Galeria de arte a céu aberto dá vida ao bairro de São Mateus no extremo leste de SP


Com apoio de artistas, casas, muros e becos são grafitados; idealizadores querem ampliar projeto para deixar a comunidade ainda mais colorida

Por Renata Okumura

Além de resgatar a autoestima dos moradores, que se identificam com os desenhos retratados pelos grafites em muros, casas e vielas, a iniciativa de intervenções de arte a céu aberto, que faz parte do projeto Favela Galeria, na Vila Flávia, um dos distritos do bairro São Mateus, na periferia do extremo leste da capital paulista, promove o engajamento e deixa a comunidade mais viva e colorida. Entre os painéis mais recentes estão grafites em três muros residenciais do bairro, que contaram com o trabalho de três artistas. Eles exploraram técnicas abstratas, geométricas e realistas. Em um dos muros, o retrato de um olhar bem expressivo é marcado pelas tonalidades azul, verde, vermelho e amarelo.

Grafites resgatam a autoestima dos moradores, que se identificam com os desenhos retratados em muros, casas e vielas. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO - 24/02/2022
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"Com a pandemia, nosso trabalho artístico ficou parado. Mas estamos retomando. O impacto da arte dentro da comunidade é muito forte. Esses trabalhos foram feitos pelos artistas Marcelo Ruggi Tché, Alexandre Lobot e Randal Bone", disse Ezequias Jeiel Cardoso, de 34 anos, popularmente conhecido como rapper Catata Crazzy. De Santa Catarina, ele chegou em São Paulo há 12 anos. Há três, mora em São Mateus e está envolvido com o projeto do bairro.

Segundo ele, a galeria a céu aberto é fruto do empenho de artistas que doam não somente sua arte, mas também os materiais. “Promovemos eventos esporádicos. Já conseguimos apoio para determinados painéis. Alguns moradores, que podem, fazem doações. Mas o que mantém o trabalho é a doação de artistas, não somente pela arte realizada, mas também os materiais que fornecem”, disse Catata. Ele afirma que o intuito é divulgar a importância do trabalho realizado. “Mostrar que vai além do grafite na rua, pois mexemos de forma positiva com a autoestima dos moradores que tanto necessitam de apoio”, acrescentou.

A história da galeria a céu aberto está relacionada com a atuação do Grupo Opni, que na década de noventa já levou a arte urbana e cultura para a comunidade da zona leste.Com o passar do tempo, em 2007, foi criado o projeto São Mateus em Movimento, com foco em aulas de capoeira, dança e grafites. Em paralelo ao movimento, os grafites começaram a tomar ruas do bairro. As ruas Archângelo Archina e Cônego José Maria Fernandes estão entre as vias que ganharam intervenções artísticas urbanas. Denominado, inicialmente, como Favela Grafitada, em 2009, o nome mudou para Favela Galeria.

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Grafites mudaram visual da Vila Flávia, em São Mateus; intervenção faz parte do projeto Favela Galeria. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO - 24/02/2022

Além da galeria de arte a céu aberto - que reúne três quilômetros de intervenções artísticas - há também o espaço de cultura físico onde ocorrem atividades educativas, eventos e exposições. Uma oportunidade para os jovens terem contato com a cultura. Para os artistas, a chance de terem seus trabalhos expostos.

A inspiração do projeto também surgiu a partir dos conhecidos grafites do Beco do Batman, na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista. "Quando criamos o São Mateus em Movimento, já iniciamos os grafites pelas ruas. A gente se espelhou na Vila Madalena, onde há muitos muros com grafites. Daria para fazer na 'nossa quebrada' algo semelhante a Vila Madalena. E começamos a grafitar e fazer a galeria crescer. Hoje é muito impactante dentro da nossa comunidade. Nós que nascemos aqui, sentimos a emoção dos moradores, que pedem para a gente grafitar suas casas e muros", disse Fernando Rodrigo de Carvalho, fundador e presidente do São Mateus em Movimento. Conhecido como MC Negotinho, ele tem 42 anos, dos quais 30 são dedicados para ações culturais na região.

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"Nosso objetivo foi mudar o clima do bairro. E é curioso, quando a gente termina alguma obra, as pessoas começam a se identificar e já dizem que se parecem eles, com filhos e até vizinhos. É um conceito humanitário”, disse Negotinho.

