Execução de foragido com mais de 70 tiros expõe guerra interna do PCC


No crime organizado, Cláudio Roberto Ferreira, o Galo Cego, ficou conhecido por ataques a banco e havia migrado para o tráfico; suspeita é de que ele ajudou no assassinato de um dos responsáveis pela emboscada que matou 2 líderes da facção este ano

Por Felipe Resk e Marcelo Godoy
Veículo blindado. Policiais encontraram R$ 73,3 mil, além de cinco celulares e quatro sacolas com roupas novas; suspeita é de que ele planejava fuga Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress

A execução de Cláudio Roberto Ferreira, o Galo Cego, de 38 anos, é mais um episódio da guerra interna do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele foi assassinado nesta segunda-feira, 23, enquanto estacionava em região badalada do Tatuapé, zona leste paulistana. Pelo menos dois atiradores, de touca ninja e fuzil, dispararam cerca de 70 vezes. Para investigadores e promotores ouvidos pelo Estado, o crime está ligado à queima de arquivo e é uma tentativa de acalmar membros do PCC após mortes de líderes.

No crime organizado, Galo, foragido da Justiça, ficou conhecido por ataques a banco, mas havia migrado para o tráfico internacional de drogas. Segundo a polícia, ele planejou, de dentro do presídio de Mirandópolis (SP), o ataque aos cofres do Itaú da Avenida Paulista em 2011. 

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Em 2008, havia participado de um assalto, em Guarulhos, que terminou com três mortes (um PM, um líder do PCC e uma vítima de bala perdida). Ele foi condenado por esse crime, mas recebeu liberdade provisória em 2016 após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski conceder habeas corpus. Estava foragido desde 2017, quando a Corte suspendeu os efeitos da decisão.

No PCC, Galo era integrante da ala liderada por Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro. Segundo investigações, porém, teria sido responsável por indicar o paradeiro do ex-aliado, executado em fevereiro, na frente de um hotel no Tatuapé. O ataque era uma vingança pela morte de dois líderes da facção: Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.

A guerra interna do PCC começou em fevereiro, após a morte de Gegê do Mangue e de Paca, vítimas de uma emboscada enquanto passavam férias com a família no Ceará. Na ocasião, o helicóptero da dupla pousou em uma reserva indígena, onde os tripulantes - entre eles, Cabelo Duro - executaram ambos. Os dois tiveram os olhos furados, sinal de “olho gordo”, por supostamente estarem se beneficiando às custas da facção. 

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Logo depois, a cúpula do PCC decretou a morte dos envolvidos no ataque. Na época, dois homens ligados a Cabelo Duro teriam sido submetidos ao tribunal do crime. Um era o braço direito do criminoso, José Adinaldo Moura, o Nado, que foi morto pela facção. Enterrado de ponta-cabeça, o corpo nunca foi encontrado.

O outro seria Galo. Durante o tribunal, contudo, ele teria se comprometido a armar e participar de uma emboscada contra Cabelo Duro. Assim, seria poupado. O ataque foi uma semana após o crime no Ceará. Apesar de ter o costume de andar sob escolta, Cabelo Duro foi pego desarmado - sinal de que iria encontrar um aliado - e levou um tirou de fuzil na cabeça. Segundo a polícia, é Galo quem aparece nas imagens de câmeras de segurança conversando com ele antes da execução.

Após a morte de Nado e de Cabelo Duro, outros envolvidos acabaram perdoados. Entre eles, o apontado como responsável por ordenar o assassinato de Gegê: Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho - aliado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal líder do PCC, preso em Presidente Venceslau (SP). 

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Investigadores acreditam que a execução de Galo, cinco meses depois, é uma estratégia para tentar acalmar os membros da “rua”, insatisfeitos com decisões da cúpula do PCC, que está presa. 

Em paralelo, serviria de queima de arquivo. Isso porque, se fosse preso, poderia entregar outros envolvidos nos ataques ou motivar a transferência de líderes para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) da prisão, considerado mais rígido.

Galo tinha a polícia em seu encalço e quase foi capturado há cerca de dois meses. Os investigadores receberam informação de que ele iria comprar um carro no Tatuapé. Mas conseguiu sair da concessionária pouco antes de a polícia chegar.

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Como foi a execução

O assassinato de Galo foi por volta das 23 horas, na Rua Coelho Lisboa. Segundo testemunhas, os atiradores teriam descido de dois veículos: um Hyundai HB20 e outro I30. O membro do PCC foi atingido na cabeça, pernas e braços. Levado ao Hospital do Tatuapé, já chegou sem vida.

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No carro blindado, um Audi Q3, policiais encontraram R$ 73,3 mil, além de cinco celulares e quatro sacolas com roupas novas. Para a Polícia Civil, o cenário é de que Galo poderia estar de saída do Estado. “Talvez estivesse jurado de morte”, afirma a delegada Ana Lucia de Souza, titular do 30.º DP (Tatuapé), que instaurou inquérito. A vítima também levava documentação falsa.

