Entenda por que choveu tanto no litoral norte de SP em tão pouco tempo


Frente fria estacionária potencializada pelos efeitos do aquecimento global foi responsável pelo maior volume de chuva registrado na História do país, segundo cientistas

Por Redação
Atualização:

O volume histórico de chuva registrado durante o fim de semana de Carnaval no litoral norte de São Paulo, que deixou um rastro de morte e destruição nas cidades costeiras, foi provocado por um fenômeno climático potencializado pela mudança climática. De acordo com meteorologistas ouvidos pelo Estadão, os temporais registrados no fim de semana foram causados por uma frente fria estacionária, que parou sobre o litoral paulista após avançar do Sul do país. Depois de perder velocidade e sob a influência de ventos que partiram do oceano carregados de grande quantidade de umidade, ocorreu o temporal.

“Isso manteve as condições de chuva persistentes ou recorrentes e em grandes volumes”, explicou Bruno Bainy, meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. “Quando temos essa situação de frente fria estacionária geralmente os maiores volumes se concentram no litoral, onde há um grande aporte de umidade dos oceanos para a formação de nuvens”.

Os temporais se tornaram os maiores registrados na História do Brasil. De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as chuvas que caíram no último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga e 626 mm em São Sebastião, maiores valores acumulados já registrados no País.

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Praia da Baleia, em São Sebastião

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Praia da Baleia São Sebastião

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Antes, o recorde histórico tinha sido computado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando a cidade foi castigada com uma chuva de 530 milímetros em 24 horas, na tragédia que vitimou 241 pessoas no ano passado. No litoral paulista, também foi registrado durante o fim de semana um acumulado de 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

Segundo o Climatempo, há risco para tempestades no oeste, norte e faixa leste de São Paulo nesta terça-feira, 21, incluindo na capital paulista e no litoral novamente. “A chuva prevista já não é tão expressiva quanto a que ocorreu no final de semana, contudo as áreas que cederam ainda estão bastante vulneráveis e por isso ainda preocupam, além disso, os temporais podem atrapalhar o trabalho das equipes de buscas”, publicou o instituto.

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Mudanças climáticas

Ainda de acordo com os cientistas, o fenômeno climático de proporções históricas foi potencializado pelo aquecimento global provocado pela ação humana na atmosfera. O aumento das temperaturas nos oceanos e o aumento da umidade contribuíram para a tragédia.

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“Quando a temperatura do oceano passa dos 26ºC, 27ºC, a evaporação aumenta exponencialmente. E o vapor da água é o principal fator da formação das nuvens e das chuvas, principalmente em regiões costeiras”, explicou Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Segundo Nobre, as águas do litoral de São Paulo estavam entre 27ºC e 28ºC —1 grau acima da média.

“O ar úmido que vem dos oceanos sobe pela serra do mar - que funciona como uma barreira - condensa, e forma-se as gotículas de chuva”, diz o pesquisador da USP. “E como a frente ficou muitas horas em estado semiestacionária, o sistema manteve as nuvens por muito tempo. E, por isso, esse recorde nunca antes registrado”.

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Cada vez mais frequentes

Com o aumento da temperatura dos oceanos, fenômenos climáticos extremos devem ser cada vez mais frequentes e intensos, de acordo com os especialistas. O climatologista José Marengo, coordenador-geral do Cemaden, afirma que o aumento de episódios em intervalos mais curtos de tempo está relacionado com as interferências humanas no ambiente, como a liberação de gases de efeito estufa e de desmatamento das florestas.

“O aquecimento global aumenta a concentração da umidade na atmosfera, e esse vapor úmido serve como combustível para a ocorrência de chuvas. Ele permite que o ciclo hidrológico aumente e os sistemas de chuvas fiquem mais extremos”, afirmou, citando os casos recentes de Petrópolis, Recife e Belo Horizonte.

