SÃO PAULO - O diretor da Defesa Civil do Estado de São Paulo, Henguel Ricardo Pereira, disse ao Estado que o monitoramento meteorológico já indicava o forte volume de chuva que atingiu a capital, a região metropolitana e cidades do interior. A previsão permitiu que as equipes se preparassem melhor, o que reduziu os impactos, segundo contou. Ainda assim, o temporal causou inúmeros transtornos ao paulistano, que não conseguiu se deslocar, além de deslizamentos, como o de Osasco, e mortes. "Não tivemos um número alto de vítimas porque o Estado estava preparado", ponderou. Leia a seguir a entrevista que Pereira concedeu:
Como a Defesa Civil trabalha em emergências como as que foram causadas pelas chuvas desta semana?
A Defesa Civil trabalha com o monitoramento de satélites e radares meteorológicos, alinhados com uma equipe de meteorologistas que trabalham 24h para emitir boletins. Submetemos ao Cemaden a o Inpe, para que a informação seja validada antes de passá-la à população. Na sexta, 7, recebemos a informação que teríamos muita chuva e gravamos um aviso de risco para que o pessoal entrasse em alerta e se preparasse.
Chuva forte causa alagamentos em São Paulo
No primeiro momento, os radares demonstraram que ela seria grande, mas espalhada pelo Estado. À medida que se aproximou, conseguimos precisar melhor a informação, o que normalmente é possível cerca de 2h antes do fenômeno. Há uma diferença entre a chuva cair em vários pontos do Estado e em um só lugar. Distribuída dessa forma, ela proporcionou o volume que vimos para alagamentos, além de direcionar muita água ao Tietê, com uma média histórica.
Como o senhor avalia a atuação da Defesa Civil em relação ao temporal desta semana?
Não tivemos um número alto de vítimas porque o Estado estava preparado. Em Osasco, onde houve o desabamento de terra, tivemos apenas uma vítima de 16 anos que foi socorrida a tempo. As pessoas saíram antes de suas casas graças a um trabalho de prevenção, que antecipou a ação. Não tenho dúvida que, se não tivessem saído, teriam sido vítimas também. Não podemos colocar o patrimônio na frente de nossas vidas.
De que forma é feito o trabalho de prevenção realizado pela Defesa Civil?
Temos as áreas de risco alto e muito alto nas encostas, além do monitoramento constante de pluviômetros, que medem a quantidade de água nos rios em 670 pontos distribuídos por todo o Estado. Com esses dois índices, e sabendo que algumas regiões são mais montanhosas, emitimos os alertas necessários.
Também acompanhamos inundações e alagamentos, geralmente em lugares próximo aos rios, e desastres naturais por movimentação de massa (deslizamentos). Cada região tem mapeado o limiar de chuva que vai nos dar problema se cair ali. Quando ela chega, avisamos às defesas civis de cada município e as equipes vão a campo fazer a vistoria técnica.
Como posso saber se estou em uma área de risco?
Alguns sinais evidentes de pré-deslizamento podem ser observados se houver rachaduras e trincas de forma generalizada na casa ou em muros, escorrimento de água barrenta, inclinações de árvores e postes, um degrau de abatimento ou se o terreno der uma pré-cedida. Isso tudo demonstra que ele pode estar em colapso.
Para antecipar esses eventos e riscos, as equipes vão a campo para vistorias preventivas, com o objetivo de retirar uma família dali ou alertá-la do perigo. Muitas vezes enfrentamos resistência da própria população, que não quer sair de sua casa por medo de perder seus pertences ou ser saqueado. Por isso precisamos sempre de uma ação bem planejada e articulado com outras frentes.
O que preciso fazer caso esteja em uma área de risco? Como posso me proteger?
A pessoa tem que sair do local de imediato, entrar em contato com a Defesa Civil através do 199 e seguir as orientações de segurança. Também é possível enviar gratuitamente uma mensagem de texto para o 40199, com o CEP do seu trabalho, de um familiar ou da própria residência - pode cadastrar quantos forem necessários, um por vez -, e a partir disso aquele endereço entra no banco de dados da defesa civil na região. Uma vez lá, ele recebe alertas sempre que houver risco para aquela área.