”, diz a pasta na nota. “O policiamento preventivo, realizado pela Polícia Militar, é constantemente reorientado na região com base nos indicativos criminais”.

A morte do delegado Mauro Guimarães Soares, de 59 anos, vítima de um latrocínio na manhã deste sábado, 21, na Vila Romana, zona oeste de São Paulo, assustou os moradores do bairro e aumentou a sensação de insegurança entre aqueles que vivem e trabalham na região.

Mauro Soares morreu depois de ser baleado no peito por um assaltante, na rua Caio Graco, no fim da manhã. Ele foi abordado por dois criminosos a bordo de duas motocicletas, que anunciaram o roubo. Um dos suspeitos foi identificado como Enzo Campos, que também foi atingido e precisou ser hospitalizado.

Ele já está detido pela polícia. O outro envolvido conseguiu escapar e segue foragido, informou a Secretaria de Segurança Pública. O caso foi registrado como latrocínio no 91º Distrito Policial (Ceasa) e é investigado pelo Departamento de Investigações Criminais (Deic).

Moradores e trabalhadores da Vila Romana mantinham um semblante de apreensão e medo durante a tarde. Curiosos, paravam para observar o trabalho da perícia. No chão, ainda era possível ver algumas manchas de sangue e, em um dos veículos estacionados, o buraco de uma das balas que teria sido disparada no tiroteio.

À reportagem, funcionários do comércio local chegaram a relatar que viram a cena e até tentaram ajudar a socorrer o delegado. Outros disseram que conheciam Mauro Soares e até haviam conversado com ele momentos antes do crime. Houve também quem dissesse estar assustado, mas não surpreso - visto os assaltos e furtos que têm ocorrido na Vila Romana.

O delegado Mauro Guimarães Soares morava na Vila Romana, onde foi morto neste sábado, 21 Foto: Polícia Civil/Divulgação

“O dr. Mauro era meu cliente há 11 anos”, comentou o jornaleiro Fernando Antônio Pesqueira, dono de uma banca de jornal que fica perto de onde o delegado Mauro Guimarães Soares foi morto. “Eu até me oferecia para levar o jornal a ele, mas ele dizia que precisava caminhar e, por isso, vinha até a banca todos os dias”, disse.

A rotina se repetiu na manhã deste sábado, com o delegado indo à banca de Pesqueira. “Menos de uma hora depois que ele foi embora, eu ouvi de seis a oito tiros, e quando vim ver o que tinha acontecido, vi que era o Dr. Mauro pela camiseta laranja que ele estava usando”.

Scarlet Oliveira, funcionária de uma lanchonete que fica na Caio Graco, a poucos metros da ocorrência, contou que buscou fazer os primeiros socorros no delegado. “Por ter o curso dos Bombeiros, eu desci para tentar ajudar”, diz. Quando chegou, porém, a vítima já tinha ido a óbito, disse Scarlet.

Quem também presenciou a cena foi a aposentada Teresa Cristina Camargo, que tem uma casa de frente para o local onde aconteceu a abordagem dos criminosos. “Eu estava subindo a rua, voltando do mercado, quando vi toda a confusão”, relata. “Se eu não tivesse colocado meu carro um pouco mais para dentro da garagem hoje cedo, era capaz de ser atingido também.”

Moradores relatam aumento da violência

A aposentada diz estar assustada com a violência no bairro Vila Romana. Ela conta que há cerca de um mês chegou a ser vítima de um assalto dentro da própria casa.

Segundo ela, um criminoso teria se passado por um funcionário da Sabesp e, na conversa com Teresa no portão de sua residência, ela teve o celular levado pelo suspeito em um curto momento de distração. “Eu nem cheguei a abrir o portão, mas ele foi super rápido e quase quebrou meu braço”, conta.

A cabeleireira Nice, que preferiu não ter o sobrenome identificado, é dona de um salão de beleza no bairro. Ela comenta que escuta constantemente relatos de assaltos e furtos de suas clientes. Ela abre um grupo de WhatsApp de moradores da Vila Romana e exibe, para a reportagem, vídeos de crimes na região flagrados por câmeras de monitoramento

Imagens mostram o momento em que o delegado Mauro Guimarães Soares foi abordado por assaltante na Vila Romana Foto: Reprodução/Câmeras de segurança

Com medo da criminalidade, ela diz adotar alguma estratégias de segurança para evitar ser uma das vítimas. “Eu tenho trabalhado com meu portão de ferro totalmente fechado, ou meio aberto. Minhas clientes precisam tocar a campainha para poder entrar”, afirma.

O aumento da criminalidade na região da rua Caio Graco é constatada pelo Radar da Criminalidade do Estadão. A ferramenta calcula o número de ocorrências criminais de furtos e roubos de celulares, furto e roubo de veículos, sequestro e latrocínio dentro um raio de 500 metros de uma localização escolhida pelo usuário.

