Trabalhadores das empresas de ônibus de São Paulo marcaram para a próxima sexta-feira, 7, uma greve que deverá paralisar a atividade de cerca dos 60 mil profissionais do setor, entre motoristas, cobradores e operadores de manutenção.
A interrupção do serviço foi decidida na tarde desta segunda-feira, 3, em assembleia realizada pela categoria na frente da Prefeitura da capital, centro de São Paulo. O movimento tem previsão começar à 0h de sexta e durar 24 horas. As operações dos ônibus intermunicipais não serão afetadas.
Entre a reivindicações, a direção do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SMTTRUSP), também chamado de SindMotoristas, pede reajuste de 3,69% do salário pelo IPCA-IBGE, e mais 5% de aumento real.
Os sindicalistas pedem também pela reposição das perdas salariais na pandemia na ordem de 2,46%, - conforme cálculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) - e que ainda não foram corrigidas, segundo os sindicalistas.
De acordo com o SindMotoristas, “os patrões acenaram com apenas 2,77% e composição da diferença pelo Salariômetro (índice medido pela FIPE)”, mas a proposta já havia sido rejeitada em assembleia no mês de setembro.
Uma plenária está marcada para esta terça, 4, na sede do SindMotoristas, que vai definir como o movimento vai funcionar, disse ao Estadão Nailton Porreta, um dos diretores do grupo. Ainda segundo o diretor, a categoria está disposta a funcionar na sexta-feira, se a Prefeitura de São Paulo conceder tarifa zero para a população.
“Queremos propor um desafio prefeito (Ricardo Nunes): se ele conceder tarifa zero, nós liberamos 100% da frota”, diz o diretor.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo diz que defende o direito à livre manifestação, mas cobra que a greve seja avisada com 72 horas antes da paralisação e pede pela manutenção de uma frota mínima em horários de pico “para reduzir o impacto junto à população”.
“O Município reforça a necessidade de atendimento aos 7 milhões de passageiros dos ônibus para que não sejam prejudicados e informa que o efetivo da GCM estará de prontidão para eventuais ocorrências”, diz a administração no comunicado.
“Em relação às motivações dos trabalhadores, cabe à Prefeitura apenas acompanhar a negociação entre as partes. A administração municipal espera que os representantes da categoria e dos empresários encontrem um ponto em comum na campanha salarial sem prejuízo aos passageiros”, completou.
Porreta afirma que a categoria vai acatar o que a Justiça determinar. “Se o Tribunal decidir que devemos colocar 80% da frota no horário de pico, nós vamos colocar. Vamos conscientizar os trabalhadores para fazer isso. No horário que é para recolher, nós vamos recolher também. Da nossa parte, não tem intransigência”.
Procurado, o SPUrbanuss, sindicato que representa as empresas que operam os ônibus na capital, afirma que as “as negociações entre o sindicato patronal e o sindicato dos operadores ainda não foram encerradas”.
“Assim, é totalmente inoportuna qualquer decisão sobre paralisação da operação do transporte de passageiros, um serviço essencial e estratégico, que pode causar sérios prejuízos à mobilidade dos paulistanos”, afirmou.
Entre outros pedidos feito pelos trabalhadores estão a melhoria nos convênios médico e odontológico, jornada de trabalho de 7 horas (6h30 mais 30 minutos de descanso e refeição) ou 6 horas trabalhadas e 1 hora remunerada; e auxílio funeral.
Ainda de acordo com os manifestantes, o setor patronal não fez nenhuma contraproposta sobre outras demandas da categoria, como Participação nos Lucros e Resultados (PLR), reajuste de 17% no seguro de vida e cobertura de 10 salários mínimos em respeito a lei 12.619 (lei do motorista).