Operação na Cracolândia teve como alvo ‘ecossistema criminoso’, diz Tarcísio


Justiça decretou sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias, quatro estacionamentos, 15 ferros-velhos e oito lojas e a interdição de 44 estabelecimentos; prefeito afirma que ‘desconhece milícia atuando na cidade’

Por Ítalo Lo Re, Marcelo Godoy, Matheus de Souza e Rayssa Motta

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta terça-feira, 6, que a megaoperação deflagrada pelo Ministério Público do Estado contra um grupo acusado de atuar como milícia na Cracolândia, no centro da capital, mirou o que investigadores chamam de “ecossistema criminoso” que opera na região sob o comando do Primeiro Comando da Capital (PCC) para vender proteção a comerciantes contra a ação de bandidos e usuários de droga.

Ao menos dez pessoas foram presas até o momento, sendo cinco em flagrante e a outra metade por meio de mandados – três são agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) acusados de integrar essa teia ilícita.

Questionado sobre a apuração relacionada a agentes da Guarda Civil Metropolitana, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que “desconhece milícia atuando na cidade de São Paulo”. “Não vão ser 1, 2, 3, 4 ou 5 que vão manchar a reputação de 7 mil guardas”, disse. “O que a Prefeitura tem é um regime muito rígido com relação à sua Guarda Civil Metropolitana, até pela consideração e o reconhecimento em relação ao grande trabalho da GCM para a cidade de São Paulo.”

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Outros três suspeitos foram detidos para averiguação e dois outros, que já têm mandado de prisão, seguem foragidos, segundo balanço parcial da Operação Salus et Dignitas (Segurança e Dignidade), do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP.

Megaoperação deflagrada nesta terça-feira mobilizou 1,3 mil agentes e cerca de 400 viaturas. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“O problema que nós estamos atacando é o tráfico de drogas, essa é a palavra-chave”, disse Tarcísio. Ainda assim, ele reforçou que, para o crime organizado fazer a droga chegar na região central, os traficantes se fazem valer de diversos “pontos de apoio”.

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“É o caso de hotéis que são utilizados, por exemplo, para diversas práticas criminosas, como prostituição”, acrescentou o governador. Por isso, a opção, frisou, de o Estado priorizar o que definiu como uma abordagem “diferente, integrada e abrangente”.

A megaoperação mobilizou 1,3 mil agentes, cerca de 400 viaturas e um helicóptero. O efetivo foi às ruas na manhã desta terça-feira para cumprir, ao todo, 117 mandados de busca e apreensão, resultados de uma investigação que começou há cerca de um ano.

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A incursão, além dos promotores, contou com a atuação de 105 policiais civis, mil policiais militares, 150 policiais rodoviários federais, 25 promotores e agentes do MP-SP, além de procuradores do Trabalho e fiscais das Receitas Estadual e Federal.

Para se ter um parâmetro, como mostrou o Estadão, a Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias, quatro estacionamentos, 15 ferros-velhos e oito lojas, bem como determinou a interdição de 44 estabelecimentos, que devem ser emparedados.

“O foco principal é esse ecossistema que trabalha com o tráfico de drogas, a atuação do crime organizado na região central da nossa capital, que é controlada pelo Primeiro Comando da Capital”, pontuou o governador. “A deterioração do centro interessa ao crime organizado.”

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Megaoperação do Ministério Público mira atuação do PCC no centro de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Um dos focos da operação foi a Favela do Moinho, localizada bem próxima à Cracolândia e considerada um verdadeiro “bunker do crime organizado”, nas palavras do governador.

Um dos endereços que foi alvo de mandado era uma “casa-bomba”, nome dado a residências usadas pelo tráfico para guardar drogas, com 10 quilos de drogas no imóvel, segundo o governador.

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Ao todo, foram apreendidos ainda 122 celulares, 23 celulares apreendidos e 96 dispositivos diversos, como HD e pendrives. Houve também 78 veículos removidos e R$ 155 mil em espécie localizados, conforme balanço inicial divulgado nesta terça.

Em paralelo, um dos principais alvos da Operação Salus et Dignitas foi Leonardo Monteiro Moja, o “Leo do Moinho”. Acusado de ser o patrão do Primeiro Comando da Capital no centro da cidade, ele foi preso nesta terça-feira em um apartamento na Praia Grande, no litoral de São Paulo.

