Mudança nos Jardins ainda esbarra na Lei de Zoneamento e no contrato inicial


Padronização do Jardim América e do entorno já era determinada desde o começo do loteamento, nos anos 1910

Por Priscila Mengue

SÃO PAULO - Uma vida campestre perto do centro paulistano é o que propôs a Companhia City ao criar o loteamento do Jardim América nos anos 1910, na zona oeste da capital. Para assegurar a continuidade do conceito “subúrbio jardim”, o contrato previa regras de construção (como medidas de recuos frontais e laterais dos imóveis, por exemplo), que permanecem. Por sua importância histórica, ele é o que mais tem restrições dentro do tombamento estadual do desenho urbano dos Jardins, de 1986.

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Essas determinações foram encampadas no tombamento e na Lei de Zoneamento, o que transforma em uma “questão jurídica” possíveis alterações na região, como aponta o professor de Arquitetura e Urbanismo José Geraldo Simões Junior, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Questão semelhante abrange os demais bairros desse tombamento.

Como lembra o professor, o projeto do Jardim América data dos anos 1910, com as primeiras casas entregues naquela década e na seguinte. O principal público-alvo eram profissionais liberais, como advogados e engenheiros, pois as elites, que chegaram à área décadas depois, até então viviam na Avenida Paulista e em Higienópolis, mais próximas do centro. “Tinha uma boa infraestrutura, com bonde e rede elétrica”, diz.

Desenho urbano de parte dos Jardins foi tombado no âmbito estadual em 1986 Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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O projeto do bairro era sofisticado para a época e inspirou loteamentos de toda a cidade, até de outros “Jardins”, como o Europa, aponta Simões Junior. Dentre as características estão ruas curvas, com rotatórias e voltadas para o trânsito local, e os “bolsões residenciais”, com casas unifamiliares no meio de grandes lotes, de 500 a 1,2 mil metros quadrados, além de muita área verde.  Com o crescimento do entorno, especialmente da Avenida Faria Lima, o bairro começou a atrair a especulação imobiliária. Isso preocupou parte dos moradores que, em 1985, solicitou o tombamento dos Jardins, que teve a área modificada duas vezes até ser aprovada a resolução atual, de 1986. 

Para Simões Junior, houve “muita mudança” no bairro em cem anos. Especialmente depois dos anos 1990, as pequenas casas originais com muretinhas ou muros vivos deram origem a “megacasas”, que consolidaram o Jardim América como de “altíssimo padrão”, aponta.

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Como lembra o professor, o tombamento dos Jardins não envolve edificações em específico, mas o “desenho urbano” do polígono delimitado, como altura e tamanho de lotes. Isto é, o proprietário pode derrubar e construir uma nova casa, desde que obedeça às regras. A exceção é para imóveis tombados em outras resoluções, como a sede da Sociedade Harmonia de Tênis, do Jardim Europa, protegida desde 1992.

Por isso, uma possível mudança nas características poderia mudar o conceito de “cidade jardim”. “Tudo depende de um bom projeto, mas a tendência histórica é de se fazer maus projetos para ter mais lucro.

SÃO PAULO - Uma vida campestre perto do centro paulistano é o que propôs a Companhia City ao criar o loteamento do Jardim América nos anos 1910, na zona oeste da capital. Para assegurar a continuidade do conceito “subúrbio jardim”, o contrato previa regras de construção (como medidas de recuos frontais e laterais dos imóveis, por exemplo), que permanecem. Por sua importância histórica, ele é o que mais tem restrições dentro do tombamento estadual do desenho urbano dos Jardins, de 1986.

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Essas determinações foram encampadas no tombamento e na Lei de Zoneamento, o que transforma em uma “questão jurídica” possíveis alterações na região, como aponta o professor de Arquitetura e Urbanismo José Geraldo Simões Junior, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Questão semelhante abrange os demais bairros desse tombamento.

Como lembra o professor, o projeto do Jardim América data dos anos 1910, com as primeiras casas entregues naquela década e na seguinte. O principal público-alvo eram profissionais liberais, como advogados e engenheiros, pois as elites, que chegaram à área décadas depois, até então viviam na Avenida Paulista e em Higienópolis, mais próximas do centro. “Tinha uma boa infraestrutura, com bonde e rede elétrica”, diz.

Desenho urbano de parte dos Jardins foi tombado no âmbito estadual em 1986 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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O projeto do bairro era sofisticado para a época e inspirou loteamentos de toda a cidade, até de outros “Jardins”, como o Europa, aponta Simões Junior. Dentre as características estão ruas curvas, com rotatórias e voltadas para o trânsito local, e os “bolsões residenciais”, com casas unifamiliares no meio de grandes lotes, de 500 a 1,2 mil metros quadrados, além de muita área verde.  Com o crescimento do entorno, especialmente da Avenida Faria Lima, o bairro começou a atrair a especulação imobiliária. Isso preocupou parte dos moradores que, em 1985, solicitou o tombamento dos Jardins, que teve a área modificada duas vezes até ser aprovada a resolução atual, de 1986. 

Para Simões Junior, houve “muita mudança” no bairro em cem anos. Especialmente depois dos anos 1990, as pequenas casas originais com muretinhas ou muros vivos deram origem a “megacasas”, que consolidaram o Jardim América como de “altíssimo padrão”, aponta.

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Como lembra o professor, o tombamento dos Jardins não envolve edificações em específico, mas o “desenho urbano” do polígono delimitado, como altura e tamanho de lotes. Isto é, o proprietário pode derrubar e construir uma nova casa, desde que obedeça às regras. A exceção é para imóveis tombados em outras resoluções, como a sede da Sociedade Harmonia de Tênis, do Jardim Europa, protegida desde 1992.

Por isso, uma possível mudança nas características poderia mudar o conceito de “cidade jardim”. “Tudo depende de um bom projeto, mas a tendência histórica é de se fazer maus projetos para ter mais lucro.

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Como lembra o professor, o projeto do Jardim América data dos anos 1910, com as primeiras casas entregues naquela década e na seguinte. O principal público-alvo eram profissionais liberais, como advogados e engenheiros, pois as elites, que chegaram à área décadas depois, até então viviam na Avenida Paulista e em Higienópolis, mais próximas do centro. “Tinha uma boa infraestrutura, com bonde e rede elétrica”, diz.

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Para Simões Junior, houve “muita mudança” no bairro em cem anos. Especialmente depois dos anos 1990, as pequenas casas originais com muretinhas ou muros vivos deram origem a “megacasas”, que consolidaram o Jardim América como de “altíssimo padrão”, aponta.

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Como lembra o professor, o tombamento dos Jardins não envolve edificações em específico, mas o “desenho urbano” do polígono delimitado, como altura e tamanho de lotes. Isto é, o proprietário pode derrubar e construir uma nova casa, desde que obedeça às regras. A exceção é para imóveis tombados em outras resoluções, como a sede da Sociedade Harmonia de Tênis, do Jardim Europa, protegida desde 1992.

Por isso, uma possível mudança nas características poderia mudar o conceito de “cidade jardim”. “Tudo depende de um bom projeto, mas a tendência histórica é de se fazer maus projetos para ter mais lucro.

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