SÃO PAULO - Um projeto urbanístico proposto pela gestão João Doria (PSDB) para adensar o extremo sul de São Paulo prevê o prolongamento da Marginal do Pinheiros até o bairro de Interlagos, com a construção de 6,3 km de pistas novas e de uma ponte sobre o Rio Guarapiranga, em Socorro.
Batizada de Via Parque Jurubatuba, a extensão da Marginal vai da Avenida Guido Caloi, na altura da Ponte Transamérica, até as imediações do Autódromo de Interlagos, na margem direita do Rio Pinheiros, no sentido zona sul, e será contornada por um novo parque linear. Hoje, quem vai para essa região é obrigado a cruzar o rio pela ponte e seguir pela margem esquerda da Marginal até a Avenida Interlagos, em um trecho de bastante congestionamento nos horários de pico.
A obra é uma das intervenções viárias propostas pela gestão Doria no Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Arco Jurubatuba, que prevê aumentar em 50% a população de bairros como Interlagos, Socorro, Vila Andrade e Santo Amaro – de 150 mil para 226 mil habitantes – estimulando a verticalização em terrenos ociosos ou áreas pouco povoadas. Em 2012, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) chegou a anunciar um projeto para prolongar a Marginal em 8 km por R$ 470 milhões, mas a obra ficou no papel.
Agora, a extensão da Marginal faz parte de um plano mais amplo, que tem como objetivo principal “prolongar de forma controlada” os dois maiores vetores de verticalização da cidade – Faria Lima/Berrini/Chucri Zaidan e Santo Amaro –, que têm se expandido em direção às orlas do Rios Jurubatuba e Guarapiranga. Para isso, a gestão Doria propõe aumentar o potencial construtivo da região, induzindo o adensamento e a geração de empregos, e usar pelo menos 60% do dinheiro das contrapartidas (outorgas) pagas para construir prédios acima do limite básico para executar obras viárias e de habitação de interesse social.
Consulta. O Arco Jurubatuba foi divulgado pela Prefeitura juntamente com o projeto urbanístico para a privatização do Autódromo de Interlagos, que propõe liberar a construção de um novo bairro residencial, um complexo empresarial com escritórios e hotéis e até um shopping. O texto ficará em consulta pública até o início de março, mês em que deve ser enviado para a Câmara com possíveis alterações para ser votado - precisa de voto favorável de 2/3 dos vereadores.
Para arquiteto e urbanista Valter Caldana, professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie, o estímulo ao desenvovimento imobiliário no extremo sul é positivo, mas requer cuidado. "São Paulo precisa desenvolver melhor seus polos regionais para diminuir as viagens dentro da cidade, melhorando a mobilidade urbana e a qualidade de vida das pessoas. A descenralização é uma prioridade. Porém, essa região é muito sensível do ponto de vista ambiental e, por isso, o projeto precisa ser muito bem discutido", afirma.
A secretária municipal de Urbanismo e Licenciamento, Heloísa Proença, ressalta que as "fragilidades ambientais" da região, que abriga as represas Billings e Guarapiranga, foram levadas em consideração e que o projeto não ameaça os dois principais mananciais da capital. "É necessário dar um aproveitamento melhor para essa região e essa é uma oportunidade única. Sabemos que precisamos promover o desenvolvimento urbano sustentável e o adensamento controlado é compatível com as questões ambientais e sociais”, defende.