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Operários trabalham no resgate de vítimas de deslizamento de terra em Petrópolis em 2022. Foto: Wilton Junior/ Estadão

Para o meteorologista Bruno Bainy, as mudanças climáticas também podem aumentar o impacto e a severidade das chuvas como as que atingiram o litoral paulista no sábado e domingo. É possível, segundo ele, que exista uma tendência de crescimento do número de dias secos por ano, mas também do aumento de eventos climáticos extremos caracterizados por precipitações intensas e volumosas.

“Infelizmente, sim (sobre a possibilidade no aumento da recorrência de chuvas fortes). E, na perspectiva das mudanças climáticas, essa situação tende a se agravar para os dois extremos, com secas mais severas, e chuvas mais intensas”.

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“Se a gente comparar agora com a metade do século passado, já são 50% mais de eventos extremos dessa natureza. Mesmo que a gente não consiga frear o crescimento da temperatura do planeta, que está entre 1,2ºC, esses eventos se tornarão mais frequentes e poderão continuar atingindo mais recordes de intensidade nos próximos 30 anos”, diz Carlos Nobre, da USP.

O volume histórico de chuva registrado durante o fim de semana de Carnaval no litoral norte de São Paulo, que deixou um rastro de morte e destruição nas cidades costeiras, foi provocado por um fenômeno climático potencializado pela mudança climática. De acordo com meteorologistas ouvidos pelo Estadão, os temporais registrados no fim de semana foram causados por uma frente fria estacionária, que parou sobre o litoral paulista após avançar do Sul do país. Depois de perder velocidade e sob a influência de ventos que partiram do oceano carregados de grande quantidade de umidade, ocorreu o temporal.

“Isso manteve as condições de chuva persistentes ou recorrentes e em grandes volumes”, explicou Bruno Bainy, meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. “Quando temos essa situação de frente fria estacionária geralmente os maiores volumes se concentram no litoral, onde há um grande aporte de umidade dos oceanos para a formação de nuvens”.

Os temporais se tornaram os maiores registrados na História do Brasil. De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as chuvas que caíram no último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga e 626 mm em São Sebastião, maiores valores acumulados já registrados no País.

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Antes, o recorde histórico tinha sido computado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando a cidade foi castigada com uma chuva de 530 milímetros em 24 horas, na tragédia que vitimou 241 pessoas no ano passado. No litoral paulista, também foi registrado durante o fim de semana um acumulado de 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

Segundo o Climatempo, há risco para tempestades no oeste, norte e faixa leste de São Paulo nesta terça-feira, 21, incluindo na capital paulista e no litoral novamente. “A chuva prevista já não é tão expressiva quanto a que ocorreu no final de semana, contudo as áreas que cederam ainda estão bastante vulneráveis e por isso ainda preocupam, além disso, os temporais podem atrapalhar o trabalho das equipes de buscas”, publicou o instituto.

Mudanças climáticas

Ainda de acordo com os cientistas, o fenômeno climático de proporções históricas foi potencializado pelo aquecimento global provocado pela ação humana na atmosfera. O aumento das temperaturas nos oceanos e o aumento da umidade contribuíram para a tragédia.

“Quando a temperatura do oceano passa dos 26ºC, 27ºC, a evaporação aumenta exponencialmente. E o vapor da água é o principal fator da formação das nuvens e das chuvas, principalmente em regiões costeiras”, explicou Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Segundo Nobre, as águas do litoral de São Paulo estavam entre 27ºC e 28ºC —1 grau acima da média.

“O ar úmido que vem dos oceanos sobe pela serra do mar - que funciona como uma barreira - condensa, e forma-se as gotículas de chuva”, diz o pesquisador da USP. “E como a frente ficou muitas horas em estado semiestacionária, o sistema manteve as nuvens por muito tempo. E, por isso, esse recorde nunca antes registrado”.