A artista Stefany Lima, de 25 anos, conhecida como Fany Lima é de Embu das Artes, município da Região Metropolitana de São Paulo. Tornou-se gestora da Favela Galeria. "Fui pintar em São Mateus, enquanto artista, por meio da proposta da galeria a céu aberto. Fui me aproximando e comecei a participar de mais ações dentro da comunidade. Essa aproximação, que é mais recente, aconteceu em 2020", disse.

Em razão da pandemia, nos últimos dois anos, ela lembra que as atividades artísticas deram lugar aos trabalhos sociais com doações de cestas básicas e orientações preventivas sobre o novo coronavírus à população carente que tanto necessita de suporte. "Comprometimento social e político no sentido de oferecer apoio aos moradores que precisam de auxílio", disse.

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Em janeiro passado, as ações sociais continuaram, ao mesmo tempo em que começaram a ser retomados os projetos culturais, incluindo a arte urbana, caracterizada pela produção de desenhos em diversos locais do bairro.

"Estão sendo reorganizadas a partir de agora. Estamos também redesenhando questões de curadoria, como vamos direcionar a curadoria da galeria a céu aberto. Novos projetos de expansão da proposta da galeria também", afirmou Fany.

O Tour Favela Galeria, que já existe há quinze anos, também foi reaberto no início do ano. "Recebemos pessoas do mundo inteiro e também muitas visitas organizadas por escolas. Todo valor arrecadado é destinado para nossos projetos e ações na comunidade", disse Catata. Durante o passeio, monitores apresentam cerca de 300 artes expostas a céu aberto aos visitantes. Mas segundo Negotinho, com os grafites em casas e portões, além de muros nas vielas, a comunidade já tem em torno de mil intervenções artísticas.

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“Nosso sonho seria ter uma ajuda recorrente para transformar nossa favela na comunidade mais colorida do mundo e mandar para o Guinness World Records”, afirmou o fundador e presidente do São Mateus em Movimento.

Diante do interesse de moradores, idealizadores do projeto estudam possibilidades para deixar a comunidade ainda mais viva e, quem sabe, futuramente levar a iniciativa para outros bairros periféricos de São Paulo e até outras cidades brasileiras.

"Estamos estudando como fazer 'essa ponte'. A Favela Galeria tem sua sede na Vila Flávia, assim como a galeria a céu aberto é feita no bairro. Queremos ampliar o olhar simbólico, social e artístico da comunidade por meio do grafite. A intenção é voltar esse olhar para o bairro como polo artístico cultural, que gere uma economia criativa local. E vamos pensar também como uma proposta que possa ser expandida com futuras parcerias com periferias da cidade de São Paulo e mesmo outras regiões do País", disse Fany.

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Como participar da iniciativa

Assim como a população de São Mateus, moradores de outras regiões, que estejam interessados nos grafites a céu aberto podem entrar em contato com os idealizadores do projeto. A iniciativa que dá vida ao bairro também pode ser expandida para outras localidades.

Outra forma de conhecer o trabalho realizado na comunidade é por meio do Tour Favela Galeria, que tem duração média de 1 hora e é feito com acompanhamento de monitores. Com a pandemia, o passeio é realizado seguindo todos os protocolos sanitários. Para mais informações sobre valores, entre em contato pelo telefone 11.96948-5129.

Favela Galeria Rua Archângelo Archiná, 587, São Mateus Instagram: @favelagaleria

Além de resgatar a autoestima dos moradores, que se identificam com os desenhos retratados pelos grafites em muros, casas e vielas, a iniciativa de intervenções de arte a céu aberto, que faz parte do projeto Favela Galeria, na Vila Flávia, um dos distritos do bairro São Mateus, na periferia do extremo leste da capital paulista, promove o engajamento e deixa a comunidade mais viva e colorida. Entre os painéis mais recentes estão grafites em três muros residenciais do bairro, que contaram com o trabalho de três artistas. Eles exploraram técnicas abstratas, geométricas e realistas. Em um dos muros, o retrato de um olhar bem expressivo é marcado pelas tonalidades azul, verde, vermelho e amarelo.

Grafites resgatam a autoestima dos moradores, que se identificam com os desenhos retratados em muros, casas e vielas. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO - 24/02/2022

"Com a pandemia, nosso trabalho artístico ficou parado. Mas estamos retomando. O impacto da arte dentro da comunidade é muito forte. Esses trabalhos foram feitos pelos artistas Marcelo Ruggi Tché, Alexandre Lobot e Randal Bone", disse Ezequias Jeiel Cardoso, de 34 anos, popularmente conhecido como rapper Catata Crazzy. De Santa Catarina, ele chegou em São Paulo há 12 anos. Há três, mora em São Mateus e está envolvido com o projeto do bairro.

