Um agente da Polícia Militar foi flagrado arremessando, com as próprias mãos, um homem do alto de uma ponte na madrugada da segunda-feira, 2, na região de Cidade Ademar, zona sul de São Paulo.
Nesta terça-feira, 3, a corporação instaurou inquérito policial militar (IPM) e afastou 13 agentes envolvidos na ocorrência – as identidades dos envolvidos não foram reveladas. O grupo é do 24.º Batalhão de Polícia Militar (BPM), de Diadema, região metropolitana.
Segundo a corporação, os PMs fizeram o registro no sistema operacional da polícia de uma perseguição de dois homens considerados suspeitos, mas sem mencionar qualquer arremesso de viaduto. O caso só veio à tona após a divulgação das imagens da ocorrência.
No Instagram, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, prometeu “severa punição” aos envolvidos. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o comandante-geral da PM, coronel Cassio Freitas, também repudiaram o ocorrido. Para o Ministério Público, a conduta é “inadmissível”.
“Uma ação desmedida, inexplicável”, afirmou ao Estadão o coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar. Segundo ele, as imagens indicam que o indivíduo não oferecia risco no momento em que foi jogado da ponte. “Sugere uma violação de direitos humanos grave.”
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Coronel Emerson Massera chama de 'ação desmedida' conduta de policiais que arremessaram suspeito na zona sul da capital
Conforme informações reunidas pelas polícias Civil e Militar, um grupo de 13 policiais militares tentou abordar uma moto com dois homens durante um baile funk em Diadema, mas a dupla que estava no veículo não teria atendido à voz de parada.
Os agentes, então, os perseguiram por cerca de dois quilômetros e só conseguiram alcançá-los justamente onde o vídeo foi gravado, na Rua Padre Antônio de Gouveia.
“Quando fogem, eles ampliam a suspeita (de que há algo irregular). Uma coisa não justifica a outra, mas os policiais suspeitaram por algum motivo”, afirmou Massera. Ainda não está claro o que teria levado à abordagem da dupla.
Segundo informações preliminares, o registro feito pelos agentes envolvidos indica que não foi encontrado nada de irregular com os dois homens durante a ocorrência. “Eles só qualificaram o colega dele (do homem agredido) e liberaram (a dupla)”, disse.
Antes de os dois irem embora, porém, um dos agentes comete a ação flagrada pelo vídeo. Uma das hipóteses apuradas é que o policial militar teria arremessado um dos homens da ponte como forma de represália pela perseguição.
“A gente não sabe, nesse trajeto (da perseguição), o que aconteceu: se ofenderam os policiais, o que é muito comum”, disse. “Mas, é claro, o policial não pode fazer isso. Ele tem que ter resiliência, tem que ter preparo para isso.”
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O homem que foi alvo da agressão do policial ainda não foi identificado, mas ele teria saído do local andando, segundo testemunhas relataram posteriormente à polícia. Não há informações sobre o estado de saúde do motociclista.
A PM disse que ainda não sabe qual foi o papel de cada agente na ocorrência. Por isso, a decisão de afastar todos os 13 agentes envolvidos, até para conseguir individualizar as condutas. “Tem a atitude do policial que praticou a ação e de todos os policiais que se omitiram”, disse Massera.
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Segundo ele, os PMs fizeram o registro da perseguição no sistema operacional da corporação, mas sem mencionar qualquer arremesso de viaduto. Como não foi encontrada nenhuma irregularidade com os homens que estavam na moto, a informação é que não foi registrado boletim de ocorrência junto à Polícia Civil.
Os agentes envolvidos na ocorrência estavam com câmeras corporais, segundo o porta-voz. A PM agora trabalha com três vertentes para tentar esclarecer o caso: “Primeiro, estamos procurando esse homem, que começou como um suspeito e terminou como vítima. Além disso, estamos fazendo a oitiva desses policiais e analisando as câmeras corporais.”