Ícone art déco, antigo Banco de São Paulo será colocado à venda


Secretaria Estadual de Esportes planeja deixar o prédio até dezembro; abaixo-assinado tenta rebaixar tombamento para evitar saída

Por Priscila Mengue

SÃO PAULO - Basta subir o calçadão da Avenida São João, atravessar a Rua Líbero Badaró e seguir mais alguns metros para se deparar com o que já foi considerado o banco mais luxuoso de São Paulo. A descrição pode lembrar o Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander), mas se refere ao vizinho nove anos mais velho: o antigo Banco de São Paulo.

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HÉLVIO ROMERO / ESTADÃO

Menos conhecido dos turistas, o edifício é referência da arquitetura art déco na cidade de São Paulo, com linhas retas e verticais e padrões em leque na fachada. Desde os anos 1970, é utilizado pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, que decidiu neste ano: vai deixar o local até dezembro e colocá-lo à venda. 

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O valor estimado da transação não é divulgado pelo Estado, que estima economizar R$ 1,2 milhão de manutenção com a mudança. O número de milhões que vão entrar nessa transação deve levar em consideração os 17 pavimentos e 14 mil metros quadrados de área construída, além de um elemento apontado como decisivo para a saída da secretaria: o tombamento integral nas esferas estadual (em 2003) e municipal (1992). 

Para tentar evitar a venda, um abaixo-assinado destinado ao governador João Doria (PSDB) foi criado para pedir o “rebaixamento” do tombamento do antigo banco. Como propostas semelhantes já foram negadas por órgãos de patrimônio, a ideia é tentar sensibilizar o chefe de governo. “A alternativa que vejo é o governador pedir”, explica a arquiteta e servidora pública Ivone Faddul Alves, de 54 anos. 

Andar térreo preserva característica de quando era uma agência bancária Foto: Felipe Rau/Estadão
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Ela é idealizadora e mediadora de um tour gratuito pelo edifício, que diz ter recebido 15 mil visitantes em dois anos. Ivone teme que a venda encerre a abertura do espaço para o público e o deixe sujeito a ocupações, como a que está na antiga Casa da Moeda há cerca de dois anos. 

Além disso, a arquiteta relata que o espaço está com alguns andares “feios”, com umidade, trincas e infiltrações. Ela considera que os ambientes poderiam “ser melhor usados”, visto que a estimativa é de que apenas 300 pessoas trabalhem no local. Para ela, uma mudança no tombamento garantiria a reforma, sem descaracterizar os ambientes internos originais.

Secretário diz que mudança  é definida

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Mesmo que o abaixo-assinado seja bem-sucedido, o secretário de Esportes, Aildo Rodrigues Ferreira, garante que a troca de sede é definitiva. “Estamos trabalhando para mudar de prédio, para um mais novo, moderno e confortável para o servidor.” O novo endereço será o Edifício Cidade I, a uma quadra de distância e também do Estado.

Segundo ele, o antigo banco tem “sérios problemas de hidráulica e elétrica” e exige uma restauração “muito custosa”. Ele afirma que o Estado vai garantir a segurança do imóvel antes da posse do novo dono.

Características art déco também estãopresentes no interior do prédio Foto: Felipe Rau/Estadão
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Um dos mais importantes art déco do País

Se a fachada do antigo Banco de São Paulo não é tão conhecida quanto pares do entorno, o andar térreo do edifício já estrelou dezenas de filmes, programas de televisão e comerciais. O motivo é a antiga área da agência bancária, mantida de forma semelhante à configuração original, além do grande caixa-forte e a permanência de adornos de época e materiais nobres. 

O “refinamento artístico” e o “apuro técnico” do projeto arquitetônico são destacados na resolução do tombamento estadual do edifício. O texto também aponta o “caráter de excepcionalidade em relação ao conjunto de testemunhos dessa corrente existente em São Paulo”, referindo-se às características art déco, também presentes no Viaduto Santa Ifigênia e Estádio do Pacaembu, por exemplo.

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O tombamento abrange o edifício “como um todo”, listando itens como os portais em mármore, granito e granilite, o mosaico romano grés, a serralheria artística de ferro e bronze, os lustres em alabastro e os cristais.

Imóvel mantém características originais também na parte interna Foto: Felipe Rau/Estadão

Em 2013, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional chegou a abrir um pedido de estudos para reduzir o tombamento do edifício. O processo foi arquivado dois anos depois pelo Condephaat, em reunião na qual se comentou que a intenção estadual era limitar a proteção à fachada.

