Metrô de São Paulo contrata PMs e instala detector de metal para conter crimes em estações


Convênio, que deve ser assinado nos próximos dias, prevê reforço de 180 policiais na segurança; passageiros têm relatado abordagens de criminosos

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

O estudante Guilherme Alves, de 21 anos, estava saindo da estação Japão-Liberdade, da linha 1-Azul do Metrô de São Paulo, quando foi surpreendido ao chegar no topo da escada rolante. Um homem anunciou um assalto e, dizendo portar uma arma, disse para ele passar o celular. Encurralado, Alves entregou o aparelho e o criminoso fugiu correndo com um comparsa. O caso, que aconteceu em uma noite no fim do último mês, é mais um entre os vários ocorridos em estações de Metrô nas últimas semanas.

“A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”, conta Alves, que estuda Publicidade e Propaganda em uma faculdade na região. Os relatos, porém, não se restringem somente ao centro. Diante do cenário, o Metrô está firmando uma parceria com a Polícia Militar para empregar um efetivo de 180 agentes para reforçar a segurança nas estações. Também instalou portas com detectores de metal nas estações Pedro II e Saúde.

A parceria entre a PM e o Metrô de São Paulo foi divulgada na última semana. Conforme a polícia, ela estaria sendo planejada há alguns meses, mas foi “acelerada” por conta dos casos recentes. “Hoje (segunda-feira, 12) foi a última reunião para finalizar o convênio, que contempla 180 policiais militares”, disse ao Estadão o secretário-executivo da Polícia Militar, coronel Alvaro Camilo. O convênio com o Metrô, afirmou, deve ser assinado nos próximos dias.

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O estudante Guilherme Alves foi assaltado na saída da Estação Japão-Liberdade: “A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“Os policiais vão trabalhar fardados, armados, com rádio. Vão estar apoiando a segurança do Metrô e isso deve levar, de uma maneira geral, segurança para a população e evitar casos como esses que têm acontecido”, disse. A atuação dos agentes nas estações ocorrerá por meio da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (Dejem), mecanismo que permite a contratação do serviço dos agentes fora do horário de trabalho. A parceria será nos moldes do que já é feito desde o fim de 2019 na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Paralelamente, as estações Pedro II, da Linha 3-Vermelha, e Saúde, da Linha 1-Azul, agora contam com torres de detecção de metal em frente às catracas. Trata-se de um projeto piloto, iniciado no último dia 9, de uso desses equipamentos. Segundo o Metrô de São Paulo, o objetivo é reforçar a segurança nas linhas operadas pela companhia. A medida, continuou, permite ainda a “análise da funcionalidade e elaboração de novas estratégias de atuação”.

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Passageiros do Metrô de São Paulo têm relatado abordagens de criminosos, inclusive à mão armada, em algumas linhas. Em plena tarde do último dia 29, o jovem aprendiz Pedro Henrique Silvano, de 16 anos, estava esperando o metrô para voltar do trabalho em uma plataforma da Estação Conceição, da Linha 1-Azul, quando um grupo de três homens se aproximou pedindo informações. “Quando passei, um deles apontou a arma para mim e pediu meu celular”, conta. Depois de entregar, os criminosos pediram ainda que ele destravasse o aparelho e o aplicativo de banco.

“Era fim de mês, tinha R$ 100 na minha conta só. Gastaram no McDonald’s, pelo que vi na fatura depois”, conta Pedro, que é morador do Parque São Lucas, na zona leste da capital paulista. O trauma do assalto em plena estação de Metrô, afirma, permanece até hoje. “Ando bem inseguro, tem muito pouco guarda, muito pouco segurança. Já teve vários casos lá perto de onde eu trabalho e nada tem mudado.”

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No início deste mês, uma médica de 28 anos foi assaltada a bordo de uma composição da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo duas estações antes de seu destino, a Estação Sumaré. Impedida de desembarcar pelo assaltante, que fazia uso de uma faca e levou sua bolsa, a mulher desceu na Estação Vila Madalena, também na zona oeste, e procurou funcionários do Metrô. Eles, então, emprestaram um celular para que ela finalmente se comunicasse com a família.

Insegurança

Nas redes sociais, usuários do Metrô apontam aumento da sensação de insegurança, sobretudo em estações como a Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste da cidade. A reportagem do Estadão esteve no local nesta segunda e ouviu passageiros e comerciantes. “O pior aqui é nas escadas e rampas de saída. Vez ou outra, escuto uns gritos vindos lá de baixo”, conta a comerciante Gisele Freitas, de 29 anos, que trabalha em um estande próximo a uma das saídas da estação.

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“Me sinto mais insegura principalmente na Sé e aqui, que tenho de vir todos os dias para fazer estágio”, afirma a estudante de Psicologia Larissa Silva, de 19 anos, moradora do Tucuruvi, na zona norte. Diante do cenário, diferentes medidas de segurança são adotadas pelos usuários. Estudante do curso técnico de vestuário, Damares dos Santos, de 21 anos, anda de Metrô somente com pochete. “Para mim, sempre foi um pouco inseguro.”

Já o músico Marcos Roberto da Conceição, de 49 anos, diz que só mexe no celular de costas para alguma parede ou próximo de seguranças. Evita também ficar em meio a grandes aglomerações. “De uns três anos para cá piorou muito. Até pela pandemia, que explodiu um tanto de problema junto.”

