Projeto reúne centenas de retratos para mostrar a ‘cara’ da Vila Buarque, em SP


Artista e publicitária planejam projeções em fachadas e distribuição de lambe-lambes com imagens de moradores e trabalhadores de bairro paulistano

Por Priscila Mengue

Há quem jure que a Vila Buarque é uma cidadezinha de interior no centro de São Paulo. Que, por lá, vizinhos, comerciantes e trabalhadores locais se conhecem pelo nome, se cumprimentam e compartilham histórias. Isso mesmo com as mudanças que o bairro passa ao longo de décadas, atraindo também um público mais jovem e “moderninho”. 

O material estásendo coletado pela jornalista e publicitária Priscilla Torelli e pela artista Bia Ferrer Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

A mistura entre os rostos mais antigos e os recém-chegados é o foco da ação A Cara da Vila Buarque, que está criando um acervo virtual com retratos de quem mora, trabalha ou frequenta o bairro, conhecido pelos bares, espaços culturais, vida universitária e ruas marcantes para a história da cidade, como a Rua Maria Antônia. O material estás sendo coletado pela jornalista e publicitária Priscilla Torelli, de 48 anos, e pela artista Bia Ferrer, de 42 anos.

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O resultado começou a ser publicado há 20 dias em um perfil de Instagram, com postagens que devem persistir pelos próximos meses. Com os retratos, são postadas frases e histórias escolhidas pelos participantes.

“Como a gente não pode sair (por causa da pandemia do novo coronavírus), é uma forma de ter um outro contato entre as pessoas. Muitas delas você vê na rua diariamente e, agora, acaba vendo de outra maneira”, diz Priscilla. “Isso trabalha o pertencimento do bairro.” 

Em fotos, acervo revela ‘cara’ da Vila Buarque, no centro de São Paulo

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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque
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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque
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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque
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Foto: A Cara da Vila Buarque
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Moradora da região há quase 20 anos, Priscilla já percebia esse potencial ao manter um perfil do bairro em rede social desde 2016. “Muita gente falava que o Instragram da Vila Buarque era uma janela para o bairro”, compara.

Além da internet, os retratos podem vir a ganhar espaço nos prédios e nas ruas. A ideia é, assim que se conseguir patrocínio, espalhar lambe-lambes e fazer projeções nas empenas de edifícios. “A gente quer povoar a rua com caras dessas pessoas, trazer a população para a rua”, descreve Bia. 

A ação faz parte do projeto A Cara dos Lugares, criado pela artista em 2008, que passou por 10 países e fotografou 6 mil pessoas. “Quando se pensa em um lugar, geralmente se tem as indicações turísticas, da arquitetura, do clima, mas não das pessoas. E quem faz os lugares são as pessoas.”

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Antes da Vila Buarque, apenas outro bairro, a Barra Funda, havia sido retratado por Bia, cerca de quatro anos atrás. Na época, a imagem de um dos lambe-lambes até ajudou uma mulher a encontrar o pai que não conhecia. Após a atual ação, ela já planeja uma nova, focada nos refugiados que moram no Pari, também na região central.

Pela primeira vez, contudo, o projeto se tornou virtual e colaborativo. Bia conta já ter recebido mais de 250 imagens de pessoas dispostas a participar. As fotos podem ser enviadas por e-mail até esta segunda-feira, 31. Todas serão incluídas, desde que sejam retratos e tenham o nome e a idade do participante. “A parte mais legal foi cortada, de conhecer as pessoas, de conversar", lamenta a artista.

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Como os participantes são convocados majoritariamente pelas redes sociais, a artista também incluiu três saídas fotográficas, para trazer diversidade e registrar novos rostos. “Eu, como pesquisadora, estava sentindo falta de pessoas que não têm rede social, do cara da padaria, do tiozinho da sapataria, dessa população mais antiga do bairro.”

