Estação da Luz é testemunho da riqueza do café


Inaugurado em 1900, o prédio no estilo inglês foi ameaçado por demolição 15 anos depois e passou por um incêndio em 1946

Por Antonio Gonçalves Filho

A Estação da Luz, onde estava instalado o Museu da Língua Portuguesa, mais que um projeto totalmente inglês - de suas linhas arquitetônicas ao material usado em sua construção - é um testemunho do poder do café no começo do século passado como principal produto responsável pela expansão da cidade.

A São Paulo Railway, proprietária da estação, tinha, então, o monopólio do transporte do café para o porto de Santos, o que explica parcialmente o interesse de investir pesado numa nova estação - a de 1867 já não comportava nem as suas nem as necessidades da Metrópole.

Incêndio na Luz

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Incêndio na Luz

Foto: Acervo/Estadão
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Incêndio na Luz

Foto: Acervo/Estadão
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Incêndio na Luz

Foto: Acervo/Estadão
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Composta por dois blocos, uma grande edificação de alvenaria e um gare envidraçada, a Estação da Luz foi inaugurada em 1900, seguindo o mesmo padrão adotado na estações Brás e Santos.

Atribuído ao arquiteto britânico Charles Henry Driver (1832-1900), o primeiro a desenhar uma cobertura envidraçada para uma estação ferroviária (na Inglaterra), o projeto da Estação da Luz passou por modificações no decorrer do século, entrando em decadência em 1946, quando sofreu seu primeiro incêndio - criminoso, segundo suspeitas.

Antes, em 1915, justamente há um século, o prédio já fora ameaçado por arquitetos que identificam no projeto arquitetônico da estação ferroviária certa nostalgia fora de época. Houve quem defendesse mesmo a sua demolição. O arquiteto francês Victor Dubugras (1868-1933), criado na Argentina e autor de alguns prédios tombados pelo Iphan - como a estação da Mayrink - assinou dois projetos que previam o desmonte da gare.

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reference

Os arquivos da Rede Ferroviária Federal não têm registros de nenhum dos dois projetos. Ambos responderiam a um possível desejo do governo paulista de centralizar todas as estradas de ferro que cruzavam ou chegavam a São Paulo (Prestes Maia tentaria mais uma vez criar uma única estação central em 1930).

O fato é que a estação resistiu, embora mal. A sua degradação, logo após o fim da 2.ª Guerra, acompanhou a degradação do Jardim da Luz, que virou ponto de prostituição, e também do prédio onde hoje funciona a Pinacoteca do Estado, construída em 1895, cinco anos antes da Estação da Luz, para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios. A Pinacoteca só foi recuperada graças a uma reforma que durou cinco anos (de 1993 a 1998) e teve como arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que também assinou o projeto do Museu da Língua Portuguesa (com seu filho Pedro Mendes da Rocha).

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Mendes da Rocha respeitou o projeto original da Estação da Luz, assim como o da Pinacoteca, projeto de Ramos Azevedo que pode ser igualmente classificado de eclético, por misturar diversos estilos arquitetônicos e se aproveitar das conquistas tecnológicas do fim do século 19, como as estruturas de ferro forjado. São Paulo, que adorava o estilo neoclássico, virou o panteão da arquitetura eclética, da qual a Estação da Luz é um dos exemplos.

Incêndio no Museu da Língua Portuguesa

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Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa

Foto: Alex Silva/Estadão
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Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
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Incêndio no Museu da Língua Portuguesa

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Incêndio no Museu da Língua Portuguesa

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Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa

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Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa

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Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa

Foto: Dan Stulbach/Reprodução/Facebook
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Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa

Foto: Arnoldo Mesquita/WhatsApp
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Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa

Foto: Reprodução/Band
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Incêndio no Museu da Língua Portuguesa

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Incêndio no Museu da Língua Portuguesa

Foto: Mônica Reolom/Estadão
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Incêndio atinge Museu da Língua Portuguesa

Foto: Reprodução/Band
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A Estação da Luz, onde estava instalado o Museu da Língua Portuguesa, mais que um projeto totalmente inglês - de suas linhas arquitetônicas ao material usado em sua construção - é um testemunho do poder do café no começo do século passado como principal produto responsável pela expansão da cidade.

A São Paulo Railway, proprietária da estação, tinha, então, o monopólio do transporte do café para o porto de Santos, o que explica parcialmente o interesse de investir pesado numa nova estação - a de 1867 já não comportava nem as suas nem as necessidades da Metrópole.

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Composta por dois blocos, uma grande edificação de alvenaria e um gare envidraçada, a Estação da Luz foi inaugurada em 1900, seguindo o mesmo padrão adotado na estações Brás e Santos.