O Estadão também esteve nas Estações Sumaré e Consolação nesta segunda para ouvir usuários da Linha 2-Verde. Cozinheira no Sumaré, Edna Fraga, de 42 anos, explica que a sensação é que a insegurança piorou não só na estação, como em toda a cidade. “Antes, algumas regiões pareciam ficar mais imunes. Hoje não tem mais isso”, diz ela, que relembra ter presenciado um assalto a faca na saída da Estação Clínicas, perto do Cemitério do Araçá, há cerca de três meses.

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O Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Roubos em alta

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo apontam que, em julho deste ano, último mês do qual se tem registro, a capital paulista teve 20,7 mil furtos, alta considerável em relação aos 17,9 mil registros no mesmo mês de 2019, último ano pré-pandemia. Os roubos se mantiveram em patamar parecido: foram 11,8 mil registros em julho deste ano, ante 12 mil anteriormente. “O pior (da insegurança do Metrô) é no entorno das estações, porque às vezes reforçam a segurança dentro, mas esquecem do lado de fora”, afirma Edna.

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A percepção é parecida com a do estudante de Relações Internacionais Caio Nakashima, de 18 anos, que todos os dias passa pela estação Consolação, na região da Avenida Paulista, para ir até a faculdade. “Aqui, infelizmente, o problema é a saída, o entorno”, afirma ele, que diz sempre tirar o headphone antes de sair da estação. “Fico sempre de olho, aqui costumam agir em grupo.”

Estagiária em uma empresa nos arredores da Avenida Paulista, a estudante de Direito Bárbara Gamarros, de 20 anos, afirma que ao menos cinco pessoas do trabalho dela relataram ter sido assaltadas ou furtadas nos arredores da estação Consolação nos últimos meses. “Eu procuro não pensar muito nisso, senão fico travada.”

Em nota, o Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Cita, como exemplo, o convênio com a PM. “Também conta com o apoio da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) para o uso de detectores de metal, que auxiliam na identificação do porte de armas de metal e inibem a ação de infratores”, disse a companhia, que diz colaborar com as investigações policiais em todos os casos.

O Metrô afirmou ainda que, apesar dos casos recentes, os números demonstram queda dos indicadores de segurança pública. Segundo a companhia, os roubos e furtos de celulares caíram 39% e 59%, respectivamente, nos 6 primeiros meses de 2022, quando comparado ao mesmo período de 2019. Questionado, o Metrô não informou os números absolutos. “As medidas de reforço pretendem reduzir ainda mais essas ocorrências e melhorar a viagem dos passageiros.”

Arrastão

No fim de agosto, um grupo de adolescentes foi vítima de arrastão dentro da Estação Tatuapé, da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, na zona leste da capital paulista. As vítimas estavam na plataforma de embarque quando foram abordadas por criminosos, que roubaram seus celulares.

No mesmo mês, um policial à paisana reagiu com disparos após sofrer uma tentativa de roubo dentro da Estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela do Metrô, no centro da cidade. Conforme a ViaQuatro, concessionária responsável pela linha, por volta das 20h, três indivíduos abordaram o policial. Não houve feridos.

Um jovem foi esfaqueado em maio e teve a mão ferida enquanto acessava a Estação Trianon-Masp do Metrô de São Paulo, na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Ele publicou fotos nas redes sociais nas quais é possível ver a mão ensanguentada e com suturas. “Tomem cuidado ao circularem pela Avenida Paulista e até mesmo no Metrô”, escreveu na época, dizendo que duas pessoas estavam sentadas na escada de acesso à estação e o encurralaram quando ele passou, por volta das 19h.

O estudante Guilherme Alves, de 21 anos, estava saindo da estação Japão-Liberdade, da linha 1-Azul do Metrô de São Paulo, quando foi surpreendido ao chegar no topo da escada rolante. Um homem anunciou um assalto e, dizendo portar uma arma, disse para ele passar o celular. Encurralado, Alves entregou o aparelho e o criminoso fugiu correndo com um comparsa. O caso, que aconteceu em uma noite no fim do último mês, é mais um entre os vários ocorridos em estações de Metrô nas últimas semanas.

“A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”, conta Alves, que estuda Publicidade e Propaganda em uma faculdade na região. Os relatos, porém, não se restringem somente ao centro. Diante do cenário, o Metrô está firmando uma parceria com a Polícia Militar para empregar um efetivo de 180 agentes para reforçar a segurança nas estações. Também instalou portas com detectores de metal nas estações Pedro II e Saúde.

A parceria entre a PM e o Metrô de São Paulo foi divulgada na última semana. Conforme a polícia, ela estaria sendo planejada há alguns meses, mas foi “acelerada” por conta dos casos recentes. “Hoje (segunda-feira, 12) foi a última reunião para finalizar o convênio, que contempla 180 policiais militares”, disse ao Estadão o secretário-executivo da Polícia Militar, coronel Alvaro Camilo. O convênio com o Metrô, afirmou, deve ser assinado nos próximos dias.

O estudante Guilherme Alves foi assaltado na saída da Estação Japão-Liberdade: “A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“Os policiais vão trabalhar fardados, armados, com rádio. Vão estar apoiando a segurança do Metrô e isso deve levar, de uma maneira geral, segurança para a população e evitar casos como esses que têm acontecido”, disse. A atuação dos agentes nas estações ocorrerá por meio da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (Dejem), mecanismo que permite a contratação do serviço dos agentes fora do horário de trabalho. A parceria será nos moldes do que já é feito desde o fim de 2019 na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Paralelamente, as estações Pedro II, da Linha 3-Vermelha, e Saúde, da Linha 1-Azul, agora contam com torres de detecção de metal em frente às catracas. Trata-se de um projeto piloto, iniciado no último dia 9, de uso desses equipamentos. Segundo o Metrô de São Paulo, o objetivo é reforçar a segurança nas linhas operadas pela companhia. A medida, continuou, permite ainda a “análise da funcionalidade e elaboração de novas estratégias de atuação”.