O Audi Q3 estava bloqueado pelo antigo proprietário, após Galo pagar pelo veículo, mas não passar para o seu nome. No dia anterior à morte, câmeras da Secretaria de Segurança Pública identificaram que ele frequentou a região do Itaim-Bibi e do Ibirapuera, na zona sul.

Veículo blindado. Policiais encontraram R$ 73,3 mil, além de cinco celulares e quatro sacolas com roupas novas; suspeita é de que ele planejava fuga Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress

A execução de Cláudio Roberto Ferreira, o Galo Cego, de 38 anos, é mais um episódio da guerra interna do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele foi assassinado nesta segunda-feira, 23, enquanto estacionava em região badalada do Tatuapé, zona leste paulistana. Pelo menos dois atiradores, de touca ninja e fuzil, dispararam cerca de 70 vezes. Para investigadores e promotores ouvidos pelo Estado, o crime está ligado à queima de arquivo e é uma tentativa de acalmar membros do PCC após mortes de líderes.

No crime organizado, Galo, foragido da Justiça, ficou conhecido por ataques a banco, mas havia migrado para o tráfico internacional de drogas. Segundo a polícia, ele planejou, de dentro do presídio de Mirandópolis (SP), o ataque aos cofres do Itaú da Avenida Paulista em 2011. 

Em 2008, havia participado de um assalto, em Guarulhos, que terminou com três mortes (um PM, um líder do PCC e uma vítima de bala perdida). Ele foi condenado por esse crime, mas recebeu liberdade provisória em 2016 após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski conceder habeas corpus. Estava foragido desde 2017, quando a Corte suspendeu os efeitos da decisão.

No PCC, Galo era integrante da ala liderada por Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro. Segundo investigações, porém, teria sido responsável por indicar o paradeiro do ex-aliado, executado em fevereiro, na frente de um hotel no Tatuapé. O ataque era uma vingança pela morte de dois líderes da facção: Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.

A guerra interna do PCC começou em fevereiro, após a morte de Gegê do Mangue e de Paca, vítimas de uma emboscada enquanto passavam férias com a família no Ceará. Na ocasião, o helicóptero da dupla pousou em uma reserva indígena, onde os tripulantes - entre eles, Cabelo Duro - executaram ambos. Os dois tiveram os olhos furados, sinal de “olho gordo”, por supostamente estarem se beneficiando às custas da facção. 

Logo depois, a cúpula do PCC decretou a morte dos envolvidos no ataque. Na época, dois homens ligados a Cabelo Duro teriam sido submetidos ao tribunal do crime. Um era o braço direito do criminoso, José Adinaldo Moura, o Nado, que foi morto pela facção. Enterrado de ponta-cabeça, o corpo nunca foi encontrado.

O outro seria Galo. Durante o tribunal, contudo, ele teria se comprometido a armar e participar de uma emboscada contra Cabelo Duro. Assim, seria poupado. O ataque foi uma semana após o crime no Ceará. Apesar de ter o costume de andar sob escolta, Cabelo Duro foi pego desarmado - sinal de que iria encontrar um aliado - e levou um tirou de fuzil na cabeça. Segundo a polícia, é Galo quem aparece nas imagens de câmeras de segurança conversando com ele antes da execução.

Após a morte de Nado e de Cabelo Duro, outros envolvidos acabaram perdoados. Entre eles, o apontado como responsável por ordenar o assassinato de Gegê: Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho - aliado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal líder do PCC, preso em Presidente Venceslau (SP). 

Investigadores acreditam que a execução de Galo, cinco meses depois, é uma estratégia para tentar acalmar os membros da “rua”, insatisfeitos com decisões da cúpula do PCC, que está presa. 

Em paralelo, serviria de queima de arquivo. Isso porque, se fosse preso, poderia entregar outros envolvidos nos ataques ou motivar a transferência de líderes para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) da prisão, considerado mais rígido.

Galo tinha a polícia em seu encalço e quase foi capturado há cerca de dois meses. Os investigadores receberam informação de que ele iria comprar um carro no Tatuapé. Mas conseguiu sair da concessionária pouco antes de a polícia chegar.

Como foi a execução

O assassinato de Galo foi por volta das 23 horas, na Rua Coelho Lisboa. Segundo testemunhas, os atiradores teriam descido de dois veículos: um Hyundai HB20 e outro I30. O membro do PCC foi atingido na cabeça, pernas e braços. Levado ao Hospital do Tatuapé, já chegou sem vida.

No carro blindado, um Audi Q3, policiais encontraram R$ 73,3 mil, além de cinco celulares e quatro sacolas com roupas novas. Para a Polícia Civil, o cenário é de que Galo poderia estar de saída do Estado. “Talvez estivesse jurado de morte”, afirma a delegada Ana Lucia de Souza, titular do 30.º DP (Tatuapé), que instaurou inquérito. A vítima também levava documentação falsa.

O Audi Q3 estava bloqueado pelo antigo proprietário, após Galo pagar pelo veículo, mas não passar para o seu nome. No dia anterior à morte, câmeras da Secretaria de Segurança Pública identificaram que ele frequentou a região do Itaim-Bibi e do Ibirapuera, na zona sul.

