Atualizada às 21h20
SÃO PAULO - O ano de 2014 foi o que teve o maior aumento do número de roubos no Estado de São Paulo e também o que registrou a menor taxa de homicídios desde que a Secretaria de Estado da Segurança Pública passou a divulgar as estatísticas de criminalidade, em 2001. Em dezembro, os roubos cresceram pelo 19.º mês consecutivo, fechando o ano com 309 mil ocorrências. Já a taxa de homicídios foi a menor desses 14 anos, com 10,06 casos para cada 100 mil habitantes do Estado.
Em números absolutos, foram 4.294 registros de homicídios dolosos (com intenção) em todo o Estado. Em 2013, o total havia sido de 4.444 casos. Na capital paulista, foram 1.132 mortes em decorrência de assassinatos no ano passado, contra 1.176 no ano anterior.
No que se refere a roubos, por outro lado, o aumento de 2014 na comparação com 2013 foi de 20,6%. É o maior porcentual de crescimento dos últimos 14 anos. Para se ter ideia, comparando o ano passado com 2001, o aumento é de 41% (foram 219 mil ocorrências naquele ano). O ano com menos registros na série é 2006, que chegou a registrar 213 mil roubos no Estado.
Há ainda um crime que mistura os dois delitos: o latrocínio – assalto seguido de morte. Esse registro teve oscilação para baixo em 2014, partindo de 387 no ano anterior para 383 no ano passado.
Causas. A gestão Geraldo Alckmin não tem uma explicação precisa para esse contraste. Se de um lado os homicídios se mantêm em queda – com alguns espasmos de crescimento ao longo do período – por decorrência de ações preventivas, ainda não há um único fator que explique o crescimento dos roubos. A entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento, em 2003, é um deles.
O novo titular da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, aponta como um dos fatores a eventual queda da subnotificação dos casos, quando menos gente deixa de registrar crimes sofridos.
Isso estaria ocorrendo porque, no ano passado, a Polícia Civil passou a aceitar registros de crimes de roubo pela internet – até então, apenas os furtos (quando o criminosos rouba algo sem que a vítima veja, como um carro estacionado) eram registrados eletronicamente. A tese já era defendida pelo antecessor de Moraes, o promotor de Justiça Fernando Grella.
Polícia de moto. O novo secretário, que tomou posse há duas semanas e já trocou os nomes das cúpulas das Polícias Civil, Militar e Científica, afirmou ainda que a maior parte do crescimento do número de roubos decorre do aumento de assaltos a transeuntes, cujos objetos levados são principalmente telefones celulares. Moraes afirmou que o roubo de celulares cresceu 140% no ano passado.
Por isso, disse ele, a Polícia Militar prepara uma mudança para aumentar o número de policiais fazendo patrulhas de motocicletas, em rotas já mapeadas como principais corredores onde os crimes acontecem. Falando de forma genérica, ele afirmou que as equipes das Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas (Rocam) vão aumentar.
Moraes também disse estar tratando com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, uma ação para fazer com que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) impeça que as operadoras de celular aceitem operar chips em aparelhos com registro de roubo ou furto.