Paulistices, cultura geral e outras curiosidades

Sabiá 'paulistano' é estressado e sofre de insônia


Levantamento do Instituto Passarinhar identificou diferença de comportamento da ave que vive em São Paulo

Por Edison Veiga
 Foto: Sergio Castro/ Estadão

Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Eram 21h30 de uma quarta-feira quando um professor de Processo Penal interrompeu a aula com a inusitada reclamação. "Esses passarinhos me perseguem", disse ele. "Eles me acordam de madrugada e, ouçam só, estão cantando até essa hora..."

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Considerada a ave-símbolo de São Paulo desde 1966, o sabiá-laranjeira tem experimentado agruras antes restritas aos seres humanos. De acordo com recente estudo, assim como os humanos, os sabiás paulistanos também andam estressados com o trânsito - e fazendo hora extra. Esta é a conclusão do Instituto Passarinhar, que desde 2013 tem coletado, por meio de pesquisa colaborativa, informações sobre horário de início e término do canto do sabiá em diversos pontos do País. E, acredite, em São Paulo o bicho sofre de insônia: começa a cantar cinco horas antes do que seus parentes do interior; e só para a cantoria quatro horas mais tarde do que o fim do expediente dos que vivem em outras localidades.

Sabiá-laranjeira

1 | 6

Fauna urbana

Foto: Foto: Décio Hoffmann/ Divulgação
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Sabiá

Foto: Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão
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Sabiá

Foto: Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão
4 | 6

Símbolo

Foto: Foto: Sergio Castro/ Estadão
5 | 6

Símbolo

Foto: Divulgação
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Em São Paulo

Foto: Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

"Enquanto o natural seria que o pássaro começasse a cantar com o nascer do sol e interrompesse a atividade ao fim do dia, na cidade de São Paulo seu pico de atividade acontece às 3h da madrugada", afirma o biólogo e fotógrafo Sandro Von Matter, responsável pelo estudo.

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"Então, se a grande maioria das aves que mora em cidades pequenas não canta de madrugada, fica evidente que esta não é uma característica comum da espécie, mas, sim, um comportamento exclusivo de aves que habitam grandes cidades como São Paulo", explica Von Matter.

O pesquisador encontrou no trânsito a culpa por essa diferença de comportamento. "Melhor dizendo, no barulho provocado pelos carros", diz. "Os níveis de ruídos nas ruas de São Paulo, mesmo em áreas residenciais, fica em média entre 70 e 100 decibéis. O máximo que um sabiá-laranjeira consegue alcançar ao cantar é 70 decibéis e esse canto apenas é perceptível a esta altura a até 5 metros de distância; a partir daí ele se torna imperceptível. Ou seja: em São Paulo, somente no silêncio da madrugada o sabiá encontra condições ideais para se comunicar, ouvir e ser ouvido."

[embed]https://www.youtube.com/watch?v=Q7Z0xdSW2n8[/embed]

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Pesquisa. Criado em 2013, o projeto A Hora do Sabiá (www.horadosabia.com) segue no ar, colhendo informações de todas as partes do País. Segundo Von Matter, esta é a época do ano em que a maior parte dos dados chegam - porque na primavera, época de acasalamento dos sabiás, o bicho canta mais. Até agora, o Instituto Passarinhar já coletou mais de 9 mil registros - 1,9 mil da cidade de São Paulo - sobre o comportamento do sabiá.

Von Matter diz que a maior preocupação é como essa população paulistana de sabiás está passando por uma espécie de "seleção natural artificializada". "Essa 'insônia' afeta a população inteira, pois essas características da ave estão sendo selecionadas de geração para geração. Em um efeito cascata, pode haver queda populacional, morte dos bichos... Em ecologia, tudo está conectado", afirma. "De modo pontual, isso pode trazer danos à saúde dos exemplares, afetando a longevidade e a reprodução."

Para o engenheiro e ornitólogo Johan Dalgas Frisch, presidente da Associação de Preservação da Vida Selvagem, o comportamento dos sabiás paulistanos lembra o dos rouxinóis na Europa, que também andam assobiando na escuridão da madrugada. "Este comportamento é porque o pássaro precisa ensinar seus filhotes recém-nascidos a cantar a 'sua música'. E nestas horas escuras da manhã, os maiores predadores de filhotes de sabiá - tucanos, gralhas, etc. - estão em profundo sono", explica Frisch.

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Frisch tem o sabiá-laranjeira no cerne de sua própria história pessoal - não à toa, o toque de seu celular é o canto do passarinho. Ele encabeçou a campanha que deu ao sabiá o título de ave-símbolo do Estado, em 1966. Isto porque, naqueles anos 1960, incomodado com o número cada vez menor de aves que podiam ser avistadas na cidade de São Paulo, ele foi ao rádio e à televisão pedindo que as pessoas plantassem mais árvores frutíferas - então lançou o sabiá como candidato a ocupar o posto de símbolo paulista.