Uma dessas três saídas foi guiada pelo cenografista de vitrines Tui Falcão, que mora na região há 37 dos seus 59 anos de vida e diz que não se muda do bairro “de jeito nenhum”. “Já vi muita gente passar, já vi muita indo embora, já vi muita gente chegar, mas tem uns pontos que permanecem durante esse tempo todo”, garante.

“Tenho muita amizade com o pessoal mais velho, que tem arquivo enorme daqui, dos anos 1970, quando o bairro era mais marginal, que era uma outra coisa. Há figuras ímpares, donos de bares, sapateiros, manicures, uma galera muito interessante.”

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Uma das participantes é a atriz Titzi Oliveira, de 39 anos, que já morou em quatro endereços do bairro desde 2002. A última mudança foi para dividir apartamento. Ela tinha uma condição: a de não sair da Vila Buarque.

Titzi diz que sempre foi bairrista, mas que o apego cresceu na pandemia. “Me deu vontade de participar ainda mais das coisas do bairro, me identifico cada vez mais”, afirma. “Tem essa lenda de que São Paulo é um lugar frio. Mas vou discordar: São Paulo é muito quente.” 

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A atriz conta que essa é a razão para ela ter decidido contribuir. “É muito legal você abraçar o bairro e o bairro te abraçar. O projeto fala disso.”

Serviço

Perfil Vila Buarque: instagram.com/vilabuarque

Perfil A Cara dos Lugares: instagram.com/acaradoslugares

Enviar foto para o projeto:

acaradavilabuarque@gmail.com

Há quem jure que a Vila Buarque é uma cidadezinha de interior no centro de São Paulo. Que, por lá, vizinhos, comerciantes e trabalhadores locais se conhecem pelo nome, se cumprimentam e compartilham histórias. Isso mesmo com as mudanças que o bairro passa ao longo de décadas, atraindo também um público mais jovem e “moderninho”. 

O material estásendo coletado pela jornalista e publicitária Priscilla Torelli e pela artista Bia Ferrer Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

A mistura entre os rostos mais antigos e os recém-chegados é o foco da ação A Cara da Vila Buarque, que está criando um acervo virtual com retratos de quem mora, trabalha ou frequenta o bairro, conhecido pelos bares, espaços culturais, vida universitária e ruas marcantes para a história da cidade, como a Rua Maria Antônia. O material estás sendo coletado pela jornalista e publicitária Priscilla Torelli, de 48 anos, e pela artista Bia Ferrer, de 42 anos.

O resultado começou a ser publicado há 20 dias em um perfil de Instagram, com postagens que devem persistir pelos próximos meses. Com os retratos, são postadas frases e histórias escolhidas pelos participantes.

“Como a gente não pode sair (por causa da pandemia do novo coronavírus), é uma forma de ter um outro contato entre as pessoas. Muitas delas você vê na rua diariamente e, agora, acaba vendo de outra maneira”, diz Priscilla. “Isso trabalha o pertencimento do bairro.” 

Em fotos, acervo revela ‘cara’ da Vila Buarque, no centro de São Paulo

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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque
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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque
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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque
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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque

Moradora da região há quase 20 anos, Priscilla já percebia esse potencial ao manter um perfil do bairro em rede social desde 2016. “Muita gente falava que o Instragram da Vila Buarque era uma janela para o bairro”, compara.

Além da internet, os retratos podem vir a ganhar espaço nos prédios e nas ruas. A ideia é, assim que se conseguir patrocínio, espalhar lambe-lambes e fazer projeções nas empenas de edifícios. “A gente quer povoar a rua com caras dessas pessoas, trazer a população para a rua”, descreve Bia. 

A ação faz parte do projeto A Cara dos Lugares, criado pela artista em 2008, que passou por 10 países e fotografou 6 mil pessoas. “Quando se pensa em um lugar, geralmente se tem as indicações turísticas, da arquitetura, do clima, mas não das pessoas. E quem faz os lugares são as pessoas.”