Cada vez mais frequentes

Com o aumento da temperatura dos oceanos, fenômenos climáticos extremos devem ser cada vez mais frequentes e intensos, de acordo com os especialistas. O climatologista José Marengo, coordenador-geral do Cemaden, afirma que o aumento de episódios em intervalos mais curtos de tempo está relacionado com as interferências humanas no ambiente, como a liberação de gases de efeito estufa e de desmatamento das florestas.

“O aquecimento global aumenta a concentração da umidade na atmosfera, e esse vapor úmido serve como combustível para a ocorrência de chuvas. Ele permite que o ciclo hidrológico aumente e os sistemas de chuvas fiquem mais extremos”, afirmou, citando os casos recentes de Petrópolis, Recife e Belo Horizonte.

Operários trabalham no resgate de vítimas de deslizamento de terra em Petrópolis em 2022. Foto: Wilton Junior/ Estadão

Para o meteorologista Bruno Bainy, as mudanças climáticas também podem aumentar o impacto e a severidade das chuvas como as que atingiram o litoral paulista no sábado e domingo. É possível, segundo ele, que exista uma tendência de crescimento do número de dias secos por ano, mas também do aumento de eventos climáticos extremos caracterizados por precipitações intensas e volumosas.

“Infelizmente, sim (sobre a possibilidade no aumento da recorrência de chuvas fortes). E, na perspectiva das mudanças climáticas, essa situação tende a se agravar para os dois extremos, com secas mais severas, e chuvas mais intensas”.

“Se a gente comparar agora com a metade do século passado, já são 50% mais de eventos extremos dessa natureza. Mesmo que a gente não consiga frear o crescimento da temperatura do planeta, que está entre 1,2ºC, esses eventos se tornarão mais frequentes e poderão continuar atingindo mais recordes de intensidade nos próximos 30 anos”, diz Carlos Nobre, da USP.

O volume histórico de chuva registrado durante o fim de semana de Carnaval no litoral norte de São Paulo, que deixou um rastro de morte e destruição nas cidades costeiras, foi provocado por um fenômeno climático potencializado pela mudança climática. De acordo com meteorologistas ouvidos pelo Estadão, os temporais registrados no fim de semana foram causados por uma frente fria estacionária, que parou sobre o litoral paulista após avançar do Sul do país. Depois de perder velocidade e sob a influência de ventos que partiram do oceano carregados de grande quantidade de umidade, ocorreu o temporal.

“Isso manteve as condições de chuva persistentes ou recorrentes e em grandes volumes”, explicou Bruno Bainy, meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. “Quando temos essa situação de frente fria estacionária geralmente os maiores volumes se concentram no litoral, onde há um grande aporte de umidade dos oceanos para a formação de nuvens”.

Os temporais se tornaram os maiores registrados na História do Brasil. De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as chuvas que caíram no último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga e 626 mm em São Sebastião, maiores valores acumulados já registrados no País.

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Antes, o recorde histórico tinha sido computado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando a cidade foi castigada com uma chuva de 530 milímetros em 24 horas, na tragédia que vitimou 241 pessoas no ano passado. No litoral paulista, também foi registrado durante o fim de semana um acumulado de 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

Segundo o Climatempo, há risco para tempestades no oeste, norte e faixa leste de São Paulo nesta terça-feira, 21, incluindo na capital paulista e no litoral novamente. “A chuva prevista já não é tão expressiva quanto a que ocorreu no final de semana, contudo as áreas que cederam ainda estão bastante vulneráveis e por isso ainda preocupam, além disso, os temporais podem atrapalhar o trabalho das equipes de buscas”, publicou o instituto.

Mudanças climáticas

Ainda de acordo com os cientistas, o fenômeno climático de proporções históricas foi potencializado pelo aquecimento global provocado pela ação humana na atmosfera. O aumento das temperaturas nos oceanos e o aumento da umidade contribuíram para a tragédia.

