SOROCABA - Caminhões com carga pesada percorrem as principais rodovias paulistas sem serem parados para conferir se estão com excesso de peso. A malha tem 230 pontos para pesagem, mas poucas balanças funcionam.
Em março e abril, o Estado passou por 52 postos de fiscalização de carga em rodovias estaduais e encontrou quatro em operação, todos em horário diurno. Em percursos feitos à noite por rodovias como Ayrton Senna, D. Pedro I, Bandeirantes e Castelo Branco, não havia uma única balança fazendo pesagem.
Caminhoneiros confirmaram que, nos últimos meses, os postos reduziram a operação e deixaram de pesar no horário noturno, quando o tráfego de veículos de carga é mais intenso nas rodovias. “Na Castelo Branco, nem as balanças fixas estão pesando à noite”, afirmou Jair Mello, de 43 anos, caminhoneiro de São Leopoldo (RS). Os equipamentos deveriam funcionar 24 horas. Ele conta que, nas últimas cinco viagens para São Paulo, pesou apenas uma vez numa balança portátil instalada na Anhanguera, em Ribeirão Preto.
O motorista Gilmar Motta, 52 anos, de Medianeira (PR), percorre as principais estradas de São Paulo com carga perecível e conta que apenas nas Rodovias Imigrantes e Anchieta, de acesso ao Porto de Santos, as balanças operam com alguma regularidade. “Nas outras estradas não tem pesagem.”
Em 14 de março, às 8h30, a balança fixa da Rodovia do Açúcar (SP-75), em Itu, estava aberta, mas não fazia a pesagem. Funcionários da concessionária disseram que o agente do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) não havia chegado. O Estado retornou ao meio-dia e, com a balança ainda fechada, foi informado de que o fiscal tinha “saído para o almoço”. No dia 31, ao justificar a falta de operação, os funcionários disseram que o agente não tinha aparecido e que não havia substituto.
Os próprios motoristas reconhecem que caminhões com excesso de peso estão mais sujeitos a acidentes e veem as balanças como aliadas contra patrões e empresas que excedem a carga. “Eu me nego a carregar acima da tonelagem, pois é mais fácil perder o controle, mas muitos carregam até sete toneladas a mais que o permitido”, disse o motorista Eduardo da Costa, de 54 anos.
Fiscalização. Em nota, o DER informou que estuda implementar um sistema para melhorar a fiscalização de peso. Segundo o órgão, os postos fixos deveriam operar 24 horas por dia e os móveis, das 6 às 19 horas. O DER informou que vai apurar as situações relatadas. Segundo o órgão, os postos de pesagem podem permanecer inoperantes para manutenção, por falha no equipamento ou quando há restrição para circulação de veículos nas rodovias. O órgão não se manifestou sobre a falta de agentes.