A partir da via onde o delegado foi assassinado, a ferramenta indica que, em julho deste ano, houve aumento de 60% d crimes em comparação ao mesmo período de 2023. Os dados são contabilizados por meio do uso de boletins de ocorrência registrados pela Polícia Civil.

O aumento representa, em números totais, uma elevação de 20 para 32 casos no intervalo analisado, com sete registros de furto de celular, nove de roubo de celular, 15 de furto de veículo e um de roubo de veículo. No distrito da Lapa, onde fica Vila Romana, a quantidade de crimes cresceu em 15% no mês de julho, somando 228 casos no período ante 198 ocorrências registradas em julho de 2023.

O jornaleiro Fernando Antônio Pesqueira, que tem a sua banca há 12 anos na Vila Romana, entende que a valorização do bairro nos últimos anos trouxe um público de moradores de maior poder aquisitivo para a região, o que acaba por atrair maior atenção dos criminosos. “Por conta de obras do metrô que está chegando aqui, você tem pessoas de um custo de vida mais elevado, um padrão de vida melhor. (Com isso) Os marginais se aproveitam”.

Outros moradores ouvidos pela reportagem também entendem que o bairro já foi mais seguro, e afirmam conhecer amigos ou parentes que já tiveram objetos, como celulares e joias, roubados ou furtados ali nas redondezas. Um deles, que pediu anonimato, comentou que tem ficado mais atento ao sair e chegar em casa com o carro, por temer que algum criminoso o aborde enquanto espera a abertura do portão da garagem.

Scarlet Oliveira, que socorreu o delegado após o latrocínio, disse que se mudou há três meses para a Vila Romana com o objetivo de viver em segurança. No entanto, o que ela percebe é o oposto do que buscava. “Eu estou em um grupo de WhatsApp com a vizinhança, mas todos os dias alguém relata que foi vítima, ou que conhece alguém que foi vítima de algum assalto”, diz.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que atua “continuamente no desenvolvimento de estratégias para enfrentar todas as modalidades de crimes em São Paulo”, e que o trabalho das polícias Civil e Militar levou a uma “redução de 8,1% nos roubos em geral nos sete meses deste ano comparado ao mesmo período de 2023 na região do 7° DP (Lapa), responsável pela área”.

Informou também que Polícia Civil não localizou a ocorrência citada pela moradora Teresa Cristina. “Ressaltamos a importância do Boletim de Ocorrência, essencial para que os casos sejam devidamente investigados e os criminosos presos”, diz a pasta na nota. “O policiamento preventivo, realizado pela Polícia Militar, é constantemente reorientado na região com base nos indicativos criminais”.

A morte do delegado Mauro Guimarães Soares, de 59 anos, vítima de um latrocínio na manhã deste sábado, 21, na Vila Romana, zona oeste de São Paulo, assustou os moradores do bairro e aumentou a sensação de insegurança entre aqueles que vivem e trabalham na região.

Mauro Soares morreu depois de ser baleado no peito por um assaltante, na rua Caio Graco, no fim da manhã. Ele foi abordado por dois criminosos a bordo de duas motocicletas, que anunciaram o roubo. Um dos suspeitos foi identificado como Enzo Campos, que também foi atingido e precisou ser hospitalizado.

Ele já está detido pela polícia. O outro envolvido conseguiu escapar e segue foragido, informou a Secretaria de Segurança Pública. O caso foi registrado como latrocínio no 91º Distrito Policial (Ceasa) e é investigado pelo Departamento de Investigações Criminais (Deic).

Moradores e trabalhadores da Vila Romana mantinham um semblante de apreensão e medo durante a tarde. Curiosos, paravam para observar o trabalho da perícia. No chão, ainda era possível ver algumas manchas de sangue e, em um dos veículos estacionados, o buraco de uma das balas que teria sido disparada no tiroteio.

À reportagem, funcionários do comércio local chegaram a relatar que viram a cena e até tentaram ajudar a socorrer o delegado. Outros disseram que conheciam Mauro Soares e até haviam conversado com ele momentos antes do crime. Houve também quem dissesse estar assustado, mas não surpreso - visto os assaltos e furtos que têm ocorrido na Vila Romana.

O delegado Mauro Guimarães Soares morava na Vila Romana, onde foi morto neste sábado, 21 Foto: Polícia Civil/Divulgação

“O dr. Mauro era meu cliente há 11 anos”, comentou o jornaleiro Fernando Antônio Pesqueira, dono de uma banca de jornal que fica perto de onde o delegado Mauro Guimarães Soares foi morto. “Eu até me oferecia para levar o jornal a ele, mas ele dizia que precisava caminhar e, por isso, vinha até a banca todos os dias”, disse.

A rotina se repetiu na manhã deste sábado, com o delegado indo à banca de Pesqueira. “Menos de uma hora depois que ele foi embora, eu ouvi de seis a oito tiros, e quando vim ver o que tinha acontecido, vi que era o Dr. Mauro pela camiseta laranja que ele estava usando”.

