O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 61 anos, foi assaltado por dois homens em uma moto, no sábado, 16, em Praia Grande, litoral sul paulista. Ele estava ao lado da mulher, de 51 anos, quando os criminosos apontaram uma arma de fogo e anunciaram o roubo. Fontes também é conhecido por sua atuação contra a facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP), os suspeitos fugiram levando celulares, joias, cartões e a moto do casal, mas depois foram presos em flagrante. Os bens foram recuperados.
Aposentado da polícia, Fontes é secretário da Administração na prefeitura de Praia Grande. Ele chefiou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, após ser nomeado para o cargo de delegado-geral no então governo João Dória (na época no PSDB).
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À polícia, o casal contou que tinha saído de um restaurante e retornava para casa quando foi abordado no estacionamento.
Um dos ladrões apontou uma arma para a cabeça do ex-policial. O outro arrancou um cordão que ele levava no pescoço. Câmeras de monitoramento registraram a abordagem. O ex-delegado não reagiu e, após a fuga dos criminosos, chamou a polícia.
A empresa de rastreamento da moto localizou o veículo 40 minutos após o assalto, em Praia Grande. Dois cartões das vítimas chegaram a ser usados pelos suspeitos, um deles em uma loja de roupas.
Segundo a SSP, guardas municipais localizaram a dupla, que confessou o crime e foi reconhecida pelas vítimas. “Um celular e o veículo da vítima foram recuperados e a moto usada no crime, apreendida”, informou a secretaria.
Ao Estadão, Fontes disse estar preocupado com a exposição do assalto nas mídias e vê sua família se sente ameaçada. “Eu combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro. Minha família, agora, quer que eu deixe o emprego em Praia Grande e saia de São Paulo”, disse.
O caso foi registrado como roubo, associação criminosa, localização/apreensão e entrega de veículo e objeto na Delegacia de Polícia de São Vicente.
Abordado por criminosos na capital
Esta não é a primeira vez que o ex-chefe da Polícia Civil é vítima de assalto. Em maio do ano passado, Fontes dirigia seu veículo pela Avenida do Estado, zona sul da capital, quando foi abordado por dois homens em uma moto.
O que estava na garupa desceu armado e bateu no vidro do carro. Percebendo que o veículo era blindado, a dupla decidiu fugir e foi perseguida pelo policial. Fontes chegou a fechar a moto dos assaltantes, mas eles escaparam subindo pela calçada.
Em 2020, quando ainda era o delegado-geral, Fontes foi cercado por assaltantes no Ipiranga, também na zona sul, e reagiu, baleando um suspeito. Mesmo ferido, o homem conseguiu fugir.
Em abril de 2012, quando atuava como delegado na zona sul paulistana, o policial foi abordado por dois homens na Via Anchieta, no ABC. Ele enfrentou os suspeitos e, no tiroteio, um homem morreu e outro ficou ferido. Uma investigadora que estava na garupa da moto do delegado foi atingida no pescoço, passou por cirurgia e ficou 45 dias internada.
Quando atuava à frente do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fontes comandou parte das investigações sobre os atentados praticados pelo PCC no Estado.
Ele indiciou alguns dos principais líderes do PCC, entre eles Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”. Também foi responsável pelo indiciamento da mulher de “Marcola” por lavagem de dinheiro da organização criminosa.
Fontes lembra que, nas tentativas anteriores de assalto, ele era autoridade policial e tinha a proteção da polícia. Segundo o delegado, a violência em Praia Grande, onde passou a morar, é a mesma de outras cidades. “A segurança que tenho aqui é a mesma que todo mundo tem. Infelizmente, roubo acontece em qualquer lugar. O que posso falar é parabenizar a Guarda Municipal, a Polícia Civil e a Polícia militar que me trataram de forma profissional e agiram com eficiência”, disse.