Na Avenida Santo Amaro, por que as obras demoram tanto?


De acordo com a Prefeitura de São Paulo, apenas 21% do projeto foi concluído em 12 meses de obra; prazo inicial era de 24 meses para a reforma total

Por Giovanna Castro

Quem passa diariamente pela Avenida Santo Amaro, no trecho entre a Avenida Juscelino Kubitschek e a Rua Afonso Braz, na zona sul de São Paulo, tem a impressão de que a via passa por uma obra que nunca tem fim. O projeto de revitalização da Santo Amaro, que faz parte da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, começou em julho de 2022 e tinha prazo de conclusão de 24 meses. No entanto, passado mais da metade deste tempo, só 21% foram concluídos.

De acordo com a Prefeitura, o atraso se dá pelo “espaço reduzido e insuficiente para o avanço dos trabalhos com mais agilidade” e pela complexidade da obra, que exige “intervenção complexa que envolve a compatibilização de muitas interferências no subsolo, com interface com 30 concessionárias (operadoras de telecomunicações, esgoto, água, energia e gás)”.

Enquanto isso, a população sofre com o trânsito intenso na avenida. Ela é a principal via de conexão do centro com bairros importantes da zona sul, como Vila Olímpia, Brooklin e Santo Amaro, e tem um dos principais corredores de ônibus da capital, por onde passam cerca de 675 mil passageiros todos os dias úteis. Por isso, o Tribunal de Contas do Município (TCM) cobrou da Prefeitura um plano de aceleramento das obras até o fim de agosto.

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Procurada pelo Estadão, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SP Obras) afirmou que se compromete a entregar o trecho que está atualmente em obras até o fim de abril de 2024. Mas a segunda fase do projeto, entre a Afonso Braz e Avenida dos Bandeirantes, segue sem datas de início e fim definidos.

Impacto da obra

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Aprovado em 2016, o projeto de “requalificação da Santo Amaro” pretende revitalizar o trecho da via que fica entre as avenidas Juscelino Kubitschek e a dos Bandeirantes. O plano prevê alargar calçadas, enterrar fiações elétricas, construir novas paradas de ônibus e criar mais faixas de ultrapassagem para o transporte coletivo, com o objetivo de promover melhorias no trânsito e no acesso ao comércio.

Osório Joaquim de Souza, que tem um restaurante na avenida, se animou com a promessa de melhora na região, já que ela deve trazer mais clientes. Ele chegou a mudar de ponto e investir no espaço do seu restaurante na mesma época em que as obras começaram. Mas, agora, se preocupa com os prejuízos do período da reforma na avenida e a falta de perspectiva para a conclusão.

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“Diminuiu bastante o fluxo de clientes. Além de fechar o centro da avenida, de forma que os clientes que ficam do outro lado não atravessam mais para o lado de cá. Os pontos de ônibus estão mais distantes (durante a obra), o que nos prejudica bastante“, diz ele. “Com certeza, quando concluir a obra, vai ficar muito legal, mas enquanto isso a gente fica na ansiedade de querer que resolva logo.”

Para quem passa de carro todos os dias pela região, como Fábio Rodrigues, que trabalha na Vila Olímpia, o tempo no trânsito aumentou. “Tem dias que demoro mais de 15 minutos só neste trecho”, afirma. “Todas as pessoas do meu escritório reclamam dessa obra, porque todos passam por aqui. Estamos quase vindo organizar e terminar a obra nós mesmos”, reclama.

Quem anda de ônibus, além de enfrentar o trânsito, precisa andar mais até o ponto de parada. Isso porque os pontos que ficavam no trecho em obras foram retirados, restando só os abrigos próximos à Avenida Juscelino Kubitschek e à Rua Afonso Braz. “Mesmo às 22h30, que não é horário de pico, os ônibus passam lotados”, diz Liliane Corrêa, recepcionista que trabalha na região.

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Leonardo Castro, advogado e morador da região, diz que para além do trânsito, do barulho e da poeira, o maior incômodo é que “não há sinal de que a obra está avançando e de que ela vai, de fato, seguir para o restante da avenida”.

Entenda o atraso

Entre a assinatura do contrato com o consórcio responsável pelo projeto e o início das obras, foram seis anos de adiamento por causa de entraves em desapropriações, licenciamento, estudos técnicos, análises urbanísticas e definição de recursos. Quando as obras começaram, em julho de 2022, a expectativa é de que o projeto finalmente andaria, mas o ritmo tem sido criticado.

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No início de agosto, ao ser cobrada pelo TCM, a Prefeitura disse que havia pedido um espaço de quatro faixas de trânsito, mais o canteiro central, onde ficam as paradas de ônibus, para operar na primeira fase de obras – ao todo são seis faixas (três em cada sentido), sendo duas delas exclusivas para ônibus, mais o canteiro central. Mas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) liberou só duas faixas, mais o canteiro central, para que o trânsito não fosse tão prejudicado.

Obra acontece em um espaço estreito no centro da Avenida Santo Amaro. Ao todo, duas faixas ficam disponíveis para o trânsito – uma delas para uso exclusivo de ônibus – em cada sentido da via. Na foto, o ponto próximo à Rua Santa Justina, pouco antes da Rua Afonso Braz. Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

O TCM promoveu, então, uma reunião de “mesa técnica” para estreitar a integração entre os órgãos da Prefeitura envolvidos no projeto e buscar formas de agilizar os serviços no local. Além disso, emitiu alerta para que a Prefeitura apresentasse até 25 de agosto “um plano de ataque à obra, ajustando o cronograma físico-financeiro para diminuir o prazo de intervenção e os desvios de tráfego, de modo a evitar maiores prejuízos ao erário e à população, que vem sofrendo ao longo deste tempo”.