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Como mostrou o Estadão, um outro alvo principal da operação é um grupo formado por ao menos cinco guardas civis e policiais militares acusados de atuar como milícia no centro de São Paulo para vender proteção a comerciantes da região contra a ação de bandidos e usuários de drogas.

De acordo com as investigações, dois dos guardas investigados comercializam rádios transmissores codificados na frequência dos órgãos de segurança pública para que criminosos se antecipassem em relação a ações policiais. Ao menos três guardas foram presos até o momento, segundo o balanço.

Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias na região da Cracolândia. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Cracolândia amanhece esvaziada

Os mandados de prisão, segundo autoridades, não miravam usuários do fluxo – embora alguns deles tenham se dispersado com a chegada das viaturas, como acompanhou a reportagem no começo da manhã desta terça. Ainda assim, a operação mexeu com a dinâmica na região.

A reportagem do Estadão encontrou o fluxo da Cracolândia bem mais esvaziado do que costuma ficar em outros dias. Era por volta das 11h quando um assistente social da Prefeitura até se assustou com a situação ao chegar na Rua dos Protestantes, onde os usuários se concentram atualmente. “Nossa, como está vazio hoje”, disse.

Comerciantes da região relataram que, mesmo que não tenham sido o foco da operação, dependentes químicos se assustaram com a movimentação de viaturas logo pela manhã. Muitos deles, então, se dispersaram para outras regiões. Não houve impedimento desse movimento, segundo agentes da Polícia Rodoviária Federal ouvidos pelo Estadão.

Quando a reportagem chegou à região de Santa Ifigênia, por volta de 10h30, muitos lojistas estavam nas calçadas tentando acompanhar os passos da operação. Alguns disseram que se tratou de uma ofensiva relativamente silenciosa.

“Eram muitas viaturas por volta de 8h, mas muitas estavam com giroflex desligado para não chamar atenção”, disse a autônoma Roberta Donaton, de 54 anos. Dona de um estacionamento funcionando havia cerca de duas décadas próximo ao fluxo, ela fechou as portas em dezembro do ano passado. Agora, trabalha para um amigo. “Não tinha mais condições, se continuasse com as portas abertas iria morrer de fome.”

A vendedora Maria Antônia Barbosa, de 22 anos, conta que chegou a haver correria entre os usuários do fluxo por volta de 7h30, quando as primeiras viaturas começaram a chegar na região para avançar com a operação. “Correram para lá (no sentido Avenida Rio Branco), ficaram assustados com a quantidade de carros e a movimentação”, disse. Até este momento, não há relatos de saques a comércios durante a dispersão.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta terça-feira, 6, que a megaoperação deflagrada pelo Ministério Público do Estado contra um grupo acusado de atuar como milícia na Cracolândia, no centro da capital, mirou o que investigadores chamam de “ecossistema criminoso” que opera na região sob o comando do Primeiro Comando da Capital (PCC) para vender proteção a comerciantes contra a ação de bandidos e usuários de droga.

Ao menos dez pessoas foram presas até o momento, sendo cinco em flagrante e a outra metade por meio de mandados – três são agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) acusados de integrar essa teia ilícita.

Questionado sobre a apuração relacionada a agentes da Guarda Civil Metropolitana, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que “desconhece milícia atuando na cidade de São Paulo”. “Não vão ser 1, 2, 3, 4 ou 5 que vão manchar a reputação de 7 mil guardas”, disse. “O que a Prefeitura tem é um regime muito rígido com relação à sua Guarda Civil Metropolitana, até pela consideração e o reconhecimento em relação ao grande trabalho da GCM para a cidade de São Paulo.”

Outros três suspeitos foram detidos para averiguação e dois outros, que já têm mandado de prisão, seguem foragidos, segundo balanço parcial da Operação Salus et Dignitas (Segurança e Dignidade), do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP.

Megaoperação deflagrada nesta terça-feira mobilizou 1,3 mil agentes e cerca de 400 viaturas. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“O problema que nós estamos atacando é o tráfico de drogas, essa é a palavra-chave”, disse Tarcísio. Ainda assim, ele reforçou que, para o crime organizado fazer a droga chegar na região central, os traficantes se fazem valer de diversos “pontos de apoio”.

“É o caso de hotéis que são utilizados, por exemplo, para diversas práticas criminosas, como prostituição”, acrescentou o governador. Por isso, a opção, frisou, de o Estado priorizar o que definiu como uma abordagem “diferente, integrada e abrangente”.