Passageiros do Metrô de São Paulo têm relatado abordagens de criminosos, inclusive à mão armada, em algumas linhas. Em plena tarde do último dia 29, o jovem aprendiz Pedro Henrique Silvano, de 16 anos, estava esperando o metrô para voltar do trabalho em uma plataforma da Estação Conceição, da Linha 1-Azul, quando um grupo de três homens se aproximou pedindo informações. “Quando passei, um deles apontou a arma para mim e pediu meu celular”, conta. Depois de entregar, os criminosos pediram ainda que ele destravasse o aparelho e o aplicativo de banco.

“Era fim de mês, tinha R$ 100 na minha conta só. Gastaram no McDonald’s, pelo que vi na fatura depois”, conta Pedro, que é morador do Parque São Lucas, na zona leste da capital paulista. O trauma do assalto em plena estação de Metrô, afirma, permanece até hoje. “Ando bem inseguro, tem muito pouco guarda, muito pouco segurança. Já teve vários casos lá perto de onde eu trabalho e nada tem mudado.”

No início deste mês, uma médica de 28 anos foi assaltada a bordo de uma composição da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo duas estações antes de seu destino, a Estação Sumaré. Impedida de desembarcar pelo assaltante, que fazia uso de uma faca e levou sua bolsa, a mulher desceu na Estação Vila Madalena, também na zona oeste, e procurou funcionários do Metrô. Eles, então, emprestaram um celular para que ela finalmente se comunicasse com a família.

Insegurança

Nas redes sociais, usuários do Metrô apontam aumento da sensação de insegurança, sobretudo em estações como a Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste da cidade. A reportagem do Estadão esteve no local nesta segunda e ouviu passageiros e comerciantes. “O pior aqui é nas escadas e rampas de saída. Vez ou outra, escuto uns gritos vindos lá de baixo”, conta a comerciante Gisele Freitas, de 29 anos, que trabalha em um estande próximo a uma das saídas da estação.

“Me sinto mais insegura principalmente na Sé e aqui, que tenho de vir todos os dias para fazer estágio”, afirma a estudante de Psicologia Larissa Silva, de 19 anos, moradora do Tucuruvi, na zona norte. Diante do cenário, diferentes medidas de segurança são adotadas pelos usuários. Estudante do curso técnico de vestuário, Damares dos Santos, de 21 anos, anda de Metrô somente com pochete. “Para mim, sempre foi um pouco inseguro.”

Já o músico Marcos Roberto da Conceição, de 49 anos, diz que só mexe no celular de costas para alguma parede ou próximo de seguranças. Evita também ficar em meio a grandes aglomerações. “De uns três anos para cá piorou muito. Até pela pandemia, que explodiu um tanto de problema junto.”

O Estadão também esteve nas Estações Sumaré e Consolação nesta segunda para ouvir usuários da Linha 2-Verde. Cozinheira no Sumaré, Edna Fraga, de 42 anos, explica que a sensação é que a insegurança piorou não só na estação, como em toda a cidade. “Antes, algumas regiões pareciam ficar mais imunes. Hoje não tem mais isso”, diz ela, que relembra ter presenciado um assalto a faca na saída da Estação Clínicas, perto do Cemitério do Araçá, há cerca de três meses.

O Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Roubos em alta

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo apontam que, em julho deste ano, último mês do qual se tem registro, a capital paulista teve 20,7 mil furtos, alta considerável em relação aos 17,9 mil registros no mesmo mês de 2019, último ano pré-pandemia. Os roubos se mantiveram em patamar parecido: foram 11,8 mil registros em julho deste ano, ante 12 mil anteriormente. “O pior (da insegurança do Metrô) é no entorno das estações, porque às vezes reforçam a segurança dentro, mas esquecem do lado de fora”, afirma Edna.

A percepção é parecida com a do estudante de Relações Internacionais Caio Nakashima, de 18 anos, que todos os dias passa pela estação Consolação, na região da Avenida Paulista, para ir até a faculdade. “Aqui, infelizmente, o problema é a saída, o entorno”, afirma ele, que diz sempre tirar o headphone antes de sair da estação. “Fico sempre de olho, aqui costumam agir em grupo.”

Estagiária em uma empresa nos arredores da Avenida Paulista, a estudante de Direito Bárbara Gamarros, de 20 anos, afirma que ao menos cinco pessoas do trabalho dela relataram ter sido assaltadas ou furtadas nos arredores da estação Consolação nos últimos meses. “Eu procuro não pensar muito nisso, senão fico travada.”

Em nota, o Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Cita, como exemplo, o convênio com a PM. “Também conta com o apoio da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) para o uso de detectores de metal, que auxiliam na identificação do porte de armas de metal e inibem a ação de infratores”, disse a companhia, que diz colaborar com as investigações policiais em todos os casos.

O Metrô afirmou ainda que, apesar dos casos recentes, os números demonstram queda dos indicadores de segurança pública. Segundo a companhia, os roubos e furtos de celulares caíram 39% e 59%, respectivamente, nos 6 primeiros meses de 2022, quando comparado ao mesmo período de 2019. Questionado, o Metrô não informou os números absolutos. “As medidas de reforço pretendem reduzir ainda mais essas ocorrências e melhorar a viagem dos passageiros.”