Veículo blindado. Policiais encontraram R$ 73,3 mil, além de cinco celulares e quatro sacolas com roupas novas; suspeita é de que ele planejava fuga Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress

A execução de Cláudio Roberto Ferreira, o Galo Cego, de 38 anos, é mais um episódio da guerra interna do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele foi assassinado nesta segunda-feira, 23, enquanto estacionava em região badalada do Tatuapé, zona leste paulistana. Pelo menos dois atiradores, de touca ninja e fuzil, dispararam cerca de 70 vezes. Para investigadores e promotores ouvidos pelo Estado, o crime está ligado à queima de arquivo e é uma tentativa de acalmar membros do PCC após mortes de líderes.

No crime organizado, Galo, foragido da Justiça, ficou conhecido por ataques a banco, mas havia migrado para o tráfico internacional de drogas. Segundo a polícia, ele planejou, de dentro do presídio de Mirandópolis (SP), o ataque aos cofres do Itaú da Avenida Paulista em 2011. 

Em 2008, havia participado de um assalto, em Guarulhos, que terminou com três mortes (um PM, um líder do PCC e uma vítima de bala perdida). Ele foi condenado por esse crime, mas recebeu liberdade provisória em 2016 após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski conceder habeas corpus. Estava foragido desde 2017, quando a Corte suspendeu os efeitos da decisão.

No PCC, Galo era integrante da ala liderada por Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro. Segundo investigações, porém, teria sido responsável por indicar o paradeiro do ex-aliado, executado em fevereiro, na frente de um hotel no Tatuapé. O ataque era uma vingança pela morte de dois líderes da facção: Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.

A guerra interna do PCC começou em fevereiro, após a morte de Gegê do Mangue e de Paca, vítimas de uma emboscada enquanto passavam férias com a família no Ceará. Na ocasião, o helicóptero da dupla pousou em uma reserva indígena, onde os tripulantes - entre eles, Cabelo Duro - executaram ambos. Os dois tiveram os olhos furados, sinal de “olho gordo”, por supostamente estarem se beneficiando às custas da facção. 

Logo depois, a cúpula do PCC decretou a morte dos envolvidos no ataque. Na época, dois homens ligados a Cabelo Duro teriam sido submetidos ao tribunal do crime. Um era o braço direito do criminoso, José Adinaldo Moura, o Nado, que foi morto pela facção. Enterrado de ponta-cabeça, o corpo nunca foi encontrado.

O outro seria Galo. Durante o tribunal, contudo, ele teria se comprometido a armar e participar de uma emboscada contra Cabelo Duro. Assim, seria poupado. O ataque foi uma semana após o crime no Ceará. Apesar de ter o costume de andar sob escolta, Cabelo Duro foi pego desarmado - sinal de que iria encontrar um aliado - e levou um tirou de fuzil na cabeça. Segundo a polícia, é Galo quem aparece nas imagens de câmeras de segurança conversando com ele antes da execução.

Após a morte de Nado e de Cabelo Duro, outros envolvidos acabaram perdoados. Entre eles, o apontado como responsável por ordenar o assassinato de Gegê: Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho - aliado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal líder do PCC, preso em Presidente Venceslau (SP). 

Investigadores acreditam que a execução de Galo, cinco meses depois, é uma estratégia para tentar acalmar os membros da “rua”, insatisfeitos com decisões da cúpula do PCC, que está presa. 

Em paralelo, serviria de queima de arquivo. Isso porque, se fosse preso, poderia entregar outros envolvidos nos ataques ou motivar a transferência de líderes para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) da prisão, considerado mais rígido.

Galo tinha a polícia em seu encalço e quase foi capturado há cerca de dois meses. Os investigadores receberam informação de que ele iria comprar um carro no Tatuapé. Mas conseguiu sair da concessionária pouco antes de a polícia chegar.

Como foi a execução

O assassinato de Galo foi por volta das 23 horas, na Rua Coelho Lisboa. Segundo testemunhas, os atiradores teriam descido de dois veículos: um Hyundai HB20 e outro I30. O membro do PCC foi atingido na cabeça, pernas e braços. Levado ao Hospital do Tatuapé, já chegou sem vida.

No carro blindado, um Audi Q3, policiais encontraram R$ 73,3 mil, além de cinco celulares e quatro sacolas com roupas novas. Para a Polícia Civil, o cenário é de que Galo poderia estar de saída do Estado. “Talvez estivesse jurado de morte”, afirma a delegada Ana Lucia de Souza, titular do 30.º DP (Tatuapé), que instaurou inquérito. A vítima também levava documentação falsa.

O Audi Q3 estava bloqueado pelo antigo proprietário, após Galo pagar pelo veículo, mas não passar para o seu nome. No dia anterior à morte, câmeras da Secretaria de Segurança Pública identificaram que ele frequentou a região do Itaim-Bibi e do Ibirapuera, na zona sul.

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