Hoje, estima-se que 285 espécies de aves vivam em São Paulo - preferem os parques, é claro, mas também podem ser flagradas descansando nos fios elétricos dos postes.

 Foto: Sergio Castro/ Estadão

Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Eram 21h30 de uma quarta-feira quando um professor de Processo Penal interrompeu a aula com a inusitada reclamação. "Esses passarinhos me perseguem", disse ele. "Eles me acordam de madrugada e, ouçam só, estão cantando até essa hora..."

Considerada a ave-símbolo de São Paulo desde 1966, o sabiá-laranjeira tem experimentado agruras antes restritas aos seres humanos. De acordo com recente estudo, assim como os humanos, os sabiás paulistanos também andam estressados com o trânsito - e fazendo hora extra. Esta é a conclusão do Instituto Passarinhar, que desde 2013 tem coletado, por meio de pesquisa colaborativa, informações sobre horário de início e término do canto do sabiá em diversos pontos do País. E, acredite, em São Paulo o bicho sofre de insônia: começa a cantar cinco horas antes do que seus parentes do interior; e só para a cantoria quatro horas mais tarde do que o fim do expediente dos que vivem em outras localidades.

Sabiá-laranjeira

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Fauna urbana

Foto: Foto: Décio Hoffmann/ Divulgação
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Sabiá

Foto: Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão
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Sabiá

Foto: Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão
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Símbolo

Foto: Foto: Sergio Castro/ Estadão
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Símbolo

Foto: Divulgação
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Em São Paulo

Foto: Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

"Enquanto o natural seria que o pássaro começasse a cantar com o nascer do sol e interrompesse a atividade ao fim do dia, na cidade de São Paulo seu pico de atividade acontece às 3h da madrugada", afirma o biólogo e fotógrafo Sandro Von Matter, responsável pelo estudo.

"Então, se a grande maioria das aves que mora em cidades pequenas não canta de madrugada, fica evidente que esta não é uma característica comum da espécie, mas, sim, um comportamento exclusivo de aves que habitam grandes cidades como São Paulo", explica Von Matter.

O pesquisador encontrou no trânsito a culpa por essa diferença de comportamento. "Melhor dizendo, no barulho provocado pelos carros", diz. "Os níveis de ruídos nas ruas de São Paulo, mesmo em áreas residenciais, fica em média entre 70 e 100 decibéis. O máximo que um sabiá-laranjeira consegue alcançar ao cantar é 70 decibéis e esse canto apenas é perceptível a esta altura a até 5 metros de distância; a partir daí ele se torna imperceptível. Ou seja: em São Paulo, somente no silêncio da madrugada o sabiá encontra condições ideais para se comunicar, ouvir e ser ouvido."

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Pesquisa. Criado em 2013, o projeto A Hora do Sabiá (www.horadosabia.com) segue no ar, colhendo informações de todas as partes do País. Segundo Von Matter, esta é a época do ano em que a maior parte dos dados chegam - porque na primavera, época de acasalamento dos sabiás, o bicho canta mais. Até agora, o Instituto Passarinhar já coletou mais de 9 mil registros - 1,9 mil da cidade de São Paulo - sobre o comportamento do sabiá.

Von Matter diz que a maior preocupação é como essa população paulistana de sabiás está passando por uma espécie de "seleção natural artificializada". "Essa 'insônia' afeta a população inteira, pois essas características da ave estão sendo selecionadas de geração para geração. Em um efeito cascata, pode haver queda populacional, morte dos bichos... Em ecologia, tudo está conectado", afirma. "De modo pontual, isso pode trazer danos à saúde dos exemplares, afetando a longevidade e a reprodução."

Para o engenheiro e ornitólogo Johan Dalgas Frisch, presidente da Associação de Preservação da Vida Selvagem, o comportamento dos sabiás paulistanos lembra o dos rouxinóis na Europa, que também andam assobiando na escuridão da madrugada. "Este comportamento é porque o pássaro precisa ensinar seus filhotes recém-nascidos a cantar a 'sua música'. E nestas horas escuras da manhã, os maiores predadores de filhotes de sabiá - tucanos, gralhas, etc. - estão em profundo sono", explica Frisch.

Frisch tem o sabiá-laranjeira no cerne de sua própria história pessoal - não à toa, o toque de seu celular é o canto do passarinho. Ele encabeçou a campanha que deu ao sabiá o título de ave-símbolo do Estado, em 1966. Isto porque, naqueles anos 1960, incomodado com o número cada vez menor de aves que podiam ser avistadas na cidade de São Paulo, ele foi ao rádio e à televisão pedindo que as pessoas plantassem mais árvores frutíferas - então lançou o sabiá como candidato a ocupar o posto de símbolo paulista.