Segundo ele, a galeria a céu aberto é fruto do empenho de artistas que doam não somente sua arte, mas também os materiais. “Promovemos eventos esporádicos. Já conseguimos apoio para determinados painéis. Alguns moradores, que podem, fazem doações. Mas o que mantém o trabalho é a doação de artistas, não somente pela arte realizada, mas também os materiais que fornecem”, disse Catata. Ele afirma que o intuito é divulgar a importância do trabalho realizado. “Mostrar que vai além do grafite na rua, pois mexemos de forma positiva com a autoestima dos moradores que tanto necessitam de apoio”, acrescentou.

A história da galeria a céu aberto está relacionada com a atuação do Grupo Opni, que na década de noventa já levou a arte urbana e cultura para a comunidade da zona leste.Com o passar do tempo, em 2007, foi criado o projeto São Mateus em Movimento, com foco em aulas de capoeira, dança e grafites. Em paralelo ao movimento, os grafites começaram a tomar ruas do bairro. As ruas Archângelo Archina e Cônego José Maria Fernandes estão entre as vias que ganharam intervenções artísticas urbanas. Denominado, inicialmente, como Favela Grafitada, em 2009, o nome mudou para Favela Galeria.

Grafites mudaram visual da Vila Flávia, em São Mateus; intervenção faz parte do projeto Favela Galeria. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO - 24/02/2022

Além da galeria de arte a céu aberto - que reúne três quilômetros de intervenções artísticas - há também o espaço de cultura físico onde ocorrem atividades educativas, eventos e exposições. Uma oportunidade para os jovens terem contato com a cultura. Para os artistas, a chance de terem seus trabalhos expostos.

A inspiração do projeto também surgiu a partir dos conhecidos grafites do Beco do Batman, na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista. "Quando criamos o São Mateus em Movimento, já iniciamos os grafites pelas ruas. A gente se espelhou na Vila Madalena, onde há muitos muros com grafites. Daria para fazer na 'nossa quebrada' algo semelhante a Vila Madalena. E começamos a grafitar e fazer a galeria crescer. Hoje é muito impactante dentro da nossa comunidade. Nós que nascemos aqui, sentimos a emoção dos moradores, que pedem para a gente grafitar suas casas e muros", disse Fernando Rodrigo de Carvalho, fundador e presidente do São Mateus em Movimento. Conhecido como MC Negotinho, ele tem 42 anos, dos quais 30 são dedicados para ações culturais na região.

"Nosso objetivo foi mudar o clima do bairro. E é curioso, quando a gente termina alguma obra, as pessoas começam a se identificar e já dizem que se parecem eles, com filhos e até vizinhos. É um conceito humanitário”, disse Negotinho.

A artista Stefany Lima, de 25 anos, conhecida como Fany Lima é de Embu das Artes, município da Região Metropolitana de São Paulo. Tornou-se gestora da Favela Galeria. "Fui pintar em São Mateus, enquanto artista, por meio da proposta da galeria a céu aberto. Fui me aproximando e comecei a participar de mais ações dentro da comunidade. Essa aproximação, que é mais recente, aconteceu em 2020", disse.

Em razão da pandemia, nos últimos dois anos, ela lembra que as atividades artísticas deram lugar aos trabalhos sociais com doações de cestas básicas e orientações preventivas sobre o novo coronavírus à população carente que tanto necessita de suporte. "Comprometimento social e político no sentido de oferecer apoio aos moradores que precisam de auxílio", disse.

Em janeiro passado, as ações sociais continuaram, ao mesmo tempo em que começaram a ser retomados os projetos culturais, incluindo a arte urbana, caracterizada pela produção de desenhos em diversos locais do bairro.

"Estão sendo reorganizadas a partir de agora. Estamos também redesenhando questões de curadoria, como vamos direcionar a curadoria da galeria a céu aberto. Novos projetos de expansão da proposta da galeria também", afirmou Fany.

O Tour Favela Galeria, que já existe há quinze anos, também foi reaberto no início do ano. "Recebemos pessoas do mundo inteiro e também muitas visitas organizadas por escolas. Todo valor arrecadado é destinado para nossos projetos e ações na comunidade", disse Catata. Durante o passeio, monitores apresentam cerca de 300 artes expostas a céu aberto aos visitantes. Mas segundo Negotinho, com os grafites em casas e portões, além de muros nas vielas, a comunidade já tem em torno de mil intervenções artísticas.