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O Tribunal também notificou a Prefeitura por prestar informação incorreta sobre o custo da obra. Segundo a placa que fica próximo à Rua Santa Justina, o valor seria em torno de R$ 62 milhões. No entanto, o custo real da obra é de cerca de R$ 74 milhões. Até 16 de agosto, quando a reportagem do Estadão esteve no local, a placa ainda não havia sido trocada.

Em nota, a SP Obras diz estudar, neste momento, as próximas ações para a ampliação das interdições na avenida, “a fim de possibilitar mais celeridade à obra, com aumento de frentes de trabalho”. “Após finalizado o novo Projeto de Desvio de Tráfego – PDDT, essas definições serão amplamente divulgadas, o que está previsto para ocorrer na última semana de agosto”, afirmou.

A SPObras informa ainda que o valor atualizado do contrato é de R$ 74 milhões. Segundo o órgão, a correção está sendo providenciada e, dentro de 15 dias, a nova placa será instalada.

Frequentadores da região também relatam haver poucas pessoas trabalhando no local. Segundo o agente de segurança Cassarotti San Felice, que passa pela avenida todos os dias de manhã e de madrugada, há poucos funcionários trabalhando e eles costumam operar principalmente nos horários de pico do trânsito. “Quando passo de noite, não tem ninguém. Acho que eles deveriam trabalhar de madrugada, para atrapalhar menos o trânsito”, diz.

Segundo a SPObras, 54 pessoas trabalham nas obras, incluindo o pessoal administrativo e 13 funcionários terceirizados contratados para operação e apoio nos desvios de trânsito. Eles atuam em um turno de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. “A região concentra muitas residências e hospitais, motivo pelo qual o horário diurno foi priorizado para a execução das obras”, justifica a pasta.

O que já foi feito e o que falta fazer?

Segundo informações fornecidas pela Prefeitura ao TCM, até o momento, foi feito “parte do pavimento rígido do canteiro central e das duas faixas que seriam de ônibus”, apenas do trecho 1 da obra.

Ao todo, serão reformados, nos dois trechos do projeto:

  • O canteiro central da avenida, junto às paradas de ônibus, que ganharão estruturas novas;
  • Todas as faixas de trânsito, com a adição de trechos para ultrapassagens de ônibus, permitindo que, quando um deles estiver parado para subida e descida de passageiros, o outro possa seguir a viagem;
  • Alargamento de calçadas e aterramento dos fios elétricos, para retirada dos postes dos locais de passeio;
  • Plantio de árvores e construção de pequenas praças de convivência;
  • Reconfiguração do sistema de captação de água e da iluminação.

Como tentar fugir do transito?

Durante este período de obras, a CET aconselha que os motoristas evitem a avenida o máximo possível. A Companhia oferece como opções alternativas os seguintes trajetos:

  • Sentido bairro (opção 1): Avenida São Gabriel, Avenida Santo Amaro, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido bairro (opção 2): Avenida São Gabriel, Rua Joaquim Floriano, Rua João Cachoeira, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido centro: Avenida Hélio Pellegrino, Rua Inhambu, Avenida República do Líbano e Praça Dia do Senhor.

Quem passa diariamente pela Avenida Santo Amaro, no trecho entre a Avenida Juscelino Kubitschek e a Rua Afonso Braz, na zona sul de São Paulo, tem a impressão de que a via passa por uma obra que nunca tem fim. O projeto de revitalização da Santo Amaro, que faz parte da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, começou em julho de 2022 e tinha prazo de conclusão de 24 meses. No entanto, passado mais da metade deste tempo, só 21% foram concluídos.

De acordo com a Prefeitura, o atraso se dá pelo “espaço reduzido e insuficiente para o avanço dos trabalhos com mais agilidade” e pela complexidade da obra, que exige “intervenção complexa que envolve a compatibilização de muitas interferências no subsolo, com interface com 30 concessionárias (operadoras de telecomunicações, esgoto, água, energia e gás)”.

Enquanto isso, a população sofre com o trânsito intenso na avenida. Ela é a principal via de conexão do centro com bairros importantes da zona sul, como Vila Olímpia, Brooklin e Santo Amaro, e tem um dos principais corredores de ônibus da capital, por onde passam cerca de 675 mil passageiros todos os dias úteis. Por isso, o Tribunal de Contas do Município (TCM) cobrou da Prefeitura um plano de aceleramento das obras até o fim de agosto.

Procurada pelo Estadão, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SP Obras) afirmou que se compromete a entregar o trecho que está atualmente em obras até o fim de abril de 2024. Mas a segunda fase do projeto, entre a Afonso Braz e Avenida dos Bandeirantes, segue sem datas de início e fim definidos.

Impacto da obra

Aprovado em 2016, o projeto de “requalificação da Santo Amaro” pretende revitalizar o trecho da via que fica entre as avenidas Juscelino Kubitschek e a dos Bandeirantes. O plano prevê alargar calçadas, enterrar fiações elétricas, construir novas paradas de ônibus e criar mais faixas de ultrapassagem para o transporte coletivo, com o objetivo de promover melhorias no trânsito e no acesso ao comércio.