A megaoperação mobilizou 1,3 mil agentes, cerca de 400 viaturas e um helicóptero. O efetivo foi às ruas na manhã desta terça-feira para cumprir, ao todo, 117 mandados de busca e apreensão, resultados de uma investigação que começou há cerca de um ano.

A incursão, além dos promotores, contou com a atuação de 105 policiais civis, mil policiais militares, 150 policiais rodoviários federais, 25 promotores e agentes do MP-SP, além de procuradores do Trabalho e fiscais das Receitas Estadual e Federal.

Para se ter um parâmetro, como mostrou o Estadão, a Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias, quatro estacionamentos, 15 ferros-velhos e oito lojas, bem como determinou a interdição de 44 estabelecimentos, que devem ser emparedados.

“O foco principal é esse ecossistema que trabalha com o tráfico de drogas, a atuação do crime organizado na região central da nossa capital, que é controlada pelo Primeiro Comando da Capital”, pontuou o governador. “A deterioração do centro interessa ao crime organizado.”

Megaoperação do Ministério Público mira atuação do PCC no centro de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Um dos focos da operação foi a Favela do Moinho, localizada bem próxima à Cracolândia e considerada um verdadeiro “bunker do crime organizado”, nas palavras do governador.

Um dos endereços que foi alvo de mandado era uma “casa-bomba”, nome dado a residências usadas pelo tráfico para guardar drogas, com 10 quilos de drogas no imóvel, segundo o governador.

Ao todo, foram apreendidos ainda 122 celulares, 23 celulares apreendidos e 96 dispositivos diversos, como HD e pendrives. Houve também 78 veículos removidos e R$ 155 mil em espécie localizados, conforme balanço inicial divulgado nesta terça.

Em paralelo, um dos principais alvos da Operação Salus et Dignitas foi Leonardo Monteiro Moja, o “Leo do Moinho”. Acusado de ser o patrão do Primeiro Comando da Capital no centro da cidade, ele foi preso nesta terça-feira em um apartamento na Praia Grande, no litoral de São Paulo.

Como mostrou o Estadão, um outro alvo principal da operação é um grupo formado por ao menos cinco guardas civis e policiais militares acusados de atuar como milícia no centro de São Paulo para vender proteção a comerciantes da região contra a ação de bandidos e usuários de drogas.

De acordo com as investigações, dois dos guardas investigados comercializam rádios transmissores codificados na frequência dos órgãos de segurança pública para que criminosos se antecipassem em relação a ações policiais. Ao menos três guardas foram presos até o momento, segundo o balanço.

Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias na região da Cracolândia. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Cracolândia amanhece esvaziada

Os mandados de prisão, segundo autoridades, não miravam usuários do fluxo – embora alguns deles tenham se dispersado com a chegada das viaturas, como acompanhou a reportagem no começo da manhã desta terça. Ainda assim, a operação mexeu com a dinâmica na região.

A reportagem do Estadão encontrou o fluxo da Cracolândia bem mais esvaziado do que costuma ficar em outros dias. Era por volta das 11h quando um assistente social da Prefeitura até se assustou com a situação ao chegar na Rua dos Protestantes, onde os usuários se concentram atualmente. “Nossa, como está vazio hoje”, disse.

Comerciantes da região relataram que, mesmo que não tenham sido o foco da operação, dependentes químicos se assustaram com a movimentação de viaturas logo pela manhã. Muitos deles, então, se dispersaram para outras regiões. Não houve impedimento desse movimento, segundo agentes da Polícia Rodoviária Federal ouvidos pelo Estadão.

Quando a reportagem chegou à região de Santa Ifigênia, por volta de 10h30, muitos lojistas estavam nas calçadas tentando acompanhar os passos da operação. Alguns disseram que se tratou de uma ofensiva relativamente silenciosa.

“Eram muitas viaturas por volta de 8h, mas muitas estavam com giroflex desligado para não chamar atenção”, disse a autônoma Roberta Donaton, de 54 anos. Dona de um estacionamento funcionando havia cerca de duas décadas próximo ao fluxo, ela fechou as portas em dezembro do ano passado. Agora, trabalha para um amigo. “Não tinha mais condições, se continuasse com as portas abertas iria morrer de fome.”