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“É uma obra-prima de São Paulo”, descreve José Eduardo Lefévre, professor aposentado de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). “É o melhor exemplar de art déco em São Paulo. O interior é um requinte, um prédio com um projeto muito bem feito, com ambientes externos e internos de primeira.”

Lefévre ressalta que o tombamento recai sobre a situação do imóvel no momento de decisão, ou seja, não é necessário mudar os andares descaracterizados para os aspectos originais. “É uma atração turística que pode ser muito bem aproveitada, como parte de um roteiro pelos caixas-fortes da área central (como o Centro Cultural Banco do Brasil e o Farol Santander).”

Entre os visitantes, alguns criticam a falta de divulgação da atração, mas os elogios ao edifício são praticamente unânimes. "Me surpreendi, já é grandioso por fora. Depois da visita, fiquei ainda mais encantada", conta a geógrafa Cristiane Nisticó. “Poderia ser até ampliado (o tour), tenho amigos que querem conhecer, mas não podem em dia de semana.”

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HéLVIO ROMERO / ESTADãO

SÃO PAULO - Basta subir o calçadão da Avenida São João, atravessar a Rua Líbero Badaró e seguir mais alguns metros para se deparar com o que já foi considerado o banco mais luxuoso de São Paulo. A descrição pode lembrar o Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander), mas se refere ao vizinho nove anos mais velho: o antigo Banco de São Paulo.

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HÉLVIO ROMERO / ESTADÃO

Menos conhecido dos turistas, o edifício é referência da arquitetura art déco na cidade de São Paulo, com linhas retas e verticais e padrões em leque na fachada. Desde os anos 1970, é utilizado pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, que decidiu neste ano: vai deixar o local até dezembro e colocá-lo à venda. 

O valor estimado da transação não é divulgado pelo Estado, que estima economizar R$ 1,2 milhão de manutenção com a mudança. O número de milhões que vão entrar nessa transação deve levar em consideração os 17 pavimentos e 14 mil metros quadrados de área construída, além de um elemento apontado como decisivo para a saída da secretaria: o tombamento integral nas esferas estadual (em 2003) e municipal (1992). 

Para tentar evitar a venda, um abaixo-assinado destinado ao governador João Doria (PSDB) foi criado para pedir o “rebaixamento” do tombamento do antigo banco. Como propostas semelhantes já foram negadas por órgãos de patrimônio, a ideia é tentar sensibilizar o chefe de governo. “A alternativa que vejo é o governador pedir”, explica a arquiteta e servidora pública Ivone Faddul Alves, de 54 anos. 

Andar térreo preserva característica de quando era uma agência bancária Foto: Felipe Rau/Estadão

Ela é idealizadora e mediadora de um tour gratuito pelo edifício, que diz ter recebido 15 mil visitantes em dois anos. Ivone teme que a venda encerre a abertura do espaço para o público e o deixe sujeito a ocupações, como a que está na antiga Casa da Moeda há cerca de dois anos. 

Além disso, a arquiteta relata que o espaço está com alguns andares “feios”, com umidade, trincas e infiltrações. Ela considera que os ambientes poderiam “ser melhor usados”, visto que a estimativa é de que apenas 300 pessoas trabalhem no local. Para ela, uma mudança no tombamento garantiria a reforma, sem descaracterizar os ambientes internos originais.

Secretário diz que mudança  é definida

Mesmo que o abaixo-assinado seja bem-sucedido, o secretário de Esportes, Aildo Rodrigues Ferreira, garante que a troca de sede é definitiva. “Estamos trabalhando para mudar de prédio, para um mais novo, moderno e confortável para o servidor.” O novo endereço será o Edifício Cidade I, a uma quadra de distância e também do Estado.

Segundo ele, o antigo banco tem “sérios problemas de hidráulica e elétrica” e exige uma restauração “muito custosa”. Ele afirma que o Estado vai garantir a segurança do imóvel antes da posse do novo dono.

Características art déco também estãopresentes no interior do prédio Foto: Felipe Rau/Estadão

Um dos mais importantes art déco do País

Se a fachada do antigo Banco de São Paulo não é tão conhecida quanto pares do entorno, o andar térreo do edifício já estrelou dezenas de filmes, programas de televisão e comerciais. O motivo é a antiga área da agência bancária, mantida de forma semelhante à configuração original, além do grande caixa-forte e a permanência de adornos de época e materiais nobres. 