Osório Joaquim de Souza, que tem um restaurante na avenida, se animou com a promessa de melhora na região, já que ela deve trazer mais clientes. Ele chegou a mudar de ponto e investir no espaço do seu restaurante na mesma época em que as obras começaram. Mas, agora, se preocupa com os prejuízos do período da reforma na avenida e a falta de perspectiva para a conclusão.

“Diminuiu bastante o fluxo de clientes. Além de fechar o centro da avenida, de forma que os clientes que ficam do outro lado não atravessam mais para o lado de cá. Os pontos de ônibus estão mais distantes (durante a obra), o que nos prejudica bastante“, diz ele. “Com certeza, quando concluir a obra, vai ficar muito legal, mas enquanto isso a gente fica na ansiedade de querer que resolva logo.”

Para quem passa de carro todos os dias pela região, como Fábio Rodrigues, que trabalha na Vila Olímpia, o tempo no trânsito aumentou. “Tem dias que demoro mais de 15 minutos só neste trecho”, afirma. “Todas as pessoas do meu escritório reclamam dessa obra, porque todos passam por aqui. Estamos quase vindo organizar e terminar a obra nós mesmos”, reclama.

Quem anda de ônibus, além de enfrentar o trânsito, precisa andar mais até o ponto de parada. Isso porque os pontos que ficavam no trecho em obras foram retirados, restando só os abrigos próximos à Avenida Juscelino Kubitschek e à Rua Afonso Braz. “Mesmo às 22h30, que não é horário de pico, os ônibus passam lotados”, diz Liliane Corrêa, recepcionista que trabalha na região.

Leonardo Castro, advogado e morador da região, diz que para além do trânsito, do barulho e da poeira, o maior incômodo é que “não há sinal de que a obra está avançando e de que ela vai, de fato, seguir para o restante da avenida”.

Entenda o atraso

Entre a assinatura do contrato com o consórcio responsável pelo projeto e o início das obras, foram seis anos de adiamento por causa de entraves em desapropriações, licenciamento, estudos técnicos, análises urbanísticas e definição de recursos. Quando as obras começaram, em julho de 2022, a expectativa é de que o projeto finalmente andaria, mas o ritmo tem sido criticado.

No início de agosto, ao ser cobrada pelo TCM, a Prefeitura disse que havia pedido um espaço de quatro faixas de trânsito, mais o canteiro central, onde ficam as paradas de ônibus, para operar na primeira fase de obras – ao todo são seis faixas (três em cada sentido), sendo duas delas exclusivas para ônibus, mais o canteiro central. Mas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) liberou só duas faixas, mais o canteiro central, para que o trânsito não fosse tão prejudicado.

Obra acontece em um espaço estreito no centro da Avenida Santo Amaro. Ao todo, duas faixas ficam disponíveis para o trânsito – uma delas para uso exclusivo de ônibus – em cada sentido da via. Na foto, o ponto próximo à Rua Santa Justina, pouco antes da Rua Afonso Braz. Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

O TCM promoveu, então, uma reunião de “mesa técnica” para estreitar a integração entre os órgãos da Prefeitura envolvidos no projeto e buscar formas de agilizar os serviços no local. Além disso, emitiu alerta para que a Prefeitura apresentasse até 25 de agosto “um plano de ataque à obra, ajustando o cronograma físico-financeiro para diminuir o prazo de intervenção e os desvios de tráfego, de modo a evitar maiores prejuízos ao erário e à população, que vem sofrendo ao longo deste tempo”.

O Tribunal também notificou a Prefeitura por prestar informação incorreta sobre o custo da obra. Segundo a placa que fica próximo à Rua Santa Justina, o valor seria em torno de R$ 62 milhões. No entanto, o custo real da obra é de cerca de R$ 74 milhões. Até 16 de agosto, quando a reportagem do Estadão esteve no local, a placa ainda não havia sido trocada.

Em nota, a SP Obras diz estudar, neste momento, as próximas ações para a ampliação das interdições na avenida, “a fim de possibilitar mais celeridade à obra, com aumento de frentes de trabalho”. “Após finalizado o novo Projeto de Desvio de Tráfego – PDDT, essas definições serão amplamente divulgadas, o que está previsto para ocorrer na última semana de agosto”, afirmou.

A SPObras informa ainda que o valor atualizado do contrato é de R$ 74 milhões. Segundo o órgão, a correção está sendo providenciada e, dentro de 15 dias, a nova placa será instalada.

Frequentadores da região também relatam haver poucas pessoas trabalhando no local. Segundo o agente de segurança Cassarotti San Felice, que passa pela avenida todos os dias de manhã e de madrugada, há poucos funcionários trabalhando e eles costumam operar principalmente nos horários de pico do trânsito. “Quando passo de noite, não tem ninguém. Acho que eles deveriam trabalhar de madrugada, para atrapalhar menos o trânsito”, diz.

Segundo a SPObras, 54 pessoas trabalham nas obras, incluindo o pessoal administrativo e 13 funcionários terceirizados contratados para operação e apoio nos desvios de trânsito. Eles atuam em um turno de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. “A região concentra muitas residências e hospitais, motivo pelo qual o horário diurno foi priorizado para a execução das obras”, justifica a pasta.

O que já foi feito e o que falta fazer?

Segundo informações fornecidas pela Prefeitura ao TCM, até o momento, foi feito “parte do pavimento rígido do canteiro central e das duas faixas que seriam de ônibus”, apenas do trecho 1 da obra.