Arrastão

No fim de agosto, um grupo de adolescentes foi vítima de arrastão dentro da Estação Tatuapé, da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, na zona leste da capital paulista. As vítimas estavam na plataforma de embarque quando foram abordadas por criminosos, que roubaram seus celulares.

No mesmo mês, um policial à paisana reagiu com disparos após sofrer uma tentativa de roubo dentro da Estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela do Metrô, no centro da cidade. Conforme a ViaQuatro, concessionária responsável pela linha, por volta das 20h, três indivíduos abordaram o policial. Não houve feridos.

Um jovem foi esfaqueado em maio e teve a mão ferida enquanto acessava a Estação Trianon-Masp do Metrô de São Paulo, na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Ele publicou fotos nas redes sociais nas quais é possível ver a mão ensanguentada e com suturas. “Tomem cuidado ao circularem pela Avenida Paulista e até mesmo no Metrô”, escreveu na época, dizendo que duas pessoas estavam sentadas na escada de acesso à estação e o encurralaram quando ele passou, por volta das 19h.

O estudante Guilherme Alves, de 21 anos, estava saindo da estação Japão-Liberdade, da linha 1-Azul do Metrô de São Paulo, quando foi surpreendido ao chegar no topo da escada rolante. Um homem anunciou um assalto e, dizendo portar uma arma, disse para ele passar o celular. Encurralado, Alves entregou o aparelho e o criminoso fugiu correndo com um comparsa. O caso, que aconteceu em uma noite no fim do último mês, é mais um entre os vários ocorridos em estações de Metrô nas últimas semanas.

“A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”, conta Alves, que estuda Publicidade e Propaganda em uma faculdade na região. Os relatos, porém, não se restringem somente ao centro. Diante do cenário, o Metrô está firmando uma parceria com a Polícia Militar para empregar um efetivo de 180 agentes para reforçar a segurança nas estações. Também instalou portas com detectores de metal nas estações Pedro II e Saúde.

A parceria entre a PM e o Metrô de São Paulo foi divulgada na última semana. Conforme a polícia, ela estaria sendo planejada há alguns meses, mas foi “acelerada” por conta dos casos recentes. “Hoje (segunda-feira, 12) foi a última reunião para finalizar o convênio, que contempla 180 policiais militares”, disse ao Estadão o secretário-executivo da Polícia Militar, coronel Alvaro Camilo. O convênio com o Metrô, afirmou, deve ser assinado nos próximos dias.

O estudante Guilherme Alves foi assaltado na saída da Estação Japão-Liberdade: “A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“Os policiais vão trabalhar fardados, armados, com rádio. Vão estar apoiando a segurança do Metrô e isso deve levar, de uma maneira geral, segurança para a população e evitar casos como esses que têm acontecido”, disse. A atuação dos agentes nas estações ocorrerá por meio da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (Dejem), mecanismo que permite a contratação do serviço dos agentes fora do horário de trabalho. A parceria será nos moldes do que já é feito desde o fim de 2019 na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Paralelamente, as estações Pedro II, da Linha 3-Vermelha, e Saúde, da Linha 1-Azul, agora contam com torres de detecção de metal em frente às catracas. Trata-se de um projeto piloto, iniciado no último dia 9, de uso desses equipamentos. Segundo o Metrô de São Paulo, o objetivo é reforçar a segurança nas linhas operadas pela companhia. A medida, continuou, permite ainda a “análise da funcionalidade e elaboração de novas estratégias de atuação”.

Passageiros do Metrô de São Paulo têm relatado abordagens de criminosos, inclusive à mão armada, em algumas linhas. Em plena tarde do último dia 29, o jovem aprendiz Pedro Henrique Silvano, de 16 anos, estava esperando o metrô para voltar do trabalho em uma plataforma da Estação Conceição, da Linha 1-Azul, quando um grupo de três homens se aproximou pedindo informações. “Quando passei, um deles apontou a arma para mim e pediu meu celular”, conta. Depois de entregar, os criminosos pediram ainda que ele destravasse o aparelho e o aplicativo de banco.

“Era fim de mês, tinha R$ 100 na minha conta só. Gastaram no McDonald’s, pelo que vi na fatura depois”, conta Pedro, que é morador do Parque São Lucas, na zona leste da capital paulista. O trauma do assalto em plena estação de Metrô, afirma, permanece até hoje. “Ando bem inseguro, tem muito pouco guarda, muito pouco segurança. Já teve vários casos lá perto de onde eu trabalho e nada tem mudado.”

No início deste mês, uma médica de 28 anos foi assaltada a bordo de uma composição da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo duas estações antes de seu destino, a Estação Sumaré. Impedida de desembarcar pelo assaltante, que fazia uso de uma faca e levou sua bolsa, a mulher desceu na Estação Vila Madalena, também na zona oeste, e procurou funcionários do Metrô. Eles, então, emprestaram um celular para que ela finalmente se comunicasse com a família.

Insegurança

Nas redes sociais, usuários do Metrô apontam aumento da sensação de insegurança, sobretudo em estações como a Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste da cidade. A reportagem do Estadão esteve no local nesta segunda e ouviu passageiros e comerciantes. “O pior aqui é nas escadas e rampas de saída. Vez ou outra, escuto uns gritos vindos lá de baixo”, conta a comerciante Gisele Freitas, de 29 anos, que trabalha em um estande próximo a uma das saídas da estação.

