SÃO PAULO - Os casos de assédio em 2014 e 2015, que mobilizaram a campanha do Metrô, incentivaram ainda mais a formação de grupos de mulheres interessadas em cobrar do poder público mais segurança no transporte público. Um dos resultados foi a criação dos cartazes em agosto de 2015, campanha da qual a jornalista Nana Soares, blogueira do Estado, foi coautora. Ela avalia que a ação foi positiva e impulsionou a explosão de denúncias, mas diz que este foi somente um primeiro passo.
“A mulher denunciar é o primeiro passo”, ressalta ela. “Precisa haver um mecanismo que ampare essas denúncias para que, a longo prazo, esse número de casos de assédio possa diminuir”, diz Nana.
Para ela, falta ainda uma articulação entre os modais: ônibus, metrô e trem. Se uma mulher sofrer assédio em um terminal de ônibus que seja conectado, por exemplo, a uma estação do Metrô, ela deveria ser acolhida por qualquer funcionário público. “Estado e município precisam ter ações mais articuladas. As usuárias têm de se sentir amparadas em todos os espaços, sem limites institucionais.”
Próximo passo. Um dos grupos que surgiram no período da campanha foi o Chega de Assédio, criado por vítimas na linha metroferroviária. Segundo a produtora audiovisual Regina Albano, de 32 anos, que integra o coletivo, futuramente a luta deve ser nos ônibus.
A ativista conta que começou a mobilização contra o assédio quando foi vítima em um ônibus, dez anos atrás, na capital. Ela estava sozinha com um homem no coletivo, além de motorista e cobrador. O usuário começou a se masturbar olhando para Regina. “Fiquei com medo e falei para o cobrador. Ele me respondeu: ‘Eu não posso fazer nada’. Foi como se dissesse: ‘Isso é comum’.”