Ao todo, serão reformados, nos dois trechos do projeto:

  • O canteiro central da avenida, junto às paradas de ônibus, que ganharão estruturas novas;
  • Todas as faixas de trânsito, com a adição de trechos para ultrapassagens de ônibus, permitindo que, quando um deles estiver parado para subida e descida de passageiros, o outro possa seguir a viagem;
  • Alargamento de calçadas e aterramento dos fios elétricos, para retirada dos postes dos locais de passeio;
  • Plantio de árvores e construção de pequenas praças de convivência;
  • Reconfiguração do sistema de captação de água e da iluminação.

Como tentar fugir do transito?

Durante este período de obras, a CET aconselha que os motoristas evitem a avenida o máximo possível. A Companhia oferece como opções alternativas os seguintes trajetos:

  • Sentido bairro (opção 1): Avenida São Gabriel, Avenida Santo Amaro, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido bairro (opção 2): Avenida São Gabriel, Rua Joaquim Floriano, Rua João Cachoeira, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido centro: Avenida Hélio Pellegrino, Rua Inhambu, Avenida República do Líbano e Praça Dia do Senhor.

Quem passa diariamente pela Avenida Santo Amaro, no trecho entre a Avenida Juscelino Kubitschek e a Rua Afonso Braz, na zona sul de São Paulo, tem a impressão de que a via passa por uma obra que nunca tem fim. O projeto de revitalização da Santo Amaro, que faz parte da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, começou em julho de 2022 e tinha prazo de conclusão de 24 meses. No entanto, passado mais da metade deste tempo, só 21% foram concluídos.

De acordo com a Prefeitura, o atraso se dá pelo “espaço reduzido e insuficiente para o avanço dos trabalhos com mais agilidade” e pela complexidade da obra, que exige “intervenção complexa que envolve a compatibilização de muitas interferências no subsolo, com interface com 30 concessionárias (operadoras de telecomunicações, esgoto, água, energia e gás)”.

Enquanto isso, a população sofre com o trânsito intenso na avenida. Ela é a principal via de conexão do centro com bairros importantes da zona sul, como Vila Olímpia, Brooklin e Santo Amaro, e tem um dos principais corredores de ônibus da capital, por onde passam cerca de 675 mil passageiros todos os dias úteis. Por isso, o Tribunal de Contas do Município (TCM) cobrou da Prefeitura um plano de aceleramento das obras até o fim de agosto.

Procurada pelo Estadão, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SP Obras) afirmou que se compromete a entregar o trecho que está atualmente em obras até o fim de abril de 2024. Mas a segunda fase do projeto, entre a Afonso Braz e Avenida dos Bandeirantes, segue sem datas de início e fim definidos.

Impacto da obra

Aprovado em 2016, o projeto de “requalificação da Santo Amaro” pretende revitalizar o trecho da via que fica entre as avenidas Juscelino Kubitschek e a dos Bandeirantes. O plano prevê alargar calçadas, enterrar fiações elétricas, construir novas paradas de ônibus e criar mais faixas de ultrapassagem para o transporte coletivo, com o objetivo de promover melhorias no trânsito e no acesso ao comércio.

Osório Joaquim de Souza, que tem um restaurante na avenida, se animou com a promessa de melhora na região, já que ela deve trazer mais clientes. Ele chegou a mudar de ponto e investir no espaço do seu restaurante na mesma época em que as obras começaram. Mas, agora, se preocupa com os prejuízos do período da reforma na avenida e a falta de perspectiva para a conclusão.

“Diminuiu bastante o fluxo de clientes. Além de fechar o centro da avenida, de forma que os clientes que ficam do outro lado não atravessam mais para o lado de cá. Os pontos de ônibus estão mais distantes (durante a obra), o que nos prejudica bastante“, diz ele. “Com certeza, quando concluir a obra, vai ficar muito legal, mas enquanto isso a gente fica na ansiedade de querer que resolva logo.”

Para quem passa de carro todos os dias pela região, como Fábio Rodrigues, que trabalha na Vila Olímpia, o tempo no trânsito aumentou. “Tem dias que demoro mais de 15 minutos só neste trecho”, afirma. “Todas as pessoas do meu escritório reclamam dessa obra, porque todos passam por aqui. Estamos quase vindo organizar e terminar a obra nós mesmos”, reclama.

Quem anda de ônibus, além de enfrentar o trânsito, precisa andar mais até o ponto de parada. Isso porque os pontos que ficavam no trecho em obras foram retirados, restando só os abrigos próximos à Avenida Juscelino Kubitschek e à Rua Afonso Braz. “Mesmo às 22h30, que não é horário de pico, os ônibus passam lotados”, diz Liliane Corrêa, recepcionista que trabalha na região.

Leonardo Castro, advogado e morador da região, diz que para além do trânsito, do barulho e da poeira, o maior incômodo é que “não há sinal de que a obra está avançando e de que ela vai, de fato, seguir para o restante da avenida”.

Entenda o atraso

Entre a assinatura do contrato com o consórcio responsável pelo projeto e o início das obras, foram seis anos de adiamento por causa de entraves em desapropriações, licenciamento, estudos técnicos, análises urbanísticas e definição de recursos. Quando as obras começaram, em julho de 2022, a expectativa é de que o projeto finalmente andaria, mas o ritmo tem sido criticado.