“Me sinto mais insegura principalmente na Sé e aqui, que tenho de vir todos os dias para fazer estágio”, afirma a estudante de Psicologia Larissa Silva, de 19 anos, moradora do Tucuruvi, na zona norte. Diante do cenário, diferentes medidas de segurança são adotadas pelos usuários. Estudante do curso técnico de vestuário, Damares dos Santos, de 21 anos, anda de Metrô somente com pochete. “Para mim, sempre foi um pouco inseguro.”

Já o músico Marcos Roberto da Conceição, de 49 anos, diz que só mexe no celular de costas para alguma parede ou próximo de seguranças. Evita também ficar em meio a grandes aglomerações. “De uns três anos para cá piorou muito. Até pela pandemia, que explodiu um tanto de problema junto.”

O Estadão também esteve nas Estações Sumaré e Consolação nesta segunda para ouvir usuários da Linha 2-Verde. Cozinheira no Sumaré, Edna Fraga, de 42 anos, explica que a sensação é que a insegurança piorou não só na estação, como em toda a cidade. “Antes, algumas regiões pareciam ficar mais imunes. Hoje não tem mais isso”, diz ela, que relembra ter presenciado um assalto a faca na saída da Estação Clínicas, perto do Cemitério do Araçá, há cerca de três meses.

O Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Roubos em alta

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo apontam que, em julho deste ano, último mês do qual se tem registro, a capital paulista teve 20,7 mil furtos, alta considerável em relação aos 17,9 mil registros no mesmo mês de 2019, último ano pré-pandemia. Os roubos se mantiveram em patamar parecido: foram 11,8 mil registros em julho deste ano, ante 12 mil anteriormente. “O pior (da insegurança do Metrô) é no entorno das estações, porque às vezes reforçam a segurança dentro, mas esquecem do lado de fora”, afirma Edna.

A percepção é parecida com a do estudante de Relações Internacionais Caio Nakashima, de 18 anos, que todos os dias passa pela estação Consolação, na região da Avenida Paulista, para ir até a faculdade. “Aqui, infelizmente, o problema é a saída, o entorno”, afirma ele, que diz sempre tirar o headphone antes de sair da estação. “Fico sempre de olho, aqui costumam agir em grupo.”

Estagiária em uma empresa nos arredores da Avenida Paulista, a estudante de Direito Bárbara Gamarros, de 20 anos, afirma que ao menos cinco pessoas do trabalho dela relataram ter sido assaltadas ou furtadas nos arredores da estação Consolação nos últimos meses. “Eu procuro não pensar muito nisso, senão fico travada.”

Em nota, o Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Cita, como exemplo, o convênio com a PM. “Também conta com o apoio da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) para o uso de detectores de metal, que auxiliam na identificação do porte de armas de metal e inibem a ação de infratores”, disse a companhia, que diz colaborar com as investigações policiais em todos os casos.

O Metrô afirmou ainda que, apesar dos casos recentes, os números demonstram queda dos indicadores de segurança pública. Segundo a companhia, os roubos e furtos de celulares caíram 39% e 59%, respectivamente, nos 6 primeiros meses de 2022, quando comparado ao mesmo período de 2019. Questionado, o Metrô não informou os números absolutos. “As medidas de reforço pretendem reduzir ainda mais essas ocorrências e melhorar a viagem dos passageiros.”

Arrastão

No fim de agosto, um grupo de adolescentes foi vítima de arrastão dentro da Estação Tatuapé, da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, na zona leste da capital paulista. As vítimas estavam na plataforma de embarque quando foram abordadas por criminosos, que roubaram seus celulares.

No mesmo mês, um policial à paisana reagiu com disparos após sofrer uma tentativa de roubo dentro da Estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela do Metrô, no centro da cidade. Conforme a ViaQuatro, concessionária responsável pela linha, por volta das 20h, três indivíduos abordaram o policial. Não houve feridos.

Um jovem foi esfaqueado em maio e teve a mão ferida enquanto acessava a Estação Trianon-Masp do Metrô de São Paulo, na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Ele publicou fotos nas redes sociais nas quais é possível ver a mão ensanguentada e com suturas. “Tomem cuidado ao circularem pela Avenida Paulista e até mesmo no Metrô”, escreveu na época, dizendo que duas pessoas estavam sentadas na escada de acesso à estação e o encurralaram quando ele passou, por volta das 19h.

O estudante Guilherme Alves, de 21 anos, estava saindo da estação Japão-Liberdade, da linha 1-Azul do Metrô de São Paulo, quando foi surpreendido ao chegar no topo da escada rolante. Um homem anunciou um assalto e, dizendo portar uma arma, disse para ele passar o celular. Encurralado, Alves entregou o aparelho e o criminoso fugiu correndo com um comparsa. O caso, que aconteceu em uma noite no fim do último mês, é mais um entre os vários ocorridos em estações de Metrô nas últimas semanas.

“A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”, conta Alves, que estuda Publicidade e Propaganda em uma faculdade na região. Os relatos, porém, não se restringem somente ao centro. Diante do cenário, o Metrô está firmando uma parceria com a Polícia Militar para empregar um efetivo de 180 agentes para reforçar a segurança nas estações. Também instalou portas com detectores de metal nas estações Pedro II e Saúde.

