A morte de uma idosa de 88 anos em Moema, na zona sul de São Paulo, deixou assustados moradores e trabalhadores da região. Nayde Pereira Cappellano teve uma parada cardiorrespiratória após o carro em que estava ficar submerso por causa das fortes chuvas que atingiram o bairro.
A tragédia ocorreu nesta quarta-feira, 8, quase no cruzamento entre a Rua Gaivota e a Avenida Ibijaú. O veículo desceu dos arredores da Avenida Rouxinol e parou por ali. Conforme balanço do Corpo de Bombeiros, houve ao menos 13 desabamentos, 66 árvores caídas e 61 enchentes na capital paulista nesta quarta.
Nas redes sociais, a advogada Mariana Fanelli Cappellano escreveu sobre a avó. “No Dia Internacional da Mulher, a enchente tirou a vida da minha avó, a matriarca da família, aquela que era autossuficiente”, escreveu. “Ela pensou que, como antigamente, morava a cinco quarteirões dali, o carro passaria, mas ao entrar na rua não conseguiu mais sair. Foi engolida pela água. E então de que vale nossa matriarca ser o exemplo, nunca ter bebido nem fumado, se cuidava e novamente na ativa em bateria de exames. Amava a vida, os quatro filhos que teve, que lhe proporcionaram seis netos e oito bisnetos, a quem se dedicava diariamente.”
A porteira Neide Leal, de 43 anos, estava trabalhando em um prédio em frente ao ocorrido quando a água começou a subir, por volta de 17h. “Nós já estamos até acostumados, sempre alaga por aqui quando chove muito”, diz. Ela conta já ter até ajudado a tirar motoristas de carros em outras ocasiões. “Dessa vez, subiu muito rápido.”
Com a enchente, ao menos dois carros que tentaram passar pela Rua Gaivota ficaram presos na enxurrada. O motorista de um dos veículos, que só foi retirado da via no início da tarde desta quinta-feira, 9, conseguiu escapar. “A gente achou que quem estava no outro carro, também. Mas quando a água começou a descer, a gente viu uma senhora desesperada pedindo socorro.”
Sem conseguir chegar até o veículo, moradores ligaram para o Corpo de Bombeiros por diversas vezes, mas reclamam que eles teriam demorado cerca de 30 minutos para chegar. “Foram os moradores da região mesmo que tiraram a senhora do carro quando a água baixou mais, mas ela parecia já não ter vida”, diz Neide, emocionada.
Para não deixar o corpo exposto na calçada, ela buscou uma manta que usava para dormir e cobriu a vítima na calçada. Os bombeiros, segundo conta, chegaram pouco depois. “Foi uma situação muito triste, nunca vou esquecer.” O Estadão entrou contato com o Corpo de Bombeiros e aguarda posicionamento sobre o caso.