No início de agosto, ao ser cobrada pelo TCM, a Prefeitura disse que havia pedido um espaço de quatro faixas de trânsito, mais o canteiro central, onde ficam as paradas de ônibus, para operar na primeira fase de obras – ao todo são seis faixas (três em cada sentido), sendo duas delas exclusivas para ônibus, mais o canteiro central. Mas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) liberou só duas faixas, mais o canteiro central, para que o trânsito não fosse tão prejudicado.

Obra acontece em um espaço estreito no centro da Avenida Santo Amaro. Ao todo, duas faixas ficam disponíveis para o trânsito – uma delas para uso exclusivo de ônibus – em cada sentido da via. Na foto, o ponto próximo à Rua Santa Justina, pouco antes da Rua Afonso Braz. Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

O TCM promoveu, então, uma reunião de “mesa técnica” para estreitar a integração entre os órgãos da Prefeitura envolvidos no projeto e buscar formas de agilizar os serviços no local. Além disso, emitiu alerta para que a Prefeitura apresentasse até 25 de agosto “um plano de ataque à obra, ajustando o cronograma físico-financeiro para diminuir o prazo de intervenção e os desvios de tráfego, de modo a evitar maiores prejuízos ao erário e à população, que vem sofrendo ao longo deste tempo”.

O Tribunal também notificou a Prefeitura por prestar informação incorreta sobre o custo da obra. Segundo a placa que fica próximo à Rua Santa Justina, o valor seria em torno de R$ 62 milhões. No entanto, o custo real da obra é de cerca de R$ 74 milhões. Até 16 de agosto, quando a reportagem do Estadão esteve no local, a placa ainda não havia sido trocada.

Em nota, a SP Obras diz estudar, neste momento, as próximas ações para a ampliação das interdições na avenida, “a fim de possibilitar mais celeridade à obra, com aumento de frentes de trabalho”. “Após finalizado o novo Projeto de Desvio de Tráfego – PDDT, essas definições serão amplamente divulgadas, o que está previsto para ocorrer na última semana de agosto”, afirmou.

A SPObras informa ainda que o valor atualizado do contrato é de R$ 74 milhões. Segundo o órgão, a correção está sendo providenciada e, dentro de 15 dias, a nova placa será instalada.

Frequentadores da região também relatam haver poucas pessoas trabalhando no local. Segundo o agente de segurança Cassarotti San Felice, que passa pela avenida todos os dias de manhã e de madrugada, há poucos funcionários trabalhando e eles costumam operar principalmente nos horários de pico do trânsito. “Quando passo de noite, não tem ninguém. Acho que eles deveriam trabalhar de madrugada, para atrapalhar menos o trânsito”, diz.

Segundo a SPObras, 54 pessoas trabalham nas obras, incluindo o pessoal administrativo e 13 funcionários terceirizados contratados para operação e apoio nos desvios de trânsito. Eles atuam em um turno de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. “A região concentra muitas residências e hospitais, motivo pelo qual o horário diurno foi priorizado para a execução das obras”, justifica a pasta.

O que já foi feito e o que falta fazer?

Segundo informações fornecidas pela Prefeitura ao TCM, até o momento, foi feito “parte do pavimento rígido do canteiro central e das duas faixas que seriam de ônibus”, apenas do trecho 1 da obra.

Ao todo, serão reformados, nos dois trechos do projeto:

  • O canteiro central da avenida, junto às paradas de ônibus, que ganharão estruturas novas;
  • Todas as faixas de trânsito, com a adição de trechos para ultrapassagens de ônibus, permitindo que, quando um deles estiver parado para subida e descida de passageiros, o outro possa seguir a viagem;
  • Alargamento de calçadas e aterramento dos fios elétricos, para retirada dos postes dos locais de passeio;
  • Plantio de árvores e construção de pequenas praças de convivência;
  • Reconfiguração do sistema de captação de água e da iluminação.

Como tentar fugir do transito?

Durante este período de obras, a CET aconselha que os motoristas evitem a avenida o máximo possível. A Companhia oferece como opções alternativas os seguintes trajetos:

  • Sentido bairro (opção 1): Avenida São Gabriel, Avenida Santo Amaro, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido bairro (opção 2): Avenida São Gabriel, Rua Joaquim Floriano, Rua João Cachoeira, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido centro: Avenida Hélio Pellegrino, Rua Inhambu, Avenida República do Líbano e Praça Dia do Senhor.

Quem passa diariamente pela Avenida Santo Amaro, no trecho entre a Avenida Juscelino Kubitschek e a Rua Afonso Braz, na zona sul de São Paulo, tem a impressão de que a via passa por uma obra que nunca tem fim. O projeto de revitalização da Santo Amaro, que faz parte da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, começou em julho de 2022 e tinha prazo de conclusão de 24 meses. No entanto, passado mais da metade deste tempo, só 21% foram concluídos.

De acordo com a Prefeitura, o atraso se dá pelo “espaço reduzido e insuficiente para o avanço dos trabalhos com mais agilidade” e pela complexidade da obra, que exige “intervenção complexa que envolve a compatibilização de muitas interferências no subsolo, com interface com 30 concessionárias (operadoras de telecomunicações, esgoto, água, energia e gás)”.

