Atingido por um incêndio nesta quinta-feira, 3, o Edifício Copan é um dos mais icônicos e importantes prédios de São Paulo, conhecido especialmente pelas curvas, com o formato em “s”. Ao todo, o edifício tem mais de mil apartamentos, além de lojas, restaurantes, galeria, livraria, escritórios e espaços comerciais diversos.
Projetado por Oscar Niemeyer, com participação de Carlos Alberto Cerqueira Lemos, o prédio é tombado como patrimônio cultural na esfera nacional. Milhares de pessoas transitam pelo local diariamente, que abriga restaurantes de chefs renomadas, livrarias e outros espaços movimentados do centro de São Paulo.
Costuma lotar ainda mais aos fins de semana, por causa dos espaços culturais e gastronômicos que abriga. Também é conhecido pela vista para o centro de São Paulo, acessível de seu mirante e dos apartamentos mais altos.
Dentre os espaços que funcionam no Copan, estão a livraria Megafauna, o Bar da Dona Onça (de Janaína Torres, eleita melhor chef do mundo neste ano), o restaurante Cuia (da também renomada chef Bel Coelho) e a Galeria Pivô. O prédio também costuma atrair turistas locais e estrangeiros, parte deles hospedados nos diversos apartamentos disponíveis para locação de curta duração.
Está em processo de restauro após anos de desentendimento entre a proposta anterior do condomínio e as exigências dos órgãos de patrimônio. Embora não tenha riscos estruturais, há alguns “pontos críticos, com alto grau de deterioração do concreto e suas armaduras” e que necessitavam de “tratamento urgente”, de acordo com avaliação técnica de órgão de patrimônio da Prefeitura. A primeira fase da obra foi iniciada em 2023.
‘Foi uma exceção na sua época’, disse arquiteto que colaborou no projeto do Copan
O Copan começou a ser construído em 1952, quando Niemeyer já era um arquiteto renomado. O nome é uma sigla para Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo, cuja proposta inicial incluía um hotel. O prédio começou a ser habitado em 1966, mas a obra foi totalmente concluída seis anos depois. Com cerca de 115 metros de altura, tem 38 pavimentos, dos quais 32 reúnem mais de 1 mil apartamentos.
O arquiteto Carlos Alberto Cerqueira Lemos assina como colaborador no projeto do Copan. Ex-diretor do escritório paulistano de Niemeyer e professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), respondeu a perguntas do Estadão em reportagem de 2019. À época, destacou as particularidades da construção:
“Tendo em vista a arquitetura moderna brasileira e a paulistana, o Edifício Copan foi uma exceção na sua época, década de 1950, devido tanto ao seu programa de necessidades, quanto ao seu tamanho e a sua forma de “s”, que resultou da sinuosidade das divisas posteriores do terreno”, disse.
“No entanto, teve um precedente paulistano, o Edifício Martinelli. Ambos tiveram programas semelhantes e bastante diversificados, satisfazendo necessidades habitacionais, comércio e diversões numa só construção. Outro exemplo, seguindo a tendência de múltiplos usos numa mesma edificação foi o Conjunto Nacional, que seria construído alguns anos mais tarde, na Avenida Paulista”, completou.