A vendedora Maria Antônia Barbosa, de 22 anos, conta que chegou a haver correria entre os usuários do fluxo por volta de 7h30, quando as primeiras viaturas começaram a chegar na região para avançar com a operação. “Correram para lá (no sentido Avenida Rio Branco), ficaram assustados com a quantidade de carros e a movimentação”, disse. Até este momento, não há relatos de saques a comércios durante a dispersão.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta terça-feira, 6, que a megaoperação deflagrada pelo Ministério Público do Estado contra um grupo acusado de atuar como milícia na Cracolândia, no centro da capital, mirou o que investigadores chamam de “ecossistema criminoso” que opera na região sob o comando do Primeiro Comando da Capital (PCC) para vender proteção a comerciantes contra a ação de bandidos e usuários de droga.

Ao menos dez pessoas foram presas até o momento, sendo cinco em flagrante e a outra metade por meio de mandados – três são agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) acusados de integrar essa teia ilícita.

Questionado sobre a apuração relacionada a agentes da Guarda Civil Metropolitana, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que “desconhece milícia atuando na cidade de São Paulo”. “Não vão ser 1, 2, 3, 4 ou 5 que vão manchar a reputação de 7 mil guardas”, disse. “O que a Prefeitura tem é um regime muito rígido com relação à sua Guarda Civil Metropolitana, até pela consideração e o reconhecimento em relação ao grande trabalho da GCM para a cidade de São Paulo.”

Outros três suspeitos foram detidos para averiguação e dois outros, que já têm mandado de prisão, seguem foragidos, segundo balanço parcial da Operação Salus et Dignitas (Segurança e Dignidade), do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP.

Megaoperação deflagrada nesta terça-feira mobilizou 1,3 mil agentes e cerca de 400 viaturas. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“O problema que nós estamos atacando é o tráfico de drogas, essa é a palavra-chave”, disse Tarcísio. Ainda assim, ele reforçou que, para o crime organizado fazer a droga chegar na região central, os traficantes se fazem valer de diversos “pontos de apoio”.

“É o caso de hotéis que são utilizados, por exemplo, para diversas práticas criminosas, como prostituição”, acrescentou o governador. Por isso, a opção, frisou, de o Estado priorizar o que definiu como uma abordagem “diferente, integrada e abrangente”.

A megaoperação mobilizou 1,3 mil agentes, cerca de 400 viaturas e um helicóptero. O efetivo foi às ruas na manhã desta terça-feira para cumprir, ao todo, 117 mandados de busca e apreensão, resultados de uma investigação que começou há cerca de um ano.

A incursão, além dos promotores, contou com a atuação de 105 policiais civis, mil policiais militares, 150 policiais rodoviários federais, 25 promotores e agentes do MP-SP, além de procuradores do Trabalho e fiscais das Receitas Estadual e Federal.

Para se ter um parâmetro, como mostrou o Estadão, a Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias, quatro estacionamentos, 15 ferros-velhos e oito lojas, bem como determinou a interdição de 44 estabelecimentos, que devem ser emparedados.

“O foco principal é esse ecossistema que trabalha com o tráfico de drogas, a atuação do crime organizado na região central da nossa capital, que é controlada pelo Primeiro Comando da Capital”, pontuou o governador. “A deterioração do centro interessa ao crime organizado.”

Megaoperação do Ministério Público mira atuação do PCC no centro de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Um dos focos da operação foi a Favela do Moinho, localizada bem próxima à Cracolândia e considerada um verdadeiro “bunker do crime organizado”, nas palavras do governador.

Um dos endereços que foi alvo de mandado era uma “casa-bomba”, nome dado a residências usadas pelo tráfico para guardar drogas, com 10 quilos de drogas no imóvel, segundo o governador.

Ao todo, foram apreendidos ainda 122 celulares, 23 celulares apreendidos e 96 dispositivos diversos, como HD e pendrives. Houve também 78 veículos removidos e R$ 155 mil em espécie localizados, conforme balanço inicial divulgado nesta terça.

Em paralelo, um dos principais alvos da Operação Salus et Dignitas foi Leonardo Monteiro Moja, o “Leo do Moinho”. Acusado de ser o patrão do Primeiro Comando da Capital no centro da cidade, ele foi preso nesta terça-feira em um apartamento na Praia Grande, no litoral de São Paulo.

Como mostrou o Estadão, um outro alvo principal da operação é um grupo formado por ao menos cinco guardas civis e policiais militares acusados de atuar como milícia no centro de São Paulo para vender proteção a comerciantes da região contra a ação de bandidos e usuários de drogas.