O “refinamento artístico” e o “apuro técnico” do projeto arquitetônico são destacados na resolução do tombamento estadual do edifício. O texto também aponta o “caráter de excepcionalidade em relação ao conjunto de testemunhos dessa corrente existente em São Paulo”, referindo-se às características art déco, também presentes no Viaduto Santa Ifigênia e Estádio do Pacaembu, por exemplo.

O tombamento abrange o edifício “como um todo”, listando itens como os portais em mármore, granito e granilite, o mosaico romano grés, a serralheria artística de ferro e bronze, os lustres em alabastro e os cristais.

Imóvel mantém características originais também na parte interna Foto: Felipe Rau/Estadão

Em 2013, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional chegou a abrir um pedido de estudos para reduzir o tombamento do edifício. O processo foi arquivado dois anos depois pelo Condephaat, em reunião na qual se comentou que a intenção estadual era limitar a proteção à fachada.

“É uma obra-prima de São Paulo”, descreve José Eduardo Lefévre, professor aposentado de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). “É o melhor exemplar de art déco em São Paulo. O interior é um requinte, um prédio com um projeto muito bem feito, com ambientes externos e internos de primeira.”

Lefévre ressalta que o tombamento recai sobre a situação do imóvel no momento de decisão, ou seja, não é necessário mudar os andares descaracterizados para os aspectos originais. “É uma atração turística que pode ser muito bem aproveitada, como parte de um roteiro pelos caixas-fortes da área central (como o Centro Cultural Banco do Brasil e o Farol Santander).”

Entre os visitantes, alguns criticam a falta de divulgação da atração, mas os elogios ao edifício são praticamente unânimes. "Me surpreendi, já é grandioso por fora. Depois da visita, fiquei ainda mais encantada", conta a geógrafa Cristiane Nisticó. “Poderia ser até ampliado (o tour), tenho amigos que querem conhecer, mas não podem em dia de semana.”

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HéLVIO ROMERO / ESTADãO

SÃO PAULO - Basta subir o calçadão da Avenida São João, atravessar a Rua Líbero Badaró e seguir mais alguns metros para se deparar com o que já foi considerado o banco mais luxuoso de São Paulo. A descrição pode lembrar o Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander), mas se refere ao vizinho nove anos mais velho: o antigo Banco de São Paulo.

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HÉLVIO ROMERO / ESTADÃO

Menos conhecido dos turistas, o edifício é referência da arquitetura art déco na cidade de São Paulo, com linhas retas e verticais e padrões em leque na fachada. Desde os anos 1970, é utilizado pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, que decidiu neste ano: vai deixar o local até dezembro e colocá-lo à venda. 

O valor estimado da transação não é divulgado pelo Estado, que estima economizar R$ 1,2 milhão de manutenção com a mudança. O número de milhões que vão entrar nessa transação deve levar em consideração os 17 pavimentos e 14 mil metros quadrados de área construída, além de um elemento apontado como decisivo para a saída da secretaria: o tombamento integral nas esferas estadual (em 2003) e municipal (1992). 

Para tentar evitar a venda, um abaixo-assinado destinado ao governador João Doria (PSDB) foi criado para pedir o “rebaixamento” do tombamento do antigo banco. Como propostas semelhantes já foram negadas por órgãos de patrimônio, a ideia é tentar sensibilizar o chefe de governo. “A alternativa que vejo é o governador pedir”, explica a arquiteta e servidora pública Ivone Faddul Alves, de 54 anos. 

Andar térreo preserva característica de quando era uma agência bancária Foto: Felipe Rau/Estadão

Ela é idealizadora e mediadora de um tour gratuito pelo edifício, que diz ter recebido 15 mil visitantes em dois anos. Ivone teme que a venda encerre a abertura do espaço para o público e o deixe sujeito a ocupações, como a que está na antiga Casa da Moeda há cerca de dois anos. 

Além disso, a arquiteta relata que o espaço está com alguns andares “feios”, com umidade, trincas e infiltrações. Ela considera que os ambientes poderiam “ser melhor usados”, visto que a estimativa é de que apenas 300 pessoas trabalhem no local. Para ela, uma mudança no tombamento garantiria a reforma, sem descaracterizar os ambientes internos originais.

Secretário diz que mudança  é definida

Mesmo que o abaixo-assinado seja bem-sucedido, o secretário de Esportes, Aildo Rodrigues Ferreira, garante que a troca de sede é definitiva. “Estamos trabalhando para mudar de prédio, para um mais novo, moderno e confortável para o servidor.” O novo endereço será o Edifício Cidade I, a uma quadra de distância e também do Estado.

