Um dos primeiros “pele de vidro” de São Paulo, o Edifício Wilton Paes de Almeida era o precursor do que se tornaria a marca registrada dos prédios de grandes centros econômicos da cidade de São Paulo, como as Avenidas Berrini e Faria Lima. Destruído pelo incêndio seguido de desabamento na terça-feira, era um dos 293 bens tombados em âmbito municipal dentro da área do Vale do Anhangabaú desde 1992.
Representante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) no conselho municipal de patrimônio cultural, Marianna Al Assal considera o tombamento do Anhangabaú exemplar por preservar uma época. “Não é o tombamento de um imóvel isolado, mas da paisagem composta pelas construções que marcam, identificam espaços da cidade”, comenta.
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Como explica a arquiteta Nadia Somekh, o eixo de escritórios saiu do centro para a Avenida Paulista, nos anos 1970, e seguiu para a Avenida Faria Lima, nos anos 1980. Atualmente, está no entorno da Avenida Berrini, na zona sul. “Houve ao longo do século 20, uma ‘deselitização’ do centro”, aponta a autora de A Cidade Vertical e o Urbanismo Modernizador.
Novos recursos, como metrô e vias expressas, contudo, podem revalorizar esses locais. Ex-coordenador do programa federal Monumenta, Pedro Taddei Neto aponta que, no caso do centro, há alguma permanência urbanística por ter uma configuração mais flexível do que seus antecessores, da época colonial, por exemplo.
A estrutura de escritórios de prédios do centro não abarca as necessidades de muitas empresas hoje, que preferem grandes espaços abertos, modificáveis com mais facilidade, ele aponta. Para Nadia, contudo, a estrutura se encaixa mais nas necessidades de pequenos profissionais liberais, como advogados, ou produtores culturais – além de poderem ser adaptados para a habitação.