De acordo com as investigações, dois dos guardas investigados comercializam rádios transmissores codificados na frequência dos órgãos de segurança pública para que criminosos se antecipassem em relação a ações policiais. Ao menos três guardas foram presos até o momento, segundo o balanço.

Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias na região da Cracolândia. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Cracolândia amanhece esvaziada

Os mandados de prisão, segundo autoridades, não miravam usuários do fluxo – embora alguns deles tenham se dispersado com a chegada das viaturas, como acompanhou a reportagem no começo da manhã desta terça. Ainda assim, a operação mexeu com a dinâmica na região.

A reportagem do Estadão encontrou o fluxo da Cracolândia bem mais esvaziado do que costuma ficar em outros dias. Era por volta das 11h quando um assistente social da Prefeitura até se assustou com a situação ao chegar na Rua dos Protestantes, onde os usuários se concentram atualmente. “Nossa, como está vazio hoje”, disse.

Comerciantes da região relataram que, mesmo que não tenham sido o foco da operação, dependentes químicos se assustaram com a movimentação de viaturas logo pela manhã. Muitos deles, então, se dispersaram para outras regiões. Não houve impedimento desse movimento, segundo agentes da Polícia Rodoviária Federal ouvidos pelo Estadão.

Quando a reportagem chegou à região de Santa Ifigênia, por volta de 10h30, muitos lojistas estavam nas calçadas tentando acompanhar os passos da operação. Alguns disseram que se tratou de uma ofensiva relativamente silenciosa.

“Eram muitas viaturas por volta de 8h, mas muitas estavam com giroflex desligado para não chamar atenção”, disse a autônoma Roberta Donaton, de 54 anos. Dona de um estacionamento funcionando havia cerca de duas décadas próximo ao fluxo, ela fechou as portas em dezembro do ano passado. Agora, trabalha para um amigo. “Não tinha mais condições, se continuasse com as portas abertas iria morrer de fome.”

A vendedora Maria Antônia Barbosa, de 22 anos, conta que chegou a haver correria entre os usuários do fluxo por volta de 7h30, quando as primeiras viaturas começaram a chegar na região para avançar com a operação. “Correram para lá (no sentido Avenida Rio Branco), ficaram assustados com a quantidade de carros e a movimentação”, disse. Até este momento, não há relatos de saques a comércios durante a dispersão.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta terça-feira, 6, que a megaoperação deflagrada pelo Ministério Público do Estado contra um grupo acusado de atuar como milícia na Cracolândia, no centro da capital, mirou o que investigadores chamam de “ecossistema criminoso” que opera na região sob o comando do Primeiro Comando da Capital (PCC) para vender proteção a comerciantes contra a ação de bandidos e usuários de droga.

Ao menos dez pessoas foram presas até o momento, sendo cinco em flagrante e a outra metade por meio de mandados – três são agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) acusados de integrar essa teia ilícita.

Questionado sobre a apuração relacionada a agentes da Guarda Civil Metropolitana, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que “desconhece milícia atuando na cidade de São Paulo”. “Não vão ser 1, 2, 3, 4 ou 5 que vão manchar a reputação de 7 mil guardas”, disse. “O que a Prefeitura tem é um regime muito rígido com relação à sua Guarda Civil Metropolitana, até pela consideração e o reconhecimento em relação ao grande trabalho da GCM para a cidade de São Paulo.”

Outros três suspeitos foram detidos para averiguação e dois outros, que já têm mandado de prisão, seguem foragidos, segundo balanço parcial da Operação Salus et Dignitas (Segurança e Dignidade), do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP.

Megaoperação deflagrada nesta terça-feira mobilizou 1,3 mil agentes e cerca de 400 viaturas. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“O problema que nós estamos atacando é o tráfico de drogas, essa é a palavra-chave”, disse Tarcísio. Ainda assim, ele reforçou que, para o crime organizado fazer a droga chegar na região central, os traficantes se fazem valer de diversos “pontos de apoio”.

“É o caso de hotéis que são utilizados, por exemplo, para diversas práticas criminosas, como prostituição”, acrescentou o governador. Por isso, a opção, frisou, de o Estado priorizar o que definiu como uma abordagem “diferente, integrada e abrangente”.

A megaoperação mobilizou 1,3 mil agentes, cerca de 400 viaturas e um helicóptero. O efetivo foi às ruas na manhã desta terça-feira para cumprir, ao todo, 117 mandados de busca e apreensão, resultados de uma investigação que começou há cerca de um ano.