Enquanto isso, a população sofre com o trânsito intenso na avenida. Ela é a principal via de conexão do centro com bairros importantes da zona sul, como Vila Olímpia, Brooklin e Santo Amaro, e tem um dos principais corredores de ônibus da capital, por onde passam cerca de 675 mil passageiros todos os dias úteis. Por isso, o Tribunal de Contas do Município (TCM) cobrou da Prefeitura um plano de aceleramento das obras até o fim de agosto.

Procurada pelo Estadão, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SP Obras) afirmou que se compromete a entregar o trecho que está atualmente em obras até o fim de abril de 2024. Mas a segunda fase do projeto, entre a Afonso Braz e Avenida dos Bandeirantes, segue sem datas de início e fim definidos.

Impacto da obra

Aprovado em 2016, o projeto de “requalificação da Santo Amaro” pretende revitalizar o trecho da via que fica entre as avenidas Juscelino Kubitschek e a dos Bandeirantes. O plano prevê alargar calçadas, enterrar fiações elétricas, construir novas paradas de ônibus e criar mais faixas de ultrapassagem para o transporte coletivo, com o objetivo de promover melhorias no trânsito e no acesso ao comércio.

Osório Joaquim de Souza, que tem um restaurante na avenida, se animou com a promessa de melhora na região, já que ela deve trazer mais clientes. Ele chegou a mudar de ponto e investir no espaço do seu restaurante na mesma época em que as obras começaram. Mas, agora, se preocupa com os prejuízos do período da reforma na avenida e a falta de perspectiva para a conclusão.

“Diminuiu bastante o fluxo de clientes. Além de fechar o centro da avenida, de forma que os clientes que ficam do outro lado não atravessam mais para o lado de cá. Os pontos de ônibus estão mais distantes (durante a obra), o que nos prejudica bastante“, diz ele. “Com certeza, quando concluir a obra, vai ficar muito legal, mas enquanto isso a gente fica na ansiedade de querer que resolva logo.”

Para quem passa de carro todos os dias pela região, como Fábio Rodrigues, que trabalha na Vila Olímpia, o tempo no trânsito aumentou. “Tem dias que demoro mais de 15 minutos só neste trecho”, afirma. “Todas as pessoas do meu escritório reclamam dessa obra, porque todos passam por aqui. Estamos quase vindo organizar e terminar a obra nós mesmos”, reclama.

Quem anda de ônibus, além de enfrentar o trânsito, precisa andar mais até o ponto de parada. Isso porque os pontos que ficavam no trecho em obras foram retirados, restando só os abrigos próximos à Avenida Juscelino Kubitschek e à Rua Afonso Braz. “Mesmo às 22h30, que não é horário de pico, os ônibus passam lotados”, diz Liliane Corrêa, recepcionista que trabalha na região.

Leonardo Castro, advogado e morador da região, diz que para além do trânsito, do barulho e da poeira, o maior incômodo é que “não há sinal de que a obra está avançando e de que ela vai, de fato, seguir para o restante da avenida”.

Entenda o atraso

Entre a assinatura do contrato com o consórcio responsável pelo projeto e o início das obras, foram seis anos de adiamento por causa de entraves em desapropriações, licenciamento, estudos técnicos, análises urbanísticas e definição de recursos. Quando as obras começaram, em julho de 2022, a expectativa é de que o projeto finalmente andaria, mas o ritmo tem sido criticado.

No início de agosto, ao ser cobrada pelo TCM, a Prefeitura disse que havia pedido um espaço de quatro faixas de trânsito, mais o canteiro central, onde ficam as paradas de ônibus, para operar na primeira fase de obras – ao todo são seis faixas (três em cada sentido), sendo duas delas exclusivas para ônibus, mais o canteiro central. Mas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) liberou só duas faixas, mais o canteiro central, para que o trânsito não fosse tão prejudicado.

Obra acontece em um espaço estreito no centro da Avenida Santo Amaro. Ao todo, duas faixas ficam disponíveis para o trânsito – uma delas para uso exclusivo de ônibus – em cada sentido da via. Na foto, o ponto próximo à Rua Santa Justina, pouco antes da Rua Afonso Braz. Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

O TCM promoveu, então, uma reunião de “mesa técnica” para estreitar a integração entre os órgãos da Prefeitura envolvidos no projeto e buscar formas de agilizar os serviços no local. Além disso, emitiu alerta para que a Prefeitura apresentasse até 25 de agosto “um plano de ataque à obra, ajustando o cronograma físico-financeiro para diminuir o prazo de intervenção e os desvios de tráfego, de modo a evitar maiores prejuízos ao erário e à população, que vem sofrendo ao longo deste tempo”.

O Tribunal também notificou a Prefeitura por prestar informação incorreta sobre o custo da obra. Segundo a placa que fica próximo à Rua Santa Justina, o valor seria em torno de R$ 62 milhões. No entanto, o custo real da obra é de cerca de R$ 74 milhões. Até 16 de agosto, quando a reportagem do Estadão esteve no local, a placa ainda não havia sido trocada.

Em nota, a SP Obras diz estudar, neste momento, as próximas ações para a ampliação das interdições na avenida, “a fim de possibilitar mais celeridade à obra, com aumento de frentes de trabalho”. “Após finalizado o novo Projeto de Desvio de Tráfego – PDDT, essas definições serão amplamente divulgadas, o que está previsto para ocorrer na última semana de agosto”, afirmou.

A SPObras informa ainda que o valor atualizado do contrato é de R$ 74 milhões. Segundo o órgão, a correção está sendo providenciada e, dentro de 15 dias, a nova placa será instalada.