“Quando a temperatura do oceano passa dos 26ºC, 27ºC, a evaporação aumenta exponencialmente. E o vapor da água é o principal fator da formação das nuvens e das chuvas, principalmente em regiões costeiras”, explicou Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Segundo Nobre, as águas do litoral de São Paulo estavam entre 27ºC e 28ºC —1 grau acima da média.

“O ar úmido que vem dos oceanos sobe pela serra do mar - que funciona como uma barreira - condensa, e forma-se as gotículas de chuva”, diz o pesquisador da USP. “E como a frente ficou muitas horas em estado semiestacionária, o sistema manteve as nuvens por muito tempo. E, por isso, esse recorde nunca antes registrado”.

Cada vez mais frequentes

Com o aumento da temperatura dos oceanos, fenômenos climáticos extremos devem ser cada vez mais frequentes e intensos, de acordo com os especialistas. O climatologista José Marengo, coordenador-geral do Cemaden, afirma que o aumento de episódios em intervalos mais curtos de tempo está relacionado com as interferências humanas no ambiente, como a liberação de gases de efeito estufa e de desmatamento das florestas.

“O aquecimento global aumenta a concentração da umidade na atmosfera, e esse vapor úmido serve como combustível para a ocorrência de chuvas. Ele permite que o ciclo hidrológico aumente e os sistemas de chuvas fiquem mais extremos”, afirmou, citando os casos recentes de Petrópolis, Recife e Belo Horizonte.

Operários trabalham no resgate de vítimas de deslizamento de terra em Petrópolis em 2022. Foto: Wilton Junior/ Estadão

Para o meteorologista Bruno Bainy, as mudanças climáticas também podem aumentar o impacto e a severidade das chuvas como as que atingiram o litoral paulista no sábado e domingo. É possível, segundo ele, que exista uma tendência de crescimento do número de dias secos por ano, mas também do aumento de eventos climáticos extremos caracterizados por precipitações intensas e volumosas.

“Infelizmente, sim (sobre a possibilidade no aumento da recorrência de chuvas fortes). E, na perspectiva das mudanças climáticas, essa situação tende a se agravar para os dois extremos, com secas mais severas, e chuvas mais intensas”.

“Se a gente comparar agora com a metade do século passado, já são 50% mais de eventos extremos dessa natureza. Mesmo que a gente não consiga frear o crescimento da temperatura do planeta, que está entre 1,2ºC, esses eventos se tornarão mais frequentes e poderão continuar atingindo mais recordes de intensidade nos próximos 30 anos”, diz Carlos Nobre, da USP.

O volume histórico de chuva registrado durante o fim de semana de Carnaval no litoral norte de São Paulo, que deixou um rastro de morte e destruição nas cidades costeiras, foi provocado por um fenômeno climático potencializado pela mudança climática. De acordo com meteorologistas ouvidos pelo Estadão, os temporais registrados no fim de semana foram causados por uma frente fria estacionária, que parou sobre o litoral paulista após avançar do Sul do país. Depois de perder velocidade e sob a influência de ventos que partiram do oceano carregados de grande quantidade de umidade, ocorreu o temporal.

“Isso manteve as condições de chuva persistentes ou recorrentes e em grandes volumes”, explicou Bruno Bainy, meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. “Quando temos essa situação de frente fria estacionária geralmente os maiores volumes se concentram no litoral, onde há um grande aporte de umidade dos oceanos para a formação de nuvens”.

Os temporais se tornaram os maiores registrados na História do Brasil. De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as chuvas que caíram no último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga e 626 mm em São Sebastião, maiores valores acumulados já registrados no País.

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Antes, o recorde histórico tinha sido computado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando a cidade foi castigada com uma chuva de 530 milímetros em 24 horas, na tragédia que vitimou 241 pessoas no ano passado. No litoral paulista, também foi registrado durante o fim de semana um acumulado de 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

Segundo o Climatempo, há risco para tempestades no oeste, norte e faixa leste de São Paulo nesta terça-feira, 21, incluindo na capital paulista e no litoral novamente. “A chuva prevista já não é tão expressiva quanto a que ocorreu no final de semana, contudo as áreas que cederam ainda estão bastante vulneráveis e por isso ainda preocupam, além disso, os temporais podem atrapalhar o trabalho das equipes de buscas”, publicou o instituto.

