Cinco dias após o temporal que deixou 2,1 milhões de imóveis da capital sem luz, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou nesta quarta-feira, 8, que a prefeitura vai processar a Enel, concessionária de eletricidade na capital, pela demora para restabelecer o fornecimento. Nunes também disse que a empresa “está mentindo” ao afirmar que a Prefeitura não está removendo árvores caídas. Ele fez a afirmação em entrevista à CNN e também na rede social X (ex-Twitter).
“Eu queria dizer com todas as letras: men-ti-ra, men-ti-ra”, afirmou o prefeito em entrevista à CNN, separando as sílabas. “É irresponsabilidade falar isso (que a prefeitura não está removendo as árvores caídas). É muito óbvio que, para que a gente tenha um funcionário nosso fazendo o corte da árvore, é preciso que a Enel tire a energia, porque senão toma um choque e corre risco de vida”, continuou o prefeito.
Na rede X, ele postou: “Enel está mentindo. É irresponsabilidade da Enel dizer que a Prefeitura não está removendo as árvores caídas. Tenho uma lista de árvores que a Prefeitura não pode retirar antes de a concessionária desligar o sistema de energia. Nossos funcionários não podem correr risco de serem eletrocutados.” Consultada pelo Estadão, a Enel informou que não vai se manifestar sobre as críticas feitas pelo prefeito.
Durante a entrevista à CNN, Nunes também exibiu uma lista com 30 endereços onde existem árvores caídas que, segundo ele, não podem ser removidas enquanto a Enel não desligar a energia naquele local. O prefeito afirmou ter encaminhado a relação à concessionária e estar esperando que a empresa atue para permitir a remoção das árvores. “Não dá para as pessoas ficarem criando factoides, não sendo verdadeiras numa situação dessa, todo mundo sofrendo, ainda ficar colocando desculpas”, seguiu o prefeito.
Nunes contou que a prefeitura vai impetrar uma ação na Justiça pedindo indenização à Enel por danos morais coletivos pela demora na religação da eletricidade. “A gente teve esse problema na sexta-feira e no sábado logo de manhã eu procurei os diretores da Enel e não havia um prazo (para restabelecer o fornecimento). A gente exigiu, foi dado o prazo de terça-feira e não foi cumprido, ainda tinha 30 mil consumidores sem energia. Uma vez não cumprido o prazo, vai haver o ingresso da ação judicial”, disse.
O prefeito informou que também notificou o Procon e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a demora. “O prejuízo foi muito grande, no trâmite da ação serão designados peritos para apurar qual é o valor (da indenização pedida à Justiça).”