Hoje, estima-se que 285 espécies de aves vivam em São Paulo - preferem os parques, é claro, mas também podem ser flagradas descansando nos fios elétricos dos postes.

 Foto: Sergio Castro/ Estadão

Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Eram 21h30 de uma quarta-feira quando um professor de Processo Penal interrompeu a aula com a inusitada reclamação. "Esses passarinhos me perseguem", disse ele. "Eles me acordam de madrugada e, ouçam só, estão cantando até essa hora..."

Considerada a ave-símbolo de São Paulo desde 1966, o sabiá-laranjeira tem experimentado agruras antes restritas aos seres humanos. De acordo com recente estudo, assim como os humanos, os sabiás paulistanos também andam estressados com o trânsito - e fazendo hora extra. Esta é a conclusão do Instituto Passarinhar, que desde 2013 tem coletado, por meio de pesquisa colaborativa, informações sobre horário de início e término do canto do sabiá em diversos pontos do País. E, acredite, em São Paulo o bicho sofre de insônia: começa a cantar cinco horas antes do que seus parentes do interior; e só para a cantoria quatro horas mais tarde do que o fim do expediente dos que vivem em outras localidades.

Sabiá-laranjeira

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Fauna urbana

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Sabiá

Foto: Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão
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Sabiá

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Foto: Foto: Sergio Castro/ Estadão
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Foto: Divulgação
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Em São Paulo

Foto: Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

"Enquanto o natural seria que o pássaro começasse a cantar com o nascer do sol e interrompesse a atividade ao fim do dia, na cidade de São Paulo seu pico de atividade acontece às 3h da madrugada", afirma o biólogo e fotógrafo Sandro Von Matter, responsável pelo estudo.

"Então, se a grande maioria das aves que mora em cidades pequenas não canta de madrugada, fica evidente que esta não é uma característica comum da espécie, mas, sim, um comportamento exclusivo de aves que habitam grandes cidades como São Paulo", explica Von Matter.

O pesquisador encontrou no trânsito a culpa por essa diferença de comportamento. "Melhor dizendo, no barulho provocado pelos carros", diz. "Os níveis de ruídos nas ruas de São Paulo, mesmo em áreas residenciais, fica em média entre 70 e 100 decibéis. O máximo que um sabiá-laranjeira consegue alcançar ao cantar é 70 decibéis e esse canto apenas é perceptível a esta altura a até 5 metros de distância; a partir daí ele se torna imperceptível. Ou seja: em São Paulo, somente no silêncio da madrugada o sabiá encontra condições ideais para se comunicar, ouvir e ser ouvido."

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Pesquisa. Criado em 2013, o projeto A Hora do Sabiá (www.horadosabia.com) segue no ar, colhendo informações de todas as partes do País. Segundo Von Matter, esta é a época do ano em que a maior parte dos dados chegam - porque na primavera, época de acasalamento dos sabiás, o bicho canta mais. Até agora, o Instituto Passarinhar já coletou mais de 9 mil registros - 1,9 mil da cidade de São Paulo - sobre o comportamento do sabiá.

Von Matter diz que a maior preocupação é como essa população paulistana de sabiás está passando por uma espécie de "seleção natural artificializada". "Essa 'insônia' afeta a população inteira, pois essas características da ave estão sendo selecionadas de geração para geração. Em um efeito cascata, pode haver queda populacional, morte dos bichos... Em ecologia, tudo está conectado", afirma. "De modo pontual, isso pode trazer danos à saúde dos exemplares, afetando a longevidade e a reprodução."

Para o engenheiro e ornitólogo Johan Dalgas Frisch, presidente da Associação de Preservação da Vida Selvagem, o comportamento dos sabiás paulistanos lembra o dos rouxinóis na Europa, que também andam assobiando na escuridão da madrugada. "Este comportamento é porque o pássaro precisa ensinar seus filhotes recém-nascidos a cantar a 'sua música'. E nestas horas escuras da manhã, os maiores predadores de filhotes de sabiá - tucanos, gralhas, etc. - estão em profundo sono", explica Frisch.

Frisch tem o sabiá-laranjeira no cerne de sua própria história pessoal - não à toa, o toque de seu celular é o canto do passarinho. Ele encabeçou a campanha que deu ao sabiá o título de ave-símbolo do Estado, em 1966. Isto porque, naqueles anos 1960, incomodado com o número cada vez menor de aves que podiam ser avistadas na cidade de São Paulo, ele foi ao rádio e à televisão pedindo que as pessoas plantassem mais árvores frutíferas - então lançou o sabiá como candidato a ocupar o posto de símbolo paulista.

Hoje, estima-se que 285 espécies de aves vivam em São Paulo - preferem os parques, é claro, mas também podem ser flagradas descansando nos fios elétricos dos postes.