Mudanças climáticas

Ainda de acordo com os cientistas, o fenômeno climático de proporções históricas foi potencializado pelo aquecimento global provocado pela ação humana na atmosfera. O aumento das temperaturas nos oceanos e o aumento da umidade contribuíram para a tragédia.

“Quando a temperatura do oceano passa dos 26ºC, 27ºC, a evaporação aumenta exponencialmente. E o vapor da água é o principal fator da formação das nuvens e das chuvas, principalmente em regiões costeiras”, explicou Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Segundo Nobre, as águas do litoral de São Paulo estavam entre 27ºC e 28ºC —1 grau acima da média.

“O ar úmido que vem dos oceanos sobe pela serra do mar - que funciona como uma barreira - condensa, e forma-se as gotículas de chuva”, diz o pesquisador da USP. “E como a frente ficou muitas horas em estado semiestacionária, o sistema manteve as nuvens por muito tempo. E, por isso, esse recorde nunca antes registrado”.

Cada vez mais frequentes

Com o aumento da temperatura dos oceanos, fenômenos climáticos extremos devem ser cada vez mais frequentes e intensos, de acordo com os especialistas. O climatologista José Marengo, coordenador-geral do Cemaden, afirma que o aumento de episódios em intervalos mais curtos de tempo está relacionado com as interferências humanas no ambiente, como a liberação de gases de efeito estufa e de desmatamento das florestas.

“O aquecimento global aumenta a concentração da umidade na atmosfera, e esse vapor úmido serve como combustível para a ocorrência de chuvas. Ele permite que o ciclo hidrológico aumente e os sistemas de chuvas fiquem mais extremos”, afirmou, citando os casos recentes de Petrópolis, Recife e Belo Horizonte.

Operários trabalham no resgate de vítimas de deslizamento de terra em Petrópolis em 2022. Foto: Wilton Junior/ Estadão

Para o meteorologista Bruno Bainy, as mudanças climáticas também podem aumentar o impacto e a severidade das chuvas como as que atingiram o litoral paulista no sábado e domingo. É possível, segundo ele, que exista uma tendência de crescimento do número de dias secos por ano, mas também do aumento de eventos climáticos extremos caracterizados por precipitações intensas e volumosas.

“Infelizmente, sim (sobre a possibilidade no aumento da recorrência de chuvas fortes). E, na perspectiva das mudanças climáticas, essa situação tende a se agravar para os dois extremos, com secas mais severas, e chuvas mais intensas”.

“Se a gente comparar agora com a metade do século passado, já são 50% mais de eventos extremos dessa natureza. Mesmo que a gente não consiga frear o crescimento da temperatura do planeta, que está entre 1,2ºC, esses eventos se tornarão mais frequentes e poderão continuar atingindo mais recordes de intensidade nos próximos 30 anos”, diz Carlos Nobre, da USP.

O volume histórico de chuva registrado durante o fim de semana de Carnaval no litoral norte de São Paulo, que deixou um rastro de morte e destruição nas cidades costeiras, foi provocado por um fenômeno climático potencializado pela mudança climática. De acordo com meteorologistas ouvidos pelo Estadão, os temporais registrados no fim de semana foram causados por uma frente fria estacionária, que parou sobre o litoral paulista após avançar do Sul do país. Depois de perder velocidade e sob a influência de ventos que partiram do oceano carregados de grande quantidade de umidade, ocorreu o temporal.

