SÃO PAULO - No primeiro fim de semana após o início das regras de patinetes elétricos em São Paulo, esses veículos desapareceram das ruas. Além do confisco de centenas de veículos pela Prefeitura desde quarta-feira, as duas principais empresas do setor – Grin e Yellow – ainda recolheram neste domingo, 2, seus patinetes, sob a justificativa de “manutenção” para reorganizar a frota.
Entre este sábado e domingo, o Estado percorreu o Largo da Batata e parte da Avenida Faria Lima, na zona oeste da cidade, e Paulista, na região central, pontos que tinham sido tomados pelo vaivém de patinetes nos últimos meses. No sábado, 1º, os apps indicavam poucos ou nenhum veículo disponível nas áreas.
Ao acessar o app da Grin no domingo pela manhã, surgia o aviso sobre manutenção. Mais tarde, a Yellow também incluiu a mensagem. Com a chuva, que deixou esses lugares mais vazios, não foram muitos os usuários a notar a falta. Na quarta, diz a Prefeitura, 557 patinetes foram recolhidos – não houve novo balanço. Segundo a Grow, empresa responsável por Grin e Yellow, 1,5 mil dos 4 mil equipamentos da frota foram apreendidos.
“Passo por aqui (Largo da Batata) todo dia e está diferente. Umas 19 horas, sempre tem muitos andando. No fim de semana, enchia também, um ‘rolezinho’ de patinetes. Não tem mais nenhum”, disse a estudante Ana Carolina Prado, de 18 anos.
O professor Flávio Smit, de 52 anos, disse que este sábado, 1º, foi o primeiro dia que não viu a movimentação em duas rodas. “Na semana passada, quase fui atropelado. Eram três crianças apostando corrida. Era óbvio que ia ser um caos”, contou. O uso do veículo não é permitido para menores de 18 anos.
Na Paulista, só entregadores de apps de comida passavam com patinetes. Os equipamentos que costumavam ficar no entorno de uma banca de revistas perto da Estação Trianon-Masp sumiram.
Em nota, a Grow disse que os patinetes foram recolhidos no fim de semana para “manutenção”, mas não informou se vai retomar o serviço nesta segunda-feira, 3. Um prestador de serviço da Yellow disse ao Estado que o objetivo era de fazer ajustes exigidos pela Prefeitura, como a velocidade máxima de 20 km/h. Sobre isso, a Grow não se manifestou.
Na semana passada, a Prefeitura disse que a Grow não tem cadastro para operar na capital. Apenas Flipon e Scoo, com frota de 550 patinetes, fizeram esse registro.
Entenda a polêmica
Início - Em agosto de 2018, empresas de patinetes elétricos começaram a operar em São Paulo. Meses depois, em janeiro, a Prefeitura informou que elaborava regulamentação do serviço.
Regras - Pressionado por relatos de acidentes, o prefeito Bruno Covas antecipou para 13 de maio o anúncio de normas para a atividade. O texto previa multa de até R$ 20 mil, estipulava a obrigatoriedade de capacete e proibia o uso de calçadas.
Justiça - No primeiro dia de fiscalização, 557 equipamentos foram apreendidos. Segundo a Prefeitura, porque não estavam cadastrados. A Grow, responsável por dois aplicativos, entrou na Justiça.
Cadastro - Covas disse que nenhuma empresa está acima da lei e convocou plataformas para cadastro.