Frequentadores da região também relatam haver poucas pessoas trabalhando no local. Segundo o agente de segurança Cassarotti San Felice, que passa pela avenida todos os dias de manhã e de madrugada, há poucos funcionários trabalhando e eles costumam operar principalmente nos horários de pico do trânsito. “Quando passo de noite, não tem ninguém. Acho que eles deveriam trabalhar de madrugada, para atrapalhar menos o trânsito”, diz.

Segundo a SPObras, 54 pessoas trabalham nas obras, incluindo o pessoal administrativo e 13 funcionários terceirizados contratados para operação e apoio nos desvios de trânsito. Eles atuam em um turno de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. “A região concentra muitas residências e hospitais, motivo pelo qual o horário diurno foi priorizado para a execução das obras”, justifica a pasta.

O que já foi feito e o que falta fazer?

Segundo informações fornecidas pela Prefeitura ao TCM, até o momento, foi feito “parte do pavimento rígido do canteiro central e das duas faixas que seriam de ônibus”, apenas do trecho 1 da obra.

Ao todo, serão reformados, nos dois trechos do projeto:

  • O canteiro central da avenida, junto às paradas de ônibus, que ganharão estruturas novas;
  • Todas as faixas de trânsito, com a adição de trechos para ultrapassagens de ônibus, permitindo que, quando um deles estiver parado para subida e descida de passageiros, o outro possa seguir a viagem;
  • Alargamento de calçadas e aterramento dos fios elétricos, para retirada dos postes dos locais de passeio;
  • Plantio de árvores e construção de pequenas praças de convivência;
  • Reconfiguração do sistema de captação de água e da iluminação.

Como tentar fugir do transito?

Durante este período de obras, a CET aconselha que os motoristas evitem a avenida o máximo possível. A Companhia oferece como opções alternativas os seguintes trajetos:

  • Sentido bairro (opção 1): Avenida São Gabriel, Avenida Santo Amaro, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido bairro (opção 2): Avenida São Gabriel, Rua Joaquim Floriano, Rua João Cachoeira, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido centro: Avenida Hélio Pellegrino, Rua Inhambu, Avenida República do Líbano e Praça Dia do Senhor.

Quem passa diariamente pela Avenida Santo Amaro, no trecho entre a Avenida Juscelino Kubitschek e a Rua Afonso Braz, na zona sul de São Paulo, tem a impressão de que a via passa por uma obra que nunca tem fim. O projeto de revitalização da Santo Amaro, que faz parte da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, começou em julho de 2022 e tinha prazo de conclusão de 24 meses. No entanto, passado mais da metade deste tempo, só 21% foram concluídos.

De acordo com a Prefeitura, o atraso se dá pelo “espaço reduzido e insuficiente para o avanço dos trabalhos com mais agilidade” e pela complexidade da obra, que exige “intervenção complexa que envolve a compatibilização de muitas interferências no subsolo, com interface com 30 concessionárias (operadoras de telecomunicações, esgoto, água, energia e gás)”.

Enquanto isso, a população sofre com o trânsito intenso na avenida. Ela é a principal via de conexão do centro com bairros importantes da zona sul, como Vila Olímpia, Brooklin e Santo Amaro, e tem um dos principais corredores de ônibus da capital, por onde passam cerca de 675 mil passageiros todos os dias úteis. Por isso, o Tribunal de Contas do Município (TCM) cobrou da Prefeitura um plano de aceleramento das obras até o fim de agosto.

Procurada pelo Estadão, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SP Obras) afirmou que se compromete a entregar o trecho que está atualmente em obras até o fim de abril de 2024. Mas a segunda fase do projeto, entre a Afonso Braz e Avenida dos Bandeirantes, segue sem datas de início e fim definidos.

Impacto da obra

Aprovado em 2016, o projeto de “requalificação da Santo Amaro” pretende revitalizar o trecho da via que fica entre as avenidas Juscelino Kubitschek e a dos Bandeirantes. O plano prevê alargar calçadas, enterrar fiações elétricas, construir novas paradas de ônibus e criar mais faixas de ultrapassagem para o transporte coletivo, com o objetivo de promover melhorias no trânsito e no acesso ao comércio.

Osório Joaquim de Souza, que tem um restaurante na avenida, se animou com a promessa de melhora na região, já que ela deve trazer mais clientes. Ele chegou a mudar de ponto e investir no espaço do seu restaurante na mesma época em que as obras começaram. Mas, agora, se preocupa com os prejuízos do período da reforma na avenida e a falta de perspectiva para a conclusão.

“Diminuiu bastante o fluxo de clientes. Além de fechar o centro da avenida, de forma que os clientes que ficam do outro lado não atravessam mais para o lado de cá. Os pontos de ônibus estão mais distantes (durante a obra), o que nos prejudica bastante“, diz ele. “Com certeza, quando concluir a obra, vai ficar muito legal, mas enquanto isso a gente fica na ansiedade de querer que resolva logo.”

Para quem passa de carro todos os dias pela região, como Fábio Rodrigues, que trabalha na Vila Olímpia, o tempo no trânsito aumentou. “Tem dias que demoro mais de 15 minutos só neste trecho”, afirma. “Todas as pessoas do meu escritório reclamam dessa obra, porque todos passam por aqui. Estamos quase vindo organizar e terminar a obra nós mesmos”, reclama.