A parceria entre a PM e o Metrô de São Paulo foi divulgada na última semana. Conforme a polícia, ela estaria sendo planejada há alguns meses, mas foi “acelerada” por conta dos casos recentes. “Hoje (segunda-feira, 12) foi a última reunião para finalizar o convênio, que contempla 180 policiais militares”, disse ao Estadão o secretário-executivo da Polícia Militar, coronel Alvaro Camilo. O convênio com o Metrô, afirmou, deve ser assinado nos próximos dias.

O estudante Guilherme Alves foi assaltado na saída da Estação Japão-Liberdade: “A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“Os policiais vão trabalhar fardados, armados, com rádio. Vão estar apoiando a segurança do Metrô e isso deve levar, de uma maneira geral, segurança para a população e evitar casos como esses que têm acontecido”, disse. A atuação dos agentes nas estações ocorrerá por meio da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (Dejem), mecanismo que permite a contratação do serviço dos agentes fora do horário de trabalho. A parceria será nos moldes do que já é feito desde o fim de 2019 na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Paralelamente, as estações Pedro II, da Linha 3-Vermelha, e Saúde, da Linha 1-Azul, agora contam com torres de detecção de metal em frente às catracas. Trata-se de um projeto piloto, iniciado no último dia 9, de uso desses equipamentos. Segundo o Metrô de São Paulo, o objetivo é reforçar a segurança nas linhas operadas pela companhia. A medida, continuou, permite ainda a “análise da funcionalidade e elaboração de novas estratégias de atuação”.

Passageiros do Metrô de São Paulo têm relatado abordagens de criminosos, inclusive à mão armada, em algumas linhas. Em plena tarde do último dia 29, o jovem aprendiz Pedro Henrique Silvano, de 16 anos, estava esperando o metrô para voltar do trabalho em uma plataforma da Estação Conceição, da Linha 1-Azul, quando um grupo de três homens se aproximou pedindo informações. “Quando passei, um deles apontou a arma para mim e pediu meu celular”, conta. Depois de entregar, os criminosos pediram ainda que ele destravasse o aparelho e o aplicativo de banco.

“Era fim de mês, tinha R$ 100 na minha conta só. Gastaram no McDonald’s, pelo que vi na fatura depois”, conta Pedro, que é morador do Parque São Lucas, na zona leste da capital paulista. O trauma do assalto em plena estação de Metrô, afirma, permanece até hoje. “Ando bem inseguro, tem muito pouco guarda, muito pouco segurança. Já teve vários casos lá perto de onde eu trabalho e nada tem mudado.”

No início deste mês, uma médica de 28 anos foi assaltada a bordo de uma composição da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo duas estações antes de seu destino, a Estação Sumaré. Impedida de desembarcar pelo assaltante, que fazia uso de uma faca e levou sua bolsa, a mulher desceu na Estação Vila Madalena, também na zona oeste, e procurou funcionários do Metrô. Eles, então, emprestaram um celular para que ela finalmente se comunicasse com a família.

Insegurança

Nas redes sociais, usuários do Metrô apontam aumento da sensação de insegurança, sobretudo em estações como a Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste da cidade. A reportagem do Estadão esteve no local nesta segunda e ouviu passageiros e comerciantes. “O pior aqui é nas escadas e rampas de saída. Vez ou outra, escuto uns gritos vindos lá de baixo”, conta a comerciante Gisele Freitas, de 29 anos, que trabalha em um estande próximo a uma das saídas da estação.

“Me sinto mais insegura principalmente na Sé e aqui, que tenho de vir todos os dias para fazer estágio”, afirma a estudante de Psicologia Larissa Silva, de 19 anos, moradora do Tucuruvi, na zona norte. Diante do cenário, diferentes medidas de segurança são adotadas pelos usuários. Estudante do curso técnico de vestuário, Damares dos Santos, de 21 anos, anda de Metrô somente com pochete. “Para mim, sempre foi um pouco inseguro.”

Já o músico Marcos Roberto da Conceição, de 49 anos, diz que só mexe no celular de costas para alguma parede ou próximo de seguranças. Evita também ficar em meio a grandes aglomerações. “De uns três anos para cá piorou muito. Até pela pandemia, que explodiu um tanto de problema junto.”

O Estadão também esteve nas Estações Sumaré e Consolação nesta segunda para ouvir usuários da Linha 2-Verde. Cozinheira no Sumaré, Edna Fraga, de 42 anos, explica que a sensação é que a insegurança piorou não só na estação, como em toda a cidade. “Antes, algumas regiões pareciam ficar mais imunes. Hoje não tem mais isso”, diz ela, que relembra ter presenciado um assalto a faca na saída da Estação Clínicas, perto do Cemitério do Araçá, há cerca de três meses.

O Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Roubos em alta

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo apontam que, em julho deste ano, último mês do qual se tem registro, a capital paulista teve 20,7 mil furtos, alta considerável em relação aos 17,9 mil registros no mesmo mês de 2019, último ano pré-pandemia. Os roubos se mantiveram em patamar parecido: foram 11,8 mil registros em julho deste ano, ante 12 mil anteriormente. “O pior (da insegurança do Metrô) é no entorno das estações, porque às vezes reforçam a segurança dentro, mas esquecem do lado de fora”, afirma Edna.

A percepção é parecida com a do estudante de Relações Internacionais Caio Nakashima, de 18 anos, que todos os dias passa pela estação Consolação, na região da Avenida Paulista, para ir até a faculdade. “Aqui, infelizmente, o problema é a saída, o entorno”, afirma ele, que diz sempre tirar o headphone antes de sair da estação. “Fico sempre de olho, aqui costumam agir em grupo.”