Segundo ele, o antigo banco tem “sérios problemas de hidráulica e elétrica” e exige uma restauração “muito custosa”. Ele afirma que o Estado vai garantir a segurança do imóvel antes da posse do novo dono.

Características art déco também estãopresentes no interior do prédio Foto: Felipe Rau/Estadão

Um dos mais importantes art déco do País

Se a fachada do antigo Banco de São Paulo não é tão conhecida quanto pares do entorno, o andar térreo do edifício já estrelou dezenas de filmes, programas de televisão e comerciais. O motivo é a antiga área da agência bancária, mantida de forma semelhante à configuração original, além do grande caixa-forte e a permanência de adornos de época e materiais nobres. 

O “refinamento artístico” e o “apuro técnico” do projeto arquitetônico são destacados na resolução do tombamento estadual do edifício. O texto também aponta o “caráter de excepcionalidade em relação ao conjunto de testemunhos dessa corrente existente em São Paulo”, referindo-se às características art déco, também presentes no Viaduto Santa Ifigênia e Estádio do Pacaembu, por exemplo.

O tombamento abrange o edifício “como um todo”, listando itens como os portais em mármore, granito e granilite, o mosaico romano grés, a serralheria artística de ferro e bronze, os lustres em alabastro e os cristais.

Imóvel mantém características originais também na parte interna Foto: Felipe Rau/Estadão

Em 2013, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional chegou a abrir um pedido de estudos para reduzir o tombamento do edifício. O processo foi arquivado dois anos depois pelo Condephaat, em reunião na qual se comentou que a intenção estadual era limitar a proteção à fachada.

“É uma obra-prima de São Paulo”, descreve José Eduardo Lefévre, professor aposentado de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). “É o melhor exemplar de art déco em São Paulo. O interior é um requinte, um prédio com um projeto muito bem feito, com ambientes externos e internos de primeira.”

Lefévre ressalta que o tombamento recai sobre a situação do imóvel no momento de decisão, ou seja, não é necessário mudar os andares descaracterizados para os aspectos originais. “É uma atração turística que pode ser muito bem aproveitada, como parte de um roteiro pelos caixas-fortes da área central (como o Centro Cultural Banco do Brasil e o Farol Santander).”

Entre os visitantes, alguns criticam a falta de divulgação da atração, mas os elogios ao edifício são praticamente unânimes. "Me surpreendi, já é grandioso por fora. Depois da visita, fiquei ainda mais encantada", conta a geógrafa Cristiane Nisticó. “Poderia ser até ampliado (o tour), tenho amigos que querem conhecer, mas não podem em dia de semana.”

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HéLVIO ROMERO / ESTADãO

SÃO PAULO - Basta subir o calçadão da Avenida São João, atravessar a Rua Líbero Badaró e seguir mais alguns metros para se deparar com o que já foi considerado o banco mais luxuoso de São Paulo. A descrição pode lembrar o Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander), mas se refere ao vizinho nove anos mais velho: o antigo Banco de São Paulo.

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HÉLVIO ROMERO / ESTADÃO

Menos conhecido dos turistas, o edifício é referência da arquitetura art déco na cidade de São Paulo, com linhas retas e verticais e padrões em leque na fachada. Desde os anos 1970, é utilizado pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, que decidiu neste ano: vai deixar o local até dezembro e colocá-lo à venda. 

O valor estimado da transação não é divulgado pelo Estado, que estima economizar R$ 1,2 milhão de manutenção com a mudança. O número de milhões que vão entrar nessa transação deve levar em consideração os 17 pavimentos e 14 mil metros quadrados de área construída, além de um elemento apontado como decisivo para a saída da secretaria: o tombamento integral nas esferas estadual (em 2003) e municipal (1992). 

Para tentar evitar a venda, um abaixo-assinado destinado ao governador João Doria (PSDB) foi criado para pedir o “rebaixamento” do tombamento do antigo banco. Como propostas semelhantes já foram negadas por órgãos de patrimônio, a ideia é tentar sensibilizar o chefe de governo. “A alternativa que vejo é o governador pedir”, explica a arquiteta e servidora pública Ivone Faddul Alves, de 54 anos. 

Andar térreo preserva característica de quando era uma agência bancária Foto: Felipe Rau/Estadão

Ela é idealizadora e mediadora de um tour gratuito pelo edifício, que diz ter recebido 15 mil visitantes em dois anos. Ivone teme que a venda encerre a abertura do espaço para o público e o deixe sujeito a ocupações, como a que está na antiga Casa da Moeda há cerca de dois anos. 

