A falta de energia elétrica ainda atinge 214 mil imóveis - entre casas e comércios - na Grande São Paulo, segundo última atualização feita pela Enel Distribuição São Paulo nesta terça-feira, 15. Não foi passada a informação, porém, de quantos são os clientes impactados na capital paulista. Pala manhã, eram cerca de 147 mil.
A companhia diz que reforçou as equipes próprias em campo, recebeu apoio de técnicos de outras distribuidoras e deslocou profissionais de outros Estados. O governo federal determinou auditoria da empresa e deu prazo de três dias para que o serviço seja restabelecido.
Na segunda-feira, 14, também anunciou que operadores de unidades da Enel de outros países foram convocados pela distribuidora para ajudar no trabalho de restabelecer a energia elétrica em São Paulo e em demais cidades da região metropolitana da capital, afetadas pelo temporal da sexta-feira, 11.
Desafios de quem ainda está sem energia elétrica
Moradora da região de Santo Amaro, zona sul de São Paulo, Andrezza Queiroga enfrenta o drama de estar sem energia desde a noite de sexta-feira, 11. Ela relata os desafios com a situação morando com uma idosa e uma pcd.
“Minha irmã tem uma síndrome e precisa tomar banho ao menos duas vezes por dia. Eu estou tomando banho gelado, mas com ela não é possível. Está sendo muito difícil administrar banhos quentes, esquentando água. E eu trabalho de casa, não estou conseguindo fazer nada. A Enel não dá previsão para o retorno da luz na Rua Jacatirão”, lamenta a moradora.
“Já perdi metade dos alimentos que tinha na geladeira. A outra parte, eu deixei na casa de amigos. Já retornei ao supermercado para comprar água, pois meu purificador de água não funciona se energia e também estava sem velas”, disse Andrezza.
A Enel Distribuição informa que equipes estão no local para restabelecer a energia elétrica o mais brevemente possível.
Por meio das redes sociais, a chef de cozinha Irina Cordeiro também relata que permanece sem energia no seu estabelecimento. O restaurante Cuzcuz da Irina fica localizado na Rua Ipero, 47, na Vila Madalena, zona oeste da cidade de São Paulo.
“É uma situação complicada para nós como um todo. Dias sem vender impactam diretamente no salário de todos, além de alimentos perdidos. Precisamos de vocês para nos reerguer agora. Mesmo com processo judicial, são processos que levam anos para serem finalizados”, publicou ela, na manhã desta terça-feira, convidando pessoas para que venham almoçar no seu restaurante.
“Vamos funcionar mesmo sem energia. Contamos com vocês para virem. Precisamos dar vazão aos alimentos para não estragarem e todos nós precisamos de ajuda”, disse Irina.
Residências sem luz e água
No Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo, a moradora Jane Maria Almeida cita que ainda há muitas árvores caídas pelas ruas. “Não há uma equipe da Enel que seja suficiente para trabalhar na recuperação da energia na nossa região. A nossa indignação é porque se deixamos de pagar nem que seja uma conta, a qual não é barata, eles rapidamente desligam o fornecimento. Estamos sem retorno para a luz voltar”, disse Jane.
Na região, segundo ela, além da falta de luz, algumas residências já são prejudicadas também pelo desabastecimento de água. “Já há casas que estão sem água e luz, situação ainda mais delicada”, afirmou a moradora.
No pico do apagão, mais de 2,1 milhões ficaram sem luz após a tempestade com ventania na noite de sexta-feira, com rajadas que chegaram a 107,6 km/h. As cidades mais afetadas foram São Paulo, Cotia e Taboão da Serra.