Quem anda de ônibus, além de enfrentar o trânsito, precisa andar mais até o ponto de parada. Isso porque os pontos que ficavam no trecho em obras foram retirados, restando só os abrigos próximos à Avenida Juscelino Kubitschek e à Rua Afonso Braz. “Mesmo às 22h30, que não é horário de pico, os ônibus passam lotados”, diz Liliane Corrêa, recepcionista que trabalha na região.

Leonardo Castro, advogado e morador da região, diz que para além do trânsito, do barulho e da poeira, o maior incômodo é que “não há sinal de que a obra está avançando e de que ela vai, de fato, seguir para o restante da avenida”.

Entenda o atraso

Entre a assinatura do contrato com o consórcio responsável pelo projeto e o início das obras, foram seis anos de adiamento por causa de entraves em desapropriações, licenciamento, estudos técnicos, análises urbanísticas e definição de recursos. Quando as obras começaram, em julho de 2022, a expectativa é de que o projeto finalmente andaria, mas o ritmo tem sido criticado.

No início de agosto, ao ser cobrada pelo TCM, a Prefeitura disse que havia pedido um espaço de quatro faixas de trânsito, mais o canteiro central, onde ficam as paradas de ônibus, para operar na primeira fase de obras – ao todo são seis faixas (três em cada sentido), sendo duas delas exclusivas para ônibus, mais o canteiro central. Mas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) liberou só duas faixas, mais o canteiro central, para que o trânsito não fosse tão prejudicado.

Obra acontece em um espaço estreito no centro da Avenida Santo Amaro. Ao todo, duas faixas ficam disponíveis para o trânsito – uma delas para uso exclusivo de ônibus – em cada sentido da via. Na foto, o ponto próximo à Rua Santa Justina, pouco antes da Rua Afonso Braz. Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

O TCM promoveu, então, uma reunião de “mesa técnica” para estreitar a integração entre os órgãos da Prefeitura envolvidos no projeto e buscar formas de agilizar os serviços no local. Além disso, emitiu alerta para que a Prefeitura apresentasse até 25 de agosto “um plano de ataque à obra, ajustando o cronograma físico-financeiro para diminuir o prazo de intervenção e os desvios de tráfego, de modo a evitar maiores prejuízos ao erário e à população, que vem sofrendo ao longo deste tempo”.

O Tribunal também notificou a Prefeitura por prestar informação incorreta sobre o custo da obra. Segundo a placa que fica próximo à Rua Santa Justina, o valor seria em torno de R$ 62 milhões. No entanto, o custo real da obra é de cerca de R$ 74 milhões. Até 16 de agosto, quando a reportagem do Estadão esteve no local, a placa ainda não havia sido trocada.

Em nota, a SP Obras diz estudar, neste momento, as próximas ações para a ampliação das interdições na avenida, “a fim de possibilitar mais celeridade à obra, com aumento de frentes de trabalho”. “Após finalizado o novo Projeto de Desvio de Tráfego – PDDT, essas definições serão amplamente divulgadas, o que está previsto para ocorrer na última semana de agosto”, afirmou.

A SPObras informa ainda que o valor atualizado do contrato é de R$ 74 milhões. Segundo o órgão, a correção está sendo providenciada e, dentro de 15 dias, a nova placa será instalada.

Frequentadores da região também relatam haver poucas pessoas trabalhando no local. Segundo o agente de segurança Cassarotti San Felice, que passa pela avenida todos os dias de manhã e de madrugada, há poucos funcionários trabalhando e eles costumam operar principalmente nos horários de pico do trânsito. “Quando passo de noite, não tem ninguém. Acho que eles deveriam trabalhar de madrugada, para atrapalhar menos o trânsito”, diz.

Segundo a SPObras, 54 pessoas trabalham nas obras, incluindo o pessoal administrativo e 13 funcionários terceirizados contratados para operação e apoio nos desvios de trânsito. Eles atuam em um turno de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. “A região concentra muitas residências e hospitais, motivo pelo qual o horário diurno foi priorizado para a execução das obras”, justifica a pasta.

O que já foi feito e o que falta fazer?

Segundo informações fornecidas pela Prefeitura ao TCM, até o momento, foi feito “parte do pavimento rígido do canteiro central e das duas faixas que seriam de ônibus”, apenas do trecho 1 da obra.

Ao todo, serão reformados, nos dois trechos do projeto:

  • O canteiro central da avenida, junto às paradas de ônibus, que ganharão estruturas novas;
  • Todas as faixas de trânsito, com a adição de trechos para ultrapassagens de ônibus, permitindo que, quando um deles estiver parado para subida e descida de passageiros, o outro possa seguir a viagem;
  • Alargamento de calçadas e aterramento dos fios elétricos, para retirada dos postes dos locais de passeio;
  • Plantio de árvores e construção de pequenas praças de convivência;
  • Reconfiguração do sistema de captação de água e da iluminação.

Como tentar fugir do transito?

Durante este período de obras, a CET aconselha que os motoristas evitem a avenida o máximo possível. A Companhia oferece como opções alternativas os seguintes trajetos:

  • Sentido bairro (opção 1): Avenida São Gabriel, Avenida Santo Amaro, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido bairro (opção 2): Avenida São Gabriel, Rua Joaquim Floriano, Rua João Cachoeira, Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, Rua Prof. Atílio Innocenti e Avenida Hélio Pellegrino;
  • Sentido centro: Avenida Hélio Pellegrino, Rua Inhambu, Avenida República do Líbano e Praça Dia do Senhor.

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