Estagiária em uma empresa nos arredores da Avenida Paulista, a estudante de Direito Bárbara Gamarros, de 20 anos, afirma que ao menos cinco pessoas do trabalho dela relataram ter sido assaltadas ou furtadas nos arredores da estação Consolação nos últimos meses. “Eu procuro não pensar muito nisso, senão fico travada.”

Em nota, o Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Cita, como exemplo, o convênio com a PM. “Também conta com o apoio da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) para o uso de detectores de metal, que auxiliam na identificação do porte de armas de metal e inibem a ação de infratores”, disse a companhia, que diz colaborar com as investigações policiais em todos os casos.

O Metrô afirmou ainda que, apesar dos casos recentes, os números demonstram queda dos indicadores de segurança pública. Segundo a companhia, os roubos e furtos de celulares caíram 39% e 59%, respectivamente, nos 6 primeiros meses de 2022, quando comparado ao mesmo período de 2019. Questionado, o Metrô não informou os números absolutos. “As medidas de reforço pretendem reduzir ainda mais essas ocorrências e melhorar a viagem dos passageiros.”

Arrastão

No fim de agosto, um grupo de adolescentes foi vítima de arrastão dentro da Estação Tatuapé, da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, na zona leste da capital paulista. As vítimas estavam na plataforma de embarque quando foram abordadas por criminosos, que roubaram seus celulares.

No mesmo mês, um policial à paisana reagiu com disparos após sofrer uma tentativa de roubo dentro da Estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela do Metrô, no centro da cidade. Conforme a ViaQuatro, concessionária responsável pela linha, por volta das 20h, três indivíduos abordaram o policial. Não houve feridos.

Um jovem foi esfaqueado em maio e teve a mão ferida enquanto acessava a Estação Trianon-Masp do Metrô de São Paulo, na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Ele publicou fotos nas redes sociais nas quais é possível ver a mão ensanguentada e com suturas. “Tomem cuidado ao circularem pela Avenida Paulista e até mesmo no Metrô”, escreveu na época, dizendo que duas pessoas estavam sentadas na escada de acesso à estação e o encurralaram quando ele passou, por volta das 19h.

O estudante Guilherme Alves, de 21 anos, estava saindo da estação Japão-Liberdade, da linha 1-Azul do Metrô de São Paulo, quando foi surpreendido ao chegar no topo da escada rolante. Um homem anunciou um assalto e, dizendo portar uma arma, disse para ele passar o celular. Encurralado, Alves entregou o aparelho e o criminoso fugiu correndo com um comparsa. O caso, que aconteceu em uma noite no fim do último mês, é mais um entre os vários ocorridos em estações de Metrô nas últimas semanas.

“A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”, conta Alves, que estuda Publicidade e Propaganda em uma faculdade na região. Os relatos, porém, não se restringem somente ao centro. Diante do cenário, o Metrô está firmando uma parceria com a Polícia Militar para empregar um efetivo de 180 agentes para reforçar a segurança nas estações. Também instalou portas com detectores de metal nas estações Pedro II e Saúde.

A parceria entre a PM e o Metrô de São Paulo foi divulgada na última semana. Conforme a polícia, ela estaria sendo planejada há alguns meses, mas foi “acelerada” por conta dos casos recentes. “Hoje (segunda-feira, 12) foi a última reunião para finalizar o convênio, que contempla 180 policiais militares”, disse ao Estadão o secretário-executivo da Polícia Militar, coronel Alvaro Camilo. O convênio com o Metrô, afirmou, deve ser assinado nos próximos dias.

O estudante Guilherme Alves foi assaltado na saída da Estação Japão-Liberdade: “A Liberdade e o centro da cidade já são mais perigosos, mas neste semestre está fora do normal. Praticamente todo dia está tendo caso”. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

“Os policiais vão trabalhar fardados, armados, com rádio. Vão estar apoiando a segurança do Metrô e isso deve levar, de uma maneira geral, segurança para a população e evitar casos como esses que têm acontecido”, disse. A atuação dos agentes nas estações ocorrerá por meio da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (Dejem), mecanismo que permite a contratação do serviço dos agentes fora do horário de trabalho. A parceria será nos moldes do que já é feito desde o fim de 2019 na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Paralelamente, as estações Pedro II, da Linha 3-Vermelha, e Saúde, da Linha 1-Azul, agora contam com torres de detecção de metal em frente às catracas. Trata-se de um projeto piloto, iniciado no último dia 9, de uso desses equipamentos. Segundo o Metrô de São Paulo, o objetivo é reforçar a segurança nas linhas operadas pela companhia. A medida, continuou, permite ainda a “análise da funcionalidade e elaboração de novas estratégias de atuação”.

Passageiros do Metrô de São Paulo têm relatado abordagens de criminosos, inclusive à mão armada, em algumas linhas. Em plena tarde do último dia 29, o jovem aprendiz Pedro Henrique Silvano, de 16 anos, estava esperando o metrô para voltar do trabalho em uma plataforma da Estação Conceição, da Linha 1-Azul, quando um grupo de três homens se aproximou pedindo informações. “Quando passei, um deles apontou a arma para mim e pediu meu celular”, conta. Depois de entregar, os criminosos pediram ainda que ele destravasse o aparelho e o aplicativo de banco.

“Era fim de mês, tinha R$ 100 na minha conta só. Gastaram no McDonald’s, pelo que vi na fatura depois”, conta Pedro, que é morador do Parque São Lucas, na zona leste da capital paulista. O trauma do assalto em plena estação de Metrô, afirma, permanece até hoje. “Ando bem inseguro, tem muito pouco guarda, muito pouco segurança. Já teve vários casos lá perto de onde eu trabalho e nada tem mudado.”