Atribuído ao arquiteto britânico Charles Henry Driver (1832-1900), o primeiro a desenhar uma cobertura envidraçada para uma estação ferroviária (na Inglaterra), o projeto da Estação da Luz passou por modificações no decorrer do século, entrando em decadência em 1946, quando sofreu seu primeiro incêndio - criminoso, segundo suspeitas.

Antes, em 1915, justamente há um século, o prédio já fora ameaçado por arquitetos que identificam no projeto arquitetônico da estação ferroviária certa nostalgia fora de época. Houve quem defendesse mesmo a sua demolição. O arquiteto francês Victor Dubugras (1868-1933), criado na Argentina e autor de alguns prédios tombados pelo Iphan - como a estação da Mayrink - assinou dois projetos que previam o desmonte da gare.

reference

Os arquivos da Rede Ferroviária Federal não têm registros de nenhum dos dois projetos. Ambos responderiam a um possível desejo do governo paulista de centralizar todas as estradas de ferro que cruzavam ou chegavam a São Paulo (Prestes Maia tentaria mais uma vez criar uma única estação central em 1930).

O fato é que a estação resistiu, embora mal. A sua degradação, logo após o fim da 2.ª Guerra, acompanhou a degradação do Jardim da Luz, que virou ponto de prostituição, e também do prédio onde hoje funciona a Pinacoteca do Estado, construída em 1895, cinco anos antes da Estação da Luz, para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios. A Pinacoteca só foi recuperada graças a uma reforma que durou cinco anos (de 1993 a 1998) e teve como arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que também assinou o projeto do Museu da Língua Portuguesa (com seu filho Pedro Mendes da Rocha).

Mendes da Rocha respeitou o projeto original da Estação da Luz, assim como o da Pinacoteca, projeto de Ramos Azevedo que pode ser igualmente classificado de eclético, por misturar diversos estilos arquitetônicos e se aproveitar das conquistas tecnológicas do fim do século 19, como as estruturas de ferro forjado. São Paulo, que adorava o estilo neoclássico, virou o panteão da arquitetura eclética, da qual a Estação da Luz é um dos exemplos.

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A Estação da Luz, onde estava instalado o Museu da Língua Portuguesa, mais que um projeto totalmente inglês - de suas linhas arquitetônicas ao material usado em sua construção - é um testemunho do poder do café no começo do século passado como principal produto responsável pela expansão da cidade.

A São Paulo Railway, proprietária da estação, tinha, então, o monopólio do transporte do café para o porto de Santos, o que explica parcialmente o interesse de investir pesado numa nova estação - a de 1867 já não comportava nem as suas nem as necessidades da Metrópole.

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Composta por dois blocos, uma grande edificação de alvenaria e um gare envidraçada, a Estação da Luz foi inaugurada em 1900, seguindo o mesmo padrão adotado na estações Brás e Santos.

Atribuído ao arquiteto britânico Charles Henry Driver (1832-1900), o primeiro a desenhar uma cobertura envidraçada para uma estação ferroviária (na Inglaterra), o projeto da Estação da Luz passou por modificações no decorrer do século, entrando em decadência em 1946, quando sofreu seu primeiro incêndio - criminoso, segundo suspeitas.

Antes, em 1915, justamente há um século, o prédio já fora ameaçado por arquitetos que identificam no projeto arquitetônico da estação ferroviária certa nostalgia fora de época. Houve quem defendesse mesmo a sua demolição. O arquiteto francês Victor Dubugras (1868-1933), criado na Argentina e autor de alguns prédios tombados pelo Iphan - como a estação da Mayrink - assinou dois projetos que previam o desmonte da gare.

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Os arquivos da Rede Ferroviária Federal não têm registros de nenhum dos dois projetos. Ambos responderiam a um possível desejo do governo paulista de centralizar todas as estradas de ferro que cruzavam ou chegavam a São Paulo (Prestes Maia tentaria mais uma vez criar uma única estação central em 1930).

O fato é que a estação resistiu, embora mal. A sua degradação, logo após o fim da 2.ª Guerra, acompanhou a degradação do Jardim da Luz, que virou ponto de prostituição, e também do prédio onde hoje funciona a Pinacoteca do Estado, construída em 1895, cinco anos antes da Estação da Luz, para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios. A Pinacoteca só foi recuperada graças a uma reforma que durou cinco anos (de 1993 a 1998) e teve como arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que também assinou o projeto do Museu da Língua Portuguesa (com seu filho Pedro Mendes da Rocha).

Mendes da Rocha respeitou o projeto original da Estação da Luz, assim como o da Pinacoteca, projeto de Ramos Azevedo que pode ser igualmente classificado de eclético, por misturar diversos estilos arquitetônicos e se aproveitar das conquistas tecnológicas do fim do século 19, como as estruturas de ferro forjado. São Paulo, que adorava o estilo neoclássico, virou o panteão da arquitetura eclética, da qual a Estação da Luz é um dos exemplos.

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