Além disso, a arquiteta relata que o espaço está com alguns andares “feios”, com umidade, trincas e infiltrações. Ela considera que os ambientes poderiam “ser melhor usados”, visto que a estimativa é de que apenas 300 pessoas trabalhem no local. Para ela, uma mudança no tombamento garantiria a reforma, sem descaracterizar os ambientes internos originais.

Secretário diz que mudança  é definida

Mesmo que o abaixo-assinado seja bem-sucedido, o secretário de Esportes, Aildo Rodrigues Ferreira, garante que a troca de sede é definitiva. “Estamos trabalhando para mudar de prédio, para um mais novo, moderno e confortável para o servidor.” O novo endereço será o Edifício Cidade I, a uma quadra de distância e também do Estado.

Segundo ele, o antigo banco tem “sérios problemas de hidráulica e elétrica” e exige uma restauração “muito custosa”. Ele afirma que o Estado vai garantir a segurança do imóvel antes da posse do novo dono.

Características art déco também estãopresentes no interior do prédio Foto: Felipe Rau/Estadão

Um dos mais importantes art déco do País

Se a fachada do antigo Banco de São Paulo não é tão conhecida quanto pares do entorno, o andar térreo do edifício já estrelou dezenas de filmes, programas de televisão e comerciais. O motivo é a antiga área da agência bancária, mantida de forma semelhante à configuração original, além do grande caixa-forte e a permanência de adornos de época e materiais nobres. 

O “refinamento artístico” e o “apuro técnico” do projeto arquitetônico são destacados na resolução do tombamento estadual do edifício. O texto também aponta o “caráter de excepcionalidade em relação ao conjunto de testemunhos dessa corrente existente em São Paulo”, referindo-se às características art déco, também presentes no Viaduto Santa Ifigênia e Estádio do Pacaembu, por exemplo.

O tombamento abrange o edifício “como um todo”, listando itens como os portais em mármore, granito e granilite, o mosaico romano grés, a serralheria artística de ferro e bronze, os lustres em alabastro e os cristais.

Imóvel mantém características originais também na parte interna Foto: Felipe Rau/Estadão

Em 2013, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional chegou a abrir um pedido de estudos para reduzir o tombamento do edifício. O processo foi arquivado dois anos depois pelo Condephaat, em reunião na qual se comentou que a intenção estadual era limitar a proteção à fachada.

“É uma obra-prima de São Paulo”, descreve José Eduardo Lefévre, professor aposentado de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). “É o melhor exemplar de art déco em São Paulo. O interior é um requinte, um prédio com um projeto muito bem feito, com ambientes externos e internos de primeira.”

Lefévre ressalta que o tombamento recai sobre a situação do imóvel no momento de decisão, ou seja, não é necessário mudar os andares descaracterizados para os aspectos originais. “É uma atração turística que pode ser muito bem aproveitada, como parte de um roteiro pelos caixas-fortes da área central (como o Centro Cultural Banco do Brasil e o Farol Santander).”

Entre os visitantes, alguns criticam a falta de divulgação da atração, mas os elogios ao edifício são praticamente unânimes. "Me surpreendi, já é grandioso por fora. Depois da visita, fiquei ainda mais encantada", conta a geógrafa Cristiane Nisticó. “Poderia ser até ampliado (o tour), tenho amigos que querem conhecer, mas não podem em dia de semana.”

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HéLVIO ROMERO / ESTADãO

SÃO PAULO - Basta subir o calçadão da Avenida São João, atravessar a Rua Líbero Badaró e seguir mais alguns metros para se deparar com o que já foi considerado o banco mais luxuoso de São Paulo. A descrição pode lembrar o Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander), mas se refere ao vizinho nove anos mais velho: o antigo Banco de São Paulo.

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HÉLVIO ROMERO / ESTADÃO

Menos conhecido dos turistas, o edifício é referência da arquitetura art déco na cidade de São Paulo, com linhas retas e verticais e padrões em leque na fachada. Desde os anos 1970, é utilizado pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, que decidiu neste ano: vai deixar o local até dezembro e colocá-lo à venda. 

O valor estimado da transação não é divulgado pelo Estado, que estima economizar R$ 1,2 milhão de manutenção com a mudança. O número de milhões que vão entrar nessa transação deve levar em consideração os 17 pavimentos e 14 mil metros quadrados de área construída, além de um elemento apontado como decisivo para a saída da secretaria: o tombamento integral nas esferas estadual (em 2003) e municipal (1992). 

