Um incêndio atinge o histórico edifício Copan, no centro de São Paulo, desde a tarde desta quinta-feira, 3. As chamas estão sendo controladas pelo Corpo de Bombeiros, que informa que o fogo começou nas juntas de dilatação do prédio por volta das 16h e seguem com focos ativos até as 22h. Ao todo, até nove equipes, somando 28 profissionais da corporação, atuaram na ocorrência em duas frentes: no 22° andar e no 33° andar do edifício. Não há registro de vítimas.
“Não se trata de incêndio em apartamento, e sim nas juntas de dilatação do edifício, sem informações de vítimas até o momento”, informou o Corpo de Bombeiros. Por volta das 20h, a corporação informou que o fogo já tinha sido “controlado” e que aguardava para entrar nos trabalhos de rescaldo. Às 22h, afirmaram que cinco viaturas ainda estavam no local por conta da presença de “focos com temperatura relativamente alta”.
“O fogo foi entre o 18º e o 22º andar, e nas juntas (fendas) entre os blocos. Ainda temos 5 viaturas no local pois temos focos com temperatura relativamente alta. Realmente sem vítimas. Esperando o desfecho”, disse os Bombeiros.
Registros feitos por moradores mostram uma grande quantidade de fumaça saindo pelas janelas da fachada voltada para Avenida Ipiranga, na República. Por causa do incêndio, muitos moradores tiveram de evacuar o prédio e deixar seus apartamentos. Ruas no entorno foram interditadas. Viaturas da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana também foram deslocadas para o local.
O prédio é tombado e é um dos principais ícones da cidade de São Paulo. É conhecido especialmente pelas curvas, projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Com cerca de 115 metros de altura, tem 38 pavimentos, dos quais 32 reúnem mais de 1 mil apartamentos. Há, ainda, restaurantes, lojas e escritórios.
O Copan começou a ser construído em 1952, quando Niemeyer já era um arquiteto renomado. O nome é uma sigla para Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo, cuja proposta inicial incluía um hotel. O prédio começou a ser habitado em 1966, mas a obra foi totalmente concluída somente seis anos depois.
Atualmente, o edifício está em processo de restauro na fachada frontal. Há cerca de uma década, uma tela recobre o prédio para a proteção de transeuntes.
Conforme o capitão da Polícia Militar Eduardo Casagrandi, informações preliminares indicam que o fogo começou justamente em um material proveniente de uma obra no prédio.
A tenente Olívia Perrone, do Corpo de Bombeiros, explica o incêndio pode ter começado no 22° andar, e a presença de uma tela de proteção no edifício dificultou a dispersão da fumaça. “Temos informações de que o start do incêndio aconteceu no 22° andar e subiu pela junta de dilatação até o 33° andar, onde a fumaça se acumula. Parte do prédio foi evacuado e o incêndio está controlado”, informou Olívia, ao Estadão.
“Depois que o fogo for extinto, será feito o rescaldo, uma análise dos danos da estrutura do prédio. Qualquer sinal de que o incêndio esteja comprometendo a segurança do prédio, uma rachadura muito grande, por exemplo, será chamada a Defesa Civil que, junto com um engenheiro, vai avaliar as condições do edifício”, acrescentou.
A Defesa Civil, em nota, informou que o Corpo de Bombeiros segue tentando “verificar a origem da fumaça branca que está saindo entre as juntas de dilatação” do Copan. O órgão reforçou que, até o momento, não há informações de vítimas.
Segundo o diretor de carnaval Judson Sales, de 40 anos, que mora no Copan desde 2009, o fogo teria começado em algum local do prédio acima do 18º andar.
Os blocos D e E foram evacuados e os moradores não podiam entrar nem para buscar animais de estimação, por exemplo, segundo Sales. Nenhum outro bloco está interditado, mas um grupo de moradores idosos do bloco C preferiu descer e se reunir no térreo, relatam pessoas que trabalham em estabelecimentos comerciais do edifício.
O bloco D é de apartamentos maiores e o E tem quitinetes. Segundo Sales, os bombeiros vasculharam apartamentos e não encontraram nenhum foco de incêndio.
Morador do prédio desde a fundação, o empresário e fotógrafo Edyr Sabino, de 68 anos, se assustou quando viu uma fumaça espessa saindo do meio prédio logo após as 16h. “Tinha saído de lá há 15 minutos”, conta.
No momento em que o incêndio começou, ele estava trabalhando em um prédio logo em frente ao Copan. Desceu correndo atrás de informações.
“Só fiquei mais tranquilo quando me disseram que parecia ser uma situação mais pontual”, diz.
Os bombeiros usaram o apartamento do arquiteto André di Gregorio, morador do 19° andar, do Bloco D, para entrar no Copan e apagar as chamas por dentro do edifício.
“Eu estava no apartamento, quando comecei a sentir um cheiro muito forte de fumaça. A gente olhou para baixo e vimos um fogo saindo do que parecia ser o 14° andar. Mas ninguém sabe se o incêndio começou de algum apartamento e, a partir disso, foi pra fachada do edifício”, contou à reportagem.
Ele explica que a parte de fora do prédio consiste em uma junta de dilatação de borracha e papelão posicionada entre blocos para evitar danos na estrutura quando o prédio se mexe. “Por ela ser desses materiais inflamáveis, o fogo acabou se alastrando e indo para fora do prédio na junta entre os blocos D e E.”
“Os bombeiros entraram pelo meu apartamento, começaram a jogar muita água entre os andares por essa junta. Isso já faz algumas horas, mas eles tiveram que voltar porque voltou a subir uma fumaça muito preta de novo. (O incêndio) Estava controlado, acredito que isso seja um resquício.”
O médico Luiz Roberto Ramos, de 71 anos, só ficou sabendo do incêndio quando estava descendo de elevador para ir ao banco. “Alguns vizinhos entraram no elevador e disseram que estavam descendo porque sentiram cheiro de queimada”, disse.
Luiz conta que, quando chegou na calçada, ainda saía pouca fumaça do prédio. “Logo depois foram chegando mais viaturas. A polícia, então, foi fechando a avenida e controlando a entrada”, conta. “Agora é esperar os bombeiros terminarem o trabalho.”/COLABOROU PRISCILA MENGUE