No início deste mês, uma médica de 28 anos foi assaltada a bordo de uma composição da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo duas estações antes de seu destino, a Estação Sumaré. Impedida de desembarcar pelo assaltante, que fazia uso de uma faca e levou sua bolsa, a mulher desceu na Estação Vila Madalena, também na zona oeste, e procurou funcionários do Metrô. Eles, então, emprestaram um celular para que ela finalmente se comunicasse com a família.

Insegurança

Nas redes sociais, usuários do Metrô apontam aumento da sensação de insegurança, sobretudo em estações como a Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste da cidade. A reportagem do Estadão esteve no local nesta segunda e ouviu passageiros e comerciantes. “O pior aqui é nas escadas e rampas de saída. Vez ou outra, escuto uns gritos vindos lá de baixo”, conta a comerciante Gisele Freitas, de 29 anos, que trabalha em um estande próximo a uma das saídas da estação.

“Me sinto mais insegura principalmente na Sé e aqui, que tenho de vir todos os dias para fazer estágio”, afirma a estudante de Psicologia Larissa Silva, de 19 anos, moradora do Tucuruvi, na zona norte. Diante do cenário, diferentes medidas de segurança são adotadas pelos usuários. Estudante do curso técnico de vestuário, Damares dos Santos, de 21 anos, anda de Metrô somente com pochete. “Para mim, sempre foi um pouco inseguro.”

Já o músico Marcos Roberto da Conceição, de 49 anos, diz que só mexe no celular de costas para alguma parede ou próximo de seguranças. Evita também ficar em meio a grandes aglomerações. “De uns três anos para cá piorou muito. Até pela pandemia, que explodiu um tanto de problema junto.”

O Estadão também esteve nas Estações Sumaré e Consolação nesta segunda para ouvir usuários da Linha 2-Verde. Cozinheira no Sumaré, Edna Fraga, de 42 anos, explica que a sensação é que a insegurança piorou não só na estação, como em toda a cidade. “Antes, algumas regiões pareciam ficar mais imunes. Hoje não tem mais isso”, diz ela, que relembra ter presenciado um assalto a faca na saída da Estação Clínicas, perto do Cemitério do Araçá, há cerca de três meses.

O Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Roubos em alta

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo apontam que, em julho deste ano, último mês do qual se tem registro, a capital paulista teve 20,7 mil furtos, alta considerável em relação aos 17,9 mil registros no mesmo mês de 2019, último ano pré-pandemia. Os roubos se mantiveram em patamar parecido: foram 11,8 mil registros em julho deste ano, ante 12 mil anteriormente. “O pior (da insegurança do Metrô) é no entorno das estações, porque às vezes reforçam a segurança dentro, mas esquecem do lado de fora”, afirma Edna.

A percepção é parecida com a do estudante de Relações Internacionais Caio Nakashima, de 18 anos, que todos os dias passa pela estação Consolação, na região da Avenida Paulista, para ir até a faculdade. “Aqui, infelizmente, o problema é a saída, o entorno”, afirma ele, que diz sempre tirar o headphone antes de sair da estação. “Fico sempre de olho, aqui costumam agir em grupo.”

Estagiária em uma empresa nos arredores da Avenida Paulista, a estudante de Direito Bárbara Gamarros, de 20 anos, afirma que ao menos cinco pessoas do trabalho dela relataram ter sido assaltadas ou furtadas nos arredores da estação Consolação nos últimos meses. “Eu procuro não pensar muito nisso, senão fico travada.”

Em nota, o Metrô informou estar intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas. Cita, como exemplo, o convênio com a PM. “Também conta com o apoio da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) para o uso de detectores de metal, que auxiliam na identificação do porte de armas de metal e inibem a ação de infratores”, disse a companhia, que diz colaborar com as investigações policiais em todos os casos.

O Metrô afirmou ainda que, apesar dos casos recentes, os números demonstram queda dos indicadores de segurança pública. Segundo a companhia, os roubos e furtos de celulares caíram 39% e 59%, respectivamente, nos 6 primeiros meses de 2022, quando comparado ao mesmo período de 2019. Questionado, o Metrô não informou os números absolutos. “As medidas de reforço pretendem reduzir ainda mais essas ocorrências e melhorar a viagem dos passageiros.”

Arrastão

No fim de agosto, um grupo de adolescentes foi vítima de arrastão dentro da Estação Tatuapé, da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, na zona leste da capital paulista. As vítimas estavam na plataforma de embarque quando foram abordadas por criminosos, que roubaram seus celulares.

No mesmo mês, um policial à paisana reagiu com disparos após sofrer uma tentativa de roubo dentro da Estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela do Metrô, no centro da cidade. Conforme a ViaQuatro, concessionária responsável pela linha, por volta das 20h, três indivíduos abordaram o policial. Não houve feridos.

Um jovem foi esfaqueado em maio e teve a mão ferida enquanto acessava a Estação Trianon-Masp do Metrô de São Paulo, na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Ele publicou fotos nas redes sociais nas quais é possível ver a mão ensanguentada e com suturas. “Tomem cuidado ao circularem pela Avenida Paulista e até mesmo no Metrô”, escreveu na época, dizendo que duas pessoas estavam sentadas na escada de acesso à estação e o encurralaram quando ele passou, por volta das 19h.

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