Antes da Vila Buarque, apenas outro bairro, a Barra Funda, havia sido retratado por Bia, cerca de quatro anos atrás. Na época, a imagem de um dos lambe-lambes até ajudou uma mulher a encontrar o pai que não conhecia. Após a atual ação, ela já planeja uma nova, focada nos refugiados que moram no Pari, também na região central.

Pela primeira vez, contudo, o projeto se tornou virtual e colaborativo. Bia conta já ter recebido mais de 250 imagens de pessoas dispostas a participar. As fotos podem ser enviadas por e-mail até esta segunda-feira, 31. Todas serão incluídas, desde que sejam retratos e tenham o nome e a idade do participante. “A parte mais legal foi cortada, de conhecer as pessoas, de conversar", lamenta a artista.

Como os participantes são convocados majoritariamente pelas redes sociais, a artista também incluiu três saídas fotográficas, para trazer diversidade e registrar novos rostos. “Eu, como pesquisadora, estava sentindo falta de pessoas que não têm rede social, do cara da padaria, do tiozinho da sapataria, dessa população mais antiga do bairro.”

Uma dessas três saídas foi guiada pelo cenografista de vitrines Tui Falcão, que mora na região há 37 dos seus 59 anos de vida e diz que não se muda do bairro “de jeito nenhum”. “Já vi muita gente passar, já vi muita indo embora, já vi muita gente chegar, mas tem uns pontos que permanecem durante esse tempo todo”, garante.

“Tenho muita amizade com o pessoal mais velho, que tem arquivo enorme daqui, dos anos 1970, quando o bairro era mais marginal, que era uma outra coisa. Há figuras ímpares, donos de bares, sapateiros, manicures, uma galera muito interessante.”

Uma das participantes é a atriz Titzi Oliveira, de 39 anos, que já morou em quatro endereços do bairro desde 2002. A última mudança foi para dividir apartamento. Ela tinha uma condição: a de não sair da Vila Buarque.

Titzi diz que sempre foi bairrista, mas que o apego cresceu na pandemia. “Me deu vontade de participar ainda mais das coisas do bairro, me identifico cada vez mais”, afirma. “Tem essa lenda de que São Paulo é um lugar frio. Mas vou discordar: São Paulo é muito quente.” 

A atriz conta que essa é a razão para ela ter decidido contribuir. “É muito legal você abraçar o bairro e o bairro te abraçar. O projeto fala disso.”

Serviço

Perfil Vila Buarque: instagram.com/vilabuarque

Perfil A Cara dos Lugares: instagram.com/acaradoslugares

Enviar foto para o projeto:

acaradavilabuarque@gmail.com

Há quem jure que a Vila Buarque é uma cidadezinha de interior no centro de São Paulo. Que, por lá, vizinhos, comerciantes e trabalhadores locais se conhecem pelo nome, se cumprimentam e compartilham histórias. Isso mesmo com as mudanças que o bairro passa ao longo de décadas, atraindo também um público mais jovem e “moderninho”. 

O material estásendo coletado pela jornalista e publicitária Priscilla Torelli e pela artista Bia Ferrer Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

A mistura entre os rostos mais antigos e os recém-chegados é o foco da ação A Cara da Vila Buarque, que está criando um acervo virtual com retratos de quem mora, trabalha ou frequenta o bairro, conhecido pelos bares, espaços culturais, vida universitária e ruas marcantes para a história da cidade, como a Rua Maria Antônia. O material estás sendo coletado pela jornalista e publicitária Priscilla Torelli, de 48 anos, e pela artista Bia Ferrer, de 42 anos.

O resultado começou a ser publicado há 20 dias em um perfil de Instagram, com postagens que devem persistir pelos próximos meses. Com os retratos, são postadas frases e histórias escolhidas pelos participantes.