“Nosso sonho seria ter uma ajuda recorrente para transformar nossa favela na comunidade mais colorida do mundo e mandar para o Guinness World Records”, afirmou o fundador e presidente do São Mateus em Movimento.

Diante do interesse de moradores, idealizadores do projeto estudam possibilidades para deixar a comunidade ainda mais viva e, quem sabe, futuramente levar a iniciativa para outros bairros periféricos de São Paulo e até outras cidades brasileiras.

"Estamos estudando como fazer 'essa ponte'. A Favela Galeria tem sua sede na Vila Flávia, assim como a galeria a céu aberto é feita no bairro. Queremos ampliar o olhar simbólico, social e artístico da comunidade por meio do grafite. A intenção é voltar esse olhar para o bairro como polo artístico cultural, que gere uma economia criativa local. E vamos pensar também como uma proposta que possa ser expandida com futuras parcerias com periferias da cidade de São Paulo e mesmo outras regiões do País", disse Fany.

Como participar da iniciativa

Assim como a população de São Mateus, moradores de outras regiões, que estejam interessados nos grafites a céu aberto podem entrar em contato com os idealizadores do projeto. A iniciativa que dá vida ao bairro também pode ser expandida para outras localidades.

Outra forma de conhecer o trabalho realizado na comunidade é por meio do Tour Favela Galeria, que tem duração média de 1 hora e é feito com acompanhamento de monitores. Com a pandemia, o passeio é realizado seguindo todos os protocolos sanitários. Para mais informações sobre valores, entre em contato pelo telefone 11.96948-5129.

Favela Galeria Rua Archângelo Archiná, 587, São Mateus Instagram: @favelagaleria

Além de resgatar a autoestima dos moradores, que se identificam com os desenhos retratados pelos grafites em muros, casas e vielas, a iniciativa de intervenções de arte a céu aberto, que faz parte do projeto Favela Galeria, na Vila Flávia, um dos distritos do bairro São Mateus, na periferia do extremo leste da capital paulista, promove o engajamento e deixa a comunidade mais viva e colorida. Entre os painéis mais recentes estão grafites em três muros residenciais do bairro, que contaram com o trabalho de três artistas. Eles exploraram técnicas abstratas, geométricas e realistas. Em um dos muros, o retrato de um olhar bem expressivo é marcado pelas tonalidades azul, verde, vermelho e amarelo.

Grafites resgatam a autoestima dos moradores, que se identificam com os desenhos retratados em muros, casas e vielas. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO - 24/02/2022

"Com a pandemia, nosso trabalho artístico ficou parado. Mas estamos retomando. O impacto da arte dentro da comunidade é muito forte. Esses trabalhos foram feitos pelos artistas Marcelo Ruggi Tché, Alexandre Lobot e Randal Bone", disse Ezequias Jeiel Cardoso, de 34 anos, popularmente conhecido como rapper Catata Crazzy. De Santa Catarina, ele chegou em São Paulo há 12 anos. Há três, mora em São Mateus e está envolvido com o projeto do bairro.

Segundo ele, a galeria a céu aberto é fruto do empenho de artistas que doam não somente sua arte, mas também os materiais. “Promovemos eventos esporádicos. Já conseguimos apoio para determinados painéis. Alguns moradores, que podem, fazem doações. Mas o que mantém o trabalho é a doação de artistas, não somente pela arte realizada, mas também os materiais que fornecem”, disse Catata. Ele afirma que o intuito é divulgar a importância do trabalho realizado. “Mostrar que vai além do grafite na rua, pois mexemos de forma positiva com a autoestima dos moradores que tanto necessitam de apoio”, acrescentou.

A história da galeria a céu aberto está relacionada com a atuação do Grupo Opni, que na década de noventa já levou a arte urbana e cultura para a comunidade da zona leste.Com o passar do tempo, em 2007, foi criado o projeto São Mateus em Movimento, com foco em aulas de capoeira, dança e grafites. Em paralelo ao movimento, os grafites começaram a tomar ruas do bairro. As ruas Archângelo Archina e Cônego José Maria Fernandes estão entre as vias que ganharam intervenções artísticas urbanas. Denominado, inicialmente, como Favela Grafitada, em 2009, o nome mudou para Favela Galeria.

Grafites mudaram visual da Vila Flávia, em São Mateus; intervenção faz parte do projeto Favela Galeria. Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO - 24/02/2022

Além da galeria de arte a céu aberto - que reúne três quilômetros de intervenções artísticas - há também o espaço de cultura físico onde ocorrem atividades educativas, eventos e exposições. Uma oportunidade para os jovens terem contato com a cultura. Para os artistas, a chance de terem seus trabalhos expostos.