Scarlet Oliveira, funcionária de uma lanchonete que fica na Caio Graco, a poucos metros da ocorrência, contou que buscou fazer os primeiros socorros no delegado. “Por ter o curso dos Bombeiros, eu desci para tentar ajudar”, diz. Quando chegou, porém, a vítima já tinha ido a óbito, disse Scarlet.

Quem também presenciou a cena foi a aposentada Teresa Cristina Camargo, que tem uma casa de frente para o local onde aconteceu a abordagem dos criminosos. “Eu estava subindo a rua, voltando do mercado, quando vi toda a confusão”, relata. “Se eu não tivesse colocado meu carro um pouco mais para dentro da garagem hoje cedo, era capaz de ser atingido também.”

Moradores relatam aumento da violência

A aposentada diz estar assustada com a violência no bairro Vila Romana. Ela conta que há cerca de um mês chegou a ser vítima de um assalto dentro da própria casa.

Segundo ela, um criminoso teria se passado por um funcionário da Sabesp e, na conversa com Teresa no portão de sua residência, ela teve o celular levado pelo suspeito em um curto momento de distração. “Eu nem cheguei a abrir o portão, mas ele foi super rápido e quase quebrou meu braço”, conta.

A cabeleireira Nice, que preferiu não ter o sobrenome identificado, é dona de um salão de beleza no bairro. Ela comenta que escuta constantemente relatos de assaltos e furtos de suas clientes. Ela abre um grupo de WhatsApp de moradores da Vila Romana e exibe, para a reportagem, vídeos de crimes na região flagrados por câmeras de monitoramento

Imagens mostram o momento em que o delegado Mauro Guimarães Soares foi abordado por assaltante na Vila Romana Foto: Reprodução/Câmeras de segurança

Com medo da criminalidade, ela diz adotar alguma estratégias de segurança para evitar ser uma das vítimas. “Eu tenho trabalhado com meu portão de ferro totalmente fechado, ou meio aberto. Minhas clientes precisam tocar a campainha para poder entrar”, afirma.

O aumento da criminalidade na região da rua Caio Graco é constatada pelo Radar da Criminalidade do Estadão. A ferramenta calcula o número de ocorrências criminais de furtos e roubos de celulares, furto e roubo de veículos, sequestro e latrocínio dentro um raio de 500 metros de uma localização escolhida pelo usuário.

A partir da via onde o delegado foi assassinado, a ferramenta indica que, em julho deste ano, houve aumento de 60% d crimes em comparação ao mesmo período de 2023. Os dados são contabilizados por meio do uso de boletins de ocorrência registrados pela Polícia Civil.

O aumento representa, em números totais, uma elevação de 20 para 32 casos no intervalo analisado, com sete registros de furto de celular, nove de roubo de celular, 15 de furto de veículo e um de roubo de veículo. No distrito da Lapa, onde fica Vila Romana, a quantidade de crimes cresceu em 15% no mês de julho, somando 228 casos no período ante 198 ocorrências registradas em julho de 2023.

O jornaleiro Fernando Antônio Pesqueira, que tem a sua banca há 12 anos na Vila Romana, entende que a valorização do bairro nos últimos anos trouxe um público de moradores de maior poder aquisitivo para a região, o que acaba por atrair maior atenção dos criminosos. “Por conta de obras do metrô que está chegando aqui, você tem pessoas de um custo de vida mais elevado, um padrão de vida melhor. (Com isso) Os marginais se aproveitam”.

Outros moradores ouvidos pela reportagem também entendem que o bairro já foi mais seguro, e afirmam conhecer amigos ou parentes que já tiveram objetos, como celulares e joias, roubados ou furtados ali nas redondezas. Um deles, que pediu anonimato, comentou que tem ficado mais atento ao sair e chegar em casa com o carro, por temer que algum criminoso o aborde enquanto espera a abertura do portão da garagem.

Scarlet Oliveira, que socorreu o delegado após o latrocínio, disse que se mudou há três meses para a Vila Romana com o objetivo de viver em segurança. No entanto, o que ela percebe é o oposto do que buscava. “Eu estou em um grupo de WhatsApp com a vizinhança, mas todos os dias alguém relata que foi vítima, ou que conhece alguém que foi vítima de algum assalto”, diz.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública diz que atua “continuamente no desenvolvimento de estratégias para enfrentar todas as modalidades de crimes em São Paulo”, e que o trabalho das polícias Civil e Militar levou a uma “redução de 8,1% nos roubos em geral nos sete meses deste ano comparado ao mesmo período de 2023 na região do 7° DP (Lapa), responsável pela área”.

Informou também que Polícia Civil não localizou a ocorrência citada pela moradora Teresa Cristina. “Ressaltamos a importância do Boletim de Ocorrência, essencial para que os casos sejam devidamente investigados e os criminosos presos”, diz a pasta na nota. “O policiamento preventivo, realizado pela Polícia Militar, é constantemente reorientado na região com base nos indicativos criminais”.

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