Para tentar evitar a venda, um abaixo-assinado destinado ao governador João Doria (PSDB) foi criado para pedir o “rebaixamento” do tombamento do antigo banco. Como propostas semelhantes já foram negadas por órgãos de patrimônio, a ideia é tentar sensibilizar o chefe de governo. “A alternativa que vejo é o governador pedir”, explica a arquiteta e servidora pública Ivone Faddul Alves, de 54 anos. 

Andar térreo preserva característica de quando era uma agência bancária Foto: Felipe Rau/Estadão

Ela é idealizadora e mediadora de um tour gratuito pelo edifício, que diz ter recebido 15 mil visitantes em dois anos. Ivone teme que a venda encerre a abertura do espaço para o público e o deixe sujeito a ocupações, como a que está na antiga Casa da Moeda há cerca de dois anos. 

Além disso, a arquiteta relata que o espaço está com alguns andares “feios”, com umidade, trincas e infiltrações. Ela considera que os ambientes poderiam “ser melhor usados”, visto que a estimativa é de que apenas 300 pessoas trabalhem no local. Para ela, uma mudança no tombamento garantiria a reforma, sem descaracterizar os ambientes internos originais.

Secretário diz que mudança  é definida

Mesmo que o abaixo-assinado seja bem-sucedido, o secretário de Esportes, Aildo Rodrigues Ferreira, garante que a troca de sede é definitiva. “Estamos trabalhando para mudar de prédio, para um mais novo, moderno e confortável para o servidor.” O novo endereço será o Edifício Cidade I, a uma quadra de distância e também do Estado.

Segundo ele, o antigo banco tem “sérios problemas de hidráulica e elétrica” e exige uma restauração “muito custosa”. Ele afirma que o Estado vai garantir a segurança do imóvel antes da posse do novo dono.

Características art déco também estãopresentes no interior do prédio Foto: Felipe Rau/Estadão

Um dos mais importantes art déco do País

Se a fachada do antigo Banco de São Paulo não é tão conhecida quanto pares do entorno, o andar térreo do edifício já estrelou dezenas de filmes, programas de televisão e comerciais. O motivo é a antiga área da agência bancária, mantida de forma semelhante à configuração original, além do grande caixa-forte e a permanência de adornos de época e materiais nobres. 

O “refinamento artístico” e o “apuro técnico” do projeto arquitetônico são destacados na resolução do tombamento estadual do edifício. O texto também aponta o “caráter de excepcionalidade em relação ao conjunto de testemunhos dessa corrente existente em São Paulo”, referindo-se às características art déco, também presentes no Viaduto Santa Ifigênia e Estádio do Pacaembu, por exemplo.

O tombamento abrange o edifício “como um todo”, listando itens como os portais em mármore, granito e granilite, o mosaico romano grés, a serralheria artística de ferro e bronze, os lustres em alabastro e os cristais.

Imóvel mantém características originais também na parte interna Foto: Felipe Rau/Estadão

Em 2013, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional chegou a abrir um pedido de estudos para reduzir o tombamento do edifício. O processo foi arquivado dois anos depois pelo Condephaat, em reunião na qual se comentou que a intenção estadual era limitar a proteção à fachada.

“É uma obra-prima de São Paulo”, descreve José Eduardo Lefévre, professor aposentado de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). “É o melhor exemplar de art déco em São Paulo. O interior é um requinte, um prédio com um projeto muito bem feito, com ambientes externos e internos de primeira.”

Lefévre ressalta que o tombamento recai sobre a situação do imóvel no momento de decisão, ou seja, não é necessário mudar os andares descaracterizados para os aspectos originais. “É uma atração turística que pode ser muito bem aproveitada, como parte de um roteiro pelos caixas-fortes da área central (como o Centro Cultural Banco do Brasil e o Farol Santander).”

Entre os visitantes, alguns criticam a falta de divulgação da atração, mas os elogios ao edifício são praticamente unânimes. "Me surpreendi, já é grandioso por fora. Depois da visita, fiquei ainda mais encantada", conta a geógrafa Cristiane Nisticó. “Poderia ser até ampliado (o tour), tenho amigos que querem conhecer, mas não podem em dia de semana.”

No térreo já foram estrelados dezenas de filmes, programas de tevê e comerciais Foto: HéLVIO ROMERO / ESTADãO

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