A inspiração do projeto também surgiu a partir dos conhecidos grafites do Beco do Batman, na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista. "Quando criamos o São Mateus em Movimento, já iniciamos os grafites pelas ruas. A gente se espelhou na Vila Madalena, onde há muitos muros com grafites. Daria para fazer na 'nossa quebrada' algo semelhante a Vila Madalena. E começamos a grafitar e fazer a galeria crescer. Hoje é muito impactante dentro da nossa comunidade. Nós que nascemos aqui, sentimos a emoção dos moradores, que pedem para a gente grafitar suas casas e muros", disse Fernando Rodrigo de Carvalho, fundador e presidente do São Mateus em Movimento. Conhecido como MC Negotinho, ele tem 42 anos, dos quais 30 são dedicados para ações culturais na região.

"Nosso objetivo foi mudar o clima do bairro. E é curioso, quando a gente termina alguma obra, as pessoas começam a se identificar e já dizem que se parecem eles, com filhos e até vizinhos. É um conceito humanitário”, disse Negotinho.

A artista Stefany Lima, de 25 anos, conhecida como Fany Lima é de Embu das Artes, município da Região Metropolitana de São Paulo. Tornou-se gestora da Favela Galeria. "Fui pintar em São Mateus, enquanto artista, por meio da proposta da galeria a céu aberto. Fui me aproximando e comecei a participar de mais ações dentro da comunidade. Essa aproximação, que é mais recente, aconteceu em 2020", disse.

Em razão da pandemia, nos últimos dois anos, ela lembra que as atividades artísticas deram lugar aos trabalhos sociais com doações de cestas básicas e orientações preventivas sobre o novo coronavírus à população carente que tanto necessita de suporte. "Comprometimento social e político no sentido de oferecer apoio aos moradores que precisam de auxílio", disse.

Em janeiro passado, as ações sociais continuaram, ao mesmo tempo em que começaram a ser retomados os projetos culturais, incluindo a arte urbana, caracterizada pela produção de desenhos em diversos locais do bairro.

"Estão sendo reorganizadas a partir de agora. Estamos também redesenhando questões de curadoria, como vamos direcionar a curadoria da galeria a céu aberto. Novos projetos de expansão da proposta da galeria também", afirmou Fany.

O Tour Favela Galeria, que já existe há quinze anos, também foi reaberto no início do ano. "Recebemos pessoas do mundo inteiro e também muitas visitas organizadas por escolas. Todo valor arrecadado é destinado para nossos projetos e ações na comunidade", disse Catata. Durante o passeio, monitores apresentam cerca de 300 artes expostas a céu aberto aos visitantes. Mas segundo Negotinho, com os grafites em casas e portões, além de muros nas vielas, a comunidade já tem em torno de mil intervenções artísticas.

“Nosso sonho seria ter uma ajuda recorrente para transformar nossa favela na comunidade mais colorida do mundo e mandar para o Guinness World Records”, afirmou o fundador e presidente do São Mateus em Movimento.

Diante do interesse de moradores, idealizadores do projeto estudam possibilidades para deixar a comunidade ainda mais viva e, quem sabe, futuramente levar a iniciativa para outros bairros periféricos de São Paulo e até outras cidades brasileiras.

"Estamos estudando como fazer 'essa ponte'. A Favela Galeria tem sua sede na Vila Flávia, assim como a galeria a céu aberto é feita no bairro. Queremos ampliar o olhar simbólico, social e artístico da comunidade por meio do grafite. A intenção é voltar esse olhar para o bairro como polo artístico cultural, que gere uma economia criativa local. E vamos pensar também como uma proposta que possa ser expandida com futuras parcerias com periferias da cidade de São Paulo e mesmo outras regiões do País", disse Fany.

Como participar da iniciativa

Assim como a população de São Mateus, moradores de outras regiões, que estejam interessados nos grafites a céu aberto podem entrar em contato com os idealizadores do projeto. A iniciativa que dá vida ao bairro também pode ser expandida para outras localidades.

Outra forma de conhecer o trabalho realizado na comunidade é por meio do Tour Favela Galeria, que tem duração média de 1 hora e é feito com acompanhamento de monitores. Com a pandemia, o passeio é realizado seguindo todos os protocolos sanitários. Para mais informações sobre valores, entre em contato pelo telefone 11.96948-5129.

Favela Galeria Rua Archângelo Archiná, 587, São Mateus Instagram: @favelagaleria

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