A incursão, além dos promotores, contou com a atuação de 105 policiais civis, mil policiais militares, 150 policiais rodoviários federais, 25 promotores e agentes do MP-SP, além de procuradores do Trabalho e fiscais das Receitas Estadual e Federal.

Para se ter um parâmetro, como mostrou o Estadão, a Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias, quatro estacionamentos, 15 ferros-velhos e oito lojas, bem como determinou a interdição de 44 estabelecimentos, que devem ser emparedados.

“O foco principal é esse ecossistema que trabalha com o tráfico de drogas, a atuação do crime organizado na região central da nossa capital, que é controlada pelo Primeiro Comando da Capital”, pontuou o governador. “A deterioração do centro interessa ao crime organizado.”

Megaoperação do Ministério Público mira atuação do PCC no centro de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Um dos focos da operação foi a Favela do Moinho, localizada bem próxima à Cracolândia e considerada um verdadeiro “bunker do crime organizado”, nas palavras do governador.

Um dos endereços que foi alvo de mandado era uma “casa-bomba”, nome dado a residências usadas pelo tráfico para guardar drogas, com 10 quilos de drogas no imóvel, segundo o governador.

Ao todo, foram apreendidos ainda 122 celulares, 23 celulares apreendidos e 96 dispositivos diversos, como HD e pendrives. Houve também 78 veículos removidos e R$ 155 mil em espécie localizados, conforme balanço inicial divulgado nesta terça.

Em paralelo, um dos principais alvos da Operação Salus et Dignitas foi Leonardo Monteiro Moja, o “Leo do Moinho”. Acusado de ser o patrão do Primeiro Comando da Capital no centro da cidade, ele foi preso nesta terça-feira em um apartamento na Praia Grande, no litoral de São Paulo.

Como mostrou o Estadão, um outro alvo principal da operação é um grupo formado por ao menos cinco guardas civis e policiais militares acusados de atuar como milícia no centro de São Paulo para vender proteção a comerciantes da região contra a ação de bandidos e usuários de drogas.

De acordo com as investigações, dois dos guardas investigados comercializam rádios transmissores codificados na frequência dos órgãos de segurança pública para que criminosos se antecipassem em relação a ações policiais. Ao menos três guardas foram presos até o momento, segundo o balanço.

Justiça decretou o sequestro de 20 hotéis, cortiços e hospedarias na região da Cracolândia. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Cracolândia amanhece esvaziada

Os mandados de prisão, segundo autoridades, não miravam usuários do fluxo – embora alguns deles tenham se dispersado com a chegada das viaturas, como acompanhou a reportagem no começo da manhã desta terça. Ainda assim, a operação mexeu com a dinâmica na região.

A reportagem do Estadão encontrou o fluxo da Cracolândia bem mais esvaziado do que costuma ficar em outros dias. Era por volta das 11h quando um assistente social da Prefeitura até se assustou com a situação ao chegar na Rua dos Protestantes, onde os usuários se concentram atualmente. “Nossa, como está vazio hoje”, disse.

Comerciantes da região relataram que, mesmo que não tenham sido o foco da operação, dependentes químicos se assustaram com a movimentação de viaturas logo pela manhã. Muitos deles, então, se dispersaram para outras regiões. Não houve impedimento desse movimento, segundo agentes da Polícia Rodoviária Federal ouvidos pelo Estadão.

Quando a reportagem chegou à região de Santa Ifigênia, por volta de 10h30, muitos lojistas estavam nas calçadas tentando acompanhar os passos da operação. Alguns disseram que se tratou de uma ofensiva relativamente silenciosa.

“Eram muitas viaturas por volta de 8h, mas muitas estavam com giroflex desligado para não chamar atenção”, disse a autônoma Roberta Donaton, de 54 anos. Dona de um estacionamento funcionando havia cerca de duas décadas próximo ao fluxo, ela fechou as portas em dezembro do ano passado. Agora, trabalha para um amigo. “Não tinha mais condições, se continuasse com as portas abertas iria morrer de fome.”

A vendedora Maria Antônia Barbosa, de 22 anos, conta que chegou a haver correria entre os usuários do fluxo por volta de 7h30, quando as primeiras viaturas começaram a chegar na região para avançar com a operação. “Correram para lá (no sentido Avenida Rio Branco), ficaram assustados com a quantidade de carros e a movimentação”, disse. Até este momento, não há relatos de saques a comércios durante a dispersão.

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