 Foto: Sergio Castro/ Estadão

Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Eram 21h30 de uma quarta-feira quando um professor de Processo Penal interrompeu a aula com a inusitada reclamação. "Esses passarinhos me perseguem", disse ele. "Eles me acordam de madrugada e, ouçam só, estão cantando até essa hora..."

Considerada a ave-símbolo de São Paulo desde 1966, o sabiá-laranjeira tem experimentado agruras antes restritas aos seres humanos. De acordo com recente estudo, assim como os humanos, os sabiás paulistanos também andam estressados com o trânsito - e fazendo hora extra. Esta é a conclusão do Instituto Passarinhar, que desde 2013 tem coletado, por meio de pesquisa colaborativa, informações sobre horário de início e término do canto do sabiá em diversos pontos do País. E, acredite, em São Paulo o bicho sofre de insônia: começa a cantar cinco horas antes do que seus parentes do interior; e só para a cantoria quatro horas mais tarde do que o fim do expediente dos que vivem em outras localidades.

Sabiá-laranjeira

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Fauna urbana

Foto: Foto: Décio Hoffmann/ Divulgação
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Sabiá

Foto: Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão
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Sabiá

Foto: Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão
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Símbolo

Foto: Foto: Sergio Castro/ Estadão
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Símbolo

Foto: Divulgação
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Em São Paulo

Foto: Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

"Enquanto o natural seria que o pássaro começasse a cantar com o nascer do sol e interrompesse a atividade ao fim do dia, na cidade de São Paulo seu pico de atividade acontece às 3h da madrugada", afirma o biólogo e fotógrafo Sandro Von Matter, responsável pelo estudo.

"Então, se a grande maioria das aves que mora em cidades pequenas não canta de madrugada, fica evidente que esta não é uma característica comum da espécie, mas, sim, um comportamento exclusivo de aves que habitam grandes cidades como São Paulo", explica Von Matter.

O pesquisador encontrou no trânsito a culpa por essa diferença de comportamento. "Melhor dizendo, no barulho provocado pelos carros", diz. "Os níveis de ruídos nas ruas de São Paulo, mesmo em áreas residenciais, fica em média entre 70 e 100 decibéis. O máximo que um sabiá-laranjeira consegue alcançar ao cantar é 70 decibéis e esse canto apenas é perceptível a esta altura a até 5 metros de distância; a partir daí ele se torna imperceptível. Ou seja: em São Paulo, somente no silêncio da madrugada o sabiá encontra condições ideais para se comunicar, ouvir e ser ouvido."

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Pesquisa. Criado em 2013, o projeto A Hora do Sabiá (www.horadosabia.com) segue no ar, colhendo informações de todas as partes do País. Segundo Von Matter, esta é a época do ano em que a maior parte dos dados chegam - porque na primavera, época de acasalamento dos sabiás, o bicho canta mais. Até agora, o Instituto Passarinhar já coletou mais de 9 mil registros - 1,9 mil da cidade de São Paulo - sobre o comportamento do sabiá.

Von Matter diz que a maior preocupação é como essa população paulistana de sabiás está passando por uma espécie de "seleção natural artificializada". "Essa 'insônia' afeta a população inteira, pois essas características da ave estão sendo selecionadas de geração para geração. Em um efeito cascata, pode haver queda populacional, morte dos bichos... Em ecologia, tudo está conectado", afirma. "De modo pontual, isso pode trazer danos à saúde dos exemplares, afetando a longevidade e a reprodução."

Para o engenheiro e ornitólogo Johan Dalgas Frisch, presidente da Associação de Preservação da Vida Selvagem, o comportamento dos sabiás paulistanos lembra o dos rouxinóis na Europa, que também andam assobiando na escuridão da madrugada. "Este comportamento é porque o pássaro precisa ensinar seus filhotes recém-nascidos a cantar a 'sua música'. E nestas horas escuras da manhã, os maiores predadores de filhotes de sabiá - tucanos, gralhas, etc. - estão em profundo sono", explica Frisch.

Frisch tem o sabiá-laranjeira no cerne de sua própria história pessoal - não à toa, o toque de seu celular é o canto do passarinho. Ele encabeçou a campanha que deu ao sabiá o título de ave-símbolo do Estado, em 1966. Isto porque, naqueles anos 1960, incomodado com o número cada vez menor de aves que podiam ser avistadas na cidade de São Paulo, ele foi ao rádio e à televisão pedindo que as pessoas plantassem mais árvores frutíferas - então lançou o sabiá como candidato a ocupar o posto de símbolo paulista.

Hoje, estima-se que 285 espécies de aves vivam em São Paulo - preferem os parques, é claro, mas também podem ser flagradas descansando nos fios elétricos dos postes.

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