“Isso manteve as condições de chuva persistentes ou recorrentes e em grandes volumes”, explicou Bruno Bainy, meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. “Quando temos essa situação de frente fria estacionária geralmente os maiores volumes se concentram no litoral, onde há um grande aporte de umidade dos oceanos para a formação de nuvens”.

Os temporais se tornaram os maiores registrados na História do Brasil. De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as chuvas que caíram no último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga e 626 mm em São Sebastião, maiores valores acumulados já registrados no País.

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Antes, o recorde histórico tinha sido computado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando a cidade foi castigada com uma chuva de 530 milímetros em 24 horas, na tragédia que vitimou 241 pessoas no ano passado. No litoral paulista, também foi registrado durante o fim de semana um acumulado de 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

Segundo o Climatempo, há risco para tempestades no oeste, norte e faixa leste de São Paulo nesta terça-feira, 21, incluindo na capital paulista e no litoral novamente. “A chuva prevista já não é tão expressiva quanto a que ocorreu no final de semana, contudo as áreas que cederam ainda estão bastante vulneráveis e por isso ainda preocupam, além disso, os temporais podem atrapalhar o trabalho das equipes de buscas”, publicou o instituto.

Mudanças climáticas

Ainda de acordo com os cientistas, o fenômeno climático de proporções históricas foi potencializado pelo aquecimento global provocado pela ação humana na atmosfera. O aumento das temperaturas nos oceanos e o aumento da umidade contribuíram para a tragédia.

“Quando a temperatura do oceano passa dos 26ºC, 27ºC, a evaporação aumenta exponencialmente. E o vapor da água é o principal fator da formação das nuvens e das chuvas, principalmente em regiões costeiras”, explicou Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Segundo Nobre, as águas do litoral de São Paulo estavam entre 27ºC e 28ºC —1 grau acima da média.

“O ar úmido que vem dos oceanos sobe pela serra do mar - que funciona como uma barreira - condensa, e forma-se as gotículas de chuva”, diz o pesquisador da USP. “E como a frente ficou muitas horas em estado semiestacionária, o sistema manteve as nuvens por muito tempo. E, por isso, esse recorde nunca antes registrado”.

Cada vez mais frequentes

Com o aumento da temperatura dos oceanos, fenômenos climáticos extremos devem ser cada vez mais frequentes e intensos, de acordo com os especialistas. O climatologista José Marengo, coordenador-geral do Cemaden, afirma que o aumento de episódios em intervalos mais curtos de tempo está relacionado com as interferências humanas no ambiente, como a liberação de gases de efeito estufa e de desmatamento das florestas.

“O aquecimento global aumenta a concentração da umidade na atmosfera, e esse vapor úmido serve como combustível para a ocorrência de chuvas. Ele permite que o ciclo hidrológico aumente e os sistemas de chuvas fiquem mais extremos”, afirmou, citando os casos recentes de Petrópolis, Recife e Belo Horizonte.

Operários trabalham no resgate de vítimas de deslizamento de terra em Petrópolis em 2022. Foto: Wilton Junior/ Estadão

Para o meteorologista Bruno Bainy, as mudanças climáticas também podem aumentar o impacto e a severidade das chuvas como as que atingiram o litoral paulista no sábado e domingo. É possível, segundo ele, que exista uma tendência de crescimento do número de dias secos por ano, mas também do aumento de eventos climáticos extremos caracterizados por precipitações intensas e volumosas.

“Infelizmente, sim (sobre a possibilidade no aumento da recorrência de chuvas fortes). E, na perspectiva das mudanças climáticas, essa situação tende a se agravar para os dois extremos, com secas mais severas, e chuvas mais intensas”.

“Se a gente comparar agora com a metade do século passado, já são 50% mais de eventos extremos dessa natureza. Mesmo que a gente não consiga frear o crescimento da temperatura do planeta, que está entre 1,2ºC, esses eventos se tornarão mais frequentes e poderão continuar atingindo mais recordes de intensidade nos próximos 30 anos”, diz Carlos Nobre, da USP.

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