“Como a gente não pode sair (por causa da pandemia do novo coronavírus), é uma forma de ter um outro contato entre as pessoas. Muitas delas você vê na rua diariamente e, agora, acaba vendo de outra maneira”, diz Priscilla. “Isso trabalha o pertencimento do bairro.” 

Em fotos, acervo revela ‘cara’ da Vila Buarque, no centro de São Paulo

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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque
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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque
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Em fotos, acervo revela 'cara' da Vila Buarque, no centro de São Paulo

Foto: A Cara da Vila Buarque

Moradora da região há quase 20 anos, Priscilla já percebia esse potencial ao manter um perfil do bairro em rede social desde 2016. “Muita gente falava que o Instragram da Vila Buarque era uma janela para o bairro”, compara.

Além da internet, os retratos podem vir a ganhar espaço nos prédios e nas ruas. A ideia é, assim que se conseguir patrocínio, espalhar lambe-lambes e fazer projeções nas empenas de edifícios. “A gente quer povoar a rua com caras dessas pessoas, trazer a população para a rua”, descreve Bia. 

A ação faz parte do projeto A Cara dos Lugares, criado pela artista em 2008, que passou por 10 países e fotografou 6 mil pessoas. “Quando se pensa em um lugar, geralmente se tem as indicações turísticas, da arquitetura, do clima, mas não das pessoas. E quem faz os lugares são as pessoas.”

Antes da Vila Buarque, apenas outro bairro, a Barra Funda, havia sido retratado por Bia, cerca de quatro anos atrás. Na época, a imagem de um dos lambe-lambes até ajudou uma mulher a encontrar o pai que não conhecia. Após a atual ação, ela já planeja uma nova, focada nos refugiados que moram no Pari, também na região central.

Pela primeira vez, contudo, o projeto se tornou virtual e colaborativo. Bia conta já ter recebido mais de 250 imagens de pessoas dispostas a participar. As fotos podem ser enviadas por e-mail até esta segunda-feira, 31. Todas serão incluídas, desde que sejam retratos e tenham o nome e a idade do participante. “A parte mais legal foi cortada, de conhecer as pessoas, de conversar", lamenta a artista.

Como os participantes são convocados majoritariamente pelas redes sociais, a artista também incluiu três saídas fotográficas, para trazer diversidade e registrar novos rostos. “Eu, como pesquisadora, estava sentindo falta de pessoas que não têm rede social, do cara da padaria, do tiozinho da sapataria, dessa população mais antiga do bairro.”

Uma dessas três saídas foi guiada pelo cenografista de vitrines Tui Falcão, que mora na região há 37 dos seus 59 anos de vida e diz que não se muda do bairro “de jeito nenhum”. “Já vi muita gente passar, já vi muita indo embora, já vi muita gente chegar, mas tem uns pontos que permanecem durante esse tempo todo”, garante.

“Tenho muita amizade com o pessoal mais velho, que tem arquivo enorme daqui, dos anos 1970, quando o bairro era mais marginal, que era uma outra coisa. Há figuras ímpares, donos de bares, sapateiros, manicures, uma galera muito interessante.”

Uma das participantes é a atriz Titzi Oliveira, de 39 anos, que já morou em quatro endereços do bairro desde 2002. A última mudança foi para dividir apartamento. Ela tinha uma condição: a de não sair da Vila Buarque.

Titzi diz que sempre foi bairrista, mas que o apego cresceu na pandemia. “Me deu vontade de participar ainda mais das coisas do bairro, me identifico cada vez mais”, afirma. “Tem essa lenda de que São Paulo é um lugar frio. Mas vou discordar: São Paulo é muito quente.” 

A atriz conta que essa é a razão para ela ter decidido contribuir. “É muito legal você abraçar o bairro e o bairro te abraçar. O projeto fala disso.”

Serviço

Perfil Vila Buarque: instagram.com/vilabuarque

Perfil A Cara dos